Segundo um estudo de Rutgers-Newark (Universidade Estadual de New Jersey, EUA), pessoas com menos recursos sociais, como amigos e familiares, literalmente veem eventos desafiadores de uma forma mais exagerada do que pessoas que se sentem emocionalmente apoiadas.
O principal autor do estudo, Kent Harber, testou uma hipótese chamada de Modelo de Recursos e Percepção (MRP), que diz que recursos psicossociais podem impedir que as pessoas amplifiquem ameaças, levando a uma percepção mais precisa das situações.
“Aqueles com menos amigos, com baixa autoestima e com menos oportunidade de expressar suas emoções tendem a ampliar visualmente ameaças”, disse Harber. “Suas percepções são exageradas, e as coisas perturbadoras parecem mais próximas, maiores, ou mais intensas do que realmente são”, explica.
Provando a teoria
Uma série de experimentos publicados no periódico Journal of Experimental Social Psychology por Harber e seus colegas da Universidade da Virgínia (EUA) parecerem apoiar a teoria MRP.
Em um deles, pessoas que estavam passando perto de uma colina sozinhas ou com um amigo foram chamadas pelos pesquisadores e tiveram que estimar o ângulo da colina íngreme.
“Aqueles com amigos viram o morro como menos íngreme, e quanto mais tempo eles conheciam o amigo ou mais próximos se sentiam em relação ao amigo, menos íngreme a colina pareceu para eles”, disse Harber.
Outro experimento, publicado na revista Emotion também por Harber, testou se o recurso da autoestima afetava a percepção de distância de uma ameaça (uma tarântula viva). Os participantes do estudo foram convidados a recordar uma das seguintes coisas: um sucesso pessoal, uma tarefa neutra ou um fracasso pessoal.
Em seguida, eles tiveram que puxar um carrinho de plástico transparente em direção a seu rosto e estimar o quão longe o carro estava deles. Para algumas pessoas, o carrinho continha um brinquedo inofensivo, para outras continha uma tarântula viva.
“Como esperado, recordar um sentimento bom, neutro ou ruim sobre si mesmo não teve efeito sobre a distância estimada do brinquedo, mas afetou a distância estimada da tarântula”, contou Harber. “Aqueles que se sentiram mal sobre si mesmos viram a tarântula como mais próxima do que realmente estava, e os que se sentiram bem sobre si mesmos foram muito precisos”.
A conclusão é algo que nós já imaginávamos no nosso limitado senso comum: que passar a vida ao lado de quem amamos faz dela menos ameaçadora.
Por Natasha Romanzoti - [MedicalXpress]