CARLOS CASTAÑEDA - EXPERIÊNCIAS DE ESTRANHAMENTO - Ulisses Capozzoli

Depois de 40 anos do lançamento de A erva do diabo, primeiro livro de Carlos Castañeda – e após um década de sua morte – se mantêm as controvérsias sobre realidade e ficção em sua obra

Há 40 anos, um livro publicado pela editora da Universidade da Califórnia relatando pesquisas antropológicas de um estudante da instituição, dividiu opiniões e desdobrou-se para outros campos como psicologia, psiquiatria, filosofia e literatura, ainda hoje causando impacto no que aprendemos a reconhecer como realidade. The teachings of don Juan (Os ensinamentos de d. Juan) foi publicado em algumas traduções – incluindo a brasileira – como A erva do diabo, o que pode ter contribuído para aumentar as vendas numa época em que uma diversidade de drogas literalmente fazia a cabeça de muita gente. Mas certamente a escolha do título teve seu preço e contribuiu para multiplicar controvérsias sobre o conteúdo da obra.

 O autor do livro, o antropólogo Carlos Castañeda, pode ser brasileiro – falava português com acento inconfundível para um pretenso dissimulador – ainda que tenha omitido este dado em pouquíssimas entrevistas, quando também se recusou a ser fotografado. Esse comportamento – á primeira vista bizarro, levando em conta e que se espera de um autor que entra nas listas de sucesso – é parte inseparável do conteúdo de seus livros. 



Na sequencia desse primeiro vieram outros 11 volumes, até a morte de Castañeda há 10 anos – em 27 de abril de 1998. Nessa coletânea ele relata os ensinamentos que diz ter obtido de um velho índio yaqui que havia encontrado pela primeira vez em fins de junho de 1961, na fronteira entre o Arizona, nos Estados Unidos, e Sonora, no México. Castañeda fazia pesquisas de campo com plantas medicinais.

The teachings of don Juan foi recebido com certo entusiasmo pelo antropólogo Edward Holland Spicer (1906-1983), da Universidade do Arizona, reconhecido como o maior especialista na história e cultura dos yaquis de Sonora e do deserto que se estende a sudoeste, avançando em direção a Sierra Madre Ocidental, próximo à costa do Pacífico. Spicer publicou seu artigo na American Anthropologist, porta-voz da American Anthropological Association.

Spicer diz que os relatos não estabelecem relação significativa entre o que ele conhece dos yaquis e d. Juan – que Castañeda aponta como seu mentor. Mas elogia o livro e faz, pela primeira vez, a consideração que ainda hoje divide opiniões: o antropólogo, de fato, passou por todas as experiências que reproduz ou é um escritor de extraordinário talento, capaz de criar um universo repleto de histórias fantásticas?

ESTÉTICA LITERÁRIA
Apenas dois meses depois do artigo de Spicer, a quase sempre corrosiva New York Review of Books publicou um artigo do especialista inglês em antropologia cultural Edmund Ronald Leach (1910-1989), professor da Universidade de Cambridge. Na avaliação de Leach, o que Castañeda viveu foi apenas “uma experiência pessoal incomum”. Ainda que tenha se rendido às considerações filosóficas atribuídas a d. Juan, Leach considera o livro mais um trabalho literário que científico, ou, mais especificamente, “menos de etnografia e mais de estética literária”.

Entre Spicer e Leach, Walter Rochs- Goldschmidt – professor-emérito da Universidade da Califórnia e ex-presidente da American Anthropological Association – defende uma terceira posição. Segundo Gold-schmidt, que escreve o prefácio do primeiro livro, os relatos de Castaneda (com a consciência alterada pelo uso de plantas alucinógenas – peiote, datura e cogumelos coletados no deserto ou em Sierra Madre) – “não são uma simples narrativa de experiências alucinógenas”. Para ele, “as sutis manifestações de d. Juan conduzem o viajante, enquanto suas interpretações dão significado ao fato e nós, por intermédio do aprendiz de feiticeiro, temos a oportunidade de experimentar”.

Como antropólogo, Goldschmidt defende o funcionalismo comparativo, idéia de que uma comparação entre culturas leva em conta funções universais de costumes e instituições, em busca de sistemas sociais, em vez de expressões próprias e específicas de cada uma dessas instâncias. Assim, para ele, consequentemente “o mundo tem definições diversas em diversos lugares”. Goldschmidt argumenta que isso não significa apenas que os povos tenham costumes e deuses diferentes e esperem destinos diversos após a morte. O que ocorre, sustenta, é que “os mundos dos povos diferentes têm diferentes formas e os próprios pressupostos metafísicos variam: o espaço não se conforma com a geometria euclidiana, o tempo não constitui um fluxo contínuo de sentido único, as causas não se conformam com a lógica aristotélica, o homem não se diferencia do não-homem, nem a vida da morte, como no nosso mundo”.

PARA O ANTROPÓLOGO Walter R. Goldschmidt, as descrições do uso de plantas como o peiote, nos dá, por meio da vivência do aprendiz de feiticeiro, a oportunidade de acessar as realidades de outras culturas.

Goldschmidt defende ainda que “conhecemos alguma coisa da forma desses outros mundos pela lógica dos idiomas nativos e pelos mitos e cerimônias, conforme registrados pelos antropólogos”. E ele considera que “d. Juan nos mostrou vislumbres do mundo de um feiticeiro yaqui e, como o vemos sob influência de substâncias alucinógenas, o captamos com uma realidade totalmente diversa daquelas outras fontes”. 

Nisso, considera, está a principal virtude do trabalho de Castañeda: afirmar com razão que “este mundo [exposto por d. Juan] com todas as diferenças de percepção, tem sua lógica interna”. Para ele, Castañeda procurou fornecer explicações dessa lógica desde o interior desse estranho mundo.

LIMITAÇÕES CULTURAIS
O fato de Castañeda não ter tido sucesso completo nesse empreendimento, na interpretação de Gold-schmidt deve-se a uma limitação que nossa cultura e nossa língua impõem sobre a percepção, e não a uma limitação pessoal do pesquisador/autor. Ainda assim, considera, “em seus esforços, ele [Castañeda] funde o mundo de um feiticeiro yaqui com o nosso, o mundo da realidade não-convencional com o mundo da realidade convencional”.

Na visão de Goldschmidt, “a importância primordial de penetrar mundos que não sejam os nossos – e consequentemente da própria antropologia – está no fato de que essa experiência nos leva a compreender que o nosso próprio mundo é um complexo cultural”. Experimentando outros mundos, compara, “vemos o nosso como ele é e assim também podemos ver, de relance, como deve ser o mundo verdadeiro, aquele situado entre o nosso próprio complexo cultural e aqueles outros mundos; daí a alegoria, como a própria etnografia”.

Para Goldschmidt, a sabedoria e poesia de d. Juan e a habilidade e poesia de Castañeda “fornecem uma visão de nós mesmos e da realidade e, como em todas as boas alegorias, o que se vê está com o expectador e dispensa interpretação”. O antropólogo considera ainda que temos uma dívida para com Castañeda, “por sua paciência, coragem e perspicácia ao procurar e enfrentar os desafios de seu duplo aprendizado, e por nos relatar os detalhes de suas experiências”. Isso lhe confere, avalia, “a habilidade essencial da boa etnografia – a capacidade de ingressar num mundo estranho”.

EXPOSIÇÃO DIDÁTICA
No 30º aniversário do lançamento de A erva do diabo e às vésperas de sua morte, Carlos Castañeda se ocupou de preparar um resumo para facilitar a compreensão do que expõe como os fundamentos do aprendizado sob tutela de seu mentor. 

De acordo com suas palavras, “a descrição irredutível do que fiz em campo seria dizer que o índio yaqui feiticeiro, d. Juan Matus, me introduziu à cognição dos xamãs do México antigo”. Por cognição ele conceitua um conjunto de processos envolvidos com a percepção do cotidiano, o que inclui memória, experiência, consciência e utilização de qualquer sintaxe, como recurso de conexão lógica.

Castañeda revela que justamente a idéia de cognição, num primeiro momento, foi seu maior obstáculo, pois, “como homem ocidental e erudito participava da idéia de que só existe cognição como um grupo de processos gerais”. Acrescenta, no entanto, que para seu mentor existe tanto a cognição do homem moderno como a dos xamãs do México antigo, sendo cada um deles mundos completos de vida cotidiana e intrinsecamente diferentes. Nesse contexto, revela que, a partir de um momento, que não consegue identificar precisamente, sua tarefa “mudou de mera coleta de dados antropológicos para a internalização de novos processos cognitivos”.

Como parte desses processos cognitivos, Castañeda relata que foi levado a aceitar a idéia de que é fundamental, para os seres humanos, compreender que o único fato que realmente importa é o que d. Juan chamou de “encontro com o infinito”. E isso ainda que seu próprio mentor tivesse dificuldades para reduzir essa expressão a algo mais inteligível. Ainda assim, como parte de seu aprendizado, ele diz ter aceitado o fato de que “somos seres a caminho da morte”, mesmo que isso não tenha qualquer relação com o conceito mórbido com que a morte é interpretada na cultura ocidental. 

Se vamos morrer – e essa é a única certeza de que dispomos – conclui Castañeda sob a lógica da cognição que incorporava, “a verdadeira luta do homem não é a disputa com seus semelhantes, mas com o infinito, o que não chega a ser luta, mas aquiescência”. Devemos voluntariamente nos submeter ao infinito “porque nossas vidas terminam exatamente onde se originaram: no infinito”, considera.

Carlos Castañeda mostra ainda que a maior parte dos processos que registrou em uma dúzia de livros, relatando cada etapa de seu aprendizado, esteve relacionada ao “intercâmbio natural de minha personalidade, de um ser socializado sob o impacto de novas racionalizações” e que, após certo tempo, suas resistências foram minadas.

O alicerce da cognição para os xamãs, segundo Castañeda, é o “fato energético”, o que significa que, para eles [os xamãs] “cada nuance do cosmos é uma expressão de energia”. Eles concebem que “o cosmos inteiro é composto de forças gêmeas que são, ao mesmo tempo, opostas e complementares: a energia animada e inanimada”. 

A energia inanimada, nesta concepção, não tem consciência. Castañeda define consciência como “condição vibratória da energia animada”. A condição essencial da energia animada – orgânica ou inorgânica – segundo a linhagem de xamãs de seu mentor “é transformar a energia do universo como um todo em dados sensoriais”. No caso dos seres orgânicos, “esses dados sensoriais são transformados em um sistema de interpretação no qual a energia como um todo é classificada e há uma resposta designada para cada classificação, qualquer uma que possa ser”. 

Em contrapartida, para os seres inorgânicos, “os dados sensoriais devem ser interpretados por eles mesmos em qualquer que seja a forma incompreensível na qual possam fazê-lo”.

OVO DE LUZ
Castañeda sustenta em suas descrições que os seres humanos são percebidos pelos xamãs da linhagem de seu mentor como “conglomerados de campos de energia com a aparência de bolas luminosas”, e cada uma delas está “individualmente conectada a uma massa energética de proporções inconcebíveis que existe no universo, chamada mar escuro de consciência”. 

Um ponto específico, na altura das omoplatas, destaca-se nesse ovo luminoso, descreve Castañeda, e esse é o ponto de aglutinação. Segundo ele, o deslocamento desse ponto por onde os seres humanos recebem energia cósmica é o responsável pela alteração do padrão de consciência.

Outra categoria que emerge neste contexto, no quadro de ensinamentos que recebeu de seu mentor, é o intento, algo que ele define como equivalente a inteligência. Assim, a conclusão que integra o mundo cognitivo do seu sistema de aprendizado é a de um “universo de suprema inteligência”. 

Ainda neste caso, Castañeda esclarece que xamãs da linhagem de seu mentor, d. Juan Matus, “consideram consciência como o ato de estar deliberadamente consciente de todas as possibilidades perceptivas do homem e não apenas das possibilidades perceptivas ditadas por qualquer determinada cultura, cujo papel parece ser o de restringir a capacidade perceptiva de seus membros”.

Ao longo dos últimos 40 anos em que a obra de Castañeda foi publicada – ele assegura que a publicação é parte de suas tarefas para se tornar um homem de conhecimento, e não uma forma de exposição pessoal, daí o contato restrito com a imprensa e a recusa em ser fotografado –, as mais diferentes personalidades se envolveram com ela de diferentes formas. O cineasta italiano Federico Fellini foi uma delas, como registra em Block-Notes di um Regista.

No capítulo “Viaggio a Tulun” Fellini, interessado num filme sobre Castañeda, relata em detalhes o encontro/desencontro que teve com o personagem que buscou e expressa sua convicção de que nele há algo mais além da habilidade literária destacada por Spicer e Leach.

EGOCENTRISMO INFANTIL
Ao longo de sua vida Castañeda concedeu raríssimas entrevistas – uma delas à revista americana Time, outra à Psycolo-gy Today e, em 1975, falou à revista Veja, edição 356, por meio de um estudante brasileiro, então bolsista na Universidade da Califórnia, Luiz André Kossobudzki. 

Num diálogo com perguntas e respostas publicadas nas tradicionais páginas amarelas da revista, Castañeda explicou sua postura reservada e as razões para se comportar dessa maneira. Disse que atribuir importância a si próprio torna a pessoa tão imatura quanto uma criança: “O ser incompleto nasce da incessante procura por reconhecimento social.”

Nessa entrevista procurou definir uma série de outros conceitos herméticos em seus escritos e condena enfaticamente o uso de drogas, alegando que a administração de psicotrópicos, no início de seu aprendizado foi parte de um método e nada mais que isso. Castañeda assegurou, ainda, que uma pessoa considerada psicótica na realidade em que vivemos, no universo dos xamãs a que pertence seu mentor seria apenas alguém que “interrompeu a corrente do bom senso [elos que nos prenderiam a esta realidade] e não conseguiu encontrar o caminho de volta”. 

Para sair da realidade a que estamos confinados, segundo Castañeda, é necessário contar com a ajuda de um guia. Sem esse auxílio “eu não seria capaz de encontrar o caminho de volta a esta realidade”, ressaltou.

Castañeda se referiu ainda a uma capacidade de utilizar os sonhos como exercício de domínio e controle da própria vontade no percurso de se tornar um homem de conhecimento, aprendizado descrito em Porta para o infinito – quarto de seus 12 livros. 

Para Castañeda, a arte de sonhar exige “o mesmo domínio da vontade para sair e voltar da realidade ordinária”. Ele declara: “Com d. Juan aprendi a deixar de ser criança profissional e me tornei um guerreiro. Ficar sentado, esperando que me dessem tudo, ou sonhando acordado com a glória de minha auto-importância, não me trouxe nada. Tive de ir procurar coragem e disciplina”.

CONCEITOS-CHAVE
Não se sabe ao certo a nacionalidade do antropólogo Carlos Castañeda, morto em abril de 1998. Ele narra as experiências vividas no encontro com seu mentor, o índio yaqui d. Juan, com quem teria se encontrado pela primeira vez em 1961, na fronteira entre os desertos do Arizona, nos Estados Unidos, e Sonora, no México. 

Ainda hoje são cercados de mistério, os experimentos feitos com plantas alucinógenas daquela região os quais contribuíram para discussões sobre alteração de estado de consciência, diferenças culturais e estética literária.

Em sua vida deu raras entrevistas, sendo uma delas à revista Veja, em 1975. Na ocasião, explicou sua postura reservada. Disse que atribuir importância a si mesmo torna a pessoa tão imatura quanto uma criança: “o ser incompleto nasce da incessante procura por reconhecimento social”, declarou.

Castañeda acreditava no potencial e na capacidade humana de, por exemplo, utilizar os sonhos como exercício de domínio e controle da própria vontade no percurso de se tornar um “homem de conhecimento”.

TRAIÇÃO DA PSICOLOGIA SOCIAL - Luiz Felipe Pondé

Antes, eram as esferas celestes, agora, 
são as esferas sociais as culpadas por roubarmos os outros

 Olha que pérola para começar sua semana: "Esta é a grande tolice do mundo, a de que quando vai mal nossa fortuna -muitas vezes como resultado de nosso próprio comportamento-, culpamos pelos nossos desastres o Sol, a Luz e as estrelas, como se fôssemos vilões por fatalidade, tolos por compulsão celeste, safados, ladrões e traidores por predominância das esferas, bêbados, mentirosos e adúlteros por obediência forçada a influências planetárias". William Shakespeare, "Rei Lear", ato 1, cena 2 (tradução de Barbara Heliodora).

Os psicólogos sociais deveriam ler mais Shakespeare e menos estas cartilhas fanáticas que dizem que o "ser humano é uma construção social", e não um ser livre responsável por suas escolhas, já que seriam vítimas sociais. Os fanáticos culpam a sociedade, assim como na época de Shakespeare os mentirosos culpavam o Sol e a Lua.

Não quero dizer que não sejamos influenciados pela sociedade, assim como somos pelo peso de nossos corpos, mas a liberdade nunca se deu no vácuo de limites sociais, biológicos e psíquicos. Só os mentirosos, do passado e do presente, negam que sejamos responsáveis por nossas escolhas.

Mas antes, um pouco de contexto para você entender o que eu quero dizer.

Outro dia, dois sujeitos tentaram assaltar a padaria da esquina da minha casa. Um dos donos pegou um dos bandidos. Dei parabéns para ele. Mas há quem discorde. Muita gente acha que ladrão que rouba mulheres e homens indo para o trabalho rouba porque é vítima social. Tadinho dele...

Isso é papo-furado, mas alguns acham que esse papo-furado é ciência, mais exatamente, psicologia social. Nada tenho contra a psicologia, ao contrário, ela é um dos meus amores -ao lado da filosofia, da literatura e do cinema. Mas a psicologia social, contra quem nada tenho a priori, às vezes exagera na dose.

O primeiro exagero é o modo como a psicologia social tenta ser a única a dizer a verdade sobre o ser humano, contaminando os alunos. Afora os órgãos de classe. Claro, a psicologia social feita desta forma é pura patrulha ideológica do tipo: "Você acredita no Foucault? Não?! Fogueira para você!".

Mas até aí, este pecado de fazer Bullying com quem discorda de você é uma prática comum na universidade (principalmente por parte daqueles que se julgam do lado do "bem"), não é um pecado único do clero fanático desta forma de psicologia social. Digo "desta forma" porque existem outras formas mais interessantes e pretendo fazer indicação de uma delas abaixo.

Sumariamente, a forma de psicologia social da qual discordo é a seguinte: o sujeito é "construído" socialmente, logo, quem faz besteira ou erra na vida (comete crimes ou é infeliz e incapaz) o faz porque é vítima social. Se prestar atenção na citação acima, verá que esta "construção social do sujeito" está exatamente no lugar do que Shakespeare diz quando se refere às "esferas celestes" como responsáveis por nossos atos.

Antes, eram as esferas celestes, agora, são as esferas sociais as culpadas por roubarmos os outros, ou não trabalharmos ou sermos infelizes. Se eu roubo você, você é que é culpado, e não eu, coitado de mim, sua real vítima. Teorias como estas deveriam ser jogadas na lata de lixo, se não pela falsidade delas, pelo menos pelo seu ridículo.

Todos (principalmente os profissionais da área) deveriam ler Theodore Dalrymple e seu magnífico "Life at The Bottom, The Worldview that Makes the Underclass", editora Ivan R. Dee, Chicago (a vida de baixo, a visão de mundo da classe baixa), em vez do blá-blá-blá de sempre de que somos construídos socialmente e, portanto, não responsáveis por nossos atos.

Dalrymple, psiquiatra inglês que atuou por décadas em hospitais dos bairros miseráveis de Londres e na África, descreve como a teoria da construção do sujeito como vítimas sociais faz das pessoas preguiçosas, perversas e mentirosas sobre a motivação de seus atos. Lendo-o, vemos que existe vida inteligente entre aqueles que atuam em psicologia social, para além da vitimização social que faz de nós todos uns retardados morais.

TRAUMAS DA PERDA - Anette Kersting

No Brasil, em média, duas em cada dez crianças morrem ainda na barriga da mãe, em decorrência de aborto espontâneo. Mães e pais que passam por essa situação sofrem durante longo tempo, pois embora não tenham tomado seus bebês nos braços, desenvolvem com eles uma relação íntima de afeto

“Estou na cozinha e de repente começo a sangrar. No entanto, hoje ao meio-dia ainda estava tudo bem no ultrassom. Tudo acontece muito rápido: meu marido chama a ambulância e vejo a poça de sangue embaixo de mim; tenho um pressentimento terrível. Acho que meu filho não vive mais. Fico desesperada. Quando os enfermeiros me deitam na maca, fico calma – tudo parece irreal. 

No hospital, todos que me atendem parecem agitados. Um médico me examina com um instrumento de metal gelado. A ultrassonografia confirma o que eu já sabia, mas insistia em não acreditar: meu bebê está morto. É preciso fazer logo uma curetagem. O médico diz que eu ainda poderei ter muitos filhos. Mas meu bebê está morto. Ele não pode ser substituído por nada nem por ninguém. Nunca.” (Depoimento de paciente do Hospital da Universidade de Münster que sofreu um aborto.)

A morte do filho antes do nascimento joga a maioria das mães e pais em uma profunda crise. Se os médicos supunham há 30 anos que o melhor para os casais seria esquecer o evento o mais rápido possível, hoje – graças à psicologia e à psicanálise – se sabe que as reações à perda de um filho antes do nascimento só se diferenciam fracamente das que ocorrem em outros casos de luto. No entanto, sua magnitude raras vezes é percebida por aqueles que rodeiam as pessoas que passam por essa situação e, não raro, os homens encontram ainda menos espaço para viver sua tristeza. 

Dependendo do estudo, entre 10% e 30% das crianças morrem ainda antes de nascer. No fundo, isso pode ocorrer em qualquer período de uma gravidez. Até a 16a semana, os médicos falam em aborto precoce, depois; em aborto tardio. Mais da metade de todos os abortos espontâneos ocorre, no entanto, antes do terceiro mês de gravidez. E somente os bebês com peso corporal de 500 gramas que morrem antes ou durante o parto são considerados “crianças nascidas mortas”. Embriões menores não têm registro civil nem direito a enterro.

O estresse psicológico sofrido pelos pais pelo abortamento ou pelo nascimento de um bebê morto já foi muitas vezes estudado cientificamente. Nesses trabalhos, as mulheres geralmente eram focadas de maneira mais intensa que os homens. Em 2005, nosso grupo de trabalho do Hospital da Universidade de Münster estudou os dados de pacientes mulheres que haviam perdido um filho antes do nascimento entre 1995 e 1999. Descobrimos que dois terços delas ainda experimentavam um grande trauma, mesmo quando já haviam se passado dois a sete anos da perda. A intensidade de sua dor pouco se diferenciava dos sentimentos de perda em mulheres cujo abortamento ocorrera havia apenas 14 dias.

Esses resultados não sugerem processos de luto excepcionais ou mesmo patológicos, mas mostram, isso sim, que antes do nascimento já existe uma relação intensa entre mãe e filho. Em comparação com mães de bebês saudáveis, as mulheres que perdem o filho no último trimestre de gravidez enfrentam alto risco de sofrer de depressão. Isso foi comprovado em 2003 por Jesse Cougle e seus colegas da Universidade do Texas, em Austin. Em 2007, nossa equipe finalizou um estudo próprio sobre as sequelas psicológicas de pacientes cuja gravidez teve de ser interrompida por motivos médicos já na fase tardia: quase 17% das mulheres ainda sofriam 14 meses depois de depressão ou ansiedade.

Outro risco frequentemente subestimado diz respeito ao próximo filho gerado após um aborto. Em geral a perda não influencia a probabilidade de a mulher dar à luz um bebê saudável. Mas a gravidez fracassada pode influenciar a ligação da mãe com a criança gestada em seguida, conforme descobriram em 2001 pesquisadores do Departamento de Psiquiatria do Hospital Escola St.George, em Londres. 

Assim, por medo de uma nova perda, quando engravidam outra vez muitas mulheres assumem um relacionamento menos intenso com os filhos que estão gestando. Em comparação com crianças de um grupo de controle, esses bebês apresentam por volta dos 12 meses, em alguns casos, apatia e, em outros, irritação e ansiedade, o que reflete a fragilidade da ligação afetiva com a mãe, podendo surgir mais tarde problemas de autoestima e distúrbios comportamentais.

À primeira vista, poderíamos pensar que os pais desenvolvem uma relação menos estreita com seus filhos que não chegaram a nascer, em comparação às mães. Estudos recentes, porém, contrariam essa suposição. Os psicólogos britânicos Martin Johnson e John Puddifoot observaram, por exemplo, que homens que viram uma imagem de ultrassom de seus filhos e ouviram seu coraçãozinho bater sofriam mais intensamente com a perda do que aqueles que não tinham essas experiências – e lembranças. 

Aparentemente, a existência de exames médicos mais sofisticados estimula a ligação entre pai e filho.

Já em 1995 psicólogos da Universidade de Rochester, no estado americano de Nova York, tentaram descobrir se mães e pais apresentam diferentes sintomas quando não conseguem lidar com a morte de seu bebê. Eles acompanharam 194 mulheres e 143 homens nessa situação e constataram que elas sofriam mais frequentemente de depressão e medos, enquanto mais da metade deles recorria ao álcool.

SOFRIMENTO DIVIDIDO
Um estudo de 2003 coordenado por Kirsten Swanson, da Universidade de Washington, em Seattle, corrobora a conclusão de que, dependendo do sexo, as pessoas lidam de forma diferente com sua dor. Segundo os autores, as mulheres frequentemente têm necessidade de falar sobre a perda; já os homens tendem a se voltar para o trabalho ou a buscar distração em outras atividades.

Swanson investigou também se essas estratégias de superação específicas de cada gênero sobrecarregavam o relacionamento do casal. De fato, muitas vezes ocorrem mal-entendidos, como se surgisse (ou se tornasse mais acentuada) a dificuldade de comunicação. Por exemplo, as mulheres tendem a interpretar o mutismo e o retraimento do parceiro como egoísmo e falta de empatia.

Homens, por sua vez, sentem-se muitas vezes indefesos diante da tristeza intensa e explícita de suas parceiras. Para não sobrecarregá-las ainda mais, eles controlam as próprias emoções e evitam falar abertamente sobre elas.

PSICOTERAPIA PELA INTERNET
 Com base em nossa experiência clínica de acompanhamento e tratamento de pais após a perda de um filho, desenvolvemos em 2008 um programa preventivo que inclui cinco sessões de terapia. 

Nos encontros são abordados temas importantes como a retrospecção à época da gravidez e do nascimento, a despedida do filho, a relação do casal e a importância do ambiente social. Para ajudarmos também os pais que moram longe ou não podem participar de uma terapia presencial, buscamos uma alternativa para o atendimento costumeiro, cara a cara. 

Foi assim que desenvolvemos um conceito de tratamento pela internet para pais que haviam perdido um filho durante a gravidez ou pouco após o nascimento: o projeto será patrocinado durante três anos pelo Ministério da Família, Mulheres, Idosos e Adolescentes da Alemanha. Portanto, não há custos para os pacientes. Diferentemente dos tratamentos tradicionais, a terapia on-line permite a comunicação exclusivamente por escrito. 

Obviamente, nessa situação a interação não verbal entre paciente e terapeuta – por meio da postura corporal, o contato visual ou a voz – não ocorre no caso desse método. 

No entanto, essas informações emocionais importantes podem e devem ser destacadas pelo uso de diversas fontes ou variações do pano de fundo na tela. Outra característica dessa forma de terapia são as pausas na comunicação, que devem ser olhadas com atenção pelo profissional. Uma vantagem: o paciente pode refletir com calma sobre as perguntas do terapeuta antes de respondê-las. Costumamos argumentar que, nesse momento, as inibições que talvez impeçam a pessoa de comunicar os pensamentos dolorosos ou que ela considere vergonhosos são eliminadas. 

Reconhecemos, no entanto, que demora pode também levar a mal-entendidos difíceis de ser percebidos na comunicação escrita. Por isso, o terapeuta se orienta pela forma de expressão e estilo do paciente – o que, de fato, nem sempre é fácil. Apesar das dificuldades (e críticas) a respeito da psicoterapia pela internet, a proposta é justamente avaliar se esse tipo de intervenção é eficaz.

Mas há também evidências de que mães e pais se ajudam intuitivamente quando perdem um bebê. Pesquisadores coordenados por Marijke Korenromp, do Centro Médico Universitário, em Utrecht, na Holanda, analisaram inúmeros estudos sobre o comportamento de pais em luto após a interrupção da gravidez por motivos médicos. Surpreendentemente, os parceiros raramente mostraram fases de tristeza intensa concomitantes. 

Os psicólogos holandeses supõem que os pais se alternavam de forma inconscientemente na superação da dor, para que aquele que estivesse especialmente sobrecarregado em um momento fosse apoiado e aliviado de suas tarefas rotineiras nesse período.

Até agora, porém, desenvolveram- se apenas poucos conceitos de tratamento específicos para pais após perdas durante a gravidez, e sua eficácia não foi investigada a fundo. Mas todas as abordagens têm em comum o fato de estimular a comunicação franca entre os membros da família. O principal objetivo da terapia consiste, inicialmente, em fazer com que os afetados tenham consciência de sua perda e formulem seu sofrimento espiritual em palavras para que, por fim, possam se despedir do bebê morto, bem como das expectativas, das esperanças e dos desejos associados a ele. 

De qualquer forma, é fundamental que, independentemente do fato de serem homens ou mulheres, pessoas que passaram pela experiência dolorosa de um aborto (muitas vezes até mesmo de um aborto provocado, que pode deixar sequelas emocionais e culpa) possam ter um espaço de acolhimento. E encontrar um ambiente propício e seguro para viver esse luto, falar sobre sentimentos e frustrações. Ou apenas para chorar.

Causas e sintomas
Em muitos casos, alterações genéticas são responsáveis pela morte do feto. Nesses casos, o bebê não estaria apto a sobreviver e por isso é expelido pelo corpo da mãe. Às vezes, a falta do hormônio progesterona pode provocar o aborto. Nesse caso, o óvulo não se aninha na membrana mucosa do útero. Infecções e doenças maternas também facilitam a morte da criança durante a gestação. Mulheres grávidas de múltiplos têm um alto risco de perder o bebê. Os indícios de um possível aborto vão desde sangramentos vaginais até fortes dores no abdômen e costas. Se esses sintomas surgirem, grávidas devem procurar um médico imediatamente. Muitas vezes, o aborto pode ser evitado com medicamentos ou intervenção cirúrgica.

VÍDEO: EDGAR MORIN - A Complexidade do Eu



BENDITA DÚVIDA! - Way Herbert

Fixar a mente em uma meta única pode ser contraproducente; 
com certeza, traçar objetivos é importante, 
mas questioná-los pode ser decisivo para obter sucesso

Manter o foco para atingir objetivos. Essa é uma das orientações que mais se ouvem nos cursos de treinamento de profissionais das mais diversas áreas e se leem em livros de gestão empresarial e até nos manuais de autoajuda. 

É preciso estabelecer metas claras, mas, principalmente, é fundamental ter força de vontade. Este último conceito, aliás, é bastante enfatizado nos programas de recuperação de dependentes químicos, nos quais as pessoas devem se comprometer com o desejo de se manter afastadas da adicção. Ou seja: é preciso estar disposto a se recuperar – e focar nesse ponto.

Mas agora talvez a ciência possa ajudar. O psicólogo Ibrahim Senay, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, descobriu uma forma intrigante de criar em laboratório uma versão de obstinação e disposição – e explorar possíveis conexões com a intenção, motivação e estabelecimento de metas. Ele identificou algumas características necessárias não só para abstinência de longo prazo, mas também para atingir qualquer objetivo pessoal, desde perder peso até aprender a tocar violão.

Senay conseguiu esse resultado explorando a “autoconversação”. A acepção do termo é exatamente essa: trata-se daquela voz interna que articula aquilo que você está pensando, expondo em detalhes opções, intenções, esperanças, medos etc. O pesquisador acredita que a forma e o sentido dessa conversa consigo mesmo expressos na estrutura da frase podem ter grande importância na formulação de planos e ações. Além disso, a autoconversação deve ser uma ferramenta para revelar intenções e reafirmar o que desejamos.

Senay testou esse conceito com um grupo de voluntários que trabalhavam com anagramas – por exemplo, mudando a palavra “prosa” para “sopra, ou “fala” para “alfa”. Mas, antes de começar a tarefa, metade dos voluntários era instruída a ponderar se de fato queria e achava que cumpriria a tarefa, enquanto a outra parte simplesmente era informada de que ia trabalhar nos anagramas em alguns minutos. 

A diferença é sutil, mas marcante, pois ao começarem a atividade os primeiros voltavam seu pensamento à curiosidade (não só em relação à tarefa, mas também à própria disposição em realizá-la); já os integrantes do segundo grupo basicamente se predispunham a cumprir o que lhes seria pedido. Seria a mesma diferença entre se perguntar “será que vou fazer isso?” e afirmar “eu vou fazer isso”.

Os resultados foram intrigantes. As pessoas que antes haviam se questionado sobre o desejo de participar do trabalho se mantiveram mais criativas, motivadas e interessadas nele, completando um número significativamente maior de anagramas, em comparação ao dos voluntários que apenas foram instruídos a cumprir a atividade. 

Por que as intenções de pessoas tão determinadas – e sem muito espaço para questionamentos – sabotam metas preestabelecidas em vez de favorecê-las? “Talvez porque as perguntas, por sua própria natureza, transmitem a ideia de possibilidade e liberdade de escolha, e meditar sobre elas pode estimular sentimentos de autonomia e motivação intrínseca, criando uma mentalidade que favorece o sucesso”, sugere Senay. Ou seja: saber que não somos “obrigados” a algo nos coloca numa posição de maior responsabilidades sobre nossos atos.

Senay elaborou outro experimento para analisar a questão de forma diferente: recrutou voluntários sob o pretexto de que estavam sendo convocados para um estudo sobre caligrafia. Alguns deveriam escrever as palavras “Eu quero ” várias vezes; e outros, “Será que eu quero?”. 

Depois de preparar os voluntários com essa falsa tarefa de caligrafia, Senay pediu que trabalhassem nos anagramas. E, exatamente como no caso anterior, os participantes mais determinados (que haviam escrito a frase afirmativa) tiveram pior desempenho que aqueles que tinham redigido a sentença interrogativa.

Pouco depois, Senay realizou mais uma versão desse experimento, mas dessa vez claramente relacionado a hábitos de vida saudável. Em vez de propor o uso de anagramas, avaliou a intenção dos voluntários de iniciar e manter um programa de exercícios físicos. Nesse cenário real ele obteve o mesmo resultado básico: aqueles que escreveram a frase interrogativa “Será que eu quero?” mostraram comprometimento muito maior com a prática regular de exercícios do que os que escreveram no início do teste a frase afirmativa “Eu quero.”.

Além disso, quando foi perguntado aos voluntários se achavam que estariam mais motivados a ir à academia com maior frequência, os que foram preparados com a frase interrogativa justificaram declarando, por exemplo: “Quero cuidar mais de minha saúde”. Aqueles que escreveram a frase afirmativa deram explicações como: “Porque me sentiria culpado ou envergonhado de mim mesmo se não o fizesse”, mostrando-se mais perseguidos e culpados do que realmente comprometidos.

Esta última descoberta é crucial: indica que pessoas mais flexíveis, com menor receio de rever os próprios conceitos, estavam mais intimamente motivadas, buscando uma inspiração positiva interior – e não tentando prender-se a um padrão rígido, autoimposto em algum momento. 

Essa inspiração interna faltou aos aparentemente “mais decididos”, o que explica, pelo menos em parte, a fraca determinação para futuras mudanças, ainda que vantajosas a médio prazo. Considerando a recuperação de dependentes químicos e o autoaperfeiçoamento, em geral, aqueles que declaravam sua força de vontade sem contestações estavam, na verdade, fechando a mente e estreitando sua visão de futuro. 

Aqueles que se perguntavam sobre os rumos a seguir e conjecturavam possibilidades reafirmavam sua escolha – e se comprometiam com ela.

O IMPORTANTE É TER CHARME - Martha Medeiros

Amanhã é o Dia Mundial sem Tabaco, data impensável nos anos 70, quando fumar ainda era uma atitude de classe. Não por acaso, uma das marcas mais vendidas chamava-se Charm, que contava com garotas-propaganda do quilate de Danuza Leão, Adalgisa Colombo e Ilka Soares, todas mulheres de personalidade, reconhecidas por sua beleza e sofisticação. Mesmo quem não fumava tinha vontade.

Em 20 anos, todo esse glamour virou fumaça. Acender um cigarro passou a ser uma atitude deselegante, que não agrega nada de positivo à imagem daquele que dá suas baforadas. Outro dia, estava dentro do meu carro, esperando o sinal abrir, quando uma senhora chique, com os cabelos brancos bem cortados, de porte monárquico, começou a atravessar pela faixa.

Minha admiração murchou quando reparei que a rainha estava dando suas últimas e aflitivas tragadas antes de entrar em um shopping. Fumar caminhando na rua já é feio, e pra completar, a madame jogou a bituca no chão. Muita gente já não joga lixo no chão (amém), mas parece que a regra não vale para o cigarro. Largam em qualquer lugar, pisam em cima e vão em frente.

A propaganda tabagista saiu do ar, e o charme também – não o cigarro, mas o atributo. Ninguém mais acha importante ter charme.

Não jogar lixo na rua é uma questão de educação, sei disso, mas ser educado também é uma atitude charmosa. Ainda mais nos dias atuais, em que a grosseria impera, as pessoas são folgadas, os gestos são espalhafatosos, o tom de voz é alto, a megalomania é indisfarçada, a falta de cerimônia é geral.

Não há mais espaço para a sutileza, para o pedido de licença, para as atitudes suaves, para a discrição. Adeus à vida em slow, a uma presença insinuada e sensual. Agora tudo acontece sob os holofotes, é escancarado, gritado, a atenção é requerida à força.

A distorção de valores chegou a tal ponto, que pessoas discretas são consideradas arrogantes, os modestos são vistos como dissimulados e os que não se rendem a modismos são tachados de esnobes. Ser autêntico – requisito número 1 para se ter charme – virou ofensa. Ou a criatura faz parte do rebanho, ou é um metido a besta.

A cena clássica da mulher fatal segurando uma piteira e a do homem viril com o toco de cigarro no canto da boca ainda povoam o imaginário dos nostálgicos, mas o importante é ter charme, hoje, sem precisar de acessórios.

O modo de mexer no cabelo, uma fala pausada, um olhar direto, um sorriso espontâneo, a segurança de não precisar se valer de estereótipos para agradar – charme. Bom gosto nas escolhas, saber a hora de sair de cena, fazer as coisas do seu jeito – charme.

Estar confortável no corpo que habita, ter as próprias opiniões, alimentar sua inteligência com livros e pessoas interessantes – charme. Não se mumificar, não ser tão inflexível, não virar uma caricatura de si mesmo – charme. Que o mantenhamos, sem precisar voltar a fumar.

DIÁLOGOS IMPOSSÍVEIS - Christian Ingo Lenz Dunker

Algumas pessoas provocam o outro até ouvir algo insuportável, criando discursos repetitivos que reforçam ciclos de ressentimento

– Eu te ligo.

– Mas eu vou ficar tão nervosa esperando você ligar que eu preferia que você não ligasse.

– Tá bom, eu não te ligo.

– Legal! Assim eu não preciso ficar desesperada, pensando que eu podia ligar para você enquanto você não liga para mim. Nem imaginar por que você ainda não ligou. Mas... Você vai ligar, não é?

– Eu te ligo.

Esta adaptação de “diálogo impossível” poderia ter vindo do livro homônimo de Luis Fernando Verissimo (Objetiva, 2012). Um trabalho que parece retomar as pesquisas, dos anos 70, feitas pelo antropólogo Gregory Bateson e da Escola de Palo Alto, sobre a comunicação paradoxal. O  chefe que diz uma coisa e faz outra contrária, o pai que “mostra” seu amor ao filho repetindo reclamações e críticas, o discurso liberal com a prática autoritária, são exemplos de situações discursivas patológicas.

Duplicidades entre mensagens e códigos, dissonância entre o que pensamos e o que dizemos, disparidades entre a forma como “representamos” ações e a maneira “real” como nos comportamos, têm aparecido nas pesquisas do psicólogo Daniel Kahneman, ganhador do Nobel de Economia em 2002, e em uma vasta gama de investigações sobre a filosofia moral “prática”.

De todos os diálogos impossíveis, o meu favorito ao “prêmio” de alienação discursiva é, sem dúvida, a conversa entre casais. A temida DR (discussão de relacionamento) é um caso particular do que Freud chamava de “a mais generalizada degradação do objeto na vida amorosa”, ou seja, um dos signos clínicos típicos e inevitáveis da desagregação da retórica amorosa. Como a piada que nos lembra que os Beatles falavam de amor e não duraram mais que dez anos juntos, os Rolling Stones, que louvam o gozo, estão até hoje cantando Satisfaction.

Também entre amigos as chamadas “mesmas conversas” são fonte de gradual irritação, mas isso não contraria a regra, pois a amizade é uma forma de amor. O grande enigma é saber por que, mesmo sabendo que se dissermos A ouviremos B, não conseguimos resistir à força impelente do discurso que nos degrada, arrastando o outro junto. O caso típico é o daquela pessoa que não consegue se conter até ouvir aquilo que lhe é insuportavelmente repetitivo. Ela dá voltas, provoca e parece forçar o outro a perder a paciência e dizer o que sempre diz, machucando e reforçando o ressentimento que a conversa inicialmente tinha o objetivo de reparar.

Há, nesses diálogos, aquele acento traiçoeiro que nos faz ter a certeza delirante de que só com um “pouquinho“ (o diminutivo é aqui essencial) mais de tempo, dinheiro ou compreensão tudo estaria resolvido. Devia haver um “Discursivos Anônimos” para nos lembrar que nessa matéria é preciso evitar sobretudo a “primeira palavra”. E reunião sistemática para recordarmos que estamos há tantos dias sem pronunciá--la. Em uma época na qual se insiste tanto na importância da criatividade e da inovação, pouco ou quase nada se ouve sobre a  renovação do discurso. 

Não há nenhum personal trainer para a palavra, não conheço receita, manual, regime ou educação dirigida que seja eficiente neste assunto (não confundir com oratória, sedução e coisas do gênero). 

A cura para isso anda escassa. É na poesia que aprendemos o trabalho de dizer com cuidado e escutar com precisão. Mas quem defenderá a utilidade da poesia como gênero de primeira necessidade da vida relacional?

Na verdade, as tentativas de disciplinar de modo “autoconsciente” nosso discurso têm resultados muito parciais – quando não desastrosos. Portanto, seria melhor que aprendêssemos a respeitar o adversário que parece tão fácil de ser derrotado: a palavra. E a palavra de amor, que com amor se faz.

ENTREVISTA: “QUER DIZER QUE MÉDICO PODE CHORAR?"

 Como um professor da Faculdade de Medicina da Unicamp 
ajuda os alunos a trocar o cinismo pela capacidade 
de se colocar no lugar do paciente

O carioca Marco Antonio de Carvalho-Filho, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Campinas, é uma daquelas figuras boas de conversa que cativam os alunos sem fazer força. Aos 40 anos, ele entende e fala a língua dos jovens. Nos últimos anos, Carvalho-Filho trabalha para reverter um fenômeno cruel detectado na Unicamp.

Os calouros de medicina escolhem a profissão movidos por sentimentos nobres (como entender o ser humano e aliviar o sofrimento), mas são deformados ao longo da experiência universitária. Para enfrentar o problema, o professor criou uma série de atividades baseadas em recursos das artes e da psicologia. O objetivo é desenvolver nos futuros médicos a chamada empatia – a capacidade de compreender o sentimento ou a reação de outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias.

No primeiro ano, Carvalho-Filho usa obras de arte e textos literários nas aulas. O quadro Udslidt (algo como “desgastado”, em dinamarquês), do pintor Hans Andersen Brendekilde (1857-1942) retrata uma mulher que chora a morte do pai num campo recém-arado por ele. É o pretexto para falar sobre a morte e os sentimentos relacionados a ela. “Discutimos a impotência e as fantasias de poder que o médico pode ter como mecanismo de defesa”, diz Carvalho-Filho. “Isso pode levá-lo a indicar tratamentos fúteis que apenas prejudicam os pacientes”.

Durante uma pesquisa acadêmica orientada por ele e realizada pelo médico Marcelo Schweller, alunos do quarto e do sexto anos foram convidados a atender pacientes fictícios, representados por atores profissionais de forma bastante realista. Os níveis de empatia antes e depois das atividades foram avaliados por meio de uma escala internacional de empatia médica. O desempenho dos alunos do quarto ano aumentou de 115 pontos para 121. Entre os do sexto ano, o crescimento foi de 117 pontos para 123. O trabalho, publicado na revista Academic Medicine, tem sido apresentado em vários congressos médicos internacionais. A seguir, Carvalho-Filho explica como exemplos negativos recebidos durante a faculdade moldam o caráter dos futuros médicos.

ÉPOCA - O ensino de medicina provoca nos alunos uma espécie de antipatia em relação ao pacientes?

Marco Antonio de Carvalho-Filho - Não é exatamente antipatia. Entrevistei os calouros durante três anos consecutivos. Queria saber por que eles haviam escolhido a profissão. Mais de 70% diziam que a principal motivação era ajudar o próximo. A segunda era conhecer o ser humano. Citavam exatamente as virtudes que esperamos que um médico tenha. Infelizmente, a tendência ao longo do curso é que eles percam aquelas motivações iniciais e se distanciem dos pacientes.

ÉPOCA - Por que isso acontece?

Carvalho - Filho - Pense na realidade desses alunos. Para entrar numa universidade como a Unicamp, eles precisam ser alunos de alto rendimento. Vivem em famílias pequenas, têm pais graduados, nunca trabalharam na vida e são solteiros. São garotos privilegiados.

ÉPOCA - De que forma essa condição privilegiada dificulta a adaptação deles à nova realidade?
Carvalho-Filho - Os alunos chegam superprotegidos, com pouca experiência de fracasso ou perda. A maioria nunca perdeu ninguém – nem um tio, uma avó. A sociedade produziu uma geração que cresce confinada em casa, sem a vivência da rua. Isso leva à perda de capacidade de comunicação. Quando esses garotos entram na faculdade de medicina, são expostos à pobreza e à doença. Os pacientes sofrem, perdem funções, morrem. Quando o aluno está diante do sofrimento e não tem instrumentos para lidar com ele, cai na armadilha de usar o cinismo. É natural que isso aconteça. O cinismo – ou distanciamento afetivo – é um mecanismo de defesa.

ÉPOCA - Os estudantes não têm oportunidade de refletir sobre esses sentimentos?

Carvalho-Filho - Falta esse espaço nas escolas médicas, tanto no Brasil como no Exterior. A medicina se desenvolveu de forma tão tecnológica a ponto de suplantar o conhecimento dos últimos 5 mil anos. Nesse processo de especialização, ela se aproximou da doença e se afastou do doente. O aluno  tem que estudar tanto que se esquece da dimensão humana do paciente. Quando percebemos isso na Unicamp, decidimos criar um núcleo para lidar com essa questão.

ÉPOCA - Que tipo de intervenção vocês fizeram durante a pesquisa?

Carvalho-Filho - Criamos pacientes fictícios com a ajuda de uma companhia de atores formados na Unicamp. Construímos pacientes extremamente densos afetivamente. Uma mulher que recebeu o diagnóstico de câncer de mama e não quer se submeter à cirurgia. Um rapaz que imagina ter uma doença cardíaca e, na verdade, enfrenta um tremendo sofrimento porque perdeu o emprego e é arrimo de família. Vários outros casos. Os atores usam uma técnica de realismo. Todos sabem que são atores, mas 96% dos alunos dizem que se sentem diante de pacientes reais. Os alunos atendem esses “pacientes” e depois fazemos um debate. Discutimos os sentimentos e as habilidades de comunicação que cada um demonstrou.

ÉPOCA - Eles se emocionam?

Carvalho-Filho - É espetacular. É a redescoberta da pureza. Olham para mim e perguntam: “Quer dizer que médico pode chorar? Não preciso virar um robô?”. Claro que médico pode chorar. Às vezes, uma lágrima expressa mais que qualquer palavra. Os alunos adoram a atividade. Fazemos das 14 horas às 18 horas. Tem dia que ficamos até às dez horas da noite. Não querem ir embora. Preciso dizer que tenho filho me esperando em casa.

ÉPOCA - É possível treinar a empatia?

Carvalho-Filho - Empatia é a capacidade de se colocar no outro, de entender o outro e ajudá-lo. Alguns estudos sugerem que há um componente cognitivo nessa história -- algo que pode ser ensinado e praticado. Mas acredito que o lado afetivo também pode ser treinado. Ensinamos relação médico-paciente com recursos das artes, da poesia, da música, do teatro. Na Unicamp, esse curso faz parte do currículo obrigatório do primeiro ano. Na maioria das faculdades, há uma disciplina de habilidades de comunicação. Ensinam que o médico deve dizer “bom dia” e olhar nos olhos do paciente.

ÉPOCA - Isso basta?

Carvalho-Filho - De jeito nenhum. O aluno precisa perceber que o médico é um especialista na espécie humana. Tanto no lado afetivo como biológico. Falamos sobre técnicas de comunicação. Como eles devem começar uma conversa, como deixar o paciente à vontade. O que determina a boa consulta não é o tempo. É a capacidade de ouvir. Quando era estudante, passa visita no hospital, ia para um bar e só ficava falando sobre os pacientes com os meus amigos. Falava o tempo todo. É uma forma de elaborar as sensações. Queremos ajudar nossos alunos a aprender a amar esse amor. Se não aprende isso, faz uma medicina ruim. Não é fugir do sentimento. É aprender a sentir esse sentimento.
 
ÉPOCA - Está cada vez mais difícil encontrar um médico que tenha uma boa dose de empatia?

Carvalho-Filho - Se eu chegar à minha casa e perguntar quem teve uma experiência positiva com algum médico no último ano, vai ser aquele silêncio. Médicos que demonstram empatia são raros. Acho que sempre foram. A medicina deveria ser uma bandalheira quando o grupo de Hipócrates achou, lá na Grécia Antiga, que era necessário formalizar certas virtudes em forma de juramento. Hoje, falar em virtude virou tabu na nossa sociedade. O médico bem-sucedido é o médico valorizado pelo mercado.


ÉPOCA - Por tudo isso, a sociedade perdeu a confiança na classe médica?

Carvalho-Filho - Perdeu. Isso é ruim para a classe médica e para a sociedade. O paciente sofre duplamente: pela doença e pela falta de confiança. A situação de trabalho da maioria dos médicos está muito difícil. Baixa remuneração, falta de estrutura, acúmulo de empregos. Com tudo isso, o médico fica reativo. Surge uma série de conflitos nos serviços de saúde. Eles acabam explodindo no colo do paciente. Acho que se tivermos médicos mais preparados afetivamente, do ponto de vista humano, vamos conseguir proteger mais o paciente.

ÉPOCA - O que você chama de currículo oculto na medicina?

Carvalho-Filho - São algumas experiências informais que o aluno acumula na faculdade e que ajudam a moldar o caráter do médico. Boa parte do aprendizado de valores acontece nas festas, no bar, dentro do centro cirúrgico. Um exemplo é o trote. Estou feliz com toda a discussão sobre o trote. Esse debate precisa crescer. O trote é uma forma de perpetuar o poder que não tem nada a ver com o bom exercício da medicina.

ÉPOCA - Isso significa que o aluno chega bem intencionado à faculdade e vai sendo deformado ao longo do curso?


Carvalho-Filho - Na medicina, reproduzimos modelos. Que futuro médico nós teremos se ele vê o melhor cirurgião destratar a enfermeira corriqueiramente? As demonstrações de poder exercido de forma unilateral são modelos negativos. É a educação pela humilhação. Um professor que gosta de um aluno e, mesmo assim, o humilha ensina a esse aluno que a humilhação é uma forma normal de se comunicar. Esse futuro médico vai humilhar a secretária e o paciente

FÁBIO PORCHAT - Crença


Atendente:

- Boa tarde, posso ajudar?

Cliente:

- Eu tava querendo uma religião.

Atendente:

- Ah, bem legal. Tá procurando alguma coisa específica?

Cliente:

- Não, é mais pra distrair mesmo.

Atendente:

- Bom, se é para distrair, a gente vai ter uma religião católica aqui que pode ser bem interessante.

Cliente:

- Será? Não sei. Tô achando meio batida.

Atendente:

- Bom, a mais da moda é o islamismo mesmo.

Cliente:

- Mas daí é muito empenho, eu queria uma coisa mais pra usar em casa, uma coisa mais levezinha.

Atendente:

- Temos o budismo que é bem em conta e tá saindo muito.

Cliente:

- É uma, hein?

Atendente:

- É bem relaxante essa.

Cliente:

- Essa aqui é qual?

Atendente:

- Essa é a cientologia.

Cliente:

- Como é que é essa aí?

Atendente:

- Ah, o espiritismo. Hoje o espiritismo está na promoção, tá? E se você quiser levar um espiritismo, paga apenas 50% em qualquer umbanda dessas daqui. Candomblé também.

Cliente:

- Aceita cartão?

Atendente:

- Todas as bandeiras. A evangélica é que tem muita gente usando. Mas daí custa um pouco mais caro.

Cliente:

- E o judaísmo, hein?

Atendente:

- Tem que pedir no estoque e ver se eles autorizam.

Cliente:

- Tá.

Atendente:

- Se quiser uma coisa um pouco mais radical temos uma mórmon aqui que pode ser a sua pedida. Até a Testemunha de Jeová também é uma opção...

Cliente:

- Não sei, acho que eu vou dar mais uma olhada.

Atendente:

- Se você quiser, a gente pode aqui preparar uma mistura pra você com um pouquinho de tudo. Funciona bem também. O brasileiro adora. É um pacotão completo: Você passa a acreditar em Deus, acha que vai pro céu, mas também acende uma velinha, vê espírito, medita, pula sete ondinhas e lê a Bíblia.

- Cliente:

Ah, gostei dessa.

Atendente:

- Todo mundo gosta.

Cliente:

- Mas coloca aí nesse pacote as 70 virgens.

Atendente:

- Quer que embrulhe?
__________________

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.
Livros de Edmir Saint-Clair

Escolha o tema:

- Mônica El Bayeh (1) 100 DIAS QUE MUDARAM O MUNDO (1) 45 LIÇÕES QUE A VIDA ME ENSINOU (1) 48 FRASES GENIAIS (1) 5 CHAVES PARA FREAR AS RELAÇÕES TÓXICAS NA FAMÍLIA (1) 5 MITOS SOBRE O CÉREBRO QUE ATÉ OS NEUROCIENTISTAS ACREDITAM (1) A ALMA ESTÁ NA CABEÇA (1) A FUNÇÃO SOCIAL DA CULPA (1) A GREVE DAS PALAVRAS (1) A LUCIDEZ PERIGOSA (1) A PANDEMIA VISTA DE 2050 (1) A PARÁBOLA BUDISTA (1) A PÍLULA DA INTELIGÊNCIA (1) A PRÁTICA DA BOA AMIZADE (1) A PREOCUPAÇÃO EXCESSIVA COM A APARÊNCIA FÍSICA (1) A QUALIDADE DO SEU FUTURO - Edmir Silveira (1) A SOMBRA DAS CHUTEIRAS IMORTAIS (1) A Tua Ponte (1) A vergonha pode ser o início da sabedoria (1) AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA (5) Amigos (4) amizade (2) ANA CAROLINA DECLAMA TEXTO DE ELISA LUCINDA (1) ANDRÉ COMTE-SPONVILLE (3) ANTONIO CÍCERO (2) ANTÓNIO DAMÁSIO (3) ANTÔNIO MARIA (2) ANTONIO PRATA (2) antropologia (3) APENAS UMA FOLHA EM BRANCO SOBRE A MESA (1) APOLOGIA DE PLATÃO SOBRE SÓCRATES (1) ARISTÓTELES (2) ARNALDO ANTUNES (2) ARNALDO BLOCH (1) Arnaldo Jabor (36) ARTHUR DA TÁVOLA (12) ARTHUR DAPIEVE (1) ARTHUR RIMBAUD (2) ARTHUR SCHOPENHAUER (5) ARTUR DA TÁVOLA (9) ARTUR XEXÉO (6) ASHLEY MONTAGU (1) AUGUSTO CURY (4) AUTOCONHECIMENTO (2) BARÃO DE ITARARÉ (3) BARUCH SPINOZA (3) BBC (9) BBC Future (4) BERNARD SHAW (2) BERTRAND RUSSELL (1) BISCOITO GLOBO (1) BRAINSPOTTING (1) BRUNA LOMBARDI (2) CACÁ DIEGUES (1) CAETANO VELOSO (10) caio fernando abreu (5) CARL JUNG (1) Carl Sagan (1) CARLOS CASTAÑEDA - EXPERIÊNCIAS DE ESTRANHAMENTO (1) CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (23) CARLOS EDUARDO NOVAES (1) CARLOS HEITOR CONY (3) CARTA DE GEORGE ORWELL EXPLICANDO O LIVRO 1984 (1) CECÍLIA MEIRELES (5) CELSO LAFER - Violência (1) CÉREBRO (17) CHARLES BAUDELAIRE (4) CHARLES BUKOWSKI (3) Charles Chaplin (4) Charles Darwin (2) CHÂTEAU DE VERSAILLES (1) CHICO ANYSIO (3) Christian Ingo Lenz Dunker (9) CIÊNCIA E RELIGIÕES (1) CIÊNCIAS (20) CIENTISTA RUSSO REVELA O QUE OCORRE CONOSCO APÓS A MORTE (1) cinema (6) CLARICE LISPECTOR (17) CLÁUDIA LAITANO (3) CLAUDIA PENTEADO (8) Coletâneas Cult Carioca (1) COMO A INTERNET ESTÁ MUDANDO AS AMIZADES (1) COMO A MÚSICA PODE ESTIMULAR A CRIATIVIDADE (1) COMO A PERCEPÇÃO DO TEMPO MUDA DE ACORDO COM A LÍNGUA (1) COMO A PERDA DE UM DOS PAIS PODE AFETAR A SUA SAÚDE MENTAL (1) COMO A SOLIDÃO ALIMENTA O AUTORITARISMO (1) COMO COMEÇAR DO ZERO EM QUALQUER IDADE (1) COMPORTAMENTO (528) Conexão Roberto D'Avila - STEVENS REHEN - IMPERDÍVEL - ALTISSIMO NIVEL DE CONHECIMENTO (1) CONHEÇA 10 PESSOAS QUE QUASE FICARAM FAMOSAS (1) conhecimento (6) CONTARDO CALLIGARIS (17) CONVERSAS NECESSÁRIAS (1) CORA CORALINA (3) CORA RÓNAI (6) CORTES DIRETO AO PONTO (32) Cristiane Segatto (8) CRÔNICAS (992) Crônicas. (172) CRUZ E SOUSA (1) CULT MOVIE (5) CULT MUSIC (10) CULT VÍDEO (21) DALAI LAMA (5) DALTON TREVISAN (1) Dante Alighieri (1) DANUZA LEÃO (30) DE ONDE VÊM OS NOMES DAS NOTAS MUSICAIS? (1) DEEPAK CHOPRA (3) DENTRO DE MIM (1) DRAUZIO VARELLA (11) E. E. CUMMINGS (3) EDGAR MORIN (2) Edmir Saint-Clair (78) EDUARDO GALEANO (3) ELIANE BRUM (25) ELISA LUCINDA (4) EM QUE MOMENTO NOS TORNAMOS NÓS MESMOS (1) Emerson (1) EMILY DICKINSON (1) Emmanuel Kant (1) Empatia (3) entrevista (11) EPICURO (3) Epiteto (1) Erasmo de Roterdam (1) ERÓTICA É A ALMA (1) Eu Cantarei de Amor Tão Docemente (1) Eu carrego você comigo (2) Fábio Porchat (8) FABRÍCIO CARPINEJAR (5) FEDERICO GARCIA LORCA (2) FERNANDA TORRES (23) FERNANDA YOUNG (6) Fernando Pessoa (13) FERNANDO SABINO (4) FERREIRA GULLAR (24) FILHOS (5) filosofia (217) filósofo (10) FILÓSOFOS (7) Flávio Gikovate (25) FLORBELA ESPANCA (8) FRANCISCO DAUDT (25) FRANZ KAFKA (4) FRASES (39) Frases e Pensamentos (8) FREUD (4) Friedrich Nietzsche (2) Friedrich Wilhelm Nietzsche (1) FRITJOF CAPRA (2) GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ (2) GEMÄLDEGALERIE - Berlin - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) GERALDO CARNEIRO (1) Gilles Deleuze (2) HANNAH ARENDT (1) HELEN KELLER (1) HELOISA SEIXAS (10) Heloísa Seixas (1) Henry David Thoreau (1) HERMANN HESSE (10) HILDA HILST (1) IMMANUEL KANT (1) INTELIGENCIA (2) intimidade (6) IRMÃ SELMA (1) Isaac Asimov. (1) ISABEL CLEMENTE (2) IVAN MARTINS (22) JEAN JACQUES ROUSSEAU (1) JEAN PAUL SARTRE (1) JEAN-JACQUES ROUSSEAU (3) Jean-Paul Sartre (2) JEAN-YVES LELOUP - SEMEANDO A CONSCIÊNCIA (1) Jô Soares (4) JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1) JOÃO UBALDO RIBEIRO (14) JOHN NAUGHTON (1) JORGE AMADO (1) JORGE FORBES (1) jornalista (3) JOSÉ PADILHA (2) JOSE ROBERTO DE TOLEDO (1) JOSÉ SARAMAGO (8) JULIO CORTÁZAR (2) KAHLIL GIBRAN (3) Kant (2) KETUT LIYER (1) Khalil Gibran (5) Klaus Manhart (2) KRISHNAMURTI (1) Lao-Tzu (1) LE-SHANA TOVÁ TIKATEVU VE-TECHATEMU - Nilton Bonder (1) LEANDRO KARNAL (3) LEDA NAGLE (2) LÊDO IVO (2) LETÍCIA THOMPSON (2) literatura (69) literatura brasileira (23) LUIGI PIRANDELLO (2) LUIS FERNANDO VERISSIMO (15) LUIS FERNANDO VERÍSSIMO (7) LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO (13) LUIS VAZ DE CAMÕES (2) LUIZ FERNANDO VERISSIMO (6) LYA LUFT (33) LYGIA FAGUNDES TELLES (1) MADHAI (4) Mahatma Gandhi (5) Maiakowski (1) MANOEL CARLOS (11) MANOEL DE BARROS (1) MANUEL BANDEIRA (4) MAPA INTERATIVO PERMITE VIAJAR NO TEMPO E VER 'SUA CIDADE' HÁ 600 MILHÕES DE ANOS (1) Marcel Camargo (12) MARCELO RUBENS PAIVA (7) MARCIA TIBURI (12) MARÍLIA GABRIELA entrevista RAFINHA BASTOS (1) MARINA COLASANTI (6) MÁRIO LAGO (1) Mário Prata (3) MÁRIO QUINTANA (15) MÁRIO SÉRGIO CORTELLA (4) MARIO VARGAS LLOSA (1) MARK GUNGOR (1) martha medeiros (92) MARTIN LUTHER KING JR (1) MARTINHO DA VILA (1) MELATONINA: O HORMÔNIO DO SONO E DA JUVENTUDE (1) MIA COUTO (14) MIA COUTO: “O PORTUGUÊS DO BRASIL VAI DOMINAR” (1) MICHEL FOUCAULT (1) MIGUEL ESTEVES CARDOSO (4) MIGUEL FALABELLA (14) Miguel Torga (2) MILAN KUNDERA (1) MILLÔR FERNANDES (3) MOACYR SCLIAR (12) MÔNICA EL BAYEH (4) Monja Cohen (1) MUSÉE D'ORSAY - PARIS - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) MUSEU NACIONAL REINA SOFIA - Madrid - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) MUSEU VAN GOGH - Amsterdam - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) NÃO DEVEMOS TER MEDO DA EVOLUÇÃO – Edmir Silveira (1) NARCISISMO COLETIVO (1) Natasha Romanzoti (3) NÉLIDA PIÑON (1) NELSON MANDELA (1) NELSON MOTTA (28) NELSON RODRIGUES (3) NEUROCIÊNCIA (143) NILTON BONDER (1) NOAM CHOMSKY (2) NOITE DE NATAL (1) O BRASIL AINDA NÃO DESCOBRIU O CABRAL TODO (1) O CLIQUE (1) O MITO DA CAVERNA DE PLATÃO: A DUALIDADE DA NOSSA REALIDADE (1) O MITO DO AMOR MATERNO – Maria Lucia Homem (1) O Monge Ocidental (2) O MUNDO DA GENTE MORRE ANTES DA GENTE (1) O MUNDO SECRETO DO INCONSCIENTE (1) O PENSAMENTO DE CARL SAGAN (1) O PODER DO "TERCEIRO MOMENTO" (1) O PODER TERAPÊUTICO DA ESTRADA - Martha Medeiros (1) O QUE A VIDA ENSINA DEPOIS DOS 40 (1) O QUE É A TÃO FALADA MEDITAÇÃO “MINDFULNESS” (1) O QUE É A TERAPIA EMDR? – Ignez Limeira (1) O QUE É BOM ESCLARECER AO COMEÇAR UM RELACIONAMENTO AMOROSO (1) O QUE É CIENTÍFICO? - Rubem Alves (1) O que é liberdade (1) O QUE É MAIS IMPORTANTE: SER OU TER? (1) O QUE É MENTE (1) O QUE É MODERNIDADE LÍQUIDA (1) O QUE É O AMOR PLATÔNICO? (1) O QUE É O PENSAMENTO ABSTRATO (1) O QUE É OBJETIVISMO (1) O QUE É SER “BOM DE CAMA”? (1) O QUE É SER INTELIGENTE (1) O QUE É SER LIVRE? (1) O QUE É SER PAPA? - Luiz Paulo Horta (1) O QUE É SERENIDADE? (1) O QUE É UM PSICOPATA (1) O QUE É UMA COMPULSÃO? - Solange Bittencourt Quintanilha (1) O QUE FAZ O AMOR ACABAR (1) O que se passa na cama (1) O ROUBO QUE NUNCA ACONTECEU (2) O Sentido Secreto da Vida (2) OBRIGADO POR INSISTIR - Martha Medeiros (1) OCTAVIO PAZ (2) OLAVO BILAC (1) ORGASMO AJUDA A PREVENIR DOENÇAS FÍSICAS E MENTAIS (1) ORIGEM DA CONSCIÊNCIA (1) Os canalhas nos ensinam mais (2) OS EFEITOS DE UM ÚNICO DIA DE SOL NA SUA PELE (1) OS HOMENS OCOS (1) OS HOMENS VÃO MATAR-SE UNS AOS OUTROS (1) OTTO LARA RESENDE (1) OUTROS FORMATOS DE FAMÍLIA (1) PABLO NERUDA (22) PABLO PICASSO (2) PALACIO DE VERSAILLES - França - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) Pandemia (2) PAULO COELHO (6) PAULO MENDES CAMPOS (2) PEDRO BIAL (4) PENSADORES FAMOSOS (1) pensamentos (59) PERFIL DE UM AGRESSOR PSICOLÓGICO: 21 CARACTERÍSTICAS COMUNS (1) PERMISSÃO PARA SER INFELIZ - Eliane Brum com a psicóloga Rita de Cássia de Araújo Almeida (1) poemas (8) poesia (281) POESIAS (59) poeta (76) poetas (18) POR QUE A CULPA AUMENTA O PRAZER? (1) POR QUE COMETEMOS ATOS FALHOS (1) POR QUE GOSTAMOS DE MÚSICAS TRISTES? (1) porto alegre (6) PÓS-PANDEMIA (1) PRECISA-SE (1) PREGUIÇA: AS DIFERENÇAS ENTRE A BOA E A RUIM (1) PROCRASTINAÇÃO (1) PROPORÇÕES (1) PSICANALISE (5) PSICOLOGIA (432) psiquiatria (8) QUAL O SENTIDO DA VIDA? (1) QUANDO A SUA MENTE TRABALHA CONTRA VOCÊ (1) QUANDO FALAR É AGREDIR (1) QUANDO MENTIMOS MAIS? (1) QUANDO O AMOR ACABA (1) QUEM FOI EPICURO ? (1) QUEM FOI GALILEU GALILEI? (1) Quem foi John Locke (1) QUEM FOI TALES DE MILETO? (1) QUEM FOI THOMAS HOBBES? (1) QUEM INVENTOU O ESPELHO (1) Raul Seixas (2) Raul Seixas é ATROPELADO por uma onda durante uma ressaca no Leblon (1) RECEITA DE DOMINGO (1) RECOMEÇAR (3) RECOMECE - Bráulio Bessa (1) Reflexão (3) REFLEXÃO DE BERT HELLINGER (1) REGINA NAVARRO LINS (1) REJUVENESCIMENTO - O DILEMA DE DORIAN GRAY (1) RELACIONAMENTO (5) RENÉ DESCARTES (1) REZAR E AMAR (1) Rick Ricardo (5) RIJKSMUSEUM - Amsterdam - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) RIO DE JANEIRO (10) RITA LEE (5) Robert Epstein (1) ROBERT KURZ (1) ROBERTO D'ÁVILA ENTREVISTA FLÁVIO GIKOVATE (1) ROBERTO DaMATTA (8) Roberto Freire (1) ROBERTO POMPEU DE TOLEDO (1) RUBEM ALVES (26) RUBEM BRAGA (1) RUTH DE AQUINO (16) RUTH DE AQUINO - O que você revela sobre você no Facebook (1) Ruy Castro (10) SAINDO DA DEPRESSÃO (1) SÁNDOR FERENCZI (1) SÁNDOR MÁRAI (3) SÃO DEMASIADO POBRES OS NOSSOS RICOS (1) SAÚDE MENTAL (2) Scott O. Lilienfeld (2) século 20 (3) SÊNECA (7) SENSAÇÃO DE DÉJÀ VU (1) SER FELIZ É UM DEVER (2) SER MUITO INTELIGENTE: O LADO RUIM DO QUAL NÃO SE FALA (1) SER OU ESTAR? - Suzana Herculano-Houzel (1) Ser Pai (1) SER PASSIVO PODE SER PREJUDICIAL À SAÚDE (1) SER REJEITADO TORNA VOCÊ MAIS CRIATIVO (1) SERÁ QUE SUA FOME É EMOCIONAL? (1) SEXO É COLA (1) SEXO TÂNTRICO (1) SEXUALIDADE (2) Shakespeare. O bardo (1) Sidarta Ribeiro (4) SIGMUND FREUD (4) SIMONE DE BEAUVOIR (1) Simone Weil (1) SINCERICÍDIO: OS RISCOS DE SE TORNAR UM KAMIKAZE DA VERDADE (1) SÓ DE SACANAGEM (2) SÓ ELAS ENTENDERÃO (1) SOCIOLOGIA (10) SÓCRATES (2) SOFRER POR ANTECIPAÇÃO (2) Solange Bittencourt Quintanilha (13) SOLITÁRIOS PRAZERES (1) STANISLAW PONTE PRETA (5) Stephen Kanitz (1) Steve Ayan (1) STEVE JOBS (5) SUAS IDEIAS SÃO SUAS? (1) SUPER TPM: UM TRANSTORNO DIFÍCIL DE SER DIAGNOSTICADO (1) Super YES (1) Suzana Herculano-Houzel (10) T.S. ELIOT (2) TALES DE MILETO (2) TATE BRITAIN MUSEUM (GALLERY) (1) TERAPIA (4) THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART (1) THE NATIONAL GALLERY OF LONDON - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) THIAGO DE MELLO (2) TODA CRIANÇA É UM MAGO - Augusto Branco (1) Tom Jobim (2) TOM JOBIM declamando Poema da Necessidade DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (1) TONY BELLOTTO (3) Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (2) TRUQUE DO PANO: PROTEJA O CACHORRO DO BARULHO FEITO PELOS FOGOS DE ARTIFÍCIO (1) UM CACHORRO PRETO CHAMADO DEPRESSÃO (1) UM ENCONTRO COM LACAN (1) UM VÍRUS CHAMADO MEDO (1) UMA REFLEXÃO FABULOSA (1) UNIÃO EUROPEIA INVESTE EM PROGRAMA PARA PREVER O FUTURO (1) ÚNICO SER HUMANO DA HISTÓRIA A SER ATINGIDO POR UM METEORITO (1) velhice (2) Viagem ao passado (2) VICTOR HUGO (4) VÍDEO - O NASCIMENTO DE UM GOLFINHO (1) VÍDEO - PALESTRA - MEDO X CRIATIVIDADE (1) VÍDEO ENTREVISTA (2) VÍDEO PALESTRA (14) Vinícius de Moraes (3) VIVIANE MOSÉ (4) VLADIMIR MAIAKOVSKI (2) W. B. YEATS (1) W. H. Auden (2) WALCYR CARRASCO (4) WALT WHITMAN (4) Walter Kaufmann (1) Way Herbert (1) Wilhelm Reich (2) WILLIAM FAULKNER (1) William Shakespeare (4) WILSON SIMONAL e SARAH VAUGHAN (1)

RACISMO AQUI NÃO!

RACISMO AQUI NÃO!