QUEM SENTE GRATIDÃO VIVE MAIS FELIZ - David Hochman

A vida é bem melhor para quem sabe agradecer pelo que tem.

No primeiro dia do Mês da Gratidão que estipulei para mim mesmo, o meu filho de 5 anos acordou “entediado” às 5h15 da manhã, vi uma multa por excesso de velocidade na bolsa da minha mulher e o aquecedor deu o último suspiro na hora em que entrei no banho. Em geral, eu começaria a resmungar e o dia teria um péssimo início. Mas aquele dia foi diferente. Como são lindas as covinhas do meu filho, mesmo nessa hora infeliz. Como é encantador o espírito aventureiro da minha mulher. Faltam apenas 29 dias.

Uma semana antes, enquanto brigava com a sensação de que viera ao mundo para encher e esvaziar a lavadora de pratos, decidi que já era hora de dar fim aos resmungos automáticos. Mas não eram apenas as pequenas coisas que me atormentavam. De repente, os meus amigos vinham enfrentando adversidades: câncer, divórcio, demissão. Eu não deveria comemorar minha relativa boa sorte?

Já ouvira falar do benefício da gratidão. O que não entendia direito era como passar da rabugice à alegria transbordante. Em busca de dicas, liguei para Robert A. Emmons, professor da Universidade da Califórnia, pioneiro na pesquisa sobre os benefícios do pensamento positivo. Emmons citou novos estudos que indicam que basta fingir estar grato por algo que o nível de substâncias químicas associadas ao prazer e ao contentamento – serotonina e dopamina – aumenta. Viva como se fosse agradecido por tudo, disse ele, e logo isso se tornará real.

Ele recomendou fazer uma lista de tudo pelo qual me senti agraciado durante uma semana ou mês específico. Um estudo importante mostrou que, em dez semanas, quem registrou por escrito as coisas que lhe inspiravam gratidão sentiu-se 25% mais feliz do que quem não escreveu nada. A pessoa chegou até a se sentir melhor no trabalho e a se exercitar uma hora e meia a mais por semana.

Estava convencido; mas a minha primeira tentativa de fazer uma lista de gratidão foi bem fraquinha: “1. Café. 2. Cochilos. 3. Cafeína em geral.” Conforme a lista crescia, me senti mais animado: “114. Frutas recém-colhidas. 115. O disco branco dos Beatles. 116. Não sou careca.”

No terceiro dia, eu estava na maior farra, agradecendo a todos os pais e passantes na pracinha, como se tivesse acabado de ganhar o Oscar, e colando bilhetinhos amarelos por toda parte para me lembrar dos alvos de agradecimento no dia seguinte: o carteiro, a professora do maternalzinho do meu filho Sebastian. Mas essa abordagem integral logo começou a me cansar. Os pesquisadores chamam isso de efeito do Juramento à Bandeira. “Quando se exagera na gratidão, ela perde o sentido, ou pior, vira obrigação”, disse-me Martin E. P. Seligman, autor de Felicidade autêntica, quando lhe mencionei a crise. Seja seletivo, aconselhou, e se concentre em agradecer aos heróis desconhecidos da sua vida.

Depois, Seligman sugeriu uma “visita de gratidão”. Pense em alguém que fez diferença na sua vida e a quem você nunca agradeceu direito. Escreva uma carta detalhada para exprimir o seu reconhecimento e depois leia-a em voz alta, na frente da pessoa. “É comovente para quem dá e quem recebe”, disse Seligman. “Prepare-se para chorar.”

Na mesma hora me veio à cabeça a Srta. Riggi, minha professora de inglês da 8ª série. Foi ela quem primeiro me abriu os olhos para Hemingway, Faulkner e outros gigantes literários. Foi ela a primeira a me encorajar a escrever. Até hoje, sigo o seu conselho (“Nunca seja chato”). Mas será que lhe agradeci? Será que alguém lhe agradeceu? Dei alguns telefonemas rápidos e descobri que ela ainda dava aulas no mesmo distrito escolar, depois de quase 40 anos. Comprei passagens para mim e Sebastian: iríamos a Scranton, minha cidade natal, na Pensilvânia, EUA.

Ainda faltava uma semana para a viagem e continuei a exercitar o meu músculo da gratidão. Sonja Lyubomirsky, autora de A ciência da felicidade, professora de Psicologia na Universidade da Califórnia, recomendava “passar algum tempo longe de algo que adoramos mas consideramos comum”.

Foi mais fácil amar o carro depois de passar um dia usando transporte público – e correr dez quarteirões até a aula de ginástica de Sebastian quando o ônibus se atrasou 35 minutos.
Durante uma semana, eu e minha mulher abrimos mão da televisão, dos celulares e até do açúcar. E abri mão do café – por pouco tempo.

Os exercícios de curto prazo nos chamaram a atenção para o valor das coisas. Só que abstinência de cafeína é diferente de saber como a atitude de gratidão ajudaria meus amigos com câncer. Ou o casal que anunciou o divórcio. Ou o pai de três filhos que não consegue arranjar emprego.

A gratidão é ainda mais importante durante épocas em que tudo parece estar perdido”, disse Emmons. Encontrar algo para estimar e valorizar, disse ele, pode nos salvar do desespero, o que é impossível com queixas e lamentos. Descobri essa verdade quando comecei a levar meu amigo com linfoma ao hospital para quimioterapia. Apesar do sofrimento dele (ou talvez por causa disso), nossa ligação se tornou mais significativa. “Quando fiquei doente, percebi que tinha passado anos me preocupando com coisas que não significam absolutamente nada”, disse ele. “Agora, o mais importante é comemorar a vida enquanto ela existe.”

Pensei nas palavras dele no avião para a Pensilvânia enquanto escrevia rascunhos da minha carta para a Srta. Riggi. Achei que estava pronto, mas, quando entrei na sala de aula, com Sebastian agarrado às minhas pernas, fiquei mais ansioso do que nunca.

A Srta. Riggi era mais baixa do que eu me lembrava, mas inconfundível com aqueles cabelos compridos e os olhos brilhantes e inteligentes. Depois de um abraço meio sem graça, nos sentamos. Respirei fundo e comecei a ler:
Quero lhe agradecer o impacto que a senhora teve na minha vida”, comecei. “Há quase 30 anos, a senhora apresentou as maravilhas da palavra escrita à minha turma da 8ª série. Sua paixão por tramas e personagens e seu entusiasmo pelas palavras me fizeram perceber que o mundo fazia sentido. Que vida grandiosa, pensei, ser capaz de dividir histórias com os outros!”

Algumas linhas adiante, aconteceu. Sentado ali, com a minha mentora e com o meu filho no colo, a emoção tomou conta de mim. As décadas se desfizeram e nada tinha mais importância do que o ato simples de compartilhar. Foi como se eu falasse por gerações de alunos: “O tempo passa. As lembranças se confundem e desvanecem. Mas eu nunca esquecerei o entusiasmo de chegar todos os dias à sua aula.”

O professor Seligman tinha razão quanto às lágrimas. Elas vieram, para nós dois. E, quer tenha sido o sorriso da Srta. Riggi quando terminei de ler a carta, ou o simples alívio de dividir o que estava havia muito tempo em meu coração, a sensação de paz que senti durou até bem depois de Sebastian e eu voltarmos para casa.
Desde então, escrevi outras cartas de gratidão, e minha mulher e eu evocamos o nosso “treinamento” quando nos sentimos sobrecarregados com a vida. Os aborrecimentos, é claro, ainda existem, mas aprendi que o reconhecimento e a gratidão pelas coisas provocam um eco suficientemente forte para encobrir os resmungos e lamentos do homem que ainda esvazia a lavadora de pratos...

3 maneiras de exercitar a gratidão pelas coisas

Visualize:
Crie uma colagem com tudo o que lhe inspira gratidão e exiba-a num lugar destacado da casa. Emmons diz que uma técnica que funciona bem com crianças é criar uma “árvore” de agradecimentos na porta da geladeira ou na parede, com “folhas” de adesivos coladas todo dia para agradecer por tudo, do novo irmãozinho ao passeio com o cachorro.

Faça estas perguntas:
Escolha alguém íntimo e pergunte a si mesmo;
O que recebi dessa pessoa?
O que lhe dei?
Que problemas lhe causei?
Emmons explica que “isso pode nos levar a descobrir que devemos aos outros mais do que pensamos”.

Uma vez por semana:
Muitas vezes, de acordo com Lyubomirsky, concentrar-se na gratidão uma vez por semana é mais eficaz do que com mais frequência. Ela comparou pessoas que faziam relatórios de gratidão três vezes por semana com outras que o faziam só uma vez por semana. O resultado foi que, com o passar do tempo, quem fazia uma vez por semana ficou mais feliz. “Mas escolha o que combinar melhor com você”, diz ela.
Por David Hochman
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OLHE PARA TRÁS! - Letícia Thompson

Está vendo o caminho percorrido?
Entre quedas e tropeços, subidas e descidas, momentos bons e ruins, chegamos até aqui.
Vivemos histórias que não pertencem a ninguém mais.
Guardamos na memória, fatos que máquina nenhuma no mundo conseguirá revelar.
Fazem parte das nossas lembranças, nossos passos e da pessoa única que somos.

Mas, infelizmente, temos o hábito de guardar cicatrizes do que nos fez infelizes e olharmos como uma lembrança distante e apagada o que nos deu alegria.
É possível ressentir uma grande dor com grande intensidade, trazendo à tona as mesmas emoções vividas, mas como é difícil ressentir do mesmo jeito, uma felicidade que um dia nos fez vibrar!

O ideal seria inverter as situações.
Guardar na pele e na alma cicatrizes do que nos fez bem e nos lembrar do mal sem muita nitidez.
Guardar das pessoas o lado bom, o bem que nos fizeram e o que de bom vivemos juntos.
Talvez devesse constar com mais freqüência as palavras perdão e compreensão no nosso dicionário.
De vez em quando, digo, olhe para trás!
Mas não se volte completamente.
Olhe apenas o bastante para se lembrar das suas lições para que estas te sirvam no presente.

Não lamente o que ficou, o que fez ou deixou de fazer.
O que é importante seu coração carrega.
Olhe diante de si!
Há esse véu encobrindo o que virá, deixando entrever apenas o que seus sonhos permitem.
Mas existe dentro de você uma sabedoria de alguém que desbravou alguns anos da história.

Existe dentro de você, uma força que te torna capaz!
O dia chega insistente como as marés do oceano.
Às vezes calmo, outras turbulento, mas presente sempre.
Vivo sempre.
Cada noite dormida é uma vitória, cada manhã, um novo desafio.
E você nunca está sozinho, mesmo quando se sente solitário.

Todo o seu passado está gravado em você, como gravadas estão as pessoas que você amou.
Levante esse véu pouquinho a pouquinho a cada amanhecer; sem pressa, saboreando a vida como uma aventura, nem sempre como um mar calmo e tranqüilo, mas possível, muito possivelmente vitoriosa.

Construa hoje as suas marcas de amanhã.

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FEDERICO GARCÍA LORCA - Romance sonâmbulo


(A Gloria Giner e a Fernando de los Rios)

Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar
e o cavalo na montanha.
Com a sombra pela cintura
ela sonha na varanda,
verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Verde que te quero verde.
Por sob a lua gitana,
as coisas estão mirando-a
e ela não pode mirá-las.

Verde que te quero verde.
Grandes estrelas de escarcha
nascem com o peixe de sombra
que rasga o caminho da alva.
A figueira raspa o vento
a lixá-lo com as ramas,
e o monte, gato selvagem,
eriça as piteiras ásperas.

Mas quem virá? E por onde?...
Ela fica na varanda,
verde carne, tranças verdes,
ela sonha na água amarga.
Compadre, dou meu cavalo
em troca de sua casa,
o arreio por seu espelho,
a faca por sua manta.
Compadre, venho sangrando
desde as passagens de Cabra.
Se pudesse, meu mocinho,
esse negócio eu fechava.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
Compadre, quero morrer
com decência, em minha cama.
De ferro, se for possível,
e com lençóis de cambraia.
Não vês que enorme ferida
vai de meu peito à garganta?
Trezentas rosas morenas
traz tua camisa branca.
Ressuma teu sangue e cheira
em redor de tua faixa.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
Que eu possa subir ao menos
até às altas varandas.
Que eu possa subir! que o possa
até às verdes varandas.
As balaustradas da lua
por onde retumba a água.

Já sobem os dois compadres
até às altas varandas.
Deixando um rastro de sangue.
Deixando um rastro de lágrimas.
Tremiam pelos telhados
pequenos faróis de lata.
Mil pandeiros de cristal
feriam a madrugada.

Verde que te quero verde,
verde vento, verdes ramas.
Os dois compadres subiram.
O vasto vento deixava
na boca um gosto esquisito
de menta, fel e alfavaca.
Que é dela, compadre, dize-me
que é de tua filha amarga?
Quantas vezes te esperou!
Quantas vezes te esperara,
rosto fresco, negras tranças,
aqui na verde varanda!

Sobre a face da cisterna
balançava-se a gitana.
Verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Ponta gelada de lua
sustenta-a por cima da água.
A noite se fez tão íntima
como uma pequena praça.
Lá fora, à porta, golpeando,
guardas-civis na cachaça.
Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar.
E o cavalo na montanha.
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NUNCA ESTAMOS ONDE QUEREMOS - Eliane Brum

Conto de fadas de Woody Allen discute os limites do presente

Depois de alguns minutos, o filme de Woody Allen – “Meia-Noite em Paris” – nos provoca um delicioso sorriso bobo, que permanece até o final. O diretor no presenteia com uma história de Cinderela para adultos. À meia-noite, o protagonista embarca em um calhambeque tinindo de novo e pronto, está onde sempre quis estar: na animada Paris dos Anos 20. Gil Pender, como boa parte de nós, acha o presente insuficiente. O passado era melhor. Não qualquer passado, mas o idealizado por ele. Como uma fada madrinha do nosso tempo, Woody Allen realiza, com essa varinha de condão que é o cinema, o desejo que é de todos. E por isso abrimos um sorriso encantado.
Me convenci a dar uma espiada para o lado e para trás e vi no público a mesma boca aberta de antecipação e deleite das crianças quando escutam um conto de fadas. Desde o surgimento do calhambeque, a gente já sabe o que vai acontecer. É porque queremos muito que aconteça que é tão prazeroso. Como as crianças que pedem para repetir mil vezes a mesma história, a gente tem vontade de gritar: “De novo! De novo!”.

A identificação com o protagonista é imediata. O ator Owen Wilson vive Gil Pender, mas, ao mesmo tempo, encarna Woody Allen com tanta competência, que às vezes enxergamos o próprio. No filme, ele é um roteirista de Hollywood que tenta escrever um romance enquanto visita Paris com uma noiva mimada e um casal de sogros tão digestivos quanto óleo de rícino. Os personagens são todos estereotipados como num bom conto de fadas.

A noiva é uma típica menina rica, fútil e ambiciosa, mais preocupada com a aparência da vida e dela mesma do que com a vida em si. Os sogros são americanos bem sucedidos, republicanos do Tea Party, com todos aqueles valores que conhecemos melhor ao acompanharmos a trajetória de Sarah Palin. Ao chegarem a Paris, a noiva encontra um casal de amigos. Ele, um homem pelo qual já foi apaixonada, é também um personagem comum do nosso tempo: um especialista em tudo, de vinhos a Rodin. E, desde o início do filme, o detestamos como se deve fazer com um bom vilão que não causa mais mal do que abusar da nossa paciência e da de Gil com seu pedantismo e seu conhecimento de Wikipedia, programado para impressionar um certo tipo de moça. Já Gil, nosso herói, é doce, sensível e com aquele ar meio perdido de quem quer muito ir, mas não sabe direito para onde. Também um personagem clichê da nossa época.
Nesta escolha dos personagens, há algo interessante que podemos pensar. Esses dois estereótipos masculinos representam em parte a confusão do que significa ser homem hoje em dia. Ambos inseguros depois do naufrágio do papel masculino definido por uma tradição que já não existe. Mas com respostas diferentes para a questão. E, como a mulher deste milênio, a noiva também oscila entre esses dois homens sem saber bem se quer aquele que sabe tudo sem saber (e que jamais saberá qualquer coisa porque não tem planos de parar de fingir) – ou deseja aquele que admite que não sabe, mas um dia talvez possa descobrir porque procura.

Esta não é a questão principal do filme, mas Woody Allen sempre foi hábil em falar da (bendita) confusão dos papéis masculinos (e femininos) de nossos dias – e seu conto de fadas não poderia ser diferente. O dilema central de nosso Cinderelo é que ele queria viver onde não vive.

Gil Pender desembarca na cidade dos seus sonhos – e Woody Allen também nos dá, desde o início, uma Paris de cartão postal, com direito a própria Carla Bruni interpretando uma guia turística. Mas Gil está acompanhado pela noiva fútil, os sogros fúteis, o casal de amigos fúteis e fazendo coisas fúteis com todos eles. Preso, portanto, a um presente que não quer, mas que não tem forças para mudar. Como acontece com boa parte de nós aqui, em nossa vida cotidiana – e também em férias idealizadas das quais voltamos com fotos em que estamos sorridentes, sobre as quais contamos maravilhas para os amigos e parentes, mas secretamente sabemos que não foram tão perfeitas assim.

Então, à meia-noite, num determinado lugar, a carruagem passa e o carrega para a Paris que deseja. E Gil Pender encontra, entre outros personagens fascinantes que se reuniram em Paris nos Anos 20, Zelda e Scott Fitzgerald, Cole Porter, Ernest Hemingway, Pablo Picasso, Salvador Dalí, Luis Buñuel. E consegue dar seu romance para a própria Gertrude Stein avaliar. Todos esses personagens reais que fizeram a efervescência e a lenda dos (pelo menos para nós e para Gil Pender) gloriosos Anos 20 estão lá não como são – mas como nosso Cinderelo os vê. É o passado idealizado por ele – não o passado como foi para quem o viveu. Só assim, afinal, é possível ter um conto de fadas.

Posso contar tudo isso aqui porque, como nas fábulas, não importa o que acontece, importa que tenhamos certeza que acontece. Por isso as crianças querem ouvir a história tantas vezes e viver seus medos protegidas pela segurança do enredo conhecido. Depois dos primeiros 15 minutos de filme, sabemos o que Woody Allen vai nos dar. E então é só a delícia de assistir ao desenrolar dos fatos que já antecipamos.

Mas Woody Allen nos trai com uma personagem clandestina, que não faz parte do roteiro das fábulas – a mulher comum. Aquela que esteve na história, mas não foi registrada nela. Aquela que não sobreviveu à morte como memória. É a partir das inquietações dela, que em determinado momento torna-se o espelho dele, que Gil Pender tem de fazer uma opção que é a de todos nós: entre o tempo que não há e o tempo que há. Ele precisa fazê-la na prática. Nós temos de fazê-la dentro de nós, como uma escolha interna que determina todo o enredo da história que é nossa.

Gil Pender, nosso Cinderelo, coloca o impasse entre a idealização da vida e a vida como ela é com uma das sacadas geniais que fazem Woody Allen ser quem é: “Você se dá conta que esses caras vivem sem anestesia nem antibiótico?”. A frase é bem melhor do que esta, mas eu não tinha nenhum bloquinho para anotar. É quando o homem que procura encontra algo – e descobre que precisa fazer uma escolha se quiser viver onde está – não importa se na Paris dos Anos 20, na Paris da Belle Époque ou na Paris de hoje. Para quem o viveu, o passado era presente.

Assim como não há passado, só presente – não há vida idealizada, só vida. É com essa vida, no presente, que temos de fazer o melhor que pudermos, mesmo que sempre nos pareça insuficiente. Para, quando chegar ao final que sempre chega, termos a chance de concluir: “Que pena que acabou. Mas vivi, não tudo o que quis, mas o melhor que pude”. E só dá para ter certeza de que fizemos o melhor possível com nossa vida imperfeita quando temos a coragem de fazer escolhas. Que, inclusive, podem dar errado – e muitas vezes dão. Mas também podem dar certo, ou dar errado dando certo de um jeito que não sabíamos que existia.

Do contrário, vamos ficar fingindo que conhecemos o enredo, como o chato da história, e ninguém encontra nada sem se arriscar ao vazio e às perguntas difíceis, com respostas às vezes indigestas. Não há final feliz – o final é sempre a morte, como nos repetiram tantos poetas. O que temos é o presente possível para experimentar por tentativa e erro.
As grandes questões da existência, afinal, são sempre as mesmas – e é para nos lembrar disso que servem os contos de fadas. “Meia-noite em Paris” é um dos bons.

AMIGOS PARA SEMPRE - Márcia Tiburi

A filosofia, cuja etimologia implica a palavra grega Philia que significa amizade, nasceu da amizade entre os homens que, por sua vez, tinham amizade pela sabedoria. Como o amor, a amizade é uma espécie de desejo, mas um desejo diferente da posse. Quando os filósofos falam da amizade entre seres humanos estão dizendo algo muito parecido ao “desejo de saber”, literalmente melhor traduzido por “amizade pela sabedoria” que anima sua atividade. Amigos não eram aqueles que se reuniam em torno da economia, nem em torno da cosmética, da ginástica, nem em torno da culinária ou da retórica. Que laço era este que unia alguns entre si em nome de algo tão complexo como a sabedoria? Qual a forma da relação a que chamamos até hoje amizade se ela é um desejo sem posse? Quando amamos alguém desejando seu bem sem que este seja o nosso próprio bem?

Pessoas de bem
Sócrates defendia que a amizade só acontecia entre pessoas de bem não ocorrendo entre pessoas más e incapazes de amar o outro. Para seguir este raciocínio socrático precisamos nos perguntar se nos encaixamos na definição de uma “pessoa de bem”. Pensava ele que as pessoas totalmente de bem são auto-suficientes, não se pode dizer delas que “precisem” de amigos. Mas todos precisamos e, somos apenas humanos, não somos deuses auto-suficientes. Por isso, concluirá Sócrates no diálogo Lísis de Platão, que para se ter amigos é preciso ser alguém que sabe o que é o mal, mas deseja o bem. Desejar o bem (a alguém ou à sabedoria) é a definição mais perfeita da amizade. Amigo é, portanto, aquela pessoa na qual se acredita que os bens parciais da vida podem se agregar na realização do Bem - com letra maiúscula - que equivalia ao Bem superior, uma espécie de Bem Geral, Bem de todos, para todos, em relação a tudo o que existe. Como se fosse possível falar de um Bem do Cosmos, uma harmonia total no universo que, mesmo sendo uma utopia, é a idéia que deveria nortear as ações das pessoas de bem.

A amizade é uma virtude
Aristóteles, discípulo de Platão, herdou questões de seus antecessores. Para Aristóteles, a amizade é uma virtude. Sendo virtude ela significa a excelência de algo. O modo mais perfeito em que algo como a relação entre seres humanos pode se dar. Ela é, além disso, o objetivo último da vida moral, aquilo que define o ápice de uma vida corretamente vivida. Saber ser amigo equivale a ser ético. É amigo aquele que realiza em si e junto dos outros a excelência moral, ou seja, ele quer o bem das pessoas que ama.
Como virtude, para Aristóteles, a amizade é tanto necessária quanto desejável. Diz ele em seu principal livro sobre as questões morais - a Ética a Nicômaco - que, mesmo alguém que possuísse todos os bens, não gostaria de viver sem amigos. A amizade será até mesmo superior à justiça: quando as pessoas são amigas não é necessária a justiça, mas havendo a justiça ainda precisaremos da amizade.
Aristóteles fala de formas diferentes de amizades: a acidental comum entre idosos e jovens que precisam de amigos úteis que facilitem pensamentos, ações e os apóiem em suas fragilidades, e da amizade perfeita que é aquela que une os homens de bem e que são semelhantes em suas virtudes. A amizade perfeita é rara e incomum, tanto quanto é raro e incomum. Há certa exclusividade na amizade. Quem leva a sério a amizade costuma dizer que tem poucos amigos. O que não quer dizer que não se possa agradar muitos, ao mesmo tempo, oferecendo-lhes bens e vantagens ou simplesmente coisas úteis e agradáveis. Um amigo verdadeiro merece mais que isso.

Querer bem é ser responsável pelo outro
A amizade é uma palavra que se aplica às pessoas das quais se quer o bem enquanto delas pode-se esperar certa reciprocidade. Amigo é aquele que desejamos ver feliz e que quer nos ver do mesmo modo. Muitas pessoas demonstram não ser amigas tanto nos momentos difíceis quanto nos momentos alegres da vida de seus conhecidos. Para ser amigo é preciso alegrar-se com a alegria de outro e ajudá-lo em suas tristezas. Diz Aristóteles que “quando há reciprocidade, a boa intenção é a amizade”. Levando em conta que a amizade é um sentimento que obedece aos limites dos laços humanos, ela exige sempre reciprocidade. Não é, neste caso, apenas um sentimento, mas uma construção de laço com o que há de responsabilidade para sua sustentação. 

O laço que os une é o desejo do bem. Neste caso ela não é um simples sentimento, mas um sentimento complexo que envolve uma noção de liberdade do outro a ser preservada.

Amizade é, sobretudo, desejar o bem de quem se ama, não desejar seus bens, nem proveitos, nem os prazeres que advém de seus bens. Não há amizade que se sustente por interesses, nem pelo status de se ter muitos amigos. Amigo é quem tem que valer por ele mesmo, pelo que é, e não pelo que possui em termos materiais ou pragmáticos. O amigo, como pessoa, não pode ser um meio pelo qual se pode alcançar um outro fim, mas deve ser um fim ele mesmo, o objetivo da amizade.

A amizade não pode ser uma máscara. Por isso, sua noção envolve sempre a verdade da relação para que seja algo excelente. Só é amizade se for verdadeira. Descobrir que um amigo não era verdadeiramente amigo é uma dor que pode ser maior que a perda de um amor. A um amigo, não basta, ser agradável ou útil, mas ter caráter. Nele não está em jogo a paixão que nos torna cegos e, por isso, por ser a amizade uma escolha com forte carga de racionalidade e consciência, sofremos tanto quando somos enganados. A rigor, podíamos ver e saber tudo e nos percebemos traídos por nós mesmos.

VOCÊ SE ARREPENDE DE QUÊ? - Paula Rocha

Pesquisas apontam os principais arrependimentos de homens e mulheres e especialistas ensinam como lidar com esse sentimento indesejado.

Embora Édith Piaf (1915–1963) tenha cantado, já perto do fim da vida, que não se arrependia de nada – na canção “Non, Je ne Regrette Rien” –, poucos são capazes de dizer isso com tamanha segurança. Ao longo de nossa existência, é certo que a maioria de nós terá algum tipo de arrependimento, mesmo que secreto. Uma palavra dita de forma ríspida, uma declaração de amor nunca revelada ou mesmo uma escolha profissional impensada podem desencadear crises desse sentimento indesejado, mas tão comum. O que nem todos sabem, no entanto, é que os motivos que mais geram arrependimentos são diferentes para homens e mulheres. Pelo menos é o que indica um estudo realizado por pesquisadores das universidades de Illinois e Northwestern, nos Estados Unidos. Ao analisarem as respostas de 400 americanos, os pesquisadores concluíram que os homens guardavam mais arrependimentos ligados à vida acadêmica ou profissional – como não ter feito uma faculdade, por exemplo –, enquanto as mulheres confessaram se arrepender mais de questões relacionadas à vida amorosa ou familiar – como não ter se declarado para a pessoa amada. Considerando os dados gerais, contudo, as questões amorosas ficaram em primeiro lugar.

Outra conclusão da pesquisa revelou que, a princípio, tendemos a nos arrepender mais daquilo que julgamos ter feito errado do que das oportunidades que deixamos passar. Com o tempo, porém, as chances perdidas começam a pesar mais. “
Quando repassamos a vida, realizamos uma revisão do passado e a culpa pela falta de iniciativa parece ganhar intensidade”, diz Ana Bock, professora de psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O peso das oportunidades desperdiçadas foi o que motivou a enfermeira australiana Bronnie Ware a escrever o livro “The Top Five Regrets of the Dying” (“Os cinco principais arrependimentos das pessoas no leito de morte”, em tradução livre). Especialista em cuidados paliativos com doentes terminais, Bronnie identificou que a maioria de seus pacientes se arrependia de não ter tomado certas atitudes no passado. “O principal arrependimento foi não ter tido a coragem de fazer o que realmente queriam e sim aquilo que os outros esperavam”, disse.

A paulistana Amélia Miranda, 45 anos, é uma arrependida contumaz. Após viver 17 anos em um casamento em que ela e o marido estavam “separados, mas morando na mesma casa”, como ela diz, Amélia conheceu no ano passado um italiano também divorciado em uma viagem de férias. Apaixonados, chegaram a morar juntos por dois meses, até que ela resolveu, de repente, voltar ao País. “Fiquei com medo de me envolver demais e me decepcionar, então pensei que fugindo poderia esquecê-lo”, afirma. Não deu certo.

“Agora me arrependo de não ter levado o romance adiante.” Já o empresário Gustavo Fernandes, 34 anos, afirma pecar pelo contrário. “Me arrependo mais das ações que tomei do que das que não tomei”, diz. Hoje sócio de uma bem-sucedida rede de escolas no Rio de Janeiro, Fernandes revela que se arrepende de ter aberto negócios que não deram certo e o levaram a amargar prejuízos financeiros no passado. “Mas hoje consigo entender que mesmo as experiências ruins podem trazer algo de bom.”

Para a psicóloga Léa Michaan, aprender com as experiências e com os erros do passado só é possível quando encaramos o arrependimento sem lamentações. “É preciso entender que naquela época você era outra pessoa e fez o que era possível naquela situação”, diz. Opinião reforçada pela também psicóloga Eliete Matielo. “Não adianta nada se fazer de vítima. Se você errou e se arrependeu, enxergue isso como um alerta para não insistir nos mesmos erros”, diz. Mudar atitudes e a forma como lidamos com o arrependimento, porém, não é uma tarefa fácil. “É mais comum encontrar um sujeito ruminando um fato de que se arrepende do que pessoas que percebem na ideia de arrependimento um trampolim para uma mudança de comportamento”, afirma Paulo Mestriner, terapeuta cognitivo comportamental.

Seja por motivos familiares ou profissionais, os arrependimentos fazem parte da humanidade. “Algumas pessoas tentam viver a vida sem arrependimentos, mas acho que isso é injusto com nossa condição humana”, diz Neal Roese, da Universidade de Northwestern, que coordenou o estudo sobre arrependimentos. Afinal, como escreveu Voltaire (1694-1778), “Deus fez do arrependimento a virtude dos mortais”.


A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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