A MULHER QUE NASCEU COM 10 ANOS E UMA OUTRA QUE VIROU PONTE - Eliane Brum

O que a parteira Zenaide mais queria na vida era reconhecimento.

É Mara Régia Di Perna quem dá a notícia, em tom de urgência.

Quem é a Zenaide?, pergunto eu, agoniada de ignorância.

Mara Régia nem me conta, manda logo a voz de Zenaide contando de si.

Maria Zenaide de Souza Carvalho é o nome completo dela. E ela já nasceu com 10 anos. É assim mesmo, não é engano. Parteira nasce no primeiro parto. Ela nem sabe, às vezes é menina que ainda nem botou sangue de mulher e, de repente, se descobre diante do mistério. Atendendo a um chamado que sempre se anuncia num alvoroço, o coração feito um passarinho que fere as asas de tanto bater no peito, querendo escapar porque é demasiada responsabilidade. E ela só tem as mãos.

Só as mãos.

Com Zenaide foi assim: “Eu tinha 10 anos e foi por necessidade. Não tinha quem assistisse. Quando eu vi aquela cabeça preta saindo, Jesus. Mas quando eu vi o nenê nascendo meu Deus foi a coisa mais linda. Dei conta de tudo. Depois que nasceu eu chorei foi tempo. Porque a arte de partejar é um dom maravilhoso que sempre aconteceu e que sempre vai existir”.

É preciso compreender que o primeiro parto de uma parteira é sempre um duplo: marca o nascimento do bebê e também o nascimento da parteira. Quando ela corta o cordão umbilical com a tesoura ou com a flecha ou com a faca (ou com a unha ou com os dentes) é também da menina ou mulher que foi antes que se despede. É uma coisa meio misteriosa. E se olhar direito é bem um parto triplo, já que o bebê que nasce dá também à luz a uma mãe que antes não existia. Dali em diante parteira a menina será enquanto viver, porque esse ramo não é questão de gosto ou de escolha, pelo menos para as parteiras tradicionais que resistem no Brasil. De marido dá pra se separar, enviuvar, filho próprio vai-se embora quando chega a hora, mas o partejar é pra sempre. Já ouvi história de parteira amputada, aparando menino com uma mão sã e outra invisível. Já vi parteira de 96 anos pedindo a Deus seu aposentamento, mas Deus não dava.

Zenaide é daquelas que se orgulham do partejar, gosta desse ato de receber a criança que é um mundo novo e apresentá-la ao mundo velho onde daqui pra frente ela vai fazer história. Já fez 244 partos, segundo sua contabilidade. O que a instala com honras na categoria das “parteiras finas”. É ela quem explica: “Parteiras finas são aquelas com mais de 30 partos,pra quem nunca aconteceu de uma mulher morrer ou de perder uma criança. E a grossa é aquela que só fez um parto, dois ou três, e às vezes acontece alguma coisa nas mãos dela. Eu tô colocada como parteira fina porque fiz 244 partos e nunca perdi uma criança”. Zenaide diz ainda que a parteira é amiga da dor, porque “quando a mulher tá com dor, a parteira bota a mão em cima e a dor passa”.

Aqui o fio da vida é interrompido por violência de homem.

Interrompido num dia específico: 15 de novembro de 2004. Era a festa de aniversário de Marechal Thaumaturgo, cidade rasgada numa quina do Acre, lá onde o Brasil vai virando Peru. E onde vive Zenaide na Rua do Cemitério, um endereço ao contrário para quem só faz é nascer. O aniversário de Marechal Thaumaturgo estava sendo comemorado atrasado e Zenaide nem tinha ganas de ir, desgostosa de ajuntamento de gente.Mas o filho ia se apresentar, insistiu, e ela foi. Lá pelas tantas sentiu sede e foi perguntar na casa de uma avó com 103 anos se tinha água fria na geladeira. Tinha. Quando ela se preparava para despejar a água o homem veio lá de dentro e era bem conhecido. “Já foi tirando minha roupa. Era uma monte de gente que tinha lá e ninguém disse nada. Eu puxava a calça pra cima, ele puxava pra baixo com calcinha e tudo. Ia deixando eu nuazinha no meio do povo. Aí me deu uma ira, e eu o empurrei com essa mão aqui lá na parede. E aí pronto, não achei que ele fosse me bater. Mas aí um homem disse: ‘Dona Zenaide, lá vem um murro’. Ia acertar na minha nuca, se eu não tivesse desviado aquele murro tinha me matado. Aí pegou meu olho, saiu muito sangue, empapou a blusa, foi a maior dor que eu senti na minha vida inteira. Na hora não, na hora não senti coisíssima nenhuma. Mas 24 horas depois, quando deu o derrame, eu arranquei a roupa todinha, fiquei nua, fiquei doida. Deu hemorragia no rosto inteiro, fiquei com o rosto todo preto. O sangue coalhou no rosto, minha irmã. E não tinha (a lei) Maria da Penha ainda, depois é que formou a Maria da Penha. Meu Deus do Céu, se tivesse Maria da Penha! Dois meses e meio preso, pagou 15 mil reais e saiu. Quem quiser se afastar de homem agressivo, se afaste, porque depois que ele bate, neguinha, nem Maria da Penha não faz voltar a vista da gente ou qualquer outro órgão que a gente tenha. Porque os órgãos da gente têm um valor muito grande, principalmente a vista. A vista é uma vida, uma vida. Eu não ando mais só, não atravesso rua só. Não posso mais andar só pelos cantos. Tanta vontade que eu tenho, porque sou decidida, já andei esse Brasil todinho, e agora só posso viajar como especial.”

Zenaide seguiu partejando porque há nas parteiras uns olhos que ficam nas mãos. Ela agora dá um nó cego no fio partido pela violência do homem, amarrando as pontas da vida, e canta assim: “Vamos dar valor a essas parteiras.../São elas que estão espalhadas a trabalhar/Dentro dos municípios do Vale do Juruá/Quando chega aquele dia e a hora da precisão/ Ela logo se apressa e segue na direção./Anda quatro, cinco horas com seus pezinhos no chão/Muitas vezes até doente e sem alimentação/ Que o dinheiro que ela ganha não dá pra comprar o pão”.

Interrompe a cantoria pra comentar: “Como é que vai dá, né, se não ganha nada, né? Parteira trabalha voluntariamente, sem nada. Vai, passa a noite acordada... E ainda fica dois dias pra cuidar da mulher”.

É neste ponto que Zenaide pede reconhecimento. Ela não pede pão, não pede vestido, não pede nada de comprar ou vender, mas expressa esse desejo feito de uma matéria mais delicada. Zenaide deseja que o Brasil saiba dela, ela que hoje enxerga o Brasil com um olho só.Que o Brasil reconheça as mulheres que dão à luz a um naco grande do Brasil, atendendo ao chamado a pé, no lombo do jegue, remando a canoa, às vezes atravessando o rio a nado – muitas vezes com fome. Reconheça as mulheres anônimas, invisíveis, que ajudam a desembarcar no mundo entre 15 mil e 20 mil crianças a cada ano, com suas mãos sofridas e um conhecimento antigo, sem que isso se traduza em direitos. E reconheça a ela, Zenaide.

Queria mesmo que eu fosse reconhecida. Porque sei que eu não custo mais a morrer. Porque nossa vida (aqui) é 60 anos, e eu tô com 55.

Reconhecer é o que faz Mara Régia, a mulher-ponte.Ela é do tipo que o nome chega antes, muitas curvas de rios, igarapés, cachoeiras e corredeiras da Amazônia antes. Foi assim que eu a conheci, a lenda antes da mulher. Eu trilhava a Transamazônica em busca de histórias nos anos 90. E só sabia daquele mundo novo onde botava meu pé pela primeira vez o que tinha lido nos livros. Porque vinha do Rio Grande do Sul e não sabia de nada tive a ousadia não apenas de desconhecer Mara Régia, como de confessar tal heresia. Nos fundos de um travessão, a mulher morena, arretada que só, me perguntou:

Conhece Mara Régia?

E eu, a incauta:

Que Mara?

A mulherzinha botou as duas mãos na cintura e me reduziu a pó:

Mara Régia, existe outra?

Achei até que ia puxar a cadeira que tinha posto pra eu me sentar. Passei meus conhecimentos em revista, rodei todos os programas no meu cérebro e a única “Régia” que eu conhecia era a Vitória. Vi na cara dela que minha ignorância seria tomada como ofensa e poderia me custar a entrevista. Nessas horas, eu só tenho uma estratégia: assumir logo minha burrice e, com humildade, pedir esclarecimento. Foi o que fiz:

Peço mil desculpas, mas não sei quem é Mara Régia.

Disse pensando que se tratava da mulher do prefeito, da benzedeira, de alguma ilustríssima da comunidade. Com esse nome... Arrisquei:

Mara Régia mora aqui perto?

Aí a mulher ficou com pena. Abriu uma boca que até ouro tinha para rir não comigo, mas de mim.

Mas que repórti bem boa você deve ser, hein, mulé. Mara Régia vive lá onde você vive, não sabe? Mas é como se fosse de minha família!

Embasbaquei. Teria sido mais prudente eu dizer que não conhecia o Pelé. O marido, mais bonzinho, veio em meu socorro:
Mara Régia é da rádia. Nunca ouviu, não? A gente aqui ouve ela tudinho.

Comecei então meu aprendizado sobre Mara Régia e a Amazônia. Era dela uma das vozes que o povo mais ouvia na Rádio Nacional da Amazônia – especialmente a mulherada. Era também a sua voz que fazia uma ponte entre os vários Brasis contidos numa floresta em que a persistência da delicadeza em meio à brutalidade é ato de resistência. Brutalidade esta tantas vezes praticada – ou permitida – pelo próprio Estado, ontem como hoje. Quando compreendi que Mara Régia era uma mulher-ponte me emocionei. Entendi que a mulherzinha arretada de mãos na cintura, num quilômetro abandonado de (mais) um megaprojeto abandonado depois de promover morte e destruição, fazia um esforço para encontrar em mim alguém que ela pudesse reconhecer.

Quando finalmente conheci Mara Régia me admirei que uma voz que cobria a Amazônia, milhões e milhões de hectares de terra, água e (cada vez menos) floresta, coubesse naquela mulher baixinha, com uma risada que dava vontade de rir com ela só para não deixá-la desacompanhada. E quando ouvi a sua voz entendi o que o povo ouvia: era como chegar em casa.Tão íntima em forma de rádio que dona Maria do Boiadeiro contou lá no Pará: “Mara Régia, já te salvei tantas vezes das águas...” Como assim? “Quando eu tô lá na ponte ensaboando a roupa te boto lá falando. De repente tu escorrega no sabão e tenho de correr pra te salvar da correnteza.”

Mara Régia vai alinhavando a floresta e apalpando o povo com as orelhas no programa “Natureza Viva”, que completa 20 anos nesta quarta-feira, 29 de maio. A cada domingo, das 8h às 10h, ela vai tecendo um conceito de “sustentabilidade” socioambiental a partir das experiências concretas de ribeirinhos, extrativistas, pequenos agricultores e indígenas. Porque sustentabilidade é um conceito que vai tomando uma forma meio esquisita na boca de alguns políticos e empresários que gostam mesmo é de floresta defunta, é palavra que vai sendo torturada aqui e ali para significar às vezes o seu oposto, até o ponto que se esvazia de significado e sentido, de tão gasta que foi pra não dizer nada. Ao trazer as vozes de quem vive a floresta e, mais do que vive, é a floresta, Mara Régia faz um tipo de milagre de gente e devolve carne à palavra, que fica viva de novo.

Ao contar a história de Zenaide no “Natureza Viva”, a parteira atravessa o Vale do Juruá e navega pelas Amazônias todas. Ainda assim, Mara Régia fica aflita, não esquece, se preocupa. E a mulher-ponte me alcança porque Zenaide merece reconhecimento e é preciso contá-la a outros Brasis antes que seja tarde. Me despacha então a voz da parteira, para que eu possa dar aqui um ponto, um pontinho só, para cerzir esse rasgo na costura do mundo, que é a ignorância de um pedaço do Brasil sobre o Brasil que é Zenaide.

As pontes existem – e existem até as mulheres-pontes. Uma pena que ainda são poucos os que querem atravessá-las. Não apenas para reconhecer o outro lado, mas para se reconhecer no olho cego de Zenaide. 

UM SÉCULO ATRÁS, SURGIA A HORA OFICIAL NO BRASIL

Observatório Nacional lembra a origem dos fusos horários no país

Até 100 anos atrás, o Brasil não contava com fusos horários. O relógio era ditado segundo conveniências regionais. O país só pôs ordem no tempo em 1913, quando um decreto estabeleceu a Hora Legal Brasileira (HLB), partilhando o território em quatro fusos, do Acre aos arquipélagos de Trindade e Fernando de Noronha.

A história dos fusos começou a ser escrita em 1884, quando os EUA sediaram a Conferência Internacional do Meridiano. O encontro reconheceu uma linha que passaria por Greenwich, na Inglaterra, como a referência das longitudes do planeta. Era exatamente naquele ponto que se dividia os hemisférios ocidental e oriental.

A origem das longitudes, porém, só foi referendada em 1912, na Primeira Conferência Internacional da Hora. Como o planeta precisa de uma hora para girar 15 graus, este é o espaço, na esfera terrestre, ocupado por cada fuso. O Brasil adotou o sistema de fusos no ano seguinte.

Mas as linhas criadas a partir da conferência não são necessariamente retas. Podem haver alguns deslizes dentro de cada faixa. Do contrário, o Pará, por exemplo, seria dividido em dois fusos. Por praticidade, o governo brasileiro preferiu colocá-lo inteiramente com o mesmo horário.

Ainda assim, não foi possível inserir todo o país em apenas um fuso. O Brasil é grande demais — explica Ricardo José de Carvalho, chefe da Divisão Serviço da Hora do Observatório Nacional (ON).

Atualmente, o Brasil tem três fusos. O mais próximo a Greenwich corresponde apenas aos arquipélagos de Trindade e Fernando de Noronha. O intermediário e mais amplo abrange 20 estados, além do Distrito Federal. A terceira faixa e mais “atrasada” é ocupada por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima, Acre e Amazonas.

Só na última década o Brasil aboliu o quarto fuso, que valeu por quase um século e contava apenas com o Acre e o Oeste de Rondônia — lembra Carvalho. — Agora, eles estão anexados à terceira faixa.

A hora é gerada por um conjunto de relógios atômicos — um equipamento cuja referência é o átomo de césio. A oscilação deste átomo gera o segundo atômico; sua aglomeração compõe minutos, horas e dias.

Há, no país, 12 relógios atômicos, sendo nove no Observatório Nacional. Suas medições são comparadas e a média obtida é a HLB.

ADRIANA CALCANHOTTO - Conversa de interior

“Uma coluna quinzenal vai ser produzida por uma não escritora, 
até o pescoço de trabalho, em turnê mundial?”

“Mas como assim, Adriana Calcanhotto, você a partir de agora vai escrever para O GLOBO? Melhor dizendo, a que horas você poderia escrever para O GLOBO? E as pilhas de clássicos na bancada, por ler? E a correspondência atrasada? E as encomendas das cantoras, de canções novas para seus novos discos? E o prometido show para as meninas do Orfanato Santa Rita adiado para o dia de São Nunca?”

— Nunca aprendi a dizer não.

— E, por conta desse detalhe, uma coluna quinzenal vai ser produzida por uma não escritora, até o pescoço de trabalho, em plena turnê mundial de voz e violão?

— Posso chamar a coluna de “Eu ando pelo mundo” e fazer dela uma espécie de diário de bordo, revelando a falta de glamour total que é uma turnê nos seus bastidores.

— Você vai dar como nome da coluna uma frase, um verso que seja, que começa com “eu”?

— Na verdade, acho que não preciso de um nome. Minha editora disse que posso fazer o que eu quiser.

— Com a pontuação inclusive? Sua editora por acaso sabe que você não sabe pontuar, que escolheu escrever letra de música porque não sabe o que fazer com as vírgulas, querendo crer que letras de música estão isentas dessa norma?

— Ela disse que tem um pessoal que cuida disso, que faz o trabalho sujo. Devem ser tipo aqueles que mexiam nas vírgulas da Clarice Lispector e ela ficava fula da vida. Então, se mexiam nas dela, que começava livros com uma vírgula, por que motivo não mexeriam nas minhas? Para facilitar, posso já mandar os textos sem vírgula nenhuma, que algum aplicativo ou estagiário faz o resto. Minha editora me deixou muito à vontade para não pontuar se não quiser.

— Se não puder, você quer dizer. A propósito, a sua editora está a par da sua agenda?

— Não, ela só me convidou para escrever para o prestigioso periódico.
— Ah, só? No prestigioso periódico onde escrevem o Verissimo, a Cora Rónai, o Francisco Bosco?

— Exatamente.

— Minha nossa, e agora?

— Como eu ia dizendo, vou escrever no Segundo Caderno do GLOBO de domingo quinzenalmente.

— E sobre que assunto?

— Como assunto? Moro no Rio de Janeiro, o que não falta é assunto. O prefeito se engalfinha com um cidadão inconveniente, as pessoas acham que chegar atrasado e jogar lixo no chão é sinal de poder, os motoristas cariocas em dias nublados trocam de pista sem parar num zigue-zague de tontear. E tem o Brasil, onde Renan Calheiros é presidente do Senado, o governo brasileiro demonstra simpatia pelos ditadores africanos riquíssimos, que não cuidam de seu povo, ora, assunto.

— Bem, e quando começa?

— Já começou, na verdade. Daqui a 15 dias publico um texto me apresentando aos leitores e estará iniciada a jornada.

— Com tanto assunto, pretende iniciar com um texto falando de si mesma?

— Minha editora acha delicado que eu me apresente aos leitores.

— Se houver. A propósito, em que estado de consciência estava a sua editora quando ela propôs esta temeridade, sabe dizer se ela tinha tomado alguma coisinha, uma substância alucinógena qualquer, algum remedinho, ou um coquetel de fármacos para gripe ou algo do gênero?

— Não me pareceu. Ela bebeu um mate e tinha uma resposta na ponta da língua a todas as questões que levantei, como meu medo do compromisso, prazos, assuntos, vírgulas. De qualquer modo, nunca aprendi a dizer não.

— Então, mesmo não acreditando muito, só me resta dizer seja lá o que Deus quiser..

NELSON MOTTA - A seleção como metáfora

Ninguém duvida que são muitos os craques brasileiros jogando nas melhores equipes do mundo, nem que poucos países tem tantos recursos naturais e tanto potencial humano como o Brasil. Então por que não ganhamos de nenhuma seleção de primeira linha há quase quatro anos e o país só cresceu 0,9% no ano passado ? Cada governo tem a seleção que merece ? Quando fomos campeões em 1958, a seleção encarnava o otimismo e o desenvolvimentismo dos anos JK, o Brasil construía uma nova capital e se tornava capital mundial do futebol.

A vitória na Suécia, dizia Nelson Rodrigues, acabava com o nosso complexo de vira-lata perdedor, o brasileiro deixava de ser um Narciso às avessas, que odiava a própria imagem. Na vitória de 1970, querendo ou não, a seleção representava o “Brasil grande” da propaganda oficial do governo Médici, refletindo no campo o “milagre econômico” que fazia crescer a classe média, orgulhava a população e dava altos índices de popularidade à ditadura militar.

Nada foi mais parecido com os breves anos Collor do que a seleção de Lazaroni em 1990, que nos fez passar vergonha na Itália e, pior ainda, acabou eliminada pela Argentina. Só no governo Itamar Franco, em 1994, com o país convalescendo do impeachment de Collor e o Plano Real em andamento, o Brasil voltaria a ganhar uma Copa do Mundo, a duras penas, nos pênaltis, com mais esforço do que brilho. A vitória de 2002 foi conquistada com o equilíbrio do talento individual e da eficiência coletiva em campo, quando o Brasil crescia e se modernizava com estabilidade econômica, democrática e social, entre o final do governo Fernando Henrique e o inicio da era Lula.


Já a seleção atual, mesmo com os seus talentos individuais, não deslancha nem decola. O desempenho da equipe de Dilma se assemelha à gestão de Mano Menezes e a volta de Felipão parece um retorno ao estilo papaizão de Lula. Como a pátria em chuteiras, a seleção é uma metáfora do momento do país, pela bolinha econômica que está jogando e pelo risco de não defender nossa meta ( como Julio César em 2010 ) dos chutes da inflação. O Brasil é uma caixinha de surpresas.

MAIS UM DIA DOS NAMORADOS PASSOU... - Patricia Camargo

Mais um Dia dos Namorados passou, mais uma vez os restaurantes e motéis estavam lotados, as lojas fizeram promoção e o comércio girou, comemorando mais uma data criada para alavancar as vendas.

Necessidades do comércio à parte, como você comemorou seu Dia dos Namorados ? Lembro-me de um ano, na época da faculdade, em que eu não tinha namorado nesta data, e aí marquei com um amigo que também estava sozinho, de sairmos para jantar neste dia. Não para comemorarmos o Dia dos Namorados, obviamente, pois estávamos sozinhos e só éramos amigos, mas para não nos sentirmos ainda mais sozinhos naquela data em que o romance estava em alta e nós estávamos em baixa...

Isto me lembra também a obrigação que a sociedade nos coloca de nos divertirmos todo final de semana. Imagine ficar em casa no sábado á noite, não pode ! E não pode, por quê ? Porque se convencionou que sábado à noite é dia de sair. E se saímos numa 2a. feira, não vale ?

A sociedade a todo momento nos impõe padrões de comportamento : casar, ter filhos, trabalhar com uma profissão que dê dinheiro, não ficar em casa no sábado à noite, viajar nas férias, gastar dinheiro em data comemorativas... as obrigações são infinitas, não conseguiria listá-las todas aqui, mas o meu foco hoje é sobre os namorados - como estão os casais ultimamente ?

Uma recente pesquisa concluiu que a maior queixa das mulheres no casamento é que o romantismo acabou. A maior queixa dos homens é que as mulheres não o compreendem, e não valorizam seus esforços para manterem o lar.

Na época do namoro, ambas as partes querem demonstrar o melhor de si, para logo depois, com o casamento (e aí incluo simplesmente viverem juntos sob o mesmo teto) aflorarem as manias e gostos de cada um. Ela não sabia como ele era bagunçado,ele não sabia como ela mal sabe cozinhar, para ficar em exemplos simples.... Posso complicar um pouquinho : ela não sabia o quanto a sogra iria interferir em seu casamento, ele não sabia o quanto ela ia se dedicar ao trabalho e deixar os cuidados da casa em 2o. plano...

Mas esta pesquisa revela o que os casais já estão carecas de saber : com o casamento, o romantismo acaba. E o que fazer para que esta chama não se apague ?

Meu avô todo dia quando voltava do trabalho trazia alguma coisa para minha avó : podia ser um pão quentinho, ou uma goiabada, e até mesmo um pano de prato bordado... o fato é que ao lhe trazer sempre alguma coisa no final do dia, ele estava demonstrando o quanto pensava nela. O importante não era o valor da coisa, era a atitude.

Mulheres gostam de atenção, pois entendem que atenção é sinônimo de amor. Por isso, toda hora querem discutir a relação, o famoso DR : porque pensam que os homens estão tão envolvidos no seu dia a dia com outras questões, que não pensam mais nelas... e os homens estão sempre trabalhando para propiciar maior conforto pra elas, e por isso dizem que não deixam de pensar nelas um só minuto...

Casados são namorados eternos, namorados são casados em potencial. Vi casais jantando no Dia dos Namorados que mal conversavam. Vi casais brigando na fila de espera do restaurante e que estavam ali apenas cumprindo o protocolo de sair para jantar no Dia dos Namorados.

Se neste Dia dos Namorados que passou você não estava acompanhado, ou não pôde desfrutar da companhia do seu amor como gostaria, deixe as convenções da data pra lá, e procure fazer do seu namoro e do seu casamento um eterno Dia dos Namorados, valorizando a pessoa que está ao seu lado. E se neste momento você não tem um (a) companheiro (a) e está feliz assim, viva sua vida com alegria, sendo apenas você mesmo.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Ter ou não ter namorado

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil. 

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção.

A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira:basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado.

Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.

Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.

Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.

Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz.

Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada.

Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.

Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.

FALAR DE SI MESMO É MAIS PRAZEROSO QUE GANHAR DINHEIRO

Descrever as próprias experiências ativa 
os circuitos de recompensa do cérebro 
de forma tão intensa quanto comer ou fazer sexo

Estudos mostram que cerca de 40% do tempo que uma pessoa passa falando é sobre ela mesma. Agora, imagens do cérebro registradas por neurocientistas da Universidade Harvard mostram que o prazer de falar de si chega a superar o de ganhar dinheiro. Os pesquisadores Diana Tamir e Jason Mitchell usaram a ressonância magnética (MRI) para observar a atividade neural de 195 voluntários com idade entre 18 e 27 anos. Eles descobriram que, quando os jovens falavam sobre aspectos de sua personalidade, os caminhos neurais que são acionados diante de algo muito prazeroso – conhecidos como sistema de recompensa ou mesolímbico dopaminérgico – se mostravam muito mais ativos que quando julgavam opiniões e personalidade dos outros.

Em outro experimento, Diana e Mitchell pediram que os voluntários respondessem a perguntas que pertenciam a uma destas três categorias: suas próprias preferências e aversões; o que achavam que o presidente Barack Obama gostava ou não; fatos triviais. Eles ganharam entre 1 e 4 centavos de dólar por questão, sendo a primeira categoria, que convidava a falar de si, a que valia menos dinheiro. Obviamente, a maioria optou por opinar sobre a vida de Obama ou discorrer sobre banalidades – mas quase todos responderam ao menos uma questão sobre si mesmos. Em média, abririam mão de ganhar entre 54 e 63 centavos a mais para poder falar de si.

Isso significa que somos essencialmente egocêntricos? Os pesquisadores esclarecem que não. “Aprendemos desde cedo que falar de si é um meio de nos aproximar do outro, o que também causa prazer. Compartilhar experiências e emitir opiniões é muitas vezes a maneira que encontramos para garantir a coesão social e tendemos a preservar esse comportamento”, diz Diana.

CONTRA A CALVÍCIE - PROTEÍNA CRIA NOVOS FOLÍCULOS CAPILARES

Por muito tempo, acreditou-se que os folículos capilares (que produzem o cabelo e pelos) não podiam ser reconstituídos. Para a alegria dos carecas, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia (EUA) estão tentando demonstrar o contrário.

Um novo estudo mostra que a proteína FGF9 – encontrada na pele humana em pequena quantidade – pode ajudar a formar e regenerar folículos do cabelo durante o processo de cicatrização de feridas. Isso significa que essa proteína pode ser a solução mágica contra a calvície.

A proteína, que é fator de crescimento capilar, foi exposta a ratos. O resultado foi o aumento de cerca de três vezes no número de novos folículos capilares produzidos nos roedores. A quantidade de proteína aplicada aos animais foi proporcional à quantidade de novos pelos produzidos.

Os pesquisadores acreditam que, no futuro, poderá ser possível utilizar a FGF9 para fins terapêuticos, para pacientes com doenças no couro cabeludo.

Funcionamento da proteína

A proteína FGF9 é segregada a partir de células T gd, um raro subconjunto de células T, que são envolvidas com a imunidade do organismo. Uma vez liberada, a proteína serve como catalizador da proteína da pele WNT, e contribui com a geração de novos folículos capilares.

Quando uma pessoa fere a pele, o crescimento do folículo é bloqueado e se inicia o processo de cicatrização. No caso dos ratos, o folículo se regenera enquanto a cicatrização ocorre. O motivo da diferença é que seres humanos têm baixos níveis de células T gd na pele em comparação com ratos. Isso pode explicar porque a pele dos seres humanos se cicatriza, mas não regenera os folículos pilosos.


Pesquisadores acreditam que tratamentos que compensem a falta da proteína FGF9 em carecas, calvos ou pessoas com problemas de pele podem ser eficazes para o nascimento de novos fios de cabelo. Stephanie D’Ornelas - [Nature/Penn Medicine]

DESCOBERTA DO GENE DO MEDO PERMITE IMPEDIR CRIAÇÃO DE MEMÓRIAS RUINS

Um gene que regula o medo em humanos e animais pode ser a chave para drogas que impeçam a criação de memórias ruins, indica estudo publicado na revista Science Translational Medicine. O remédio poderá ser usado em pacientes com transtorno de estresse pós-traumático (PTSD).

O gene OPRL1 expressa o receptor para uma molécula chamada nociceptina, ao desativar este receptor preveniu-se o desenvolvimento de sintomas de PTSD em ratos. A ideia é aplicar a droga logo após a exposição ao trauma, como em combatentes militares ou pessoas que passaram por um acidente de carro. Pessoas que tem PTSD continuam a ter altos níveis de ansiedade e medo meses e até anos após o evento traumático. A ideia é que a pessoa passe pela sensação de medo no momento do fato, mas que ela não fique gravada como se ainda existisse no presente, trazendo forte reação nas pessoas.

Raul Andero Gali e seus colegas expuseram ratos a situações estressantes, e depois testaram seus níveis de medo. Os pesquisadores descobriram que o gene OPRL1 foi desregulado em uma região do cérebro chamada amígdala, onde o receptor nociceptina é muito expressado.

Eles também descobriram que indivíduos traumatizados não militares, como vítimas de abuso na infância, carregam versões alteradas do gene OPRL1 e têm dificuldade em distinguir entre ambientes seguros e ambientes perigosos (um sintoma central do PSTD). Juntos, os resultados sugerem que OPRL1 regula a resposta de medo em humanos e animais.



Além disso, os pesquisadores descobriram uma nova droga que tem como alvo o gene OPRL1. Quando injetado diretamente na amígdala de ratos logo após a exposição ao trauma, a droga prejudicada a formação de memórias do medo nos animais. Mais pesquisas são necessárias para confirmar estes resultados e continuar a explorar como a memória do medo é criado.

ROSELY SAYÃO - Tragédias na mídia

Temos sido bombardeados, por todas as mídias, por notícias que revelam violências contra crianças praticadas possivelmente por adultos próximos a elas. É uma criança torturada aqui, outra ali, outra que morre lá e assim por diante. E não podemos esquecer que as crianças, hoje, têm acesso a todos os veículos de comunicação e recebem essas informações.

Que sentidos elas dão a esses fatos? Tomemos dois exemplos que chegaram a mim. Uma criança, de oito anos, perguntou à mãe se o pai poderia matá-la quando ficasse muito bravo. Outra, um pouco mais nova, perguntou se iria ficar de mãos amarradas quando fosse ao castigo. Certamente, muitos leitores devem ter passado por experiências semelhantes com seus filhos e seus alunos.

As crianças estão angustiadas com tais notícias porque identificam nelas que os adultos próximos, ao invés de de protetores, podem ser ameaçadores. Justamente aqueles em quem elas depositam a maior confiança se revelam, nas notícias, suspeitos de agir de modo contrário. E agora?

Agora, mais uma parte da infância de nossas crianças fica comprometida, fato cada vez mais banal. Mas será que não se pode fazer nada? Sim, podemos e devemos fazer algo por elas, que, sozinhas, não conseguem entender e expressar toda a angústia que as invade.

A maioria das escolas costuma ignorar o fato de que seus alunos sabem dessas notícias e continuam seus trabalhos como se nada de excepcional ocorresse. Pois todas elas têm recursos para, de alguma maneira, tratar dessas questões. É um bom momento, por exemplo, para oferecer aos alunos, nas aulas de expressão artística, estratégias para dar forma ao que eles imaginam, sentem e pensam sobre tais fatos.

O simples fato de colocar de modo simbólico sentimentos e angústias já aponta pistas sobre outras formas de trabalhar o tema. Depois, é importante que se fale a respeito, sem psicologismos nem interpretações leigas, para que, coletivamente, eles se sintam acolhidos em suas preocupações e aprendam sobre os direitos das crianças e dos adolescentes e os valores sociais da justiça e da responsabilidade com o bem comum.

Para os pais, esse é um bom momento para oferecer aos filhos mais segurança em relação aos vínculos familiares e dar maior relevância aos valores morais e éticos. É muito importante, por exemplo, afirmar que a família ama e respeita a vida, que nenhuma violência deve ser aceita pelos integrantes do grupo familiar, que casos como os noticiados são exceções -apesar de tanto alarde-, que os impulsos agressivos podem ser controlados e, também, estabelecer um diálogo a respeito das opiniões dos pais e dos filhos sobre esses fatos.

Todas as tragédias servem para nos fazer refletir sobre a humanidade e o nosso cotidiano. Por isso, é importante que os adultos pensem a respeito das pequenas violências, simbólicas ou reais, que o mundo adulto comete contra os mais novos.

Afinal: nossas posições demonstram que somos a fim deles ou que estamos mais para ser o fim deles?

CAETANO VELOSO - De segunda mão

Sou um internauta de segunda mão. Só vejo e leio coisas que me chegam copiadas em e-mails — ou que surgem do clique que dou nos links azuis que os salpicam. Adorei ver Agnaldo Timóteo destruindo a expectativa do veado que o supôs “assumido”. Era tudo o que aparecia no YouTube a partir de um link que recebi. O grande cantor sentado ao lado do Bolsonaro e as caras que fazia a Luciana Gimenez. Acho mesmo chato essas assunções forçadas. Mas fiquei me perguntando se Agnaldo tinha sido sempre assim tão fechado quanto ao assunto.

Fernando Salem (com quem eu vinha conversando por e-mail sobre o livro que ensina a quem ainda não sabe ler que há variantes equivalentes, umas mais, outras menos adequadas para certas ocasiões, e que a “classe dominante utiliza a norma culta”, sendo, portanto, “comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular” — o que alguns supõem ser um papo mais próximo da realidade dos iletrados, embora nem eu mesmo, tão letrado que me convidaram para escrever coluna em jornal, esteja seguro a respeito da construção “que se atribua um preconceito social em relação a”)... Salem, eu dizia, me contou que Timóteo não apenas negou ser assumido como disse que carícia entre dois homens não é natural e, portanto, não se pode expor crianças a tais cenas. Me lembrei de uma canção que eu amava ouvi-lo cantar, chamada “Galeria do amor”, sobre a Galeria Alaska, reduto gay de Copacabana.

Sou de segunda mão mas não estou morto: um link leva a outro, e muitas vezes vejo coisas divinas no YouTube só porque fui olhar uma curiosidade que um desconhecido me enviou. Foi assim que achei o Timóteo cantando “Galeria do amor” na TV. A canção é dos anos 1980.

Nessa época éramos todos entendidos. Ainda. Não em sociolinguística mas no que de fato interessa. Agnaldo, com uma voz espetacular e uma afinação irrepreensível, cantava a balada con gusto, frisando aspectos homo (não necessariamente eróticos) da letra, como “gente à procura de gente”. Ao cantar “onde gente que é gente se entende”, ele olha para a câmera (para o espectador cúmplice) e sublinha com o olhar mais eloquente que se possa imaginar a palavra “entende”.

Onde pode-se amar livremente.” Vale a pena assistir.

Não desfaz a correção política de sua fala antiassunção no programa da Gimenez,mas é um bom contraponto. Pensando no nome da saudosa Galeria Alaska (hoje é das igrejas Universal do Reino e Internacional da Graça — de Deus?), me lembrei de Sarah Palin e de como são chatos esses arroubos de atitude conservadora estridente.

Pensei que Agnaldo Timóteo é a Sarah Palin brasileira. Saiu daquele território que já virou estado da federação e veio dar pinta na ribalta do poder. Mas pensando bem, quem é Sarah Palin para se

comparar ao maravilhoso Timóteo, um talento genuíno para o canto, um homem que aprendeu a cantar com Ângela Maria, um mulato brasileiro que está nas cercanias do sagrado? E o que é o Alasca comparado à Galeria Alaska? Quando Dom Sebastião ressurgir dos mares compreender- se-á o sentido dessas minhas palavras.

≈ ≈ ≈ ≈ ≈ ≈ ≈ ≈ ≈ ≈ ≈ ≈

Apenas ponho a cabeça para fora. Saí da Ilha dos Sapos, onde passei uma semana sozinho com Gal e Moreno tentando gravar as faixas do disco que estamos produzindo para ela. Ilha dos Sapos é o nome do estúdio de Carlinhos Brown em Salvador. Gal e Moreno moram lá na Bahia. Fui para lá. Gal chegava sozinha dirigindo o carro. Moreno também. Eu cheguei com um motorista, pois não sei se saberia estacionar no Candeal. Gal consegue com um carro grande. O de Moreno é pequeno- normal. No primeiro dia eu contava ainda com Giovana e Miguel, meus acompanhantes em viagem de trabalho. É que eu tinha um show “fechado” (não tão fechado quanto o Timóteo) para fazer no Castro Alves. Era um show sobre o qual eu não tinha grandes expectativas, mas terminou sendo de grande estímulo artístico para mim. A neta do dono da empresa veio falar comigo antes do espetáculo. Ela disse coisas tão sinceras e era tão atenta, contou também histórias tão edificantes sobre o avô (um pioneiro em responsabilidade social entre empresários brasileiros), a acústica do Castro Alves é tão boa, Vavá estava tão inspirado (e também André, o iluminador paulistaníssimo, e Flávio, o bofe do retorno), que eu peguei meu violão e cantei tudo bem claro e firme. Nem dava pra crer que era o mesmo cara que cantou em Guadalajara faz uns meses. Por esse show no TCA é que eu tinha acompanhantes no primeiro dia de estúdio. Já no dia seguinte estávamos só Gal, Moreno e eu.

Nem sequer um assistente para puxar uns cabos e enfiar uns plugs. Só eu, meu filho e a madrinha dele. Chovia como só mesmo na Bahia: parecendo que nunca não tinha chovido. Tipo “Blade Runner”. Estou, portanto, só pondo a cabeça de fora. E não sei bem como reagir à fala de Obama em Londres sobre a eternização da liderança do Atlântico Norte (é intrigante ouvir um preto reafirmar a supremacia do Ocidente de Huntington: sinto certa alegria e certo desconforto); às fotos de Lula em Brasília, eufórico, mandando na presidente; à “Veja” (no avião) pegar leve com Palocci.

O jeito é pegar os peixe e assistir a Bolsonaro, Gimenez e Sarah Palin. Ler que os livro ilustrado mais interessante estão emprestado (e perguntar: “estão”????? para que esse estranho plural?) e que Frei

Beto quer a cartilha que, segundo Garotinho, ensina até como se faz sexo anal. Será que nesse tópico os católico tá mais cool do que os evangélico?

ELIANE BRUM - Pela ampliação da maioridade moral

E pelo aumento do nosso rigor ao exigir o cumprimento da
lei de governantes que querem aumentar o rigor da lei
(e também dos que não querem)

Eu acredito na indignação. É dela e do espanto que vêm a vontade de construir um mundo que faça mais sentido, um em que se possa viver sem matar ou morrer. Por isso, diante de um assassinato consumado em São Paulo por um adolescente a três dias de completar 18 anos, minha proposta é de nos indignarmos bastante. Não para aumentar o rigor da lei para adolescentes, mas para aumentar nosso rigor ao exigir que a lei seja cumprida pelos governantes que querem aumentar o rigor da lei. Se eu acreditasse por um segundo que aumentar os anos de internação ou reduzir a maioridade penal diminuiria a violência, estaria fazendo campanha neste momento. Mas a realidade mostra que a violência alcança essa proporção porque o Estado falha – e a sociedade se indigna pouco. Ou só se indigna aos espasmos, quando um crime acontece. Se vivemos com essa violência é porque convivemos com pouco espanto e ainda menos indignação com a violência sistemática e cotidiana cometida contra crianças e adolescentes, no descumprimento da Constituição em seus princípios mais básicos. Se tivessem voz, os adolescentes que queremos encarcerar com ainda mais rigor e por mais tempo exigiriam – de nós, como sociedade, e daqueles que nos governam pelo voto – maioridade moral.

Se é de crime que se trata, vamos falar de crime. E para isso vale a pena citar um documento da Fundação Abrinq bastante completo, que reúne os estudos mais recentes sobre o tema. Mais de 8.600 crianças e adolescentes foram assassinados no Brasil em 2010, segundo o Mapa da Violência. Vou repetir: mais de 8.600. Esse número coloca o Brasil na quarta posição entre os 99 países com as maiores taxas de homicídio de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. Em 2012, mais de 120 mil crianças e adolescentes foram vítimas de maus tratos e agressões segundo o relatório dos atendimentos no Disque 100. Deste total de casos, 68% sofreram negligência, 49,20% violência psicológica, 46,70% violência física, 29,20% violência sexual e 8,60% exploração do trabalho infantil. Menos de 3% dos suspeitos de terem cometido violência contra crianças e adolescentes tinham entre 12 e 18 anos incompletos, conforme levantamento feito entre janeiro e agosto de 2011. Quem comete violência contra crianças e adolescentes são os adultos.

Será que o assassinato de mais de 8.600 crianças e adolescentes e os maus tratos de mais de 120 mil não valem a nossa indignação?

Diante desse massacre persistente e cotidiano, talvez se pudesse esperar um alto índice de violência por parte de crianças e adolescentes. E a sensação da maioria da população, talvez os mesmos que clamam por redução da maioridade penal, é que há muitos adolescentes assassinos entre nós. É como se aquele que matou Victor Hugo Deppman na noite de 9 de abril fosse legião. Não é. Do total de adolescentes em conflito com a lei em 2011 no Brasil, 8,4% cometeram homicídios. A maioria dos delitos é roubo, seguido por tráfico. Quase metade do total de adolescentes infratores realizaram o primeiro ato infracional entre os 15 e os 17 anos, conforme uma pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). E, adivinhe: a maioria abandonou a escola (ou foi abandonado por ela) aos 14 anos, entre a quinta e a sexta séries. E quase 90% não completou o ensino fundamental.

Será que não há algo para pensar aí, uma relação explícita? Não são a escola – como lugar concreto e simbólico – e a educação – como garantia de acesso ao conhecimento, a um desejo que vá além do consumo e também a formas não violentas de se relacionar com o outro – os principais espaços de dignidade, desenvolvimento e inclusão na infância e na adolescência?

É demagogia fazer relação entre educação e violência, como querem alguns? Mas será que é aí que está a demagogia? É sério mesmo que a maioria da população de São Paulo acredita que tenha mais efeito reduzir a maioridade penal em vez de pressionar o Estado – em todos os níveis – a cumprir com sua obrigação constitucional de garantir educação de qualidade?

Não encontro argumentos que me convençam de que a redução da maioridade penal vá reduzir a violência. E encontro muitos argumentos que me convencem de que a violência está relacionada ao que acontece com a escola no Brasil. A começar pelo recado que se dá a crianças e adolescentes quando os professores são pagos com um salário indigno. Aqueles que escolhem (e eles são cada vez menos) uma das profissões mais importantes e estratégicas para o país se tornam, de imediato, desvalorizados ensinando (ou não ensinando) outros desvalorizados. Será que essa violência – brutal de várias maneiras – não tem nenhuma relação com a outra que tanto nos indigna?

Teríamos mais esperança de mudança real se, diante de um crime bárbaro, praticado por um adolescente a três dias de completar 18 anos, o povo fosse às ruas exigir que crianças e jovens sejam educados – em vez de bradar que sejam enjaulados mais cedo ou com mais rigor nas prisões que tão bem conhecemos. Vale a pena pensar, e com bastante atenção: a quem isso serve?

É uma mentira dizer que os adolescentes não são responsabilizados pelos atos que cometem. O tão atacado Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê a responsabilização, sim. Inclusive com privação de liberdade, algo tremendo nessa faixa etária. Mas, de novo, o Estado não cumpre a lei. Numa pesquisa realizada pelo CNJ, apenas em 5% de quase 15 mil processos de adolescentes infratores havia informações sobre o Plano Individual de Atendimento (PIA), que permitiria que a medida socioeducativa funcionasse como possibilidade de mudança e desenvolvimento.

Alguém pensa em se indignar contra isso?

Se você se alinha àqueles que querem que os adolescentes sejam encarcerados, torturados e sexualmente violados para pagar pelos seus crimes, pode se alegrar. É o que acontece na prática numa parcela significativa das instituições que deveriam dar exemplo de cumprimento da lei e oferecer as condições para que esses adolescentes mudassem o curso da sua história, como mostrou uma reportagem do Fantástico feita por Marcelo Canellas, Wálter Nunes e Luiz Quilião. Segundo a pesquisa do CNJ já citada, em 34 instituições brasileiras, pelo menos um adolescente foi abusado sexualmente nos últimos 12 meses, em 19 há registros de mortes de jovens sob a tutela do Estado, e 28% dos entrevistados disseram ter sofrido agressões físicas dos funcionários. Sem contar que, em 11 estados, as instituições operam acima da sua capacidade.

Será que a perpetuação da violência juvenil decorre da falta de rigor da lei ou do fato de que parte das instituições de adolescentes funciona na prática como um campo de concentração? Antes de tentar mudar a lei, não seria mais racional cumpri-la?

É o que o bom senso parece apontar. Mas é previsível que, num ano pré-eleitoral e com 93% dos paulistanos a favor da redução da maioridade penal, segundo pesquisa do Datafolha, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) prefira enviar ao Congresso um projeto para alterar o ECA, passando o período máximo de internação dos atuais 3 anos para 8 anos em casos de crimes hediondos. Uma medida tida como enérgica e rápida, num momento em que o Estado de São Paulo sofre com o que o próprio vice-governador, Afif Domingos (PSD), definiu como “epidemia de insegurança” – situação que não tem colaborado para aumentar a popularidade do atual governo.

Vale a pena registrar ainda que o número de crimes contra a pessoa cometidos por adolescentes diminuiu – e não aumentou, como alguns querem fazer parecer. Segundo dados da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, entre 2002 e 2011 os casos de homicídio apresentaram uma redução de 14,9% para 8,4%; os de latrocínio (roubo seguido de morte), de 5,5% para 1,9%; e os de estupro, de 3,3% para 1%. Vale a pena também dar a dimensão real do problema: da população total dos adolescentes brasileiros, apenas 0,09% cumprem medidas socioeducativas como infratores. Vou repetir: 0,09%. E a maioria deles cometeram crimes contra o patrimônio.

É claro que, se alguém acredita que os crimes cometidos pelos adolescentes não têm nenhuma relação com as condições concretas em que vivem esses adolescentes, assim como nenhuma relação com as condições concretas em que cumprem as medidas socioeducativas, faz sentido acreditar que se trata apenas de “vocação para o mal”. Entre os muitos problemas desse raciocínio que parece afetar o senso comum está o fato de que a maioria dos adolescentes infratores é formada por pretos, pardos e pobres. (São também os que mais morrem e sofrem todo o tipo de violência no Brasil.) Essa espécie de “marca da maldade” teria então cor e estrato social? Nesse caso, em vez de melhorar a educação e as condições concretas de vida, a única medida preventiva possível para quem defende tal crença seria enjaular ao nascer – ou nem deixar nascer. Alguém se lembra de ter visto esse tipo de tese em algum momento histórico? Percebe para onde isso leva?

Há que ter muito cuidado com o que se deseja – e com o que se defende. Assim como muito cuidado em não permitir que manipulem nossa indignação e nossa aspiração por um mundo em que se possa viver sem matar ou morrer.

Se eu estivesse no lugar dos pais de Victor Hugo Deppman, talvez, neste momento de dor impossível, eu defendesse o aumento do número de anos de internação, assim como a redução da maioridade penal. Não há como alcançar a dor de perder um filho – e de perdê-lo com tal brutalidade. Diante de um crime bárbaro, qualquer crime bárbaro e não apenas o que motivou o atual debate, os parentes da vítima podem até desejar vingança. É uma prerrogativa do indivíduo, daqueles que sofrem o martírio e estão sob impacto dele. Mas o Estado não tem essa prerrogativa.

O indivíduo pode desejar vingança em seu íntimo, o Estado não pode ser vingativo em seus atos. Do Estado se espera que leve adiante o processo civilizatório, as conquistas de direitos humanos tão duramente conquistadas. E, como sociedade, nossa maturidade se mostra pelo conteúdo que damos à nossa indignação. É nas horas críticas que mostramos se estamos ou não à altura da nossa época – e de nossas melhores aspirações.

De minha parte, sempre me surpreendi não com a violência cometida por adolescentes – mas que não seja maior do que é, dado o nível de violência em que vive uma parcela da juventude brasileira, a parcela que morre bem mais do que mata. E só testemunhei a sociedade brasileira olhar de verdade – olhar para ver essa realidade – uma única vez: quando o Brasil assistiu, em horário nobre do domingo, ao documentário Falcão - Meninos do tráfico. É um bom momento para revê-lo.

Sabe por que a violência praticada por adolescentes não é maior do que é? Por causa de seus pais – e especialmente de suas mães. A maioria delas trabalha dura e honestamente, muitas como empregadas domésticas, cuidando da casa e dos filhos das outras. Contra tudo e contra todos, numa luta solitária e sem apoio, elas se viram do avesso para garantir um futuro para seus filhos. O extraordinário é que, apesar de sua enorme solidão, sem amparo e com falta de tudo, a maioria consegue. Àquelas que fracassam cabe a dor que não tem nome, a mesma dor impossível que vive a mãe de Victor Hugo Deppman: enterrar um filho.

Em 2006, espantada com uma geração de brasileiros, a maioria negros e pobres, cuja expectativa de vida era 20 anos, andei pelo país atrás dessas mulheres. Elas respiravam, mas não sei se estavam vivas. Lembro especialmente uma, a lavadeira Enilda, de Fortaleza. Quando o primeiro filho foi assassinado pela polícia, ela estava com as prestações do caixão atrasada. O pai do menino tinha ganhado um dinheiro fazendo pão e, em meio à enormidade da sua dor, eles correram para regularizar o pagamento. Quando conversei com ela, Enilda pagava as prestações do caixão do segundo filho. O garoto ainda estava vivo, mas em absoluta impotência, essa mãe tinha certeza de que o filho morreria em breve. Diante da minha perplexidade, Enilda me explicou que se precavia porque testemunhava muitas mães nas redondezas pedindo esmola para enterrar os filhos – e ela não queria essa humilhação. Enilda dizia: “Meu filho vai morrer honestamente”.

Nunca alcancei essa dor, que era não apenas de enterrar um filho, mas também de comprar caixão para filho vivo, o único ato de potência de uma mulher que perdera tudo. Enilda vivia numa situação de precariedade quase absoluta, tentando trancar nas peças apertadas da casa os filhos que restavam, num calor infernal, para que não fossem às ruas e se viciassem em crack. É claro que perdia todas as suas batalhas. A certeza de ser honesta era, para ela, toda a sanidade possível. (leia aqui).

O que podemos dizer a mulheres como Enilda? Que agora podem ficar tranquilas porque o país voltou a discutir a redução da maioridade penal e o aumento do período de internação? Que é por falta de cadeia logo cedo que seus filhos vendiam e consumiam drogas, roubavam e foram assassinados? Que, ao saber que podem ir presos aos 16 em vez dos 18 anos, seus filhos ainda vivos aceitarão as péssimas condições de vida e levarão uma existência em que não trafiquem, roubem nem sejam mortos? Que é disso que se trata? Quando o primeiro filho de Enilda foi executado, ele tinha 20 anos – e já tinha passado por instituições para adolescentes e pela prisão.

Antes de tornar-se algoz, a maioria das crianças e adolescentes que infringiram a lei foi vítima. E ninguém responde por isso.

Não há educação sem responsabilização. É por compreender isso que o ECA prevê medidas socioeducativas. Mas, quando a solução apresentada é aumentar o rigor da lei – e/ou reduzir a maioridade penal –, pretende-se dar a impressão à sociedade que os adolescentes não são responsabilizados ao cometer um crime. Essa, me parece, é a falsa questão, que só empurra o problema para a frente. A questão, de fato, é que nem o Estado, nem a sociedade, se responsabilizam o suficiente pela nova geração de brasileiros.

Educa-se também pelo exemplo. Neste caso, governantes e parlamentares poderiam demonstrar que têm maioridade moral cumprindo e fazendo cumprir a lei cujo rigor (alguns) querem aumentar.

PABLO NERUDA - Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
o de não ter por quem sentir saudades,
de passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.
Livros de Edmir Saint-Clair

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