Já ouviu
falar em cronobiologia? É o estudo da relação entre o tempo e do funcionamento
biológico da natureza – e entre tantos temas que explora, está o relógio
biológico interno, que cada pessoa possui individualmente.
Por mais
que nossa sociedade esteja condicionada a encarar o período noturno (entre 11
da noite e 7 da manhã) como momento de descanso, cerca de 40% da população
mundial não se identifica naturalmente com esse padrão de comportamento.
Ser mais
"diurno" ou "noturno" (ou seja, seu cronotipo) é algo que
está no DNA e é muito, muito difícil de mudar. A ponto de descobrirmos,
atualmente, que tentar interferir nisso pode interferir na sua saúde.
Mas mais
do que isso, as pessoas que dormem tarde (e, por consequência, acordam mais
tarde também) costumam sofrer preconceito da sociedade, sendo considerados
preguiçosos ou desmotivados, mesmo não tendo controle sobre esse comportamento.
Para Camilla
Kring, fundadora da B-Society, uma sociedade que advoga pelo trabalho à tarde,
nosso mundo não tem mais desculpas para exigir horários tão fixos de trabalho
ou estudo. Em entrevista ao Vox, Kring explica: "em um mundo que a conexão
de internet permite que trabalhemos em qualquer lugar e horário, as companhias
deveriam permitir que seus funcionários tenham horários mais flexíveis e
focados em seu horário ideal de sono".
Para
Kring, o modelo atual favorece pessoas com um relógio biológico matutino, que
podem encarar uma reunião de manhã sem sofrimento. "Ao mudar seu horário
em uma ou duas horas, você pode ter mais horas de sono e mais
produtividade".
O
raciocínio é simples: em teoria, pelo menos, deveríamos trabalhar em horários
que nos sentimos mais despertos, ágeis e produtivos.
Um
apanhado de 2015, que resume uma série de artigos sobre sono e relógio
biológico, chega à conclusão de que nossa sociedade está condicionada a
enxergar pessoas com preferência por dormir e acordar tarde de forma negativa,
sem base científica suficiente para endossar esse comportamento.
Cabe à
ciência fazer mais estudos sérios sobre o assunto e investigar novas formas de
favorecer diferentes cronotipos.