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FERNANDA TORRES – Hugo e o papa

Tenho horror a ver filmes baseados em obras da literatura antes de ler o original. É como se me roubassem o delírio. Resisti cinco minutos na plateia de Anna Karenina, desastrosa versão bufa do romance de Tolstoi para o cinema. Tapei os olhos, se pudesse teria tapado os ouvidos, para evitar que o semblante do elenco se grudasse ao dos personagens.

Os poucos trechos que vi das chamadas do Oscar de Os Miseráveis já foram suficientes para deixar a marca. O tijolo me olhava havia meses da cabeceira da cama, Andréa Beltrão me atiçava a ler, mas a mídia maciça do musical acelerou o ímpeto de encarar as mil e tantas páginas antes que fosse tarde demais. Mesmo sem ter ido ao cinema, na minha imaginação Javert insiste em ser Russell Crowe e Valjean desfila ares de Wolverine.

Mas Victor Hugo é Victor Hugo, é maior que tudo. É Janete Clair e tratado socialista, é melodrama e narrativa histórica. Victor Hugo salvou a Notre Dame da ruína com o Corcunda, atraindo fundos para a recuperação do monumento. Na porta lateral esquerda da catedral, um corcundinha de pedra adorna a fachada em agradecimento.

Victor Hugo é a França e a humanidade. É o povo. De vez em quando acontece de um extraordinário talento explicar não só o seu tempo, mas o porvir.

Impossível, depois de conhecer Cosette, olhar para uma criança de rua e não sentir repulsa pela própria indiferença, a mesma dos burgueses de Montfermeil, que fazem vista grossa para a escravinha dos Thénardier.

Na abertura do conclave que escolheria o novo papa, acompanhei na TV as imagens ao vivo do Vaticano, enquanto lia a descrição de Victor Hugo do convento de Petit-Picpus, onde Valjean se esconde do oficial Javert.

O autor dedica um longo capítulo à condenação do claustro. Faz duras críticas à austeridade monástica e à adoração da morte: “O regime monacal, bom no começo da civilização, útil para a redução da brutalidade, é pernicioso à virilidade dos povos. [...] Os mosteiros, bons no século II, discutíveis no século XV, são detestáveis no século XIX”.

Eu, ali, admirando a Cúria em pleno século XXI, olhando com desconfiança a inexistência das mulheres e o celibato dos eclesiásticos, ciente dos últimos escândalos, me encontrei na repulsa de Victor Hugo.

Mas, depois de afirmar que “a tomada de hábito é um suicídio recompensado com a eternidade”, de cobrir o leitor de razões para renegar “uma filosofia que resume tudo no monossílabo não”, no apagar do sétimo livro de Cosette, o autor lança mão de um pequeno capítulo intitulado “Fé e lei”, no qual diz:

“Censuramos a Igreja quando saturada de intrigas, desprezamos o espiritual que não poupa o temporal, mas honramos sempre o homem que pensa.

Saudamos quem se ajoelha. Uma vez ao menos isso é indispensável ao homem. Desgraçado de quem não crê em nada”.

Para fechar, Hugo enaltece a fé.

Dois dias depois, meu orgulho patriótico sofreria o baque com a notícia de que o papa era argentino. E olha que eu adoro a Argentina. A vaidade besta desapareceu quando fui apresentada a Francisco.

Bento XVI era sinistro até quando sorria, faltava nele o carisma. Francisco o tem de sobra. Passei a admirar Bento XVI depois da renúncia. Não havia por que repetir o papel de santo mártir que João Paulo II encarnou como ninguém. A abdicação de Bento XVI faz da exceção a regra. Os futuros papas, uma vez privados de sua força física, se sentirão no direito e, até, no dever de se aposentar.

Francisco tem bochechas grandes, um sorriso relaxado, quebra protocolos e anda de van. Escolheu Francisco de Assis como guia depois que o cardeal brasileiro Claudio Hummes o aconselhou a não esquecer os pobres. O calor humano da figura de Francisco produziu, em mim, o mesmo efeito do capítulo VIII de Cosette, o de reconciliação.

A presença de João Paulo II nas canecas, chaveiros e retratos das vitrines das lojas de suvenir do entorno do Vaticano é esmagadora. Tenho certeza de que Francisco, já, já, vai dominar o comércio local.

E termino agradecendo a Nossa Senhora Cármen Lúcia a graça concedida ao Espírito Santo e ao Rio de Janeiro na questão dos royalties do petróleo.
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FERNANDA TORRES - Orelha não tem pálpebra

 

Tenho horror a barulho. Só consigo raciocinar com a casa em silêncio. Até a música me incomoda, um traço de personalidade do qual não guardo o menor orgulho.

E não há nada que me enerve mais do que o volume abrupto do horário comercial e das chamadas da programação de TV. Os cling, cong, pãpãpãs e tátátátás. Sou o gatilho mais rápido do oeste para acionar o botão do mute. Sei de cor sua localização nos mais diversos controles remotos e gostaria de dar um prêmio ao gênio que inventou o atalho.
Assim como 80% da audiência nacional, acompanhei de boca aberta a saga de Carminha e cia., haja maldade humana, mas toda vez que o oi, oi, oi, oi… gane, anunciando o intervalo, minha espinha se eriça e o dedo corre para o botãozinho analgésico.
Conjecturei com meu esposo a respeito desse ataque-surpresa ao ouvinte desavisado e ele me explicou que a prática tem um nome: stopping power. Trata-se da capacidade que um reclame, ou inserção que seja, tem de prender a atenção do desatento. O objetivo é evitar que o ser humano vá até a cozinha, ao banheiro, brinque de boneca, leia, converse e se esqueça de olhar a TV.
Consultei o oráculo. A Wikipédia afirma que a origem do termo é bélica. Stopping power “representa o poder que um calibre de arma de fogo possui para pôr fora de combate um oponente atingido com um único disparo, preferencialmente sem necessidade de matá-lo”. Curioso que a expressão tenha sido adotada pelo entretenimento e pela propaganda e que a vítima dos cucunssss, quequéuns, plunct, plact e zooms seja o espectador.
O som é o mais invasivo dos sentidos, orelha não tem pálpebra.
O plim-plim da Globo é agudo e penetra nos tímpanos até as zonas mais primitivas do cerebelo, mas não deixa de soar gentil.
A onda de cinema apocalíptico da virada do milênio, com títulos como Armageddon, Vulcano e 2012, causou a surdez precoce em muita gente. Do meio dessas películas para o fim, as cenas se desdobram em explosões e cataclismos naturais, incêndios e colisões impulsionadas pelo vigor dos decibéis THX. O subwoofer embrulha o estômago, o chão treme, os estalos colam a gente na cadeira e, em vez de encontrar no cinema uma forma de elevação, o prazer vem da força desorientadora que chacoalha a razão.
A maioria dos filmes de hoje se compara mais a uma montanha-russa do que a um livro ou uma peça de teatro. Gosto de 007, Missão Impossível e Duro de Matar, mas desisti dos de guerra, de super-heróis e dos sobre o fim do mundo. Esses só me causam alívio quando terminam. Em alguns casos, apenas o Dramin dá fim à zonzeira. O THX tem muito a ver com isso.
O stopping power é um desafio para a internet. A publicidade estuda formas de impor sua presença na rede, o que é com­preen­sível, mas esbarra no caráter independente do usuário de computador. A solução mais agressiva é a das janelas que tomam a página desejada sem pedir licença. Enquanto o mouse não encontra o minúsculo xizinho para encerrar a tortura, o jingle se alastra pelo ambiente. Confesso que me recordo involuntariamente dos anúncios que me foram impostos dessa maneira; o que não sei é se a deselegância agrega uma boa imagem à marca que se vale de tão baixo artifício.
Os filmetes de internet dirigidos por Polanski e Scorsese para a Prada e para uma marca de espumante espanhol são dois grandes exemplos de como conquistar seguidores e não ser grosseiro. Clássicos, inteligentes, irônicos e bem filmados à beça, eles têm uma estratégia de lançamento requintada e silenciosa. Como uma mulher sedutora, os curtas exigem que a gente os procure, deseje, queira ver, e não o contrário. Não há nada pior do que mulher atirada, barulhenta e espaçosa.

FERNANDA TORRES - Sisifo

Sou mulher, irmã e amiga de cineasta. A proximidade me fez conviver com os meandros do lançamento de uma película, em que os riscos são grandes e as chances de se danar, quase certas. Os blockbusters americanos pautam o calendário, e os filmes brasileiros se espremem nas datas que sobram, sempre pressionados pelos gigantes. O grande divisor de águas do segundo semestre de 2012 é Amanhecer. Os vampiros sugaram 1213 das 2000 e poucas salas de exibição do Brasil, perfazendo a assombrosa média de 1769 pessoas por sala no primeiro fim de semana. Para se ter uma ideia, um filme médio costuma ir para a rua com 100 cópias e é considerado um êxito se cumprir o mínimo de 1000 pessoas por cópia entre sexta e domingo.

Até que a Sorte Nos Separe entrou na briga com audaciosas 415 salas, encontrou uma brecha antes de a vampirada pousar, apostando em dois feriados longos entre os meses de outubro e novembro. O delicioso Hassum fez bonito e deve chegar a 3 milhões de espectadores. O belíssimo Gonzaga se valeu da mesma estratégia e deve bater em mais de 1 milhão e meio de bilhetes vendidos. Os Penetras, que acompanho de perto, escolheu a baixa da draculândia, quando as 1213 salas ocupadas sofrem uma queda, abrindo espaço para que os peixes-pilotos nacionais matem a fome. A esperança é persistir nas férias sem ser atropelado pelo Batmóvel ou pelo martelo do Thor.

A matemática é justa. Erra-se tanto se o filme abre demais e diminui a frequência por sala quanto se abre de menos e manda o público de volta para casa.

O cinema é um cassino. Quanto mais cópias se põem na rua, mais cara se torna a campanha publicitária. O investimento arriscado em mídia é o primeiro a retornar para o bolso do distribuidor. O produtor só saberá o que é lucro depois de pagar por esse aporte. É crucial romper a barreira de 1 milhão de espectadores.

Mas 1 milhão é gente pra chuchu. Woody Allen e Almodóvar rendem, em média, de 200000 a 400000 ingressos. Argo, excelente filme de Ben Affleck, provável concorrente ao Oscar, atraiu, até agora, tímidos 160000 cinéfilos. A diferença é que os filmes estrangeiros já chegam pagos aos trópicos. Allen fecha suas contas em mais de uma praça. Aqui, com raras exceções, só contamos com o mercado interno. Um filme mais sensível, ou cabeçudo, que chegue ao mesmo resultado do brilhante A Pele que Habito é considerado fracasso.

Sempre me pareceu curioso que a estante dedicada aos filmes brasileiros nas locadoras não seja separada por gêneros. O cinema nacional é um gênero em si, no qual comédias, dramas sociais e políticos, documentários e histórias infantis são colocados no mesmo saco. Não à toa, sempre existe uma corrente predominante. Nos anos 70, foi a pornochanchada, no renascimento, o favela movie e, hoje, as comédias urbanas são as que se mostram economicamente viáveis.

Seria bom assistir a terror, dramas burgueses à moda argentina, suspense, aventura e filmes-denúncia em português. Nosso país é complexo o suficiente para inspirar todo tipo de trama. A premência do resultado inibe o risco artístico, apresentamos sempre mais do mesmo até que alguma exceção mude o rumo do mercado. Deus e o Diabo fez isso, e também Dona Flor, Xica da Silva, Carlota Joaquina, Central do Brasil, Cidade de Deus, Carandiru, Tropa de Elite e Se Eu Fosse Você.

Um realizador demora de dois a sete anos, se tiver sorte, para carregar seu revólver com uma única bala na agulha. O destino de sua obra estará selado nas primeiras 72 horas. Caso não atinja o alvo na mosca, o filme sairá de cartaz na semana seguinte. E, mesmo que ele tenha êxito, um bom resultado não garante o futuro.

É a profissão que mais se assemelha ao mito de Sísifo, do homem condenado a empurrar uma gigantesca pedra até o alto de uma montanha para, uma vez lá, vê-la rolar ladeira abaixo, pronta para ser arrastada outra vez.

Por isso, a pergunta inocente: “Qual o seu próximo projeto?”, ouvida por dez entre dez diretores nas pré-estreias de seus longas, muitas vezes me soa trágica.

FERNANDA TORRES - Mundo animal

No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam juntos, cerca de dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar as nuvens sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas. Depois, planam de volta, dando rasantes na varanda de casa. O grupo dorme na copa das árvores e lembra o dos carcarás do Mogli. Às vezes, eles costumam pegar sol no terraço. Sempre que dou de cara com um, trato-o com respeito. O urubu é um pássaro grande, feio e mal-encarado, mas é da paz. Ele não ataca e só vai embora se alguém o afugenta com gritos.

Recentemente, notei que um bem-te-vi aparecia todos os dias de manhã para roubar a palha da palmeira do jardim. De vez em quando, trazia a senhora para ajudar no ninho. Comecei a colocar pão na mesa de fora, e eles se habituaram a tomar o café conosco. Agora, quando não encontram o repasto, cantam, reclamando do atraso. Um outro casal descobriu o banquete, não sei a que gênero esses dois pertencem. A cor é um verde-escuro brilhante, o tamanho é menor do que o do bem-te-vi e o Pavarotti da dupla é o macho. Sempre me impressiono com o volume dos trinados vindos de um bichinho tão pequeno.

A ideia de prender um passarinho na gaiola, por mais que ele se acostume com o dono, é muito triste. Comprei um periquito, uma vez, criado em cárcere privado, e o soltei na sala. Achei que ele ia gostar de ter espaço. Saí para trabalhar e, quando voltei, o pobre estava morto atrás da poltrona. Ele tentou sair e morreu dando cabeçadas no vidro. Carrego a culpa até hoje. De boas intenções o inferno está cheio.

Vi a notícia de uma pesquisadora do Pantanal que espalhou abrigos de madeira pela região para ajudar na reprodução das araras-azuis. Uma ideia simples que fez diferença e ainda contribuiu para que outros irmãos penados, como corujas e águias, tivessem um teto. Estou pensando seriamente em fazer o mesmo aqui.

Quase infartei de espanto no dia que vi a capivara da Lagoa. Eu não esperava que fosse tão grande. Era um sábado ensolarado, ela estava dormindo na beira d’água, debaixo do manguezal. Os pelos eram como agulhas pontudas e juntou gente para tirar foto. Soberana, a bicha nem se importou com a fama, levantou a cabeça, olhou em volta e retomou o cochilo.

Estive no Zimbábue em 1996. A vida selvagem da África é tão imperiosa que o hotel recebia a visita habitual de elefantes, javalis e babuínos. Não estou falando de uma reserva afastada, era na zona urbana que circunda Victoria Falls. Havia placas espalhadas por todo o lodge alertando os visitantes de que não era seguro brincar com os animais.

Os javalis enfezados encaravam a gente no caminho do lobby e os macacos invadiam os quartos. Nós, homens, éramos menos donos dali do que eles, uma inversão rara de sentir no mundo civilizado, um receio ancestral de ser mais frágil, mais lento e menos preparado para sobreviver à seleção natural das espécies.

Na Índia, os animais também dominam as ruas, andam em gangues e te miram com curiosidade. É uma experiência estranha a de pedir licença aos macacos para entrar em um templo ou se sentar para jantar.

O Rio de Janeiro existe entre lá e cá, entre o asfalto e a Mata Atlântica, mas a fauna daqui é mais delicada do que a africana e a indiana. Quem tem janela perto do verde conhece bem o que é conviver com os micos. Nos meus tempos de São Conrado, eu costumava acordar com um monte deles esperando a boia. Foi a primeira vez que experimentei cativar espécies não domesticadas.

Lanço aqui a campanha: crie vínculos com um curió, uma paca ou um formigueiro que seja. Eles são fiéis e independentes, não exibem sinais de carência e conectam você com a mãe natureza.

Experimente, ponha um pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece.

FERNANDA TORRES - Fusão

Uma das sensações mais estranhas para um filho de atriz é ver a sua mãe possuída por alguém que não é exatamente ela, embora seja. Quando pequena, eu evitava assistir à novela Sangue do Meu Sangue porque o personagem da minha progenitora apanhava demais do marido. Também sentia vergonha na plateia de Seria Cômico Se Não Fosse Sério, quando Zanoni Ferrite cortejava a desvairada Alice. Mais velha, substituí por uma noite a menina que fazia a filha de Petra Von Kant. Nunca mais esqueci o rosto transtornado e a fúria de minha mãe deitada no chão, bêbada, como que em transe. Desde então, trabalhamos juntas diversas vezes, a ponto de eu achar que havia me curado do mal-estar da juventude. Coube ao filme Central do Brasil ressuscitar os medos atávicos. Nele, Dora, a ex-professora que escreve cartas para analfabetos na estação de trem, aceita levar um menino órfão de volta para o pai, no Nordeste. Assim que embarca no ônibus, Dora saca uma garrafa de pinga da bolsa e entorna pelo gargalo. Diante da cena, senti, novamente, o velho embaraço de ver dona Fernanda louca, descomposta e mãe de coisa nenhuma. Suspeito que a ideia da bebedeira tenha saído da cabeça de João Emanuel Carneiro, corroteirista do filme. A crueldade do núcleo principal de Avenida Brasil cultiva a mesma dureza. A sensação de que o mundo adulto é tão ou até mais desamparado do que o infantil. Na semana passada, corri para tirar a maquiagem depois de um dia longo no estúdio. No camarim, a TV estava ligada na novela das 9. Parei. Carminha largava o filho no lixão. O único alento para o ato funesto era o olhar amoroso de Vera Holtz; o resto, silêncio. Fui tomada pela mesma insegurança que me abateu no Central. A Adriana deve gravar tanto, decorar tanto, que não há mais resistência para a ardilosa Carminha. Não se vê mais a atriz, só sobrou a personagem. É um vício comum no intérprete a exibição das lágrimas como se fossem troféus. As de Adriana, não; bem antes de cair, já enchiam os olhos de mágoa, mirando o filho desaparecer pelo retrovisor. Medalha de honra para o diretor Gustavo Fernandez. Voltei deprimidíssima para casa. No dia anterior, eu tivera a sorte de ouvir os dez cornos repetidos em série por Marcello Novaes. Uma surra de impropérios digna do pior cafajeste de Nelson Rodrigues, tão canalha que chegava a dignificar a cornidão heroica de Tufão. Na sua novela anterior, A Favorita, João propôs começar a trama sem estabelecer com clareza quem seria a heroína e quem seria a vilã. Em Avenida Brasil, fez diferente, definiu de saída, sem espaço para dúvidas, para depois subverter os papéis. É um dramaturgo e tanto. Se é que existe algo que ainda não foi dito sobre Avenida Brasil, cito aqui a cinematografia com que são feitas, principalmente, as externas. Há uma utilização muito precisa das lentes, do desfoque do primeiro plano e da profundidade de campo. Durante muitos anos, o cinema e o vídeo trilharam caminhos separados, quase opostos. O primeiro era feito em película e o outro em tape. Não havia conversa. A revolução tecnológica do início do milênio aposentou o celuloide e ampliou as nuances da captação digital. Hoje, cinema e TV falam a mesma língua. Cabe aos envolvidos explorar os recursos advindos dessa fusão. Ricardo Waddington é meu cunhado. Graças a essa proximidade, pude acompanhar as dezenas de visitas feitas por ele a feiras de equipamentos, bem como a contratação de técnicos que redefiniram as rotinas de som e luz de seu núcleo na TV Globo. Esse apuro tecnológico, hoje, dimensiona o realismo cortante de Avenida Brasil. Cordel Encantado, também dirigida por Amora Mautner, foi um divisor de águas, mas a atual trama das 9 leva o padrão ainda além. É uma televisão que aponta para o futuro e quebra uma barreira de linguagem importante, dando um peso cinematográfico ao carro-chefe da programação. Que venham outras em seu lugar.

FERNANDA TORRES – Exéquias

Até hoje alimento a desconfiança de que o passarinho 
era o Felipe Pinheiro se despedindo.

EM 1897, uma expedição científica ao Ártico levou uma família de inuítes para ser estudada no Museu de História Natural de Nova York.
Morreram todos, vítimas das viroses dos brancos, com exceção de um menino de nome Minik e de um adulto que retornou para a Groenlândia. O museu destinou uma de suas vitrines para a exibição das ossadas.
Minik tentou reaver o direito sobre os restos mortais do pai e dos parentes por toda a vida, até sucumbir à influenza, em 1918. Na sua crença, a alma dos insepultos está condenada a vagar pela eternidade caso não repouse no chão.
O tormentoso além só teve fim graças ao canadense Kenn Harper, que, em 1993, realizou o funeral do clã em solo pátrio. Nesse mesmo ano, morreu Felipe Pinheiro, ator, escritor e primeiro óbito chocante da minha juventude.

Longe do Brasil, não pude enterrar meu amigo.
No dia em que voltei, abri a porta de casa e recebi uma visita inquietante. Um passarinho saiu da floresta e pousou perto de mim. Não contente, subiu pelo braço e se instalou no meu ombro.
Passamos incontáveis horas juntos. Perambulamos pelos cômodos. Desfiz as malas e adormeci com o curió ainda ao redor. Quando acordei, ele não estava mais lá. Ele nunca mais esteve lá.
Não sou espírita. Creio que virarei adubo de árvore ou árvore, ou quem comer da tal árvore; mas até hoje alimento a desconfiança de que o pequeno ser emplumado era o Felipe se despedindo de mim. Delírio confesso. Fruto, talvez, do fato de eu não tê-lo sepultado.

Fiz uma novela com Jardel Filho em 1981: "Brilhante". Por razões óbvias, nunca fomos íntimos, mas compareci ao enterro de Jardel.
Nosso contato mais próximo se deu enquanto esperávamos para entrar em cena, atrás da porta do cenário da mansão. Metido em um smoking 007, o mítico revolucionário de "Terra em Transe" virou seus faróis azuis na minha direção e me perguntou o que eu achava dele no papel do milionário Bruno Newman.
Eu tinha 16 anos e não me lembro de ter respondido. Me recordo apenas da surpresa petrificante de ver o amor de Cacilda Becker em "Floradas na Serra", atrás de uma tapadeira, me pedindo uma opinião. Jardel morreria no folhetim seguinte: "Sol de Verão", em pleno Carnaval de 1983.

O velório ocorreu no foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, ao som do Baile do Bola Preta, que comia solto do outro lado da rua.
"Quem não chora não mama
Segura, meu bem
A chupeta
Lugar quente é na cama
Ou então
No Bola Preta"

Uma longa fila de homenagens se dirigia ao caixão. O morto, postado em frente à escadaria principal, estava rodeado por uma procissão de fãs, jornalistas e notáveis, além de pierrôs, colombinas,
travestis e bêbados da folia da Cinelândia. Glauber Rocha, que morrera estapafurdiamente dois anos antes, teria feito um filme e tanto daquela noite.

Estar presente no ritual das exéquias de Jardel me ligou definitivamente a ele, enquanto a ausência no de Felipe me fez encarná-lo em animais silvestres.

Sabem tudo esses esquimós.

Dedico essas linhas a Leon Cakoff, a quem não pude dar adeus. 

FERNANDA TORRES – Orgia

Apesar da voracidade e do cheiro de bolha inflacionária, 
comemorei a boa fase da arte no Brasil.

A travessia africana de Carl G. Jung, narrada no livro "Memórias, Sonhos, Reflexões", termina com um exótico embate diplomático no Sudão profundo. Partindo de Mombaça, no Quênia, em direção à nascente do Nilo, a expedição cruza as terras altas dos Massais até atingir o território "dos pretos mais pretos que já conheci", segundo as palavras do psicanalista.

Cansados, os viajantes se preparam para dormir, quando são surpreendidos por uma dezena de guerreiros armados de lanças. Com medo de um ataque, Jung e os outros trocam oferendas e veem o grupo se retirar. Já na vigília, o suíço escuta uma violenta algazarra do lado de fora da barraca.

São os guerreiros que retornam acompanhados do restante da tribo. Animados, erguem uma imensa fogueira e se dividem em dois círculos, o das mulheres por dentro e o dos homens por fora, e se põem a dançar freneticamente em torno do fogo.

Aliviados com a recepção amigável, os europeus assistem pasmos à cerimônia imemorial que se estende pela madrugada. Jung comunga do transe nativo, grita, rebola, bebe e roda o chicote, até que, vencido pelo cansaço, sugere, com tato, uma retirada ao chefe. Mas o cacique responde que não, que eles querem dançar mais, e manda acelerar o batuque. Outra hora de catarse e nada do suado festejo ter fim.

Desesperado de sono, Jung, entre o sério e o jocoso, ordena com voz de lobo mau que a balbúrdia termine. E arrisca estalar o chicote, em uma exibição de força digna de um babuíno enraivecido. Surpresos com a atitude do estranho, os africanos estancam. Jung receia tê-los ofendido, mas uma gargalhada geral reverbera na selva e os faz retomar o incontrolável rito. Já sem humor, o branco repete enfático a sua pantomima de insatisfação. O líder, finalmente, entende o recado e comanda a debandada.

O som longínquo da orgia ressoa até a tarde do dia seguinte.

Lembrei-me do causo ao adentrar a Art Rio, feira de arte contemporânea que aconteceu no Rio de Janeiro em meados de setembro.

Sempre gostei de passar as tardes em museus, de ir aos ateliês dos amigos, às galerias e bienais, mas
jamais havia estado em uma feira de arte. Ao contrário dos exemplos anteriores, todos filtrados por um olhar, seja o do curador, do galerista ou do próprio artista, na feira, cabe a você separar o que é arte do que é excesso.

O domingão de sol com as crianças, somado ao calor abafado e à extensão da mostra, proporcionaram uma visão distorcida do evento. Os estandes, com divisórias repletas de desenhos, esculturas, pinturas, instalações e vídeos, todos à venda, pareciam uma feira de adoção de animais em surto coletivo semelhante ao dos sudaneses de Jung.

As sessões privadas para colecionadores, razão primeira da iniciativa, devem ter causado outra impressão. O real forte e a falta de dinheiro no Primeiro Mundo merecem ser capitalizados, temos que compensar o exílio do "Abaporu", mas em meio a tanto de tudo: tanta gente, tanta obra, tanta expressão por metro quadrado, Di Cavalcanti, Mourão, Koons e Barrão se equivaliam pelos cantos.

A instalação do Ernesto Neto na Estação da Leopoldina, onde passei com a família antes de me dirigir ao mercado -um intestino rugoso que digere visitantes a dez metros de altura- essa sim, me trouxe contemplação. A feira, não, a feira me deu angústia.

Dentre todas as manifestações artísticas, as artes plásticas são as que melhor se adaptaram aos valores atuais, tão ligados à economia e às massas. O teatro, a literatura, o cinema e a música ainda permanecem órfãos do século 20.

Com vantajosa liquidez, as artes plásticas se transformaram em um fenômeno popular comparável à culinária, à moda e à decoração. O luxo para todos. E fez isso sem perder o caráter íntimo de seus artistas. Mesmo amontoados, Moore, Hirst, Tarsila e Varejão resistiam sendo Moore, Hirst, Tarsila e Varejão.
Apesar da voracidade e do cheiro de bolha inflacionária da quermesse dominical, comemorei a boa fase da arte no Brasil. Mas tive vontade de rodar o chicote e gritar: "Comprem tudo de uma vez e, pelo amor de Deus, levem essas pobres obras para casa!".

FERNANDA TORRES - Chame o ladrão

A contar pela quantidade de assaltos a residência, arrastões e paradinhas de sinal de que tenho tido notícia, o efeito colateral das UPPs começa a se fazer sentir nas ruas do Rio de Janeiro.

Talvez as estatísticas provem o contrário. É um parâmetro subjetivo, o de se basear no que se vê ao redor, mas são tantas ocorrências com pessoas próximas que desconfio não estar enganada.

Meu filho gosta de andar de skate na bem-vindíssima pista recém-inaugurada na Lagoa. Por anos, o Gil, professor que dava aulas na quadra improvisada, organizou abaixo-assinados pedindo a construção de uma rampa ao lado do antigo bowl. Hoje, centenas de praticantes lotam o espaço semanalmente. A iniciativa da população e a boa escuta das autoridades funcionaram harmonicamente. Tudo exemplar.
O problema é que o lugar virou um foco de assaltos leves que visam, justamente, a moleques como meu filho.
Um amigo dele já foi abordado tantas vezes que criou técnicas para escapar. Outro dia, mentiu dizendo que havia acabado de entregar tudo a um assaltante. O bandido acreditou e o deixou andar. Até os larápios estão conscientes de que a concorrência anda acirrada. De outra vez, esse mesmo menino se livrou da limpa porque lembrou o pivete de que havia pago um refrigerante a ele dois dias antes. E ainda teve um homem que o mandou deixar o par de tênis atrás da árvore e sair descalço. Esse se autoproclamava o Robin Hood da Rodrigo de Freitas e não deu espaço para conversa.
Tenho um casal de amigos que mora há mais de dez anos em uma casa nas cercanias da Rocinha, em São Conrado. Eles jamais haviam enfrentado invasões até que, um mês atrás, deram de cara com um vulto tentando escalar a palmeira para alcançar o 2º andar. A casa, agora, está cercada por arame farpado, um rottweiler bebê foi agregado à família e um vigia faz a ronda 24 horas por dia.
Não é muito diferente das paliçadas dos portugueses do Brasil Colônia, em pânico com os ataques dos nativos comedores de gente.
Do lado de cá da divisa dos Dois Irmãos, a casa de outro conhecido, no Alto da Gávea, foi a única que só sofreu tentativa de roubo; os dois vizinhos foram amarrados e depenados em duas madrugadas seguidas. Um dos ladrões teria dito que não gostava do que estava fazendo, mas, no momento, não lhe sobrava outra opção.
O fim do lorde da bandidagem, que controlava o território com poderes de rei e coração de carrasco, sofreu um baque considerável. A velha ordem de não criar problema com a vizinhança acabou. Agora, o cada um por si e Deus contra todos virou o lema da contravenção.
São Paulo, ao contrário, enfrenta investidas armadas proporcionais ao seu poderio. São ações organizadas e execuções precisas. Apavorantes. A violência de São Paulo cresceu em estratégia; a do Rio, tudo indica, ficou mais primitiva.
Na Rua Marquês de São Vicente tem um homem atrás de um poste no longo muro da PUC especializado em furtar estudantes que descem a ladeira em direção à zona comercial do bairro. Ele trabalha no local. Como policiar tantas esquinas?
Para espanto meu, um amigo francês afirmou que nenhuma mulher anda sozinha à noite em Paris. Não visito a Cidade Luz há um bom tempo e, se não fosse pelo alerta, certamente me arriscaria a levar facadas no Quartier Latin. O perigo das ruas é a única real frustração que sinto de viver no Brasil. Andar sem medo era um dos grandes prazeres da velha Europa e da rica América. Não mais.
A civilização trouxe a ilusão de que o pavor atávico de fazer parte do cardápio habitual dos grandes carnívoros havia chegado ao fim. Pura ilusão. Hoje, as leis anti-imigração do Primeiro Mundo e os condomínios fechados do Brasil são duros paliativos para a mesma desgraça.
O verso “Chame o ladrão” da canção se referia ao pavor da repressão policial durante a ditadura militar. Diante dela, melhor o ladrão. Quarenta anos depois, o contexto muda, mas os versos continuam oportunos. Com tristeza, dá vontade de chamar o ladrão para organizar o exército de desesperados que se viu obrigado a viver de bico.

FERNANDA TORRES - Marginais

Não tinha nada a ver com reivindicação social,
era o mal-estar da sociedade em pessoa, pegando um ônibus.

Em 1996, passei uma curta temporada em Graz, na Áustria. Fui visitar Gerald Thomas, que dirigia uma ópera para o teatro municipal da cidade.

Uma manhã, ao embarcar em um impecável ônibus articulado lotado de senhorinhas europeias, dei de cara com três jovens, dois meninos e uma menina, refastelados no banco comprido para mais de três pessoas. Pareciam astros de rock não muito afeitos a banho, e destoavam por completo da placidez do restante do coletivo.

Um dos rapazes e a moça se beijavam em um duelo de línguas digno de "Alien, o Oitavo Passageiro". Ela abriu a braguilha dele e meteu a mão cueca adentro. Era o preâmbulo de um coito agressivo que prometia acontecer ali, diante de nós.

Uma velhinha se levantou, devia ser o ponto dela, e se viu obrigada a cruzar a bacanal. O moleque que não estava possuindo a ninfeta barrou a passagem. Com três palmos a mais do que a anciã austríaca, ele se curvou sobre ela como um general nazista e descarregou um rosário de impropérios naquele idioma que xinga como nenhum outro.

Os passageiros se fizeram de mortos, reféns da furiosa insatisfação juvenil. Eu fugi. Desci no ponto com a velha dama. Não arrisquei ficar para assistir a orgia.

A limpeza das ruas, a excelência do transporte público, a paisagem bucólica, todas as dádivas do império Austro-Húngaro iam de encontro ao desassossego espiritual dos guris. Não tinha nada a ver com reivindicação social ou posicionamento artístico, era o mal-estar da sociedade em pessoa, pegando um ônibus, em uma manhã de sol no Tirol.

Me lembrei do ocorrido ao ler a declaração do curador da Bienal de Berlim, Artur Zmijewski, depois de ser acertado por um balde de tinta amarela, atirado pelo pichador brasileiro Cripta Djan.

Durante um workshop, o grupo de Djan pichou as paredes da igreja centenária que servia de sede para o evento. Não era o combinado, os artistas deveriam se ater aos tapumes instalados pela curadoria.

Segundo, Zmijewski, "O objetivo final dos pichadores é autopropaganda de políticas da pobreza e da luta da classe baixa contra os ricos no Brasil. A igreja é propriedade de uma sociedade civil, cujo objetivo é coletar dinheiro para renovar prédios históricos e abri-los para distintas atividades culturais do público".
A bem-intencionada associação da qual faz parte a igreja estaria fora do suposto alvo de ataque dos brasileiros: o capital maligno gerado pela burguesia paulista.

Em uma entrevista dada à Folha, pouco antes de embarcar para a Alemanha, Djan foi bem claro a respeito das motivações que o norteiam.

"Esse movimento da pixação com 'x' começou mesmo com os punks, tá ligado? A galera tinha esse lance de protestar, esse cunho político [...] Não era aquele político da época da ditadura, mas o punk tinha uma linha de anarquia e tal, sempre protestando e questionando. A motivação dos caras é a disputa. É essa busca existencial, sabe? O cara não era porra nenhuma... Na pichação, ele encontra uma forma de ser reconhecido sem a questão do dinheiro, né?"

Zmijewski acertou ao falar em autopropaganda de políticas da pobreza, mas errou em achar que esses grupos fariam diferença entre os bons e os maus ricos. É anarquismo, Bakunim. São bandos, gangues, marginais no sentido heroico de Hélio Oiticica.

Esperar do Cripta outra atitude que não aquela, é querer domar o que os move.

Da mesma forma, achei oportuna a intervenção de Caroline Pivetta da Mota na Bienal de São Paulo, pichando o vazio da arte que a mostra pretendia discutir. Botaram a polícia em cima. Tinham mesmo que botar, caso contrário, a atitude de Caroline ficaria incompleta.

Manifestações artísticas desse tipo forçam a mais liberal, social e sacra das instituições para a posição do poder castrador. Se isso não acontecer, o ato é falho.

Não importa o tamanho do seguro-desemprego, o trio do "busum" austríaco tem parentesco com o pessoal de Barueri. "Todo mundo tem um vazio dentro de si", diz Caroline. O curador é que acha que a luta de classe é a única forma de insatisfação legítima do lado de baixo do Equador.

FERNANDA TORRES - Mundo animal

No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam juntos, cerca de dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar as nuvens sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas. Depois, planam de volta, dando rasantes na varanda de casa. O grupo dorme na copa das árvores e lembra o dos carcarás do Mogli. Às vezes, eles costumam pegar sol no terraço. Sempre que dou de cara com um, trato-o com respeito. O urubu é um pássaro grande, feio e mal-encarado, mas é da paz. Ele não ataca e só vai embora se alguém o afugenta com gritos.

Recentemente, notei que um bem-te-vi aparecia todos os dias de manhã para roubar a palha da palmeira do jardim. De vez em quando, trazia a senhora para ajudar no ninho. Comecei a colocar pão na mesa de fora, e eles se habituaram a tomar o café conosco. Agora, quando não encontram o repasto, cantam, reclamando do atraso. Um outro casal descobriu o banquete, não sei a que gênero esses dois pertencem. A cor é um verde-escuro brilhante, o tamanho é menor do que o do bem-te-vi e o Pavarotti da dupla é o macho. Sempre me impressiono com o volume dos trinados vindos de um bichinho tão pequeno.

A ideia de prender um passarinho na gaiola, por mais que ele se acostume com o dono, é muito triste. Comprei um periquito, uma vez, criado em cárcere privado, e o soltei na sala. Achei que ele ia gostar de ter espaço. Saí para trabalhar e, quando voltei, o pobre estava morto atrás da poltrona. Ele tentou sair e morreu dando cabeçadas no vidro. Carrego a culpa até hoje. De boas intenções o inferno está cheio.

Vi a notícia de uma pesquisadora do Pantanal que espalhou abrigos de madeira pela região para ajudar na reprodução das araras-azuis. Uma ideia simples que fez diferença e ainda contribuiu para que outros irmãos penados, como corujas e águias, tivessem um teto. Estou pensando seriamente em fazer o mesmo aqui.

Quase infartei de espanto no dia que vi a capivara da Lagoa. Eu não esperava que fosse tão grande. Era um sábado ensolarado, ela estava dormindo na beira d’água, debaixo do manguezal. Os pelos eram como agulhas pontudas e juntou gente para tirar foto. Soberana, a bicha nem se importou com a fama, levantou a cabeça, olhou em volta e retomou o cochilo.

Estive no Zimbábue em 1996. A vida selvagem da África é tão imperiosa que o hotel recebia a visita habitual de elefantes, javalis e babuínos. Não estou falando de uma reserva afastada, era na zona urbana que circunda Victoria Falls. Havia placas espalhadas por todo o lodge alertando os visitantes de que não era seguro brincar com os animais.

Os javalis enfezados encaravam a gente no caminho do lobby e os macacos invadiam os quartos. Nós, homens, éramos menos donos dali do que eles, uma inversão rara de sentir no mundo civilizado, um receio ancestral de ser mais frágil, mais lento e menos preparado para sobreviver à seleção natural das espécies.

Na Índia, os animais também dominam as ruas, andam em gangues e te miram com curiosidade. É uma experiência estranha a de pedir licença aos macacos para entrar em um templo ou se sentar para jantar.

O Rio de Janeiro existe entre lá e cá, entre o asfalto e a Mata Atlântica, mas a fauna daqui é mais delicada do que a africana e a indiana. Quem tem janela perto do verde conhece bem o que é conviver com os micos. Nos meus tempos de São Conrado, eu costumava acordar com um monte deles esperando a boia. Foi a primeira vez que experimentei cativar espécies não domesticadas.

Lanço aqui a campanha: crie vínculos com um curió, uma paca ou um formigueiro que seja. Eles são fiéis e independentes, não exibem sinais de carência e conectam você com a mãe natureza.

Experimente, ponha um pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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