A maioria das pessoas não percebe é que um aspecto que nos
faz nos apegarmos a certos pontos de vista (em detrimento de outros, mais
eficientes) está diretamente relacionado com nosso próprio funcionamento
cerebral.
Todo mundo quer acertar. Não importa a área da vida –
ansiamos por ter ideias inteligentes, fazer a melhor escolha, tomar a decisão
mais acertada.
Não é difícil perceber
que vários fatores podem nos atrapalhar no momento de privilegiar determinada
linha de pensamento e seguir esse caminho.
O que a maioria das pessoas não
percebe é que um aspecto que nos faz nos apegarmos a certos pontos de vista (em
detrimento de outros, mais eficientes) está diretamente relacionado com nosso
próprio funcionamento cerebral.
Essa espécie de “teimosia” é resultado do que os
neurocientistas denominaram efeito Einstellung (fixação funcional).
Trata-se da
“persistente tendência do cérebro de se ater a uma solução familiar para
resolver um problema – aquela que primeiro vem à mente – e ignorar outras
possibilidades”, explicam os cientistas Merim Bilalić e Peter McLeod, ambos
doutores em psicologia.
Eles sabem do que falam: a pesquisa de Bilalić sobre
esse fenômeno ganhou o Prêmio da Sociedade Psicológica Britânica para Contribuições
Excepcionais de Pesquisa Médica para a Psicologia e McLeod,presidente da
Fundação Oxford para Neurociência Teórica e Inteligência Artificial, tem feito
importantes incursões nesse assunto.
Os dois reconhecem que, na maioria das
vezes, tipo de raciocínio é um processo cognitivo útil, já que por meio dele
desenvolvemos métodos bem-sucedidos para resolver os mais variados problemas do
cotidiano, desde descascar uma fruta até resolver uma equação matemática.
E, se
funciona, não há motivo para tentar várias técnicas diferentes toda vez que
precisamos novamente desempenhar aquela atividade.
O problema com esse atalho
cognitivo é que ele pode inibir a busca de soluções mais eficientes ou
apropriadas.
Diante disso, podemos pensar: se nosso cérebro nos faz acreditar
em certas abordagens, a ponto de ignorar outras mais adequadas, ou mesmo
desconsiderar que elas existam, o que podemos fazer?
Ficamos reféns desse órgão
tão sofisticado, com o qual nos confundimos?
Simples: desconfie de suas
certezas e não se contente logo de cara com as boas soluções. É claro que, ao
compreender como esse curioso processo ocorre em sua cabeça, fica muito mais
fácil acreditar – e apostar – que, não raro, seu cérebro poderá encontrar
outras saídas ainda melhores que a primeira.
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