FRANCISCO DAUDT - Natureza Humana: Sentimento de Culpa

Que nós nascemos com a capacidade de sentir culpa, é certo. Até cães vêm com este programa. É velha a expressão “cara de cachorro que quebrou a panela”. De fato, depois de um óbvio “malfeito”, lá vem ele com a cabeça baixa e as orelhas murchas a tentar nos lamber, a nos pedir perdão. O sentimento de culpa mistura vergonha com arrependimento, e supõe uma certa integridade moral de quem o tem. É sabido que os psicopatas passam-lhe ao largo, apesar de a ele não serem indiferentes. Ao contrário, desafiam-no. 

Lembro-me bem que as regras da Igreja católica para categorizar algo como pecado incluíam pleno conhecimento da transgressão, livre arbítrio para fazê-la e um momento de “dane-se, vou fazer”. Se nós fossemos bem atentos ao catecismo, (e soubéssemos nossa taxa de livre arbítrio) não seríamos tão assíduos ao confessionário. Mas à instituição, não interessava nem um pouco a discussão dos meios, pois ela lucrava e prosperava com a culpa: o bobalhão acreditava no seu livre arbítrio, desconsiderava sua explosão hormonal da adolescência e considerava-se criminoso por ter-se masturbado, ou mesmo por pensamentos contra a castidade. Confessava seu crime. O padre, pelo ato da absolvição e pela penitência imposta, endossava que havia crime de fato, e lá ia o jovem, livre para pecar outra vez.
 
Ouvi dizer que a Igreja não considera mais a masturbação como pecado mortal. Numa festa do colégio jesuíta em que me formei, apresentei esta questão ao nosso antigo padre prefeito: “E aqueles que morreram em pecado antes da mudança da lei? Queimam no inferno assim mesmo?” Ele, que não tinha cacife intelectual para uma resposta teológica, e pressionado pela gargalhada dos colegas, disse-me que eu já havia bebido vinho bastante.

Fato é que, como instrumento de dominação, a nossa espécie não inventou arma melhor. A Igreja usa e abusa dela, e se mantém por dois mil anos. Você pode fazer com que uma pessoa se ajoelhe, submissa, sob a mira de um revólver. Mas, se ela tiver oportunidade, revidará. Uma vez sentindo-se culpada, a pessoa implora para se ajoelhar diante de você! Imbatível!

A coisa ficou séria quando a esquerda descobriu que podia fazer os trabalhadores prósperos se sentirem culpados de sua riqueza. Em nome deste grave pecado (a prosperidade, que vem de “explorar humildes”), jogam, sobre quem ganha seu dinheiro honestamente, impostos escorchantes, camuflados ou não (os camuflados tiram dos humildes, que ironia). São penitências atuais. É secundário se os impostos forem para perpetuar seu esquema de poder, em vez de reverterem para segurança, saúde e educação. O importante é dominar. O mesmo vale para as compensações exigidas pelas minorias massacradas por nossos ancestrais, sejam elas quilombolas ou índios. Você vai ver, a grande defesa do mensalão será que ele não foi em proveito próprio, mas na busca de uma sociedade mais igualitária, para ressarcir os coitadinhos. E o pior: há multidões que acreditam nesta culpa, pois, coitadas, têm “certa integridade a defender”.

WALCYR CARRASCO - A nova onda conservadora

Muita gente, diante dos discursos e posturas da deputada Myrian Rios (PSD-RJ), acha que ela é simplesmente obtusa. Discordo. A trajetória da deputada prova que burra não é. De atriz sem talento, que posou nua, tornou-se paladina da moral e dos bons costumes. Não é uma trajetória incomum. Mulheres que exibem a sensualidade muitas vezes vivem o que chamo de síndrome de Maria Madalena. Arrependem-se do passado, tornam-se defensoras dos mais rançosos princípios morais e de uma pretensa espiritualidade. É um duplo efeito da lei da gravidade: enquanto o peito cai, o espírito se eleva. Exemplo disso foi Elvira Pagã, vedete do teatro rebolado, primeira a usar biquíni na praia: na maturidade dedicou-se a pintar quadros esotéricos. Já vi acontecer muitas vezes com diabinhas menos famosas. De tão universal, botei a personagem na novela Gabriela, exibida no ano passado pela Globo. "Dorotéia", interpretada pela atriz Laura Cardoso, não existia no romance original de Jorge Amado. Mas tinha a ver com seu universo. Era a vigilante da moral e dos bons costumes na Ilhéus dos anos 1920. Fiscalizava o comportamento das sinhás e suas filhas e denunciava qualquer transgressão. No final, descobriu-se que na juventude fora prostituta e dançava nua nos cabarés. Magnificamente interpretada por Laura, "Dorotéia" tornou-se ícone na internet, com seus comentários moralizantes.

Conheci Myrian Rios rapidamente quando era casada com o cantor Roberto Carlos. Usava uma microssaia espantosamente curta. Mais tarde se tornou missionária e elegeu-se deputada com o apoio evangélico. Faz pouco, teve sancionada pelo governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, a lei que estabelece o "programa de resgate de valores morais, sociais, éticos e espirituais". Ninguém sabe exatamente do que se trata esse programa. Mesmo porque a espiritualidade não é regida pelo Estado. Como Sérgio Cabral não se elegeu papa, nem é bispo evangélico ou babalorixá, nem sequer imagino o que pretenda fazer quanto à lei que sancionou. Myrian Rios foi criticada nas redes sociais. Nem é a primeira vez: no passado, insinuou que os homossexuais seriam pedófilos, provocando revolta generalizada. Mas sinto que não está sozinha nessa cruzada moralista. Uma onda conservadora assola o país. Com freqüência, o discurso moral ocupa o lugar do político. Na eleição para a prefeitura em São Paulo, o então candidato e atual prefeito, Fernando Haddad (PT), foi acusado pelo candidato José Serra (PSDB) de tentar distribuir um "kit gay" quando Ministro da Educação. Aliás, em 2010, o "kit gay"deixou de ser distribuído após pressão da bancada evangélica.

O que leva uma pessoa a achar que tem o direito de dizer como outra deve pensar e viver?

Há outras evidências: agressões e assassinatos de homossexuais são freqüentes; surgiu um movimento contra a legalização da prostituição, proposta pelo deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ). Como se estar a favor da legalização equivalesse a defender a prostituição em si. E não somente desejar que as prostitutas tenham direitos como outros trabalhadores.

Pessoalmente, sempre fui muito próximo dos evangélicos. Meu falecido tio Domingos, irmão de minha mãe, foi pastor presbiteriano. Tive um primo missionário na África. Como cristão, aprendi a conviver com quem tem idéias diferentes das minhas. Só não acredito em impor o que a gente pensa ou agredir quem vive de forma diversa. Ultimamente surgiu o evangélico radical.

Fundamentalista, que branda princípios supostamente retirados da Bíblia. Embora a doutrina cristã possa ser resumida em "Amai ao próximo como a ti mesmo". Historicamente, o cristianismo implica abandono do "olho por olho, dente por dente" do Antigo Testamento e propõe uma sociedade mais tolerante. Mas os novos fundamentalistas querem punir, proibir. Políticos não evangélicos - incluindo os que estão em cargos de poder - obedecem, para manter coalizões. O filme Os deuses malditos, de Luchino Visconti (1969), mostra a ascensão do nazismo por meio da manipulação de uma família.

Mostra os pequenos e grandes fatos que conduziram a Alemanha naquela direção. Agora, sinto um cheiro ruim de autoritarismo no ar. Há um recuo com relação a conquistas que implicavam na convivência entre os diferentes - a base da democracia, afinal. Quando uma lei pela moral e pelos bons costumes é sancionada, a agressão foi à sociedade. A deputada Myrian Rios é a ponta de um iceberg. Eu me pergunto: o que leva uma pessoa a achar que tem o direito de dizer como outra deve pensar e viver?

A CAPACIDADE DE SE ENCANTAR - Martha Medeiros


Muita gente diz que adora viajar, mas depois que volta só recorda das coisas que deram errado. Sendo viajar um convite ao imprevisto, lógico que algumas coisas darão errado, faz parte do pacote.

Desde coisas ingratas, como a perda de uma conexão ou ter a mala extraviada, até xaropices menos relevantes, como ficar na última fila da plateia do musical ou um garçom mal-humorado não entender o seu pedido. Ainda assim, abra bem os olhos e veja onde você está: em Fernando de Noronha, em Paris, em Honolulu, em Mykonos. Poderia ser pior, não poderia?

Outro dia uma amiga que já deu a volta ao mundo uma dezena de vezes comentou que lamentava ver alguns viajantes tão blasés diante de situações que costumam maravilhar a todos.

São os que fazem um safári na Namíbia e estão mais preocupados com os mosquitos do que em admirar a paisagem, ou que estão à beira do mar numa praia da Tailândia e não se conformam de ter esquecido no hotel a nécessaire com os medicamentos, ou que não saboreiam um prato espetacular porque estão ocupados calculando quanto terão que deixar de gorjeta.

Não saboreiam nada, aliás. Estão diante das geleiras da Patagônia e não refletem sobre a imponência da natureza, estão sentados num café em Milão e não percebem a elegância dos transeuntes, entram numa gôndola em Veneza e passam o trajeto brigando contra a máquina fotográfica que emperrou, visitam Ouro Preto e não se emocionam com o tesouro da arquitetura barroca – mas se queixam das ladeiras, claro.

Vão à Provence e torcem o nariz para o cheiro dos queijos, olham para o céu estrelado do Atacama sofrendo com o excesso de silêncio, vão para Trancoso e reclamam de não ter onde usar salto alto, vão para a Índia sem informação alguma e aí estranham o gosto esquisito daquele hambúrguer: ué, não é carne de vaca, bem? Aliás, viajar sem estar minimamente informado sobre o destino escolhido é bem parecido com não ir.

Estão assistindo a um show de música no Central Park, mas não tiram o olho do iPad. Vão ao Rio, mas têm medo de ir à Lapa. Estão em Buenos Aires, mas nem pensar em prestigiar o tango – “programa de velho!” São os que olham tudo de cima, julgando, depreciando, como se o fato de se entregar ao local visitado fosse uma espécie de servilismo – típico daqueles que têm vergonha de serem turistas.

É muito bacana passar um longo tempo numa cidade estrangeira e adquirir hábitos comuns aos nativos para se sentir mais próximo da cultura local, mas quem pode fazer essas imersões com frequência? Na maior parte das vezes, somos turistas mesmo: estamos com um pé lá e outro cá. Então, estando lá, que nos rendamos ao inesperado, ao sublime, ao belo. Nada adianta levar o corpo pra passear se a alma não sai de casa.

FERREIRA GULLAR - Com saudade e com afeto



Não alcançava o nível das crônicas que o Rubem Braga escrevia 
e que fizeram dele um mestre do gênero.

Conheci Rubem Braga na revista "Manchete", em 1955, quando lá trabalhei como redator. Aliás, ali conheci muita gente, a começar por Otto Lara Resende, seu diretor, que me chamou para lá, onde trabalhavam Armando Nogueira, Darwin Brandão, Borjalo e, depois, Janio de Freitas e Amilcar de Castro.

Não por acaso, logo se tornou a melhor revista do Brasil. Rubem, como Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino, era colaborador, escrevia uma crônica por semana.

Fui para lá por indicação de Millôr Fernandes, meu companheiro de praia em Ipanema, ao saber que tinha sido demitido de "O Cruzeiro".

Como não havia vaga de redator, Otto me pôs provisoriamente como revisor, mas, para Adolpho Bloch, dono da revista, eu não era mais do que isso. Tanto assim que, quando Otto me passou a redator, criou-se um problema: "Ele não é redator, Otto, é revisor!". E Otto: "Não fala besteira, Adolpho, Gullar é um poeta, escreve muito bem".

Ele se calou, mas não se convenceu. Acontece, porém, que Rubem Braga, por alguma razão, não mandou a crônica da semana e Otto me pediu que a escrevesse em lugar dele. Aí entra Adolpho na Redação: "Otto, esse Rubem é um gênio. Viu que bela crônica escreveu nesta semana?". Armando e Borjalo logo se aproximaram para ouvir os elogios.

E Otto: "Quer dizer que a crônica do Rubem desta semana é uma maravilha?". "Pode dizer a ele que adorei!"."Acontece, Adolpho -disse Otto- que o autor dessa crônica não é Rubem Braga, é o Gullar."

Adolpho amarelou: - Você está de gozação comigo!

- Então pergunta ao pessoal aí.

- É verdade, Adolpho, quem escreveu a crônica foi o Gullar -garantiu Armando.

- Vocês estão querendo me sacanear! -alegou Adolpho, saindo da Redação, com um gesto obsceno.

- Aqui pra vocês, oh!

Mas não me tornei logo amigo de Rubem Braga, que pertencia à turma do uísque e eu à do chope. Naquela época, eu morava num quarto de pensão, no Catete, com Oliveira Bastos e Carlinhos Oliveira, que era espírito-santense como Rubem, e seu fã. Embora nunca tivesse grana para completar o aluguel do quarto, passava as noites tomando uísque com ele, Tom Jobim e Fernando Sabino. Viria a ser também um ótimo cronista.

Estive algumas vezes na cobertura de Rubem, ali na Barão da Torre. Numa dessas vezes, foi para encontrar com o poeta Pablo Neruda, que passava pelo Rio. Ao final do encontro, convidei-o a assistir à peça "Dr. Getúlio, Sua Vida, Sua Glória", do Dias Gomes e minha, no Teatro Opinião. Ele foi em companhia de Rubem, que o ajudou no esclarecimento de certos detalhes da peça.

No final, ele aplaudiu de pé e foi me agradecer o convite: "Agora, conheço melhor o Brasil", exagerou ele. Pouco tempo depois, embora não mexesse com teatro, escreveu uma peça, não sei se levado pelo entusiasmo daquela noite.

Outro convite do Rubem foi para encontrar com Gabriel García Márquez. A conversa estava animada, quando chegou um convidado que só me conhecia de nome.

- Você é o poeta Ferreira Gullar?

- Às vezes -respondi eu, para a risadaria geral. García Márquez quis saber o motivo dos risos e eu então lhe expliquei: - Respondi "às vezes" porque meu nome mesmo não é Ferreira Gullar, mas José de Ribamar Ferreira e, também, porque não sou poeta 24 horas por dia. Só às vezes.

Ele gostou da minha tirada, tanto que, pouco depois, ao falar a um jornal mexicano, a contou, mas atribuindo-a a Jorge Luis Borges.

Quem me informou disso foi Leon Hirszman, que também esteve na casa de Rubem naquela noite. Estava desapontado. Entendi: a tirada era boa demais para ser atribuída a um desconhecido.

Adolpho, ao elogiar a crônica que escrevi com o nome do Rubem Braga, estava mais uma vez equivocado. Era apenas interessante, não alcançava o nível das crônicas que o Rubem escrevia e fizeram dele um mestre do gênero na imprensa brasileira.

Agora, ao falar dele aqui, quando se comemora seu centenário de nascimento, lembro-me de uma linda crônica sua que começa assim: "Vieram alguns amigos. Um trouxe bebida, outros trouxeram bocas. Um trouxe cigarros, outro apenas um pulmão. Um deitou-se na rede e outro telefonava. E Joaquina, de mão no queixo, olhando o céu, era quem mais fazia: fazia olhos azuis".

HELENA KOLODY - O Sentido Secreto da Vida


Há um sentido profundo
Na superficialidade das coisas,
Uma ordem inalterável
No caos aparente dos mundos.

Vibra um trabalho silencioso e incessante
Dentro da imobilidade das plantas:
No crescer das raízes,
No desabrochar das flores,
No sazonar das frutas.

Há um aperfeiçoamento invisível
Dentro do silêncio de nosso Eu:
Nos sentimentos que florescem,
Nas idéias que voam,
Nas mágoas que sangram.

Uma folha morta
Não cai inutilmente.
A lágrima não rola em vão.
Uma invisível mão misericordiosa
Suaviza a queda da folha,
Enxuga o pranto da face.

ARNALDO JABOR – Alguém para amar



Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara: “eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também”.

No entanto, passado o efeito do whisky com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração “tribalista” se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.

Estes, desconhecem a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ela, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar…

FERNANDA TORRES - Sisifo

Sou mulher, irmã e amiga de cineasta. A proximidade me fez conviver com os meandros do lançamento de uma película, em que os riscos são grandes e as chances de se danar, quase certas. Os blockbusters americanos pautam o calendário, e os filmes brasileiros se espremem nas datas que sobram, sempre pressionados pelos gigantes. O grande divisor de águas do segundo semestre de 2012 é Amanhecer. Os vampiros sugaram 1213 das 2000 e poucas salas de exibição do Brasil, perfazendo a assombrosa média de 1769 pessoas por sala no primeiro fim de semana. Para se ter uma ideia, um filme médio costuma ir para a rua com 100 cópias e é considerado um êxito se cumprir o mínimo de 1000 pessoas por cópia entre sexta e domingo.

Até que a Sorte Nos Separe entrou na briga com audaciosas 415 salas, encontrou uma brecha antes de a vampirada pousar, apostando em dois feriados longos entre os meses de outubro e novembro. O delicioso Hassum fez bonito e deve chegar a 3 milhões de espectadores. O belíssimo Gonzaga se valeu da mesma estratégia e deve bater em mais de 1 milhão e meio de bilhetes vendidos. Os Penetras, que acompanho de perto, escolheu a baixa da draculândia, quando as 1213 salas ocupadas sofrem uma queda, abrindo espaço para que os peixes-pilotos nacionais matem a fome. A esperança é persistir nas férias sem ser atropelado pelo Batmóvel ou pelo martelo do Thor.

A matemática é justa. Erra-se tanto se o filme abre demais e diminui a frequência por sala quanto se abre de menos e manda o público de volta para casa.

O cinema é um cassino. Quanto mais cópias se põem na rua, mais cara se torna a campanha publicitária. O investimento arriscado em mídia é o primeiro a retornar para o bolso do distribuidor. O produtor só saberá o que é lucro depois de pagar por esse aporte. É crucial romper a barreira de 1 milhão de espectadores.

Mas 1 milhão é gente pra chuchu. Woody Allen e Almodóvar rendem, em média, de 200000 a 400000 ingressos. Argo, excelente filme de Ben Affleck, provável concorrente ao Oscar, atraiu, até agora, tímidos 160000 cinéfilos. A diferença é que os filmes estrangeiros já chegam pagos aos trópicos. Allen fecha suas contas em mais de uma praça. Aqui, com raras exceções, só contamos com o mercado interno. Um filme mais sensível, ou cabeçudo, que chegue ao mesmo resultado do brilhante A Pele que Habito é considerado fracasso.

Sempre me pareceu curioso que a estante dedicada aos filmes brasileiros nas locadoras não seja separada por gêneros. O cinema nacional é um gênero em si, no qual comédias, dramas sociais e políticos, documentários e histórias infantis são colocados no mesmo saco. Não à toa, sempre existe uma corrente predominante. Nos anos 70, foi a pornochanchada, no renascimento, o favela movie e, hoje, as comédias urbanas são as que se mostram economicamente viáveis.

Seria bom assistir a terror, dramas burgueses à moda argentina, suspense, aventura e filmes-denúncia em português. Nosso país é complexo o suficiente para inspirar todo tipo de trama. A premência do resultado inibe o risco artístico, apresentamos sempre mais do mesmo até que alguma exceção mude o rumo do mercado. Deus e o Diabo fez isso, e também Dona Flor, Xica da Silva, Carlota Joaquina, Central do Brasil, Cidade de Deus, Carandiru, Tropa de Elite e Se Eu Fosse Você.

Um realizador demora de dois a sete anos, se tiver sorte, para carregar seu revólver com uma única bala na agulha. O destino de sua obra estará selado nas primeiras 72 horas. Caso não atinja o alvo na mosca, o filme sairá de cartaz na semana seguinte. E, mesmo que ele tenha êxito, um bom resultado não garante o futuro.

É a profissão que mais se assemelha ao mito de Sísifo, do homem condenado a empurrar uma gigantesca pedra até o alto de uma montanha para, uma vez lá, vê-la rolar ladeira abaixo, pronta para ser arrastada outra vez.

Por isso, a pergunta inocente: “Qual o seu próximo projeto?”, ouvida por dez entre dez diretores nas pré-estreias de seus longas, muitas vezes me soa trágica.

MARCIA TIBURI - O que é sensibilidade?

Chamamos sensibilidade ao conjunto de nossos sentimentos e sensações e ao modo como os experimentamos.

Nossa sensibilidade pode ser mais bruta ou mais elaborada. Podemos, entretanto, dizer que alguém não tem sensibilidade. Neste caso, nos referimos às pessoas que denominamos de “frias” e que, em geral, pensamos ser aquelas que fazem um uso mais assíduo da razão. Usamos a metáfora da frieza em oposição à outra bem conhecida, a que se refere ao calor dos sentimentos. Assim expressamos que os sentimentos aproximam, enquanto a razão afasta; eles aconchegam, enquanto ela põe limites. O sentimento é, por sua vez, o mais íntimo de cada um, algo que não se pode comunicar, por isso, os artistas procuram “expressões” para eles. O esforço de compreensão dos sentimentos é sempre poético e intuitivo.

A clássica oposição entre razão e sensibilidade, que culminou na filosofia e na literatura dos séculos XVIII e XIX, é o fruto da necessidade de sistematização das faculdades humanas, mas também obedece a um fator antropológico que coloca a razão como hierarquicamente superior aos demais atributos e capacidades humanos.

A sensibilidade envolve também a questão das sensações. Sensação é a informação que os sentidos recebem do mundo exterior ao corpo. Os gregos usavam a palavra Aisthesis para significar a sensação em geral ou a capacidade de perceber. Depois, e ao longo da tradição filosófica, tais informações seriam trabalhadas pela razão capaz de recolher os dados confusos e elaborar conceitos e juízos a partir deles. Platão pensava que a sensação era uma capacidade humana insuficiente para o alcance da verdade. Baumgarten usará o termo dos gregos para fundar no século XVIII a disciplina chamada “Estética” que se ocupará, segundo ele, do conhecimento dos sentidos.

Sensações são o que podemos conhecer por meio de nossos sentidos, ou seja, o que sabemos, em última instância, por meio de nosso corpo. Por isso, podemos pensar que o corpo inteiro, e não apenas os tradicionais cinco sentidos, é um lugar de conhecimento. Todavia, podemos não prestar atenção ao que informam os sentidos, em outras palavras, ao que diz o nosso corpo. Por exemplo, não costumamos prestar atenção ao que ocorre conosco quando dançamos. Sensibilidade é também a capacidade de perceber e interpretar as nossas sensações.

Os filósofos antigos já procuravam explicações para o mistério da sensação tão importante também para os modernos e até hoje, para nós. As sensações, como os sentimentos, também foram desvalorizadas. É com os filósofos que tem a razão como instrumento de trabalho na compreensão do mundo que temos a fundamentação do preconceito contra a sensibilidade. O trabalho do conceito com o qual se ocuparam resultou em falta de atenção à produção da sensibilidade. Mas nem todos foram desatentos a isso: Rousseau, no século XVIII falava que era preciso formar o homem sensível para que ele pudesse ser racional. É preciso, neste ponto, saber da importância da “educação artística” que mais do que um treinamento para as artes deve ser um trabalho na formação da sensibilidade baseada na atenção aos sentidos, aos sentimentos e ao corpo. 

Tal posição é a que devemos defender hoje: a sensibilidade é uma categoria do conhecimento e uma categoria política. Ela é a base, a via de acesso ao mundo externo ao nosso corpo, o modo como se estabelece nossa relação com as coisas, justamente por ser um modo como experimentamos nosso corpo e os demais corpos. É o modo como olhamos para as coisas, como ouvimos, mas também como as pensamos.

O que melhor resume a sensibilidade é que ela é uma capacidade de ter atenção às coisas, o modo como nos dispomos ao que não somos e não conhecemos. O uso da razão, a produção do pensamento, depende desse gesto inicial de disposição, que envolve silêncio, a boa passividade e a escuta. O esforço de cada um, de todos os seres que sentem e usam a razão (sejam profissionais das artes, da filosofia, ou não), deve ser o de reunir, estabelecer pontes, reintegrar as capacidades. Toda nossa relação com a natureza e com o outro – além da relação com nosso próprio corpo, nosso próprio eu - depende deste esforço de integração do que está separado. 

LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO - Dois na cama


Nos anos 30, reagindo a uma onda de protestos contra a “licenciosidade” nos filmes de Hollywood, a indústria cinematográfica americana criou um código determinando o que o público podia e não podia ver na tela. Nudez nem pensar, beijo de boca aberta esquece, sexo só sugerido e assim mesmo dentro de certos limites específicos. Homem e mulher, mesmo casados, não podiam aparecer na mesma cama. Durante os anos de vigência do código puritano, cama de casal, e tudo que ela implicava, era proibida, a não ser que fosse ocupada por uma só pessoa.

Com uma exceção, como sacou o Ruy Castro numa das suas colunas recentes na Folha: o Gordo e o Magro. Há várias cenas nos filmes do Gordo e o Magro em que os dois dormem juntos na mesma cama de casal – isso quando o sono não é interrompido por um fantasma ou uma briga pelo cobertor. E ninguém, que se saiba, jamais protestou contra os dois homens numa cama só. Talvez porque a ideia do Gordo e o Magro fazendo sexo não tenha ocorrido nem à mente mais suja ou mais puritana. Ou talvez se concedesse a uma dupla humorística, cujo fato de ser inseparável fazia parte da sua graça, uma licença que outros casais da tela não tinham.

O curioso é que justamente nessa fase em que o puritanismo reinou, alerta contra qualquer alusão sexual, por menos explícita que fosse, ninguém prestava atenção, por exemplo, no estranho relacionamento do Batman com o Robin. Nunca se soube se os dois dormiam juntos, mas essa seria uma especulação natural numa época tão fixada em sexo e seus subterfúgios. Mas só se começou a fazer este tipo de interpretação – o Zorro e o Tonto representando o colonialismo branco e a submissão do índio, mas certamente dormindo agarradinhos no frio das planícies – tempos depois, quando o ridículo código já tinha acabado, e as camas de casais podiam ser ocupadas por três ou quatro de sexos diferentes.

Mas entende-se. O puritanismo é uma espécie de inocência. Concentra-se tanto no rabo do vizinho que não vê mais nada. 

O QUE VOCÊ GOSTARIA DE VER SE TIVESSE APENAS 3 DIAS DE VISÃO? - HELEN KELLER

Helen Keller, cega e surda desde bebê, 
dá a sua resposta neste belo ensaio.

Várias vezes pensei que seria uma benção se todo ser humano, de repente, ficasse cego e surdo por alguns dias no princípio da vida adulta. As trevas o fariam apreciar mais a visão e o silêncio lhe ensinaria as alegrias do som.

De vez em quando testo meus amigos que enxergam para descobrir o que eles vêem. Há pouco tempo perguntei a uma amiga que voltava de um longo passeio pelo bosque o que ela observara. "Nada de especial", foi à resposta.

Como é possível, pensei, caminhar durante uma hora pelos bosques e não ver nada digno de nota? Eu, que não posso ver, apenas pelo tacto encontro centenas de objetos que me interessam. Sinto a delicada simetria de uma folha. Passo as mãos pela casca lisa de uma bétula ou pelo tronco áspero de um pinheiro.

Na primavera, toco os galhos das árvores na esperança de encontrar um botão, o primeiro sinal da natureza despertando após o sono do inverno. Por vezes, quando tenho muita sorte, pouso suavemente a mão numa arvorezinha e sinto o palpitar feliz de um pássaro cantando.

Às vezes meu coração anseia por ver tudo isso. Se consigo ter tanto prazer com um simples toque, quanta beleza poderia ser revelada pela visão! E imaginei o que mais gostaria de ver se pudesse enxergar, digamos por apenas três dias.

Eu dividiria esse período em três partes. No primeiro dia gostaria de ver as pessoas cuja bondade e companhias fizeram minha vida valer a pena. Não sei o que é olhar dentro do coração de um amigo pelas "janelas da alma", os olhos. 

Só consigo "ver" as linhas de um rosto por meio das pontas dos dedos. Posso perceber o riso, a tristeza e muitas outras emoções. Conheço meus amigos pelo que toco em seus rostos.

Como deve ser mais fácil e muito mais satisfatório para você, que pode ver, perceber num instante as qualidades essenciais de outra pessoa ao observar as sutilezas de sua expressão, o tremor de um músculo, a agitação das mãos. 

Mas será que já lhe ocorreu usar a visão para perscrutar a natureza íntima de um amigo? Será que a maioria de vocês que enxergam não se limita a ver por alto as feições externas de uma fisionomia e se dar por satisfeita?

Por exemplo, você seria capaz de descrever com precisão o rosto de cinco bons amigos? Como experiência, perguntei a alguns maridos qual a exata cor dos olhos de suas mulheres e muitos deles confessaram, encabulados, que não sabiam.

Ah, tudo que eu veria se tivesse o dom da visão por apenas três dias!

O primeiro dia seria muito ocupado. Eu reuniria todos os meus amigos queridos e olharia seus rostos por muito tempo, imprimindo em minha mente as provas exteriores da beleza que existe dentro deles. 

Também fixaria os olhos no rosto de um bebê, para poder ter a visão da beleza ansiosa e inocente que precede a consciência individual dos conflitos que a vida apresenta. 

Gostaria de ver os livros que já foram lidos para mim e que me revelaram os meandros mais profundos da vida humana. E gostaria de olhar nos olhos fiéis e confiantes de meus cães, o pequeno scottie terrier e o vigoroso dinamarquês.

À tarde daria um longo passeio pela floresta, intoxicando meus olhos com belezas da natureza. E rezaria pela glória de um pôr-do-sol colorido. Creio que nessa noite não conseguiria dormir.

No dia seguinte eu me levantaria ao amanhecer para assistir ao empolgante milagre da noite se transformando em dia. Contemplaria assombrado o magnífico panorama de luz com que o Sol desperta a Terra adormecida.

Esse dia eu dedicaria a uma breve visão do mundo, passado e presente. Como gostaria de ver o desfile do progresso do homem, visitaria os museus. Ali meus olhos veriam a história condensada da Terra -- os animais e as raças dos homens em seu ambiente natural; gigantescas carcaças de dinossauros e mastodontes que vagavam pelo planeta antes da chegada do homem, que, com sua baixa estatura e seu cérebro poderoso, dominaria o reino animal.
Minha parada seguinte seria o Museu de Artes.

Conheço bem, pelas minhas mãos, os deuses e as deusas esculpidos da antiga terra do Nilo. Já senti pelo tacto as cópias dos frisos do Paternon e a beleza rítmica do ataque dos guerreiros atenienses. As feições nodosas e barbadas de Homero me são caras, pois também ele conheceu a cegueira.

Assim, nesse meu segundo dia, tentaria sondar a alma do homem por meio de sua arte. Veria então o que conheci pelo tato. Mais maravilhoso ainda, todo o magnífico mundo da pintura me seria apresentado. Mas eu poderia ter apenas uma impressão superficial. Dizem os pintores que, para se apreciar a arte, real e profundamente, é preciso educar o olhar. É preciso, pela experiência, avaliar o mérito das linhas, da composição, da forma e da cor. Se eu tivesse a visão, ficaria muito feliz por me entregar a um estudo tão fascinante.

À noite de meu segundo dia seria passada no teatro ou no cinema. Como gostaria de ver a figura fascinante de Hamlet ou o tempestuoso Falstaff no colorido cenário elisabetano! Não posso desfrutar da beleza do movimento rítmico senão numa esfera restrita ao toque de minhas mãos. Só posso imaginar vagamente a graça de uma bailarina, como Pavlova, embora conheça algo do prazer do ritmo, pois muitas vezes sinto o compasso da música vibrando através do piso.

Imagino que o movimento cadenciado seja um dos espetáculos mais agradáveis do mundo. Entendi algo sobre isso, deslizando os dedos pelas linhas de um mármore esculpido; se essa graça estática pode ser tão encantadora, deve ser mesmo muito mais forte a emoção de ver a graça em movimento.

Na manhã seguinte, ávida por conhecer novos deleites, novas revelações de beleza, mais uma vez receberia a aurora. Hoje, o terceiro dia, passarei no mundo do trabalho, nos ambientes dos homens que tratam do negócio da vida. A cidade é o meu destino.

Primeiro, paro numa esquina movimentada, apenas olhando para as pessoas, tentando, por sua aparência, entender algo sobre seu dia-a-dia. Vejo sorrisos e fico feliz. Vejo uma séria determinação e me orgulho. Vejo o sofrimento e me compadeço.

Caminhando pela 5ª Avenida, em Nova York, deixo meu olhar vagar, sem se fixar em nenhum objeto em especial, vendo apenas um caleidoscópio fervilhando de cores. Tenho certeza de que o colorido dos vestidos das mulheres movendo-se na multidão deve ser uma cena espetacular, da qual eu nunca me cansaria. Mas talvez, se pudesse enxergar, eu seria como a maioria das mulheres – interessadas demais na moda para dar atenção ao esplendor das cores em meio à massa.

Da 5ª Avenida dou uma volta pela cidade – vou aos bairros pobres, às fábricas, aos parques onde as crianças brincam. Viajo pelo mundo visitando os bairros estrangeiros. E meus olhos estão sempre bem abertos tanto para as cenas de felicidade quanto para as de tristeza, de modo que eu possa descobrir como as pessoas vivem e trabalham, e compreendê-las melhor.

Meu terceiro dia de visão está chegando ao fim. Talvez haja muitas atividades a que devesse dedicar as poucas horas restantes, mas acho que na noite desse último dia vou voltar depressa a um teatro e ver uma peça cômica, para poder apreciar as implicações da comédia no espírito humano.

À meia-noite, uma escuridão permanente outra vez se cerraria sobre mim. Claro, nesses três curtos dias eu não teria visto tudo que queria ver. Só quando as trevas descessem de novo é que me daria conta do quanto eu deixei de apreciar.

Talvez este resumo não se adapte ao programa que você faria se soubesse que estava prestes a perder a visão. Mas sei que, se encarasse esse destino, usaria seus olhos como nunca usara antes. Tudo quanto visse lhe pareceria novo. Seus olhos tocariam e abraçariam cada objeto que surgisse em seu campo visual.

Então, finalmente, você veria de verdade, e um novo mundo de beleza se abriria para você.

Eu, que sou cega, posso dar uma sugestão àqueles que vêem: usem seus olhos como se amanhã fossem perder a visão. E o mesmo se aplica aos outros sentidos.

Ouça a música das vozes, o canto dos pássaros, os possantes acordes de uma orquestra, como se amanhã fossem ficar surdos. 

Toquem cada objeto como se amanhã perdessem o tato. Sintam o perfume das flores, saboreiem cada bocado, como se amanhã não mais sentissem aromas nem gostos. 

Usem ao máximo todos os sentidos; goze de todas as facetas do prazer e da beleza que o mundo lhes revela pelos vários meios de contacto fornecidos pela natureza. 

Mas, de todos os sentidos, estou certa de que a visão deve ser o mais delicioso. 

FRANCISCO DAUDT - Natureza Humana: Palavra e Pensamento

<Meio da madrugada. Minha filha, bebê, choraminga pela babá-eletrônica. Acordou com fome. Meu ritual de todas as noites, pego a mamadeira e vou com ela até a porta de seu quarto. No que giro a maçaneta, ela para de choramingar. Fiquei pasmo, pois ali havia se dado nossa primeira comunicação por símbolos. Seu choro era um chamado, o ruído da maçaneta, uma resposta. Ela não precisava continuar chamando, por isto parou. Símbolo é algo que serve de referência para outras coisas ou idéias. 

“Ora, isto é apenas reflexo condicionado, coisa de que qualquer cão é capaz, vide Pavlov”. Sim, mas o condicionamento de reflexos é apenas outra maneira de se descrever nossa capacidade de formar símbolos. Ainda que rudimentar, seja nos cães, seja na minha filha de meses, o programa mental que junta acontecimentos a sons ou imagens a partir de memórias, fazendo que um signifique muitos, está em nossos cérebros.

Está cada vez mais difícil completar a frase “o ser humano é o único animal que…” Pensamos hoje que é a quantidade, e não a qualidade, o fator determinante de nossa complexidade.

Mas a quantidade é assombrosa quando nos diz respeito. Volto à minha pequena, lembrando a primeira palavra que disse. Era um verbo no passado. Vendo que a água do copo parara de verter, anunciou: “Cabô”. Ali estavam representados conceitos amplos, como o de finitude, limites, volumes, desapontamento etc. De forma rudimentar, claro, mas as portas estavam abertas para que a complexidade de sua expressão, de seu pensamento, nunca mais parasse de aumentar, vida afora.

Disse que os ingleses tiveram uma sorte enorme com a invasão normanda, que lhes trouxe o latim para enriquecer o tosco anglo-saxão que falavam. Vendo a extraordinária série “Downton Abbey”, percebi que o roteirista quase só pôs derivados do latim na fala dos personagens, quer os do andar de cima, quer da criadagem. Para ilustrar o ganho de complexidade, pego o uso de “enter” no lugar de “come in”. Este tem uso restrito, prático. Aquele contém desde a permissão para abrir a porta e avançar, até nossas “entradas e bandeiras”, o partilhar da intimidade, o acolhimento, as conquistas territoriais.

Lembrei de um cartaz: “Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê”. E me lembrei da diferença entre o olho que sabe e o olho que vê. Um burro olhando para um palácio usa o olho que vê. Um arquiteto culto usa o olho que sabe, e assim percebe as cornijas, as ameias, os capitéis, as gárgulas, os frontões, a história, a época, a mitologia, as batalhas, as armas de defesa (a começar pelo próprio castelo, que não é uma moradia qualquer), a economia, as castas, a política, um mundo de informações contido naquelas pedras empilhadas.

O que só pôde ser percebido porque aquele “Cabô” da primeira infância veio conversando com o mundo, enriquecendo-se com os livros, os dicionários, as línguas estrangeiras, os meios de comunicação. Com a santa internet, aquela que nos dá o Google e as enciclopédias. Assim, a capacidade de simbolizar do “Cabô” não se acaba jamais.

ROSELY SAYÃO - Queremos a infância para nós

O mundo anda bem atrapalhado: de um lado, temos crianças que se comportam, se vestem, falam e são tratadas como adultos. Do outro, adultos que se comportam, se vestem, falam e são tratados como crianças. Pelo jeito, infância e vida adulta têm hoje pouco a ver com idade cronológica.

Não é preciso muito para observar sinais dessa troca: basta olhar as pessoas no espaço público. É corriqueiro vermos meninas vestidas com roupas de adultos, inclusive sensuais: blusas e saias curtas, calças apertadas, meia-calça e sapatos de salto. E pensar que elas precisam é de roupa folgada para deixar o corpo explodir em movimentos que devem ser experimentados... Mas sempre há um traço que trai a idade: um brinquedo pendurado, um exagero de enfeites, um excesso de maquiagem etc.

Se olharmos as adultas, vestidas com o mesmo tipo de roupa das meninas descritas acima, vemos também brinquedos, carregados como enfeites ou amuletos: nos chaveiros, nas bolsas, nos telefones celulares, nos carros. Isso sem falar nas mesas de trabalho, enfeitadas com ícones do mundo infantil.

Criança pequena adora ter amigo imaginário, mas essa maravilhosa possibilidade tem sido destruída, pouco a pouco, pelo massacre da realidade do mundo adulto, que tem colaborado muito para desfazer a fantasia e o faz-de-conta. Mas os legítimos representantes desse mundo, por sua vez, não hesitam em ter o seu. Ultimamente, ele tem sido comum e ganhou o nome de deus. Não me refiro ao Deus das religiões e alvo da fé. A idéia de deus foi privatizada, e cada um tem o seu, à sua imagem e semelhança, mesmo sem professar religião nenhuma.

O amigo imaginário dos adultos chamado de deus é aquele com quem eles conversam animadamente, a quem chamam nos momentos de estresse, a quem recorrem sempre que enfrentam dificuldades, precisam tomar uma decisão ou anseiam por algo e, principalmente, para contornar a solidão. Nada como ter um amigo invisível, já que ele não exige lealdade, dedicação nem cobra nada, não é?

E o que dizer, então, das brincadeiras infantis que muitos adultos são obrigados a enfrentar quando fazem cursos, freqüentam seminários ou assistem a aulas? É um tal de assoprar bexigas, abraçar quem está ao lado, acender fósforo para expressar uma idéia, carregar uma pedra para ter a palavra no grupo, escolher um bicho como imagem de identificação, usar canetas coloridas para fazer trabalhos etc.

Mas, se existe uma manifestação comum a crianças e adultos para expressar alegria, contentamento, comemoração e afins, ela tem sido o grito. Que as crianças gritem porque ainda não descobriram outras maneiras de expressar emoções, dá para entender. Aliás, é bom lembrar que os educadores não têm colaborado para que elas aprendam a desenvolver outros tipos de expressão. 

Mas os adultos gritarem desesperada e estridentemente para manifestar emoção é constrangedor. Com tamanha confusão, fica a impressão de que roubamos a infância das crianças porque a queremos para nós, não?

14 INDICADORES DE QUE UMA PESSOA ESTÁ MENTINDO - THAÍS SABINO

Desviar o olhar, fazer longas pausas durante a fala 
e tom de voz podem denunciar um mentiroso.

"Mente aquele que diz que não mente", é assim que o perito em detectar mentiras e professor do Behavior Analysis Training Institute - instituto que treina a polícia americana para detecção de mentiras -, Wanderson Castilho, começa a entrevista. Segundo ele, apesar do desprezo que todas as pessoas conservam pelos fatos que não condizem com a realidade, "quem nunca contou uma mentira?".
Talvez mentir não seja tão incômodo quando ouvir uma inverdade; mais do que isso, em casos policiais saber a verdade é fundamental. Além do polígrafo - detector de mentiras que mede pressão arterial, batimentos cardíacos, temperatura do corpo e dilatação da pupila - Castilho diz que descobrir quando alguém está mentindo se baseia em analisar os sinais emitidos pelo corpo deste indivíduo, tarefa que uma pessoa comum é capaz de fazer, se souber no que deve prestar atenção.
"Quando conversamos, mantemos um padrão. Pode falar rápido, devagar, alto ou baixo, mas sempre em um padrão. Quando a pessoa começa a mentir, este padrão muda", explicou. De acordo com o perito, o cérebro entra em um processo de criação. "Um exemplo é quando a namorada pergunta ao namorado: 'você saiu ontem à noite?' e ele, mesmo entendendo a pergunta, responde: 'o que?'". Esta pausa é o tempo que o cérebro encontrou para pensar em uma resposta.
Desviar o olhar, falar com muitas justificativas, mexer mãos e pés de forma frenética, mudar o tom de voz, entre outros sintomas, são indicativos de um mentiroso. O psiquiatra e diretor do Instituto de Neurolinguística Aplicada, Jairo Mancilha, explica que o corpo sempre é mais fiel à verdade do que a fala. "A fala é criada pelo consciente, mas os sinais do corpo são provocados pelo inconsciente e a pessoa não consegue controlar", disse ele.
"O cérebro não aceita a negação. É como: 'não pense em vermelho' e logo a pessoa pensa na cor vermelha. A mentira é uma negação à verdade que manifesta diversas alterações fisiológicas", acrescentou o perito em identificar mentirosos. O psiquiatra Mancilha reforça que não existe regra, mas alguns sinais são um alerta de que o indivíduo está mentindo; confira 14 indícios abaixo.
Desviar o olhar - Quando a pessoa mente, geralmente, tem dificuldade em manter o contato ocular com naturalidade, de acordo com o psiquiatra e diretor do Instituto de Neurolinguística Aplicada, Jairo Mancilha.
Olhar muito fixamente - Indivíduos que têm conhecimento de que o desvio do olhar é visto como sinal de mentira, podem fixar de forma exagerada os "olhos nos olhos" da outra pessoa. "Pessoas verdadeiras tentam transmitir a verdade, as mentirosas precisam convencer o outro a acreditar na história criada", afirmou o perito em detectar mentiras e professor do Behavior Analysis Training Institute, Wanderson Castilho.
Piscar - "Mentirosos tendem a dar piscadas mais longa", disse Castilho. Como efeito inconsciente, o cérebro em uma atitude de recusa ao que a pessoa está dizendo, provoca estas piscadas em que os olhos permanecem fechados por mais tempo do que o habitual, explicou o perito.
Voz - "O tom da voz perde a congruência, a voz não fica tão firme, pode ficar trêmula, cortada e sem fluidez", disse Mancilha. De acordo com Castilho, o tom de voz também pode ficar baixo e a fala ser projetada para dentro.
Mãos - Quando o organismo entra em estado de alerta, por nervoso ou ansiedade, a temperatura periférica tende a cair. Por isso, quando uma pessoa está mentindo pode ficar com as mãos e pés gelados, segundo Mancilha. Além disso, mãos trêmulas e agitadas também são indicadores da mentira, adicionou Castilho.
Pele - O nervosismo causado pelo ato de mentir pode alterar a cor e aparência da pele. "A pessoa pode ficar mais vermelha ou mais pálida", afirmou Mancilha. A sudorese repentina é outra característica da situação, segundo Castilho.
Fala - "Quem está mentindo dá mais rodeios, muitas justificativas, fala demais", caracterizou Mancilha. Quando alguém, que não tem o costume de ser prolixo, começa a demorar demais para chegar ao objetivo da conversa, existe chance de a história ser uma grande mentira.
Pausas - "A conversa está fluindo, de repente, um assunto faz a pessoa que está falando iniciar uma série de pausas na fala", exemplificou Castilho. De acordo com o perito, os intervalos podem indicar que o cérebro está criando as próximas informações.
Mãos nos bolsos - As mãos nos bolsos é um sinal de que a pessoa está escondendo algo, de que está fechada a dar ou receber informações, disse Castilho. As palmas das mãos abertas e viradas para a pessoa com quem se fala já indicam um sentimento muito mais tranquilo e confortável em relação ao assunto da conversa.
Olhar para o lado esquerdo - Para pessoas destras, o lado esquerdo é o da criação, portanto, quando uma pessoa é indagada e move os olhos para a esquerda, pode estar com a intenção de criar uma resposta, ou seja, uma mentira, explicou Castilho.
Olhar para o lado direito - Já olhar para o lado direito não é indício de mentira. De acordo com Castilho, o lado direito é o da memória, por isso, quando uma pessoa olha para a direita antes de falar, significa que está buscando informações na memória.
Saliva - Quando o corpo entra em alerta, por uma situação de estresse - que se aplica durante um relato mentiroso - o corpo para de produzir saliva e a pessoa começa a "engolir seco", disse Castilho. Isso varia de acordo com o nervosismo e tensão do mentiroso durante a fala, mas é comum que a boca fique seca, segundo o perito.
Coceiras - Outro sintoma da mentira é a coceira. O cérebro recusa a história falada e provoca estímulos que podem levar a mão à boca, ouvidos e cabeça. "É como se o cérebro transmitisse 'eu não quero falar isso', então a mão vai à boca; 'eu não quero ouvir isso', a mão passa pela orelha; ou 'eu não concordo com isso', e a pessoa coça a cabeça", explicou Castilho.
Face - De acordo com Castilho, a estratégia de análise da face é bastante usada para identificar mentirosos. Segundo ele, fala e feição devem estar congruentes, quando isso não ocorre, existe algo errado. "Uma pessoa que conta um evento como 'muito legal' não pode estar com uma face de desprezo ou tristeza. Se estiver, significa que o que ela está falando talvez não seja verdade", explicou.

É PRECISO AMAR O TRABALHO PARA SER FELIZ? - Cláudia Penteado

“Dê a um homem tudo o que ele deseja, e ele, apesar disso, 
naquele mesmo momento, sentirá que esse tudo não é tudo.” (Kant)

Outro dia conversava com uma amiga sobre seu filho de vinte e poucos anos, que dizia-se perplexo com a perspectiva de vir a ser como seus pais: workaholic e estressados. Passamos a conversar, então, sobre as conquistas e frustrações em torno do objetivo de ganhar dinheiro. 

Afinal, qual é a melhor fórmula? Creio que grande parte das nossas frustrações no plano profissional vêm do fato de que nos iludimos com a ideia de que precisamos fazer algo que amamos no plano profissional. 

Há uma frase clássica que se costuma dizer: faça aquilo que você ama, e o dinheiro virá. Sinceramente, acho que essa frase leva a equívocos imensos. Passei, como todo mundo, por algumas crises profissionais: afinal, se eu não amar mais o que faço, como seguir em frente? E se eu amar cantar, significa que serei uma boa cantora? E se eu amar escrever, necessariamente serei uma escritora de sucesso?

Minha filha dança balé. Na idade em que ela está – 10 anos – já se percebe o talento para a dança. Ela e suas coleguinhas evoluem ano a ano, mas há algumas que evoluem mais que outras. E, infelizmente, as que evoluem mais não são, necessariamente, as que mais amam dançar balé.

Algumas afirmam que serão bailarinas profissionais no futuro, e seus corpinhos desengonçados se esforçam para acompanhar outras que, menos preocupadas com o futuro, têm uma leveza e delicadeza naturais e parece que nasceram para dançar. 

É claro que aquelas que amam a dança provavelmente se esforçarão mais e, por que não, poderão se tornar excelentes bailarinas no futuro.  Talvez não se tornem a primeira bailarina do Municipal, mas estarão satisfeitas com o que for possível alcançar em suas carreiras, já que amam dançar. 

Mas o meu ponto é: amar o que se faz não é garantia de sucesso. Ajuda. E para fazer algo bem não é necessário, como regra geral, ter feito aquela escolha por amor.

Em uma das minhas crises ligadas às escolhas profissionais – que fiz, como a maioria, numa época da vida em que ninguém deveria ser autorizado a fazer escolhas tão sérias -, conversei com uma amiga a respeito do seu trabalho. “Mas você ama o que você faz?”, perguntei. E ela, publicitária e autora de três livros de ficção, disse: “Claro que não, o que eu faço é para pagar minhas contas. 

O que eu amo mesmo é a literatura. Mas escrever não paga as minhas contas”. Sua tranquilidade me surpreendeu, ao não fazer qualquer tipo de associação entre o trabalho e amada literatura.

Conheço biólogos que trabalham como tradutores, historiadores que enveredaram para a publicidade, publicitários que se tornaram psicanalistas, atrizes que dão aula de ioga,  músicos que administram empresas, jornalistas donos de lojas de depilação, passadeiras que queriam ser cantoras, designers que se tornaram estilistas. 

Muitas vezes o trabalho é aquilo que se gosta de verdade, quando a formação foi uma tentativa de acertar. Outras vezes, o que se estudou era o que se gostava muito, e a atividade que se exerce foi o que as circunstâncias permitiram, ou de onde o dinheiro veio como recompensa por um trabalho bem feito.

O livro “Ame seu trabalho”, do consultor Richard Whiteley, é um guia para quem não ama o que faz, mas ensina que existem atitudes que podem reverter o ciclo e transformar seu trabalho em algo muito próximo do ideal.  

Será? “A maioria de nós encontrou o emprego que tem ou o trabalho que realiza por acaso. “, diz. Segundo o consultor, é preciso encontrar o lugar da verdadeira paixão e, de alguma forma, no lugar de querer transformar tudo, inserir a paixão naquilo que se faz, de alguma forma. Impossível certamente não é.   

Ele sugere que se tente, na medida do possível, combinar quatro fatores: o que se faz bem, quanto se pode ganhar, o que se pode aprender a o que se adora fazer. Alinhar estes quatro fatores é, no entanto, bem difícil. E não necessariemente duradouro, porque nos modificamos ao longo do tempo.

Para mim, a melhor mensagem está em procurar, no lugar de chutar o balde, agregar algo de novo ao que se faz na tentativa de transformar para melhor, sem ter que jogar tudo fora e recomeçar do zero.

Blaise Pascal – autor da célebre frase “o coração tem razões que a própria razão desconhece” – costumava defender a existência de três ordens: a do corpo, a do espírito e a da razão. Basicamente, existem assuntos que devem ser tratados dentro de seus limites de entendimento. 

De uma maneira simplista, equivale a dizer que assuntos relativos a dinheiro, devem deixar de lado sentimentos e ser tratados no plano da razão, dos números, dos contratos. 

Misturar as ordens é fazer confusão. Isso fortalece minha teoria de que perdemos muito tempo questionando se a vida foi generosa conosco ao nos contemplar com a possibilidade de exercer uma atividade profissional que amamos e ainda por cima rende muito dinheiro. E menos generosa com quem trabalha com algo que não necessariamente seria sua primeira opcão na vida.
 
É importante não perder de vista o fato de que o retorno financeiro não vem apenas para quem ama o que faz. Vem para quem trabalha duro, seriamente, e tem um comprometimento com aquilo que se propôs a fazer. Simples assim.

O dinheiro não virá para um cantor talentoso ou um vendedor de automóveis se ambos não tiverem disciplina e comprometimento. 

Amar o que se faz ajuda um bocado, claro. Mas não é tudo.  Às vezes é preciso simplesmente parar de idealizar a vida, de reclamar, e arregaçar as mangas. 

Embora recomeçar seja sempre uma opção possível, claro.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.
Livros de Edmir Saint-Clair

Escolha o tema:

- Mônica El Bayeh (1) 100 DIAS QUE MUDARAM O MUNDO (1) 45 LIÇÕES QUE A VIDA ME ENSINOU (1) 48 FRASES GENIAIS (1) 5 CHAVES PARA FREAR AS RELAÇÕES TÓXICAS NA FAMÍLIA (1) 5 MITOS SOBRE O CÉREBRO QUE ATÉ OS NEUROCIENTISTAS ACREDITAM (1) A ALMA ESTÁ NA CABEÇA (1) A FUNÇÃO SOCIAL DA CULPA (1) A GREVE DAS PALAVRAS (1) A LUCIDEZ PERIGOSA (1) A PANDEMIA VISTA DE 2050 (1) A PARÁBOLA BUDISTA (1) A PÍLULA DA INTELIGÊNCIA (1) A PRÁTICA DA BOA AMIZADE (1) A PREOCUPAÇÃO EXCESSIVA COM A APARÊNCIA FÍSICA (1) A QUALIDADE DO SEU FUTURO - Edmir Silveira (1) A SOMBRA DAS CHUTEIRAS IMORTAIS (1) A Tua Ponte (1) A vergonha pode ser o início da sabedoria (1) AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA (5) Amigos (4) amizade (2) ANA CAROLINA DECLAMA TEXTO DE ELISA LUCINDA (1) ANDRÉ COMTE-SPONVILLE (3) ANTONIO CÍCERO (2) ANTÓNIO DAMÁSIO (3) ANTÔNIO MARIA (2) ANTONIO PRATA (2) antropologia (3) APENAS UMA FOLHA EM BRANCO SOBRE A MESA (1) APOLOGIA DE PLATÃO SOBRE SÓCRATES (1) ARISTÓTELES (2) ARNALDO ANTUNES (2) ARNALDO BLOCH (1) Arnaldo Jabor (36) ARTHUR DA TÁVOLA (12) ARTHUR DAPIEVE (1) ARTHUR RIMBAUD (2) ARTHUR SCHOPENHAUER (5) ARTUR DA TÁVOLA (9) ARTUR XEXÉO (6) ASHLEY MONTAGU (1) AUGUSTO CURY (4) AUTOCONHECIMENTO (2) BARÃO DE ITARARÉ (3) BARUCH SPINOZA (3) BBC (9) BBC Future (4) BERNARD SHAW (2) BERTRAND RUSSELL (1) BISCOITO GLOBO (1) BRAINSPOTTING (1) BRUNA LOMBARDI (2) CACÁ DIEGUES (1) CAETANO VELOSO (10) caio fernando abreu (5) CARL JUNG (1) Carl Sagan (1) CARLOS CASTAÑEDA - EXPERIÊNCIAS DE ESTRANHAMENTO (1) CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (23) CARLOS EDUARDO NOVAES (1) CARLOS HEITOR CONY (3) CARTA DE GEORGE ORWELL EXPLICANDO O LIVRO 1984 (1) CECÍLIA MEIRELES (5) CELSO LAFER - Violência (1) CÉREBRO (17) CHARLES BAUDELAIRE (4) CHARLES BUKOWSKI (3) Charles Chaplin (4) Charles Darwin (2) CHÂTEAU DE VERSAILLES (1) CHICO ANYSIO (3) Christian Ingo Lenz Dunker (9) CIÊNCIA E RELIGIÕES (1) CIÊNCIAS (20) CIENTISTA RUSSO REVELA O QUE OCORRE CONOSCO APÓS A MORTE (1) cinema (6) CLARICE LISPECTOR (17) CLÁUDIA LAITANO (3) CLAUDIA PENTEADO (8) Coletâneas Cult Carioca (1) COMO A INTERNET ESTÁ MUDANDO AS AMIZADES (1) COMO A MÚSICA PODE ESTIMULAR A CRIATIVIDADE (1) COMO A PERCEPÇÃO DO TEMPO MUDA DE ACORDO COM A LÍNGUA (1) COMO A PERDA DE UM DOS PAIS PODE AFETAR A SUA SAÚDE MENTAL (1) COMO A SOLIDÃO ALIMENTA O AUTORITARISMO (1) COMO COMEÇAR DO ZERO EM QUALQUER IDADE (1) COMPORTAMENTO (528) Conexão Roberto D'Avila - STEVENS REHEN - IMPERDÍVEL - ALTISSIMO NIVEL DE CONHECIMENTO (1) CONHEÇA 10 PESSOAS QUE QUASE FICARAM FAMOSAS (1) conhecimento (6) CONTARDO CALLIGARIS (17) CONVERSAS NECESSÁRIAS (1) CORA CORALINA (3) CORA RÓNAI (6) CORTES DIRETO AO PONTO (32) Cristiane Segatto (8) CRÔNICAS (992) Crônicas. (172) CRUZ E SOUSA (1) CULT MOVIE (5) CULT MUSIC (10) CULT VÍDEO (21) DALAI LAMA (5) DALTON TREVISAN (1) Dante Alighieri (1) DANUZA LEÃO (30) DE ONDE VÊM OS NOMES DAS NOTAS MUSICAIS? (1) DEEPAK CHOPRA (3) DENTRO DE MIM (1) DRAUZIO VARELLA (11) E. E. CUMMINGS (3) EDGAR MORIN (2) Edmir Saint-Clair (78) EDUARDO GALEANO (3) ELIANE BRUM (25) ELISA LUCINDA (4) EM QUE MOMENTO NOS TORNAMOS NÓS MESMOS (1) Emerson (1) EMILY DICKINSON (1) Emmanuel Kant (1) Empatia (3) entrevista (11) EPICURO (3) Epiteto (1) Erasmo de Roterdam (1) ERÓTICA É A ALMA (1) Eu Cantarei de Amor Tão Docemente (1) Eu carrego você comigo (2) Fábio Porchat (8) FABRÍCIO CARPINEJAR (5) FEDERICO GARCIA LORCA (2) FERNANDA TORRES (23) FERNANDA YOUNG (6) Fernando Pessoa (13) FERNANDO SABINO (4) FERREIRA GULLAR (24) FILHOS (5) filosofia (217) filósofo (10) FILÓSOFOS (7) Flávio Gikovate (25) FLORBELA ESPANCA (8) FRANCISCO DAUDT (25) FRANZ KAFKA (4) FRASES (39) Frases e Pensamentos (8) FREUD (4) Friedrich Nietzsche (2) Friedrich Wilhelm Nietzsche (1) FRITJOF CAPRA (2) GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ (2) GEMÄLDEGALERIE - Berlin - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) GERALDO CARNEIRO (1) Gilles Deleuze (2) HANNAH ARENDT (1) HELEN KELLER (1) HELOISA SEIXAS (10) Heloísa Seixas (1) Henry David Thoreau (1) HERMANN HESSE (10) HILDA HILST (1) IMMANUEL KANT (1) INTELIGENCIA (2) intimidade (6) IRMÃ SELMA (1) Isaac Asimov. (1) ISABEL CLEMENTE (2) IVAN MARTINS (22) JEAN JACQUES ROUSSEAU (1) JEAN PAUL SARTRE (1) JEAN-JACQUES ROUSSEAU (3) Jean-Paul Sartre (2) JEAN-YVES LELOUP - SEMEANDO A CONSCIÊNCIA (1) Jô Soares (4) JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1) JOÃO UBALDO RIBEIRO (14) JOHN NAUGHTON (1) JORGE AMADO (1) JORGE FORBES (1) jornalista (3) JOSÉ PADILHA (2) JOSE ROBERTO DE TOLEDO (1) JOSÉ SARAMAGO (8) JULIO CORTÁZAR (2) KAHLIL GIBRAN (3) Kant (2) KETUT LIYER (1) Khalil Gibran (5) Klaus Manhart (2) KRISHNAMURTI (1) Lao-Tzu (1) LE-SHANA TOVÁ TIKATEVU VE-TECHATEMU - Nilton Bonder (1) LEANDRO KARNAL (3) LEDA NAGLE (2) LÊDO IVO (2) LETÍCIA THOMPSON (2) literatura (69) literatura brasileira (23) LUIGI PIRANDELLO (2) LUIS FERNANDO VERISSIMO (15) LUIS FERNANDO VERÍSSIMO (7) LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO (13) LUIS VAZ DE CAMÕES (2) LUIZ FERNANDO VERISSIMO (6) LYA LUFT (33) LYGIA FAGUNDES TELLES (1) MADHAI (4) Mahatma Gandhi (5) Maiakowski (1) MANOEL CARLOS (11) MANOEL DE BARROS (1) MANUEL BANDEIRA (4) MAPA INTERATIVO PERMITE VIAJAR NO TEMPO E VER 'SUA CIDADE' HÁ 600 MILHÕES DE ANOS (1) Marcel Camargo (12) MARCELO RUBENS PAIVA (7) MARCIA TIBURI (12) MARÍLIA GABRIELA entrevista RAFINHA BASTOS (1) MARINA COLASANTI (6) MÁRIO LAGO (1) Mário Prata (3) MÁRIO QUINTANA (15) MÁRIO SÉRGIO CORTELLA (4) MARIO VARGAS LLOSA (1) MARK GUNGOR (1) martha medeiros (92) MARTIN LUTHER KING JR (1) MARTINHO DA VILA (1) MELATONINA: O HORMÔNIO DO SONO E DA JUVENTUDE (1) MIA COUTO (14) MIA COUTO: “O PORTUGUÊS DO BRASIL VAI DOMINAR” (1) MICHEL FOUCAULT (1) MIGUEL ESTEVES CARDOSO (4) MIGUEL FALABELLA (14) Miguel Torga (2) MILAN KUNDERA (1) MILLÔR FERNANDES (3) MOACYR SCLIAR (12) MÔNICA EL BAYEH (4) Monja Cohen (1) MUSÉE D'ORSAY - PARIS - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) MUSEU NACIONAL REINA SOFIA - Madrid - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) MUSEU VAN GOGH - Amsterdam - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) NÃO DEVEMOS TER MEDO DA EVOLUÇÃO – Edmir Silveira (1) NARCISISMO COLETIVO (1) Natasha Romanzoti (3) NÉLIDA PIÑON (1) NELSON MANDELA (1) NELSON MOTTA (28) NELSON RODRIGUES (3) NEUROCIÊNCIA (143) NILTON BONDER (1) NOAM CHOMSKY (2) NOITE DE NATAL (1) O BRASIL AINDA NÃO DESCOBRIU O CABRAL TODO (1) O CLIQUE (1) O MITO DA CAVERNA DE PLATÃO: A DUALIDADE DA NOSSA REALIDADE (1) O MITO DO AMOR MATERNO – Maria Lucia Homem (1) O Monge Ocidental (2) O MUNDO DA GENTE MORRE ANTES DA GENTE (1) O MUNDO SECRETO DO INCONSCIENTE (1) O PENSAMENTO DE CARL SAGAN (1) O PODER DO "TERCEIRO MOMENTO" (1) O PODER TERAPÊUTICO DA ESTRADA - Martha Medeiros (1) O QUE A VIDA ENSINA DEPOIS DOS 40 (1) O QUE É A TÃO FALADA MEDITAÇÃO “MINDFULNESS” (1) O QUE É A TERAPIA EMDR? – Ignez Limeira (1) O QUE É BOM ESCLARECER AO COMEÇAR UM RELACIONAMENTO AMOROSO (1) O QUE É CIENTÍFICO? - Rubem Alves (1) O que é liberdade (1) O QUE É MAIS IMPORTANTE: SER OU TER? (1) O QUE É MENTE (1) O QUE É MODERNIDADE LÍQUIDA (1) O QUE É O AMOR PLATÔNICO? (1) O QUE É O PENSAMENTO ABSTRATO (1) O QUE É OBJETIVISMO (1) O QUE É SER “BOM DE CAMA”? (1) O QUE É SER INTELIGENTE (1) O QUE É SER LIVRE? (1) O QUE É SER PAPA? - Luiz Paulo Horta (1) O QUE É SERENIDADE? (1) O QUE É UM PSICOPATA (1) O QUE É UMA COMPULSÃO? - Solange Bittencourt Quintanilha (1) O QUE FAZ O AMOR ACABAR (1) O que se passa na cama (1) O ROUBO QUE NUNCA ACONTECEU (2) O Sentido Secreto da Vida (2) OBRIGADO POR INSISTIR - Martha Medeiros (1) OCTAVIO PAZ (2) OLAVO BILAC (1) ORGASMO AJUDA A PREVENIR DOENÇAS FÍSICAS E MENTAIS (1) ORIGEM DA CONSCIÊNCIA (1) Os canalhas nos ensinam mais (2) OS EFEITOS DE UM ÚNICO DIA DE SOL NA SUA PELE (1) OS HOMENS OCOS (1) OS HOMENS VÃO MATAR-SE UNS AOS OUTROS (1) OTTO LARA RESENDE (1) OUTROS FORMATOS DE FAMÍLIA (1) PABLO NERUDA (22) PABLO PICASSO (2) PALACIO DE VERSAILLES - França - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) Pandemia (2) PAULO COELHO (6) PAULO MENDES CAMPOS (2) PEDRO BIAL (4) PENSADORES FAMOSOS (1) pensamentos (59) PERFIL DE UM AGRESSOR PSICOLÓGICO: 21 CARACTERÍSTICAS COMUNS (1) PERMISSÃO PARA SER INFELIZ - Eliane Brum com a psicóloga Rita de Cássia de Araújo Almeida (1) poemas (8) poesia (281) POESIAS (59) poeta (76) poetas (18) POR QUE A CULPA AUMENTA O PRAZER? (1) POR QUE COMETEMOS ATOS FALHOS (1) POR QUE GOSTAMOS DE MÚSICAS TRISTES? (1) porto alegre (6) PÓS-PANDEMIA (1) PRECISA-SE (1) PREGUIÇA: AS DIFERENÇAS ENTRE A BOA E A RUIM (1) PROCRASTINAÇÃO (1) PROPORÇÕES (1) PSICANALISE (5) PSICOLOGIA (432) psiquiatria (8) QUAL O SENTIDO DA VIDA? (1) QUANDO A SUA MENTE TRABALHA CONTRA VOCÊ (1) QUANDO FALAR É AGREDIR (1) QUANDO MENTIMOS MAIS? (1) QUANDO O AMOR ACABA (1) QUEM FOI EPICURO ? (1) QUEM FOI GALILEU GALILEI? (1) Quem foi John Locke (1) QUEM FOI TALES DE MILETO? (1) QUEM FOI THOMAS HOBBES? (1) QUEM INVENTOU O ESPELHO (1) Raul Seixas (2) Raul Seixas é ATROPELADO por uma onda durante uma ressaca no Leblon (1) RECEITA DE DOMINGO (1) RECOMEÇAR (3) RECOMECE - Bráulio Bessa (1) Reflexão (3) REFLEXÃO DE BERT HELLINGER (1) REGINA NAVARRO LINS (1) REJUVENESCIMENTO - O DILEMA DE DORIAN GRAY (1) RELACIONAMENTO (5) RENÉ DESCARTES (1) REZAR E AMAR (1) Rick Ricardo (5) RIJKSMUSEUM - Amsterdam - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) RIO DE JANEIRO (10) RITA LEE (5) Robert Epstein (1) ROBERT KURZ (1) ROBERTO D'ÁVILA ENTREVISTA FLÁVIO GIKOVATE (1) ROBERTO DaMATTA (8) Roberto Freire (1) ROBERTO POMPEU DE TOLEDO (1) RUBEM ALVES (26) RUBEM BRAGA (1) RUTH DE AQUINO (16) RUTH DE AQUINO - O que você revela sobre você no Facebook (1) Ruy Castro (10) SAINDO DA DEPRESSÃO (1) SÁNDOR FERENCZI (1) SÁNDOR MÁRAI (3) SÃO DEMASIADO POBRES OS NOSSOS RICOS (1) SAÚDE MENTAL (2) Scott O. Lilienfeld (2) século 20 (3) SÊNECA (7) SENSAÇÃO DE DÉJÀ VU (1) SER FELIZ É UM DEVER (2) SER MUITO INTELIGENTE: O LADO RUIM DO QUAL NÃO SE FALA (1) SER OU ESTAR? - Suzana Herculano-Houzel (1) Ser Pai (1) SER PASSIVO PODE SER PREJUDICIAL À SAÚDE (1) SER REJEITADO TORNA VOCÊ MAIS CRIATIVO (1) SERÁ QUE SUA FOME É EMOCIONAL? (1) SEXO É COLA (1) SEXO TÂNTRICO (1) SEXUALIDADE (2) Shakespeare. O bardo (1) Sidarta Ribeiro (4) SIGMUND FREUD (4) SIMONE DE BEAUVOIR (1) Simone Weil (1) SINCERICÍDIO: OS RISCOS DE SE TORNAR UM KAMIKAZE DA VERDADE (1) SÓ DE SACANAGEM (2) SÓ ELAS ENTENDERÃO (1) SOCIOLOGIA (10) SÓCRATES (2) SOFRER POR ANTECIPAÇÃO (2) Solange Bittencourt Quintanilha (13) SOLITÁRIOS PRAZERES (1) STANISLAW PONTE PRETA (5) Stephen Kanitz (1) Steve Ayan (1) STEVE JOBS (5) SUAS IDEIAS SÃO SUAS? (1) SUPER TPM: UM TRANSTORNO DIFÍCIL DE SER DIAGNOSTICADO (1) Super YES (1) Suzana Herculano-Houzel (10) T.S. ELIOT (2) TALES DE MILETO (2) TATE BRITAIN MUSEUM (GALLERY) (1) TERAPIA (4) THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART (1) THE NATIONAL GALLERY OF LONDON - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) THIAGO DE MELLO (2) TODA CRIANÇA É UM MAGO - Augusto Branco (1) Tom Jobim (2) TOM JOBIM declamando Poema da Necessidade DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (1) TONY BELLOTTO (3) Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (2) TRUQUE DO PANO: PROTEJA O CACHORRO DO BARULHO FEITO PELOS FOGOS DE ARTIFÍCIO (1) UM CACHORRO PRETO CHAMADO DEPRESSÃO (1) UM ENCONTRO COM LACAN (1) UM VÍRUS CHAMADO MEDO (1) UMA REFLEXÃO FABULOSA (1) UNIÃO EUROPEIA INVESTE EM PROGRAMA PARA PREVER O FUTURO (1) ÚNICO SER HUMANO DA HISTÓRIA A SER ATINGIDO POR UM METEORITO (1) velhice (2) Viagem ao passado (2) VICTOR HUGO (4) VÍDEO - O NASCIMENTO DE UM GOLFINHO (1) VÍDEO - PALESTRA - MEDO X CRIATIVIDADE (1) VÍDEO ENTREVISTA (2) VÍDEO PALESTRA (14) Vinícius de Moraes (3) VIVIANE MOSÉ (4) VLADIMIR MAIAKOVSKI (2) W. B. YEATS (1) W. H. Auden (2) WALCYR CARRASCO (4) WALT WHITMAN (4) Walter Kaufmann (1) Way Herbert (1) Wilhelm Reich (2) WILLIAM FAULKNER (1) William Shakespeare (4) WILSON SIMONAL e SARAH VAUGHAN (1)

RACISMO AQUI NÃO!

RACISMO AQUI NÃO!