Desejar que um problema se resolva não basta. Mas isso pode servir de motivação quando você não está “no clima” para começar uma tarefa.
Percebi este fato durante uma longa viagem.
Em certo momento, pensei que poderia avaliar os quatro relatórios anuais que tinha levado comigo. Mas pensei: “UGH, não quero.” Fiquei um pouco deprimida, afinal “desejava estar motivada para avaliar os relatórios e riscar essa pendência da minha lista.” (Eram os últimos de uma grande pilha). De repente, quis terminar. Peguei os relatórios e fiz o que tinha de ser feito.
Fiquei tão surpresa com essa reviravolta que decidi refletir sobre ela. Permita-me explicar por que isso aconteceu e como fazer para repetir a dose. Chamei a técnica de “a busca por motivação”.
O simples desejar “funcionou” por que não estava frente a um grande dilema, só com preguiça. Nesse estado ocioso, acabei encontrando um sopro de desejo no fundo da minha mente.
Ao “desejar”, toda minha atenção lentamente se voltou para aquele desejo (a tarefa), o que despertou boas razões para a leitura.
Emoções derivam de valores. Assim que eles tomaram a dianteira, o “desejo” foi uma consequência natural.
Não me entendam mal. Não estava nada empolgada em lê-los. Nem precisava estar. Até um leve interesse já basta para superar a moleza.
Essa observação se tornou uma técnica: se percebo que estou postergando alguma tarefa, sei que preciso de um empurrão. Então, programo o alarme para 3 minutos e faço uma “escrita terapêutica”. Uso as frases a seguir como guias:
– Gostaria de estar motivada para…
– Gostaria de me sentir do mesmo jeito que me sinto quando…
– Eu queria estar motivada porque…
Esses guias permitem que você deseje a coisa certa – para se motivar. Se você desejar que a tarefa desapareça ou que alguém resolva a finalize, você não vai se motivar.
Censurar a si mesmo dizendo “eu deveria querer fazer” também não funciona. No máximo, vai gerar resistência.
Ao sentir alguma vontade, estou disposta a considerar o menor passo para começar.
Segue um exemplo literal transcrito do meu caderno: parei para almoçar quando estava no meio deste artigo. Quando voltei, sabia que devia continuar escrevendo, embora estivesse numa espécie de “letargia pós-pizza”. UGH! Hesitei, então programei o alarme, abri meu diário e escrevi o seguinte:
“Eu queria estar animada para terminar o rascunho. (Já cheguei até aqui e seria tão fácil retomar a tarefa). Gostaria de estar com aquela mesma leveza inicial… [parei com a caneta no ar]. Poderia gastar o resto daqueles três minutos lendo e relendo o que escrevi.
Quando o alarme tocou, já estava animada e terminei o rascunho sem demora.
Perceba que lancei mão da minha força de vontade para começar. O alarme não se programou sozinho, o diário não voou até a minha mesa e o texto não se escreveu por mágica.
Só precisei de um pequeno incentivo para começar, e não de um poderoso esforço para superar uma verdadeira resistência. Esse método de “busca por motivação” não vai surtir efeito se você estiver enfrentando um sério conflito para começar. Nesse caso, você vai precisar de melhores estratégias mentais que o ajudem a identificá-lo de modo a resolvê-lo de vez.
E qual o efeito colateral desse método? Toda vez que a preguiça atacar, você vai querer gastar três minutos com o método e seu desejo será realizado.
Publicado
originalmente em Thinking Directions.
Traduzido
por Hellen Rose.
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