DORMIR ATÉ TARDE FIM DE SEMANA DEIXA VOCÊ MAIS CANSADO DURANTE A SEMANA

Um novo estudo da Universidade do Sudoeste do Texas (EUA) descobriu que dormir até mais tarde no fim de semana não recupera o sono perdido durante a semana; na verdade, deixa as pessoas ainda mais cansadas e torna mais difícil para elas acordar na segunda-feira.

Um grande mito da privação do sono é que dá para recuperar o atraso da semana no fim de semana”, explica o Dr. Gregory Carter, especialista em medicina do sono.

Porém, o que o estudo concluiu foi que as horas extras na cama interrompem o ciclo circadiano, que regula o relógio biológico interno. Como o ciclo dura cerca de 24 horas, a permanência na cama por mais tempo do que o normal no fim de semana confunde o relógio do corpo, resultando em maior cansaço quando as pessoas tentam voltar ao seu padrão normal.
Dormir mais cedo x acordar mais tarde

O corpo é capaz de acomodar um atraso de até uma hora no relógio circadiano. No entanto, atrasos de até duas horas ou mais acabam com a sincronia do organismo. Isso significa que dormir até tarde no domingo com certeza vai impedir que você consiga dormir cedo no mesmo domingo e vai ser ainda mais difícil sair da cama na manhã seguinte – a segunda de trabalho.

O Dr. Carter explica que a abordagem mais eficaz é ir para a cama mais cedo, em vez de dormir até tarde no fim de semana, a fim de obter a quantidade ideal de descanso (as oito horas por noite) e continuar acordando no tempo normal.

Mas quem é que consegue dormir cedo no sábado, não é mesmo? Se não conseguir, pelo menos levante normalmente no domingo, para dormir mais cedo e acordar normalmente na segunda-feira.

Outro alerta é contra a soneca: nada de descansar apenas “mais alguns minutinhos” depois de uma noite mal dormida. Ficar enrolando para levantar pode fazer as pessoas se sentirem piores do que simplesmente sair da cama.
Por Natasha Romanzoti[Telegraph, DailyMail]

A “SAÍDA DE ARMÁRIO” DO SEU FILHO(A) NÃO PRECISA SER TRAUMÁTICA

A sociedade tenta abrir mais sua mente e os debates avançam, 
mas ainda é complicado tratar de homossexualidade em casa, 
tanto para pais e mães quanto para filhos.

Pesquisas já afirmaram que os primeiros “sinais” de sexualidade despontam em futuros jovens gays logo aos três anos de idade. Mesmo que esse número seja exagerado, há um ponto na adolescência em que a propensão parece difícil de esconder, mas nem todas as famílias jogam abertamente as cartas na mesa. O que fazer?

Revelar a homossexualidade de maneira abrupta pode ser perigoso: uma pesquisa conduzida por uma instituição de direitos humanos da Califórnia (EUA) aponta que adolescentes gays têm maiores taxas de depressão, alcoolismo e até suicídio em comparação com os heterossexuais da mesma faixa etária.

A raiz destes problemas parece ser o estresse que ele ou ela vive antes de se revelar, assolado pelo dilema entre manter segredo ou não. Depois da revelação, muitas vezes o medo do adolescente se confirma: ele de fato acaba hostilizado pelos colegas, muito mais do que quando não assumia abertamente.

Mesmo assim, a pesquisa concluiu que os piores problemas psicológicos estão mesmo naqueles jovens que prendem a certeza de que são gays dentro de si mesmos. O indicado, portanto, é assumir. A questão é como fazer isso de maneira saudável.

Preparando o terreno
Não é de hoje que orientadoras familiares do mundo inteiro recomendam esse elemento essencial: é preciso haver diálogo entre pais e filhos. Se a família não conversa sobre o assunto, o(a) adolescente nunca vai ter ideia de qual seria a reação dos pais na clássica conversa do “tenho que contar uma coisa para vocês”.

O pai e a mãe precisam entender que não adianta fechar os olhos para sinais que às vezes se manifestam desde antes dos dez anos. Diante dessa constatação, o recomendado é que os pais mostrem, por exemplos e palavras, que não vêm problemas com homossexualismo. Isso ao longo de meses, talvez anos, sempre de forma indireta.

O objetivo é deixar o jovem pouco a pouco mais seguro, até que resolva abrir o jogo por si mesmo. Altamente desaconselhável é perder a paciência e um belo dia chegar com uma abordagem de choque do tipo “afinal, você vai sair do armário ou não”?
Em suma, é preciso criar um ambiente confortável para a revelação do filho(a).

A pesquisa californiana constatou que a idade em que os jovens assumem abertamente o homossexualismo está caindo. Há pouco mais de uma década, a idade média para a revelação era por volta de vinte anos. Agora, esta linha está pouco acima dos quinze.

Já as complicadas consequências pós-revelação ainda são um desafio social a ser combatido por todos.
Por Stephanie D’Ornelas [The New York Times/Psicologia.org/]

CECÍLIA MEIRELES - De que são feitos os dias?


De pequenos desejos,
vagarosas saudades,
silenciosas lembranças.

Entre mágoas sombrias,
momentâneos lampejos:
vagas felicidades,
inatuais esperanças.

De loucuras, de crimes,
de pecados, de glórias
- do medo que encadeia
todas essas mudanças.

Dentro deles vivemos,
dentro deles choramos,
em duros desenlaces
e em sinistras alianças...

FERNANDA TORRES - Trânsito

Um dos sinais de recuperação econômica do Rio 
é a paulistanização do trânsito.

Nos tempos de bancarrota, ia-se daqui a ali como na mais desimpedida das cidades do interior. Na juventude, eu amava dirigir até a Barra da Tijuca a bordo de um Fiat 147. A Avenida das Américas era uma via expressa e o sol se punha diante dos olhos, sem o perfil ostensivo dos arranha-céus. Mantive o hábito até o dia em que o trajeto de ida e volta passou a custar três horas.

Hoje, trabalho em Curicica. Curicica é para lá da Barra. Bem para lá. Fica muito depois do autódromo, do Riocentro. Quando se avista a Cidade da Música, ainda falta cumprir um terço da viagem.

No ano passado, no começo do seriado Tapas & Beijos, me agradava repetir a experiência dos áureos tempos, comparando o horizonte de prédios com o areal da memória. Mas o ritmo de gravação aumentou, os meses se sucederam e o cansaço venceu. Em agosto, desisti de dirigir sozinha depois de dez horas de trampo. Apelei para um motorista.

Estranhei a falta de privacidade e custei a me livrar da ansiedade de querer chegar, a mesma que me consumira por todo o primeiro semestre. Continuei calculando o tempo perdido em cada sinal fechado, numa tentativa estúpida de controlar o incontrolável.

Para me curar do mal nefasto, aceitei que não chegaria em quarenta minutos ao trabalho, como na época da Vani. Se tudo der certo, é uma hora para ir e outra para voltar; e, se o serviço terminar às 6, peça de joelhos para gravar mais umas cenas, porque tanto faz sair de Curicica em pleno rush, e levar duas horas e meia no carro, ou sair às 8, e levar uma.

E eu me ocupei em decorar, escrever, telefonar, ler o jornal… entregando a Deus cumprir, ou não, o horário marcado. Os novos costumes tomaram o lugar da antiga angústia a ponto de, faz poucos dias, eu me surpreender sentindo um prazer imenso de encarar mais uma jornada de congestionamento na paz móvel do meu bólido.

Um bom transporte público deveria promover o mesmo. As megalópoles obrigam o cidadão a gastar a vida em deslocamentos. A indústria automotora, que norteia a economia desde Juscelino, se transformou em tragédia nas cidades que, como as nossas, cresceram desordenadamente.
O trânsito do Rio vai parar. Espremido entre a montanha e o mar, não há saídas de circulação. Sou testemunha das obras de ampliação da rede de asfalto, acompanho os andamentos e as retenções da Transcarioca, as novas estações de ônibus, mas rezo mesmo é para que o Brasil recupere e expanda sua via férrea, dentro e fora dos centros urbanos.

Ler é um dos grandes hábitos nos metrôs humanamente ocupados dos países alfabetizados. Não seria um sonho de civilidade se os brasileiros gastassem suas longas horas de transporte devidamente sentados e com um livro na mão? Ou revista, ou gibi que seja.

Usar o carro para me transportar sozinha com o auxílio luxuoso de um personal Ayrton Senna não é solução. Os engarrafamentos estão como estão porque pessoas como eu gostam do isolamento de seu foguete sobre rodas.

Vi um documentário da BBC na TV que estudava a mente do cidadão que pilota seu 1.0 nas ruas. A sensação de túnel, que as imagens em alta velocidade provocam, causaria uma reação hipnótica de relaxamento, controle, poder, proteção e liberdade. Exatamente o que eu sentia no volante do meu Fiat 147.

Em muitos lugares, o antídoto das autoridades para barrar hedonistas com o meu perfil é cobrar preços aviltantes por uma vaga de estacionamento e incentivar a carona. As Diamond Lines, nos Estados Unidos, só podem ser usadas por veículos com mais de dois passageiros.
Fica aí a sugestão. Vai ter gente passeando com boneca inflável no banco do passageiro para poder continuar a sós sem atrasar o passo.

A visão de Deus a 300 quilômetros por hora atravanca o altruísmo social. O carrão só vai ficar na garagem no dia em que a economia depender menos da indústria automobilística e o transporte público se transformar na escolha mais simples, rápida e agradável para chegar a qualquer lugar.
Vai demorar.

AMIZADE É MESMO COMO VINHO: QUANTO MAIS ANTIGA MELHOR

Quem nunca precisou de um ombro amigo para desabafar? 
Ou então de uma mão amiga para socorrer em alguma situação difícil?

Sempre quando se precisa, seja em bons ou maus momentos, ele está lá: o verdadeiro amigo. Em muitos casos, os laços de amizade são tão fortes que podem preencher algum vazio deixado na vida, talvez por algum filho que já saiu de casa ou até por um parceiro que acabou o relacionamento.

Por isso tudo, cultivar uma amizade verdadeira pode ser bom e trazer benefícios para a vida, dizem os especialistas.

A amizade é, de acordo com o dicionário Aurélio, um sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas, e não está ligada a laços familiares ou atração sexual. E quem cultiva esse sentimento só tem coisas boas para colher. Segundo a psicóloga especializada em Psicodrama Marina Vasconcellos, as pessoas precisam de amigos para dividir emoções, sejam elas ruins ou boas. "O amigo aceita você sem julgamentos. Não critica, tem liberdade para falar sobre tudo. Além disso, dá força, opinião, dando outra visão do problema. Pode-se abrir outro leque de visões com ele, além de ajudar a lidar com os problemas em fases difíceis da vida. Nós somos seres energéticos, quando se está bem emocionalmente, outras questões fluem melhor."

Na juventude, as pessoas possuem mais tempo para viver as amizades. Mas o tempo passa e com ele vem o casamento, os filhos e outros compromissos. E será que na maturidade, depois de tanta experiência, ainda há espaço para fazer amigos e manter essas amizades?

De acordo com Vasconcellos, nesse período, os indivíduos já começam a passar por transformações na vida pessoal, e os amigos podem ter um papel especial nessa fase da vida. "É o meio da vida. Você começa a sentir os efeitos físicos e a pessoa nessa idade precisa se cuidar mais. Os filhos já vão sair de casa e, muitas vezes, você entra na síndrome do ninho vazio. E os amigos ajudam a preencher esse espaço. Eles ajudam a pessoa a não se sentir sozinha. É muito mais gostoso dividir as situações com um amigo. Você ri junto e se emociona junto."

Além disso, segundo a psicóloga, na maturidade, as pessoas já acumularam mais experiência, trazendo características com as quais as pessoas dessa faixa etária possam aproveitar mais as amizades. "Depois dos 50, a pessoa está mais madura. Ela respeita mais as diferenças, há mais tolerância. Nessa fase, pode-se escolher com quem vai passar mais o tempo. Aprende-se mais com o tempo. Porém, quando se é jovem, a pessoa é levada com uma turma, há mais medo de falar e deixar o amigo chateado. Quando a pessoa é mais madura possui mais coragem para falar e se posicionar."
Danielle Pingitore

CLARICE LISPECTOR - Dá-me a Tua Mão


Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.

A NOVA TERCEIRA IDADE - Solange Bittencourt Quintanilha

Antigamente não havia comunicação de massa: rádio, televisão, internet, celular..., possibilidades de saber o que acontece aqui e no mundo no exato momento do episódio.
A velhice se restringia a uma cadeira de balanço e encontros familiares.
As mulheres tinham tantos filhos, que o cansaço e o envelhecimento muito cedo se apresentavam (ter 50 anos já era considerado quase fim de linha ).
A educação era extremamente repressora em todos os aspectos, principalmente para as mulheres em termos sexuais, profissionais e realizações próprias.
Havia uma rigidez em relação aos homens: existia uma enorme dificuldade de entrarem em contato com os sentimentos e emoções. Eles não podiam mostrar fraquezas, não podiam chorar, mostrar medos ou inseguranças.
Atualmente, essa idade madura anda bem diferente. Está de cara nova.
Nada de cadeira de balanço, isolamento, inércia, cansaço da vida prematuro.
Novas atitudes de vida, novas formas de se relacionar consigo e com as outras pessoas, estão revolucionando a forma como vivemos a chamada terceira idade. Podemos chamar de envelhecimento ativo, que é uma aquisição dos últimos anos.
Por ser uma geração a quem se promete mais 20 ou 30 anos de vida, apresenta-se uma nova era, uma enorme oferta de liberdade e um convite à invenção, à criatividade.

A idade de cada um
Temos uma idade fisiológica e psicológica.
As alterações fisiológicas variam de pessoa para pessoa, assim como psicologicamente a velhice pode acontecer aos 40, 50, 60, 70, 80, 90. Isto vai depender muito da maneira que cada um vive e encara a vida.
Raramente se envelhece de vez. Muitos ângulos da personalidade permanecem jovens, com apetite de viver.
Mesmo uma pessoa com a idade avançada conserva a mesma habilidade intelectual, se ela se mantiver ativa dentro dos seus limites fazendo o que lhe agrada.

Aposentadoria
As pessoas aposentadas pertencem a duas categorias:
1ª- as que se acomodam, renunciam a muitas coisas, acham que a vida acabou, sentem-se inúteis, não buscam o contato com as pessoas e com a vida, e pensam muito na morte.
2ª- as que aprendem a desfrutar desse momento livre para buscar momentos de prazer, fazem planos, criam oportunidades. Ao invés de diminuir o passo, elas estão acelerando: uma 2ª carreira, um novo amor, hobbies, viagens... São pessoas que buscam suas próprias soluções e focos de interesse, de acordo com suas aptidões e inclinações.

Na verdade há um leque de opções de prazer e agora elas podem realizar muitas coisas que por necessidade de sobrevivência tiveram que abrir mão no passado.
Há uma variedade enorme de atividades prazerosas: leituras, jogos, música, dança, cinema, teatro, show, trabalhos manuais, tocar instrumentos, clube, praia, festas, viagens, esportes, cantar , navegar na internet...
Muitas vezes, porém, a pessoa está desanimada, se sentindo incapaz de usar seus próprios recursos para vencer as dificuldades e ir em busca da realização. É muito importante que a pessoa não desista, não se acomode. Ela pode buscar uma ajuda para conseguir modificar a situação.

As limitações
Nascemos e permaneceremos tendo limitações em todas as etapas da nossa vida.
Quando crianças , escola, deveres de casa, testes, provas, cursos de línguas, balé, esportes, aulas particulares, é como se fossem pequenos executivos. Os horários das refeições , do sono, do estudo, do brincar, tudo regulado pelos pais.
Os adolescentes têm um desejo e uma ansiedade enorme de possuir o mundo todo de uma vez. Período muito conturbado, cheio de contradições, rebeldias e inseguranças (não sabem bem quem são: não são mais crianças, mas também não são adultos). As mudanças hormonais são gigantescas. Precisam lidar com os sonhos irrealizados, com as frustrações e com as limitações. Querem ser independentes, donos das suas vidas, mas não podem se sustentar.

Quando adultos, inúmeras responsabilidades, luta profissional, busca da sobrevivência e a consciência de muitos sonhos não realizados. Com a chegada dos filhos, maiores responsabilidades com uma sobrecarga financeira e psicológica para cuidar da família.
Como estranhar, portanto as limitações que são impostas pelo envelhecimento?
Deveríamos estar acostumados e conseguir ver o lado positivo dessa nova fase.

Sobre os ganhos:
Sem sombra de dúvida, precisamos valorizar e apreciar o que adquirimos: a maturidade, o conhecimento, a maior capacidade de discernimento e a sabedoria.
Descobrir coisas que nunca pudemos ver porque não tínhamos tempo. A liberdade e a maturidade nos permite criar novas oportunidades.

Final
O importante é continuarmos investindo em nós, no fortalecimento da nossa autoestima, na nossa capacidade de ser feliz.
Sem uma boa autoestima, não somos capazes de dar valor a nós mesmos e, portanto não agiremos de forma a permitir que os outros nos valorizem.
Uma pessoa que esteja bem consigo mesma, vai aceitar a inexorável passagem do tempo como um processo natural e pleno de possibilidades de aprendizado e crescimento pessoal.
É preciso varrer diariamente o lixo emocional da véspera, da semana passada, do passado, e olhar os novos horizontes que vamos escolher para percorrer.
Vamos aprender algo novo, arriscar e não fugir do desconhecido.
Vamos ressignificar o passado, colorindo o presente e dar mais valor e carinho a nós e aos outros. Porque só nós maduros podemos compreender o valor do hoje, do presente.
Então, teremos força para fazer igual à canção:
Começar de novo e contar comigo, vai valer a pena, ter amanhecido.”

PABLO NERUDA - O Poço

-->
Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.
Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?
Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.
Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.
Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.
Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.

CAETANO VELOSO – Lurdinha

 Eu tendia a gostar dos artistas insubmissos a programas 
que deveriam servir a alguma “ditadura do proletariado”.
Paulinha Lavigne, que foi minha mulher e é minha empresária (portanto tem de me conhecer um bocado), riu muito ao me ler aqui contando que quase colaborei com a luta armada. Mesmo Dedé, que era minha mulher no tempo em que essas coisas se deram (e que é minha amiga queridíssima), poderá ter se surpreendido: não me lembro de ter dito a ela sobre o esboço de combinação que fiz com Lurdinha de dar apoio logístico à guerrilha. Ambas devem estranhar que um banana de pijama como eu, que, como disse o brilhante Lobão numa pocket-palestra, toca violão como quem está tomando um cafezinho (embora eu não tome cafezinho), pudesse estar ligado, ainda que remotamente, a atos de violenta bravura.
Lurdinha era minha colega de sala na faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia. A turma era muito pequena. Os professores não despertavam entusiasmo. O interesse em ir à faculdade se centrava nos encontros com Wladimir Carvalho e Fernando Kraichete e nas conversas com Rose Foly no Diretório Acadêmico. Lurdinha, no entanto, com sua genuína vocação para a disciplina, assistia às aulas e executava as tarefas curriculares com pontualidade. Várias vezes ela foi me buscar em casa, fazendo arrancarem-me da cama às pressas, para que eu não perdesse uma prova. Ela era comunista e olhava com benevolência meu jeito boêmio.
Wladimir também era comunista. Todos os meus amigos na faculdade — e fora dela — eram de esquerda. Nenhum iria ao Cine Roma assistir a um show de rock de Raulzito e os Panteras. Íamos ao clube de cinema, ao MAM, ao Teatro dos Novos, aos concertos da Reitoria, ouvíamos João Gilberto e Thelonious Monk. Rock era lixo e anátema. Carlos Nelson Coutinho era nosso contemporâneo na faculdade e já escrevia artigos sérios: era o lado teórico do movimento que crescia no período pós-Jânio e pré-ditadura . Quando surgia uma discussão sobre se Luís Carlos Maciel escrever um livro sobre Kafka e Beckett representava alienação, eu sempre me posicionava do lado dos malucos: embora só tivesse lido “A metamorfose” e os contos “Na colônia penal” e “O faquir” (estes, na revista “Senhor”) — e nada de Beckett — eu tendia a gostar dos artistas insubmissos a programas que deveriam servir a alguma “ditadura do proletariado”. Apesar da minha teimosia em não entrar em grupo nenhum, eu era tratado com simpatia. O Centro Popular de Cultura da UNE local me pediu que escrevesse um samba para um bloco de carnaval engajado. Fiz “Samba em paz” — que veio a ser gravado, anos depois, por Elis.
O que mais impressionava em Lurdinha era sua sobriedade. Ela não exibia retoricamente a força de suas convicções: seu despojamento pessoal, sua lealdade inabalável, sua decisão de não perder tempo com discussões decorativas é que mostravam a firmeza de sua orientação política.
Quando nos jogamos no tropicalismo, Lurdinha tinha se casado com o pintor Humberto Vellame e se mudado para São Paulo. Entre móveis de plástico transparente e manequins de fibra de vidro, tínhamos, Dedé e eu, em nossa sala, um quadro de Vellame. O casal nos visitava de vez em quando. O tropicalismo tinha uma fome estética de violência que se traduzia em imagens fortes nas letras, sons elétricos e distorcidos nas bases, aproximação com a vanguarda radical da música clássica, contraste gritante com a bossa nova. Isso correspondia a uma impaciência com a inatividade dos comunistas sob ordens de Moscou e a uma identificação com a nascente dissidência liderada por Marighella. Faz pouco Juca Ferreira me alertou para o fato de que não toda a esquerda era hostil ao tropicalismo: dentre a turma da Lubelu (Liberdade e Luta) havia quem gostasse do nosso estilo. Lurdinha — que nunca fez coro às reações antipáticas ao nosso trabalho por parte da esquerda — sentia a mesma impaciência que eu. Só que ela nunca fora nem boêmia nem retórica: seu sentimento tinha de se expressar em ação. Quando ela me pediu um eventual apoio logístico, acedi de imediato.
Em "Verdade Tropical" digo que se a nossa revolução de esquerda tivesse vencido talvez daí saísse apenas mais um gigante com câimbras. Mas Marighella foi morto numa rua de São Paulo antes que isso se tornasse ao menos provável. E pela mão de Sérgio Fleury, o truculento policial que, em entrevista à revista“Realidade”, nos anos 70, disse da “Baixinha” que estivera sob tortura: “Maria de Lourdes do Rego Mello: Está aí uma das moças mais corajosas que vi na vida. De uma lealdade e segurança impressionantes. Nunca se deixou trair nos interrogatórios, nunca arrancamos dela uma palavra que levasse ao ‘Velho’ (Joaquim Câmara Ferreira, o ‘Toledo’). Foi seguida durante 60 dias, filmada, fotografada, até que foi presa. Essa moça recusou ir para o Chile, na troca com um embaixador. Quando soube disso, eu a chamei até minha sala. Disse: ‘Olha aqui, Baixinha, você mentiu para mim o tempo todo. De tudo quanto disse, 99% era mentira. Mas gostei de sua atitude. Aceito as suas mentiras. Agora deixo você em paz.’”
Desde que fui preso e exilado, eu não tinha notícias de Lurdinha. Temia que ela não estivesse viva. Foi o blog “Obra em progresso”, da feitura do Zii e Zie, quem a trouxe de volta. Um dos comentaristas, Julio, tinha o sobrenome Vellame. Perguntei se ele era parente de Humberto. Ele respondeu: “Sou filho de Lurdinha, Caetano.” Assim, a internet de Hermano Vianna me reaproximou da Maria Quitéria da guerrilha urbana.

FERREIRA GULLAR - Punir o culpado pega mal

A criminalidade cresce a cada dia e parece fugir 
do controle dos órgãos encarregados de detê-la.

Estar, hoje, a mais alta corte de Justiça do país, julgando um processo que envolve algumas importantes figuras do mundo político nacional é um fato de enorme significação para o país.

É verdade que esse processo estava há sete anos esperando julgamento e que muitas tentativas foram feitas para inviabilizá-lo. Até o último momento, no dia mesmo em que teve início o julgamento, tentou-se uma manobra que o suspenderia, desmembrando-o em dezenas de processos sujeitos a recursos e protelações que inviabilizariam qualquer punição dos réus.

Mas a proposta foi rechaçada e, assim, o julgamento prossegue. Se os culpados serão efetivamente punidos, não se pode garantir, uma vez que os mais famosos e sagazes advogados do país foram contratados para defendê-los. Além disso, como se sabe, punição, no Brasil, é coisa rara, especialmente quando se trata de gente importante.

E é sobre isso que gostaria de falar, porque, como é do conhecimento geral, poucos são os criminosos condenados e, quando o são, nem sempre a pena corresponde à gravidade do crime cometido. Sei que estou generalizando, mas sei também que, ao fazê-lo, expresso o sentimento de grande parte da sociedade, que se sente acuada, assustada e, de modo geral, não confia na Justiça. Nem na polícia.

Agora mesmo, uma pesquisa feita pelo Datafolha deixou isso evidente. Embora 73% dos entrevistados achem que os réus do mensalão devem ser condenados, apenas 11% acreditam que eles sejam mandados para a cadeia.

E é natural que pensem assim, uma vez que a criminalidade cresce a cada dia e parece fugir do controle dos órgãos encarregados de detê-la e combatê-la.

Outro dia, um delegado de polícia veio a público manifestar sua revolta em face das decisões judiciais que mandam soltar criminosos, poucas horas depois de terem sido presos em flagrante, assaltando residências e ameaçando a vida dos cidadãos. Parece que uma boa parte dos juízes pensa como um deles que, interpelado por tratar criminosos com benevolência, respondeu que "a sociedade não tem que se vingar dos acusados".

Entendo o delegado. Mas pior que alguns juízes é a própria lei. Inventaram que marmanjos de 16, 17 anos de idade, que assaltam e matam, não sabem o que fazem. Lembro-me de um deles que, após praticar seu oitavo homicídio, ouviu de um repórter: "Ano que vem você completa 18 anos, vai deixar de ser de menor". E ele respondeu: "Pois é, tenho que aproveitar o tempo que me resta".

Todo mundo sabe que os chefes de gangues usam menores para eliminar seus rivais. São internados em casas de recuperação que não recuperam ninguém e donde fogem ou recebem permissão para se ressocializar junto à família. Saem e não voltam. Meses, anos depois, são presos de novo porque assaltaram ou mataram alguém. E começa tudo de novo.

Mas isso não vale só para os menores de idade. Criminosos adultos, reincidentes no crime, condenados que sejam, logo desfrutam do direito à prisão semiaberta, que lhes permite só dormir no presídio.

Há algumas semanas, descobriu-se que dezenas desses presos, da penitenciária de Bangu, no Rio, traziam drogas para vender na penitenciária. E tudo articulado com o uso de telefones celulares, de que dispõem à vontade, inclusive para chantagear cidadãos forjando falsos sequestros. Com frequência, ao prender assaltantes, a polícia constata que se trata de criminosos que cumpriam pena e que, graças ao direito de visitar a família no Dia das Mães, das tias ou das avós, saem e retornam, não à prisão, mas à prática do crime.

Esses fatos se repetem a cada dia, com o conhecimento de todo mundo, especialmente dos responsáveis pela aplicação da Justiça, mas nada é feito para evitá-los ou sequer reduzi-los.
A impressão que se tem é que tomou conta do sistema judiciário uma visão equivocada, segundo a qual o crime é provocado pela desigualdade social e, sendo assim, o criminoso, em vez de culpado, é vítima. Puni-lo seria cometer uma dupla injustiça.

O que essa teoria não explica é por que, havendo no Brasil cerca de 50 milhões de pobres, não há sequer 1 milhão de bandidos. Isso sem falar naqueles que de pobres não têm nada, moram em mansões de luxo e mandam no país.

STANISLAW PONTE PRETA - Areia no Casal

Por que será que tem gente que vive se metendo com o que os outros estão fazendo? Pode haver coisa mais ingênua do que um menininho brincando com areia, na beira da praia? Não pode, né? Pois estávamos nós deitados a doirar a pele para endoidar mulher, sob o sol de Copacabana, em decúbito ventral (não o sol, mas nós) a ler “Maravilhas da Biologia”, do coleguinha cientista Benedictela Inox Tons, quando um camarada se meteu com uma criança, que brincava com a areia.

Interrompemos a leitura para ouvir a conversa. O menininho já estava com um balde desses de matéria plástica cheio de areia, quando o sujeito intrometido chegou e perguntou o que é que o menininho ia fazer com aquela areia. O menininho fungou, o que é muito natural, pois todo menininho que vai na praia funga, e explicou pro cara que ia jogar a areia num casal que estava numa barraca lá adiante. E apontou para a barraca.

Nós olhamos, assim como olhou o cara que perguntava ao menininho. Lá, na barraca distante, a gente só conseguia ver dois pares de pernas ao sol. O resto estava escondido pela sombra, por trás da barraca. Eram dois pares, dizíamos, um de pernas femininas, o que se notava pela graça da linha, e outro masculino, o que se notava pela abundante vegetação capilar, se nos permitem o termo.

Eu vou jogar a areia naquele casal por causa de que eles estão se abraçando e se beijando muito — explicou o menininho, dando outra fungada.

O intrometido sorriu complacente e veio com lição de moral.

Não faça isso, meu filho — disse ele (e depois viemos a saber que o menino era seu vizinho de apartamento). Passou a mão pela cabeça do garotinho e prosseguiu: — deixe o casal em paz. Você ainda é pequeno e não entende dessas coisas, mas é muito feio ir jogar areia em cima dos outros.

O menininho olhou pro cara muito espantado e ainda insistiu:

Deixa eu jogar neles.

O camarada fez menção de lhe tirar o balde da mão e foi mais incisivo:

Não senhor. Deixe o casal namorar em paz. Não vai jogar areia não.

O menininho então deixou que ele esvaziasse o balde e disse: — Tá certo. Eu só ia jogar areia neles por causa do senhor.

Por minha causa? — estranhou o chato. — Mas que casal é aquele?

O homem eu não sei — respondeu o menininho. — Mas a mulher é a sua.

A NATUREZA HUMANA É MAIS GENEROSA OU MAIS EGOÍSTA?

Imagine que você está andando por um trilha e se depara com uma cobra. Em uma fração de segundo, você pula para trás. Seu cérebro agiu rapidamente, de maneira quase instintiva. Você não chegou a raciocinar se aquilo era mesmo uma cobra ou se ela era venenosa. Esse é um exemplo da forma rápida de pensar.
Essa forma de pensar é útil, pois permite reações rápidas, baseadas em informações limitadas. É importante em muitos momentos, mas pode levar a interpretações errôneas. No momento seguinte, você observa a cobra, seu cérebro conclui que ela não está em posição de ataque, que provavelmente não é venenosa e é bem pequena.

Além disso, seu cérebro observa que ela está se dirigindo para o mato. Você conclui que o perigo não é grande. Espera um pouco e continua sua caminhada. Esse segundo momento é um exemplo da forma lenta de pensar. Como é lenta, ela não te salvaria da picada de uma jararaca prestes a dar o bote, mas, exatamente por ser lenta, permite um julgamento crítico da situação, baseado em experiências anteriores e no conhecimento adquirido.
Imagine agora que você está caminhando pela calçada e se depara com uma pessoa desmaiada. Você pode parar para ajudar, uma atitude que poderíamos chamar de generosa (se você for generoso, talvez alguém vai te ajudar em caso de necessidade); ou você pode decidir que não é um problema seu e continuar sua caminhada, uma atitude que podemos chamar de egoísta (se todos forem egoístas, ninguém vai te ajudar em caso de necessidade).
Será que nossa forma rápida de pensamento é intrinsecamente generosa e nossa forma lenta leva a uma reação egoísta? Ou ocorre o inverso: nossa forma rápida de pensamento tende a produzir uma resposta egoísta e nossa forma lenta tende a produzir uma resposta generosa?
Para responder esta questão, um grupo de cientistas fez diversos experimentos com um número grande de pessoas. Um deles consiste em propor para grupos de quatro delas o seguinte jogo: cada uma recebe R$ 10 e o cientista as informa de que elas podem separar uma parte desse dinheiro e colocá-la em um "bolo" comum. A quantidade de dinheiro que cada um põe no "bolo" é decidida individualmente e os outros não são informados da decisão. O cientista informa também que o dinheiro colocado no "bolo" será duplicado (se houver R$ 4, o cientista colocará mais R$ 4 e o "bolo" passará a conter R$ 8), e o novo total do "bolo" será dividido igualmente.
É fácil entender que se todos os quatro jogadores forem generosos e colocarem seus R$ 10 no "bolo", R$ 80 serão divididos e cada um acabará com R$ 20. Mas se somente um jogador for generoso e colocar seus R$10 no "bolo", somente R$ 20 serão divididos por quatro e os três egoístas terminarão com R$ 15, enquanto o generoso acabará com apenas R$ 5. Durante cada rodada, cabe a cada jogador decidir se quer tomar uma atitude generosa ou uma atitude egoísta.

Resultados. Num primeiro experimento, 848 pessoas foram divididas em grupos de quatro e jogaram uma rodada do jogo descrito acima. Elas podiam levar o tempo que quisessem para decidir quanto contribuiriam para o "bolo", mas os cientistas marcaram o tempo que cada um levava para decidir. O resultado demonstrou que as pessoas que decidiam em menos de 10 segundos contribuíam para o "bolo" 65% do dinheiro recebido. As pessoas que levam mais de 10 segundos para decidir tinham um comportamento mais egoísta, contribuindo em média 50% para o "bolo". O mais interessante foi que os que decidiam instantaneamente (1 segundo) contribuíam até 85% e os que levavam até 100 segundos contribuíam apenas 35% para o "bolo".

Em um outro experimento, com quase mil pessoas, os voluntários foram instruídos a decidir quanto contribuiriam em menos de 10 segundos. Nesse caso, a média de contribuição foi de 65%. Quando eles eram forçados a pensar mais por de 10 segundos antes de decidir, a contribuição média caía para 35%. Diversos outros experimentos em que o tempo de reação era relacionado com atitudes egoístas ou generosas chegaram ao mesmo resultado.
Os cientistas acreditam que esse resultado demonstra que somos instintivamente generosos, ou seja, que nosso modo rápido de pensar leva à generosidade da mesma maneira que nos leva a fugir de qualquer coisa que se pareça com uma cobra. Provavelmente, é um resquício do tempo em que vivíamos em pequenos grupos, em que a colaboração era essencial para a sobrevivência de todos. Já o pensamento lento, mais racional e influenciado pelas experiências anteriores e pela educação, resulta em um componente maior de egoísmo, talvez um reflexo da vida em sociedades complexas, onde nossa decisão de não ajudar uma pessoa desmaiada não nos exclui automaticamente da possibilidade de sermos ajudados num momento de necessidade.

A conclusão é de que somos programados para, no caso de termos de agir rapidamente, optarmos por uma atitude generosa. Se isso é verdade, nossa sociedade se tornará muito melhor se não pensarmos muito antes de ajudar o próximo.
Fernando Reinach

VIVIANE MOSÉ - Poesia: Toda Palavra


Procuro uma palavra que me salve
Pode ser uma palavra verbo
Uma palavra vespa, uma palavra casta.
Pode ser uma palavra dura. Sem carinho.
Ou palavra muda,
molhada de suor no esforço da terra não lavrada.
Não ligo se ela vem suja, mal lavada.
Procuro uma coisa qualquer que saia soada do nada.
Eu imploro pelos verbos que tanto humilhei
e reconsidero minha posição em relação aos adjetivos.
Penso em quanta fadiga me dava
o excesso de frases desalinhadas em meu ouvido.
Hoje imploro uma fala escrita,
não pode ser cantada.
Preciso de uma palavra letra
grifada grafia no papel.
Uma palavra como um porto
um mar um prado
um campo minado um contorno
carrossel cavalo pente quebrado véu
mariscos muralhas manivelas navalhas.
Eu preciso do escarcéu soletrado
Preciso daquilo que havia negado
E mesmo tendo medo de algumas palavras
preciso da palavra medo como preciso da palavra morte
que é uma palavra triste.
Toda palavra deve ser anunciada e ouvida.
Nunca mais o desprezo por coisas mal ditas.
Toda palavra é bem dita e bem vinda.

LYA LUFT - Canção do Amor Sereno

 
Vem sem receio: eu te recebo
Como um dom dos deuses do deserto
Que decretaram minha trégua, e permitiram
Que o mel de teus olhos me invadisse.
Quero que o meu amor te faça livre,
Que meus dedos não te prendam
Mas contornem teu raro perfil
Como lábios tocam um anel sagrado.
Quero que o meu amor te seja enfeite
E conforto, porto de partida para a fundação
Do teu reino, em que a sombra
Seja abrigo e ilha.
Quero que o meu amor te seja leve
Como se dançasse numa praia uma menina.

FERNANDO SABINO - Gente Que Nos Faz Melhor ...


Tem gente que é só passar pela gente
que a gente fica contente.

Tem Gente que sente o que a gente sente
e passa isso docemente.

Tem Gente que vive,
Tem Gente que fala
e nos olha na face,
Tem Gente que cala
e nos faz olhar...

Toda essa Gente que convive com a gente,
Leva da gente o que a gente tem
e passa a ser gente dentro da gente.
Um pedaço da gente em outro alguém...

CURIOSIDADES SOBRE OS SONHOS


Dá pra pôr ideias na mente alheia durante o sono?
Sugestões bem dadas antes de dormir podem influenciar o sonho dos outros. Mas nada garante que forçar alguém a sonhar com um carro vai convencê-lo a comprar um, por exemplo.

Dá pra sonhar em um sonho?
É o "falso espertar": você acha que acordou, mas ainda está dormindo.

Dá pra morrer sonhando?
Dá, mas não pelo sonho, mas porque se morre dormindo. A crença de que se alguém sonhar que morre durante um sonho, morre na vida real é completamente infundada. Agora, convenhamos, isso é uma coisa muito difícil de comprovar...

Nossos traumas voltam nos sonhos?
Em fases difíceis, os sonhos recuperam nossas referências máximas de estresse. Para Leonardo DiCaprio em A Origem, era a esposa falecida; já veteranos sonham com a guerra.

Existem sonhos coletivos?
Fora os do tipo Martin Luther King, só ficção científica mesmo.

Sonho dura mais que o sono?
Apesar de o roteiro de A Origem discordar, o tempo do sonho é o mesmo do relógio.

O que é a fase de sono REM?
São as partes do sono em que o cérebro fica mais ativo do que de dia. É nelas que ocorre a maioria dos sonhos. REM é a sigla em inglês para um efeito colateral dessas fases: "movimento rápido dos olhos".

Só lembramos o fim dos sonhos?
Durante os sonhos, a serotonina, neuromodulador que controla a memória, não está presente. A tendência é lembrar só os sonhos do fim do sono, quando ela volta a ser produzida pelo nosso cérebro.

Quantos sonhos temos à noite?
Basicamente, é o número de fases REM: 4 ou 5 vezes por dormida. Eles começam curtos (3 a 4 minutos) e vão ficando maiores conforme a noite avança, chegando a quase uma hora no início da manhã.

Por que nem todos se lembram dos sonhos?
Não é magia, é psicologia: lembra dos sonhos quem decidiu que eles valem a pena ser lembrados. Com motivação, quem esquece seus sonhos vai se lembrar deles - ao menos dos que surgirem no fim do sono.
Science Today

HELOISA SEIXAS - Janela carioca

A noite já quase caía e eu ia passando pela praia de Ipanema em direção a Copacabana quando o motorista de táxi que me levava soltou uma exclamação. Inclinei-me para frente, sem entender bem o que ele dizia, só tendo percebido que a frase acabara com a expressão “tudo dourado”. Já ia pedir que ele repetisse o comentário quando meus olhos viram, através do vidro da frente do carro, a imagem à qual sem dúvida o rapaz se referia. Na altura do Castelinho e indo até a ponta do Arpoador, os prédios, a areia, a pedra, tudo estava cor de ouro – e brilhava, brilhava como um enfeite de Natal.

O motorista diminuiu a marcha, ou talvez tenha sido um sinal de trânsito que, num ajuste perfeito e providencial, acabava de fechar. O fato é que ficamos os dois ali, em silêncio, olhando, observando o cenário tão conhecido, mas que naquele instante ganhava uma tonalidade incomum.

Quando o carro recomeçou a andar, olhei para trás. O sol, que já quase se punha atrás do morro do Vidigal, surgira de repente – depois de tantos dias de chuva – e ao vencer as nuvens se mostrava como uma bola de fogo, cujos raios se despejavam diretamente sobre a ponta do Arpoador, formando à nossa frente aquela pequena cidade de ouro, como se saída de um conto das mil e uma noites.

Mas não foi só isso. Havia naquele fim de tarde algo mais.

Mal me recuperara da surpresa e olhei na direção do mar. E ali, muito além das ilhas, emergindo das brumas que suavizavam o horizonte, estava o pé de um arco-íris, de um colorido perfeito, subindo e desaparecendo no céu lilás do começo de noite, antes de completar o arco. Há muito tempo não via um arco-íris tão nítido, de cores tão bonitas. Mostrei-o ao motorista de táxi que, como eu, parecia não saber mais o que dizer.

Entramos pela Rua Francisco Otaviano, com pena de deixar aquela paisagem para trás. Mas quando desembocamos no Posto Seis, o arco-íris, fugidio e mágico como qualquer arco-íris, estava lá, só que agora inteiro, surgindo de trás do Marimbás, cobrindo com seu arco toda a curva do mar de Copacabana e indo desaparecer além do Morro do Leme, lá pelas bandas do Pão de Açúcar. Suas cores eram menos nítidas, talvez porque a noite caía depressa, ou porque em Copacabana anoitece primeiro. Mas, de toda forma, era lindo.

E eu me deixei recostar no banco do carro, pensando no fascínio desta cidade, capaz às vezes de nos agredir tanto, com violência, sujeira, miséria, e ao mesmo tempo nos dar tanta beleza. E guardei nas retinas aquelas visões – todas as cores do arco-íris, o pôr-do-sol mais dourado – como se fossem presentes dela para mim.

HERMANN HESSE - Ramo em Flor


Para cá e para lá
sempre se inclina ao vento o ramo em flor,
para cima e para baixo
sempre meu coração vai feito uma criança
entre claros e nebulosos dias,
entre ambições e renúncias.
Até que as flores se espalham
e o ramo se enche de frutos,
até que o coração farto de infância
alcança a paz
e confessa: de muito agrado e não perdida
foi a inquieta jogada da vida.

MÁRIO QUINTANA - Canção do Dia de Sempre


Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...  

NOVAS DESCOBERTAS SOBRE O FUNCIONAMENTO DO CÉREBRO HUMANO

Amor, videogames, religião, criatividade, drogas... 
Como nosso cérebro se relaciona com tudo isso 
 é um foco constante de pesquisa dos cientistas.

O que acontece quando nos apaixonamos ou fazemos um cálculo matemático ainda é um mistério. Nesses casos e em muitos outros, temos apenas um mapa de quais regiões estão ativadas e quais as funções delas. Estamos muito longe de conhecer o cérebro - afirma Roberto Lent, professor e pesquisador da UFRJ.
Militante da divulgação científica desde a década de 1970, o neurocientista reúne no livro "Sobre neurônios, cérebros e pessoas" (Ed. Atheneu) artigos a respeito de descobertas que nos fazem avançar um pouco no oceano de neurônios.
Os videogames, apontados como vilões durante muito tempo, por exemplo, são reabilitados por Lent no livro: estudos comprovam que os jogadores ganham maior capacidade de concentração. Em outro artigo, entendemos porque agimos diferente quando estamos apaixonados. A frase "o amor é cego" tem seu fundo de verdade, sim. Quer derrubar outros mitos sobre o cérebro ou descobrir curiosidades? Confira os textos abaixo.

Capacidade Criativa
Nosso cérebro é uma máquina que funciona muito bem. Uma parte dele é responsável pelo nosso lado criativo. A capacidade de criar e improvisar está ligada a essa região. No entanto, outra área garante que não sejamos anticonvencionais o tempo todo, o que inviabilizaria qualquer chance de vida em sociedade. Pesquisas com artistas revelaram que, quando o córtex pré-frontal (bem no alto da testa) é desativado e suas regiões posteriores são liberadas, a criatividade se expande. Segundo Lent, isso faz sentido porque essa área do córtex monitora a adequação de nossas ações em relação ao ambiente. Quando estivéssemos menos comportados e livres das obrigações e convenções do dia a dia, seríamos mais criativos.

Nós mesmos produzimos maconha!
A afirmação acima pode parecer uma louca viagem, mas tem fundamento científico: nosso cérebro produz uma substância da mesma família da maconha (Cannabis sativa). Seu papel é modular a conversa entre os neurônios: em alguns momentos mais animada, em outros mais lenta. Essa espécie de "endomaconha" (o nome científico é endocanabinoides) é que deixa você mais sonolento ou mais ligado. A descoberta dessas substâncias foi feita a partir de uma pergunta simples: por que nosso cérebro é capaz de reconhecer as propriedades de uma planta? Porque nosso corpo produz alguma coisa parecida. Lent explica que nossos neurônios possuem "leitores" em suas membranas, que, ao entrar em contato com uma substância, leem e enviam uma resposta para o resto do corpo. Neste caso, atuando nas sinapses. Mas isso não significa que a maconha não causa males, diz Lent. Pelo contrário: quando se fuma, vem muito mais do que canabinoides. Além disso, nosso cérebro não produz sua própria maconha descontroladamente. Ninguém vai sentir "barato" algum por causa dela.

Tamanho do cérebro não diz nada.
"Cabeção", "cabeçudo", "crânio"... Não faltam nomes carinhosos para associar o tamanho da cabeça com a inteligência. Mas a neurociência já descartou essa possibilidade. O teste do Q.I, que já provocou muita discussão, pode ser usado, desde que sejam respeitadas as diferenças entre os indivíduos, como grau de escolaridade, padrão social e nacionalidade, explica Lent. Recentemente, uma pesquisa feita na Escola de Medicina da Universidade da Califórnia associou a inteligência com o tamanho de certas partes do cérebro. No estudo, pessoas mais inteligentes tinham áreas maiores que a média. O problema é que pessoas menos inteligentes não tinham essas regiões menores que a média. Ou seja, essa história de chamar de "cabeçudo" não tem nada a ver, sacou?

O amor é cego.
Por que fazemos loucuras quando estamos apaixonados? Bem, a resposta está no nosso cérebro. Nessas horas, uma determinada região passa a receber mais sangue que o normal, seu metabolismo acelera e há maior atividade entre os neurônios, além da liberação de hormônios. Ao mesmo tempo, a área do lobo frontal, associada ao raciocínio lógico e à matemática, fica menos ativa. Lent afirma que é desse equilíbrio (ou seria desequilíbrio?) que vêm decisões impensadas que tomamos.

Religiosidade
Lent diz que as religiões são um fenômeno cultural, mas a religiosidade humana também pode ser compreendida pela neurociência. Cientistas americanos mapearam o que acontece no cérebro das pessoas quando se relacionam com a fé. Os crentes veem seu deus como uma pessoa que pode intervir nas suas vidas e agem de acordo com o que creem que ele deseja. Isso é conhecido como teoria da mente. Uma associação similar ocorre, por exemplo, quando encontramos pessoas na rua: podemos achá-las feias, atraentes, mal encaradas etc. A partir daí, agimos de acordo com a imagem que fazemos delas.

Cientistas: videogame faz bem.
"Larga desse videogame!". Todo mundo já ouviu essa frase alguma vez na vida. Da próxima vez que seus pais mandarem essa, você já tem uma resposta à altura: ao contrário do que muita gente acha, jogos eletrônicos aumentam a nossa capacidade de concentração. Cientistas afirmam que, durante os jogos, acontece um fenômeno chamado plasticidade transmodal, ou seja, são muitas ações acontecendo ao mesmo tempo em vários pontos da tela. O exercício de focar em pontos diferentes, o que ativa circuitos cerebrais, "educa" nossa atenção. Isso pode ajudar na hora de ler um livro, por exemplo. Lent reconhece que o videogame foi satanizado durante muito tempo, mas seu potencial deveria ser mais aproveitado, principalmente no ensino. O problema, para o neurocientista, está no excesso. Não dá para só jogar e deixar de fazer atividades físicas, conversar e assistir a filmes.

Mente x coração
Se alguém lhe perguntar em qual parte do corpo está o quartel-general de suas emoções, o que você responderia? Provavelmente, cérebro. Só que uma pesquisa feita por cientistas alemães mostrou que o coração também guarda marcas da chamada personalidade emocional. Coração partido não é só figura de linguagem: a partir de eletrocardiogramas, exames que geram gráficos dos nossos batimentos, os pesquisadores criaram formas de identificar se somos chorões, durões, amorosos. Lent relembra que, na Antiguidade, o coração era considerado bem mais importante do que o cérebro. Os egípcios, por exemplo, acreditavam que ele era o guardião da alma e responsável pela razão e pela emoção.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.
Livros de Edmir Saint-Clair

Escolha o tema:

- Mônica El Bayeh (1) 100 DIAS QUE MUDARAM O MUNDO (1) 45 LIÇÕES QUE A VIDA ME ENSINOU (1) 48 FRASES GENIAIS (1) 5 CHAVES PARA FREAR AS RELAÇÕES TÓXICAS NA FAMÍLIA (1) 5 MITOS SOBRE O CÉREBRO QUE ATÉ OS NEUROCIENTISTAS ACREDITAM (1) A ALMA ESTÁ NA CABEÇA (1) A FUNÇÃO SOCIAL DA CULPA (1) A GREVE DAS PALAVRAS (1) A LUCIDEZ PERIGOSA (1) A PANDEMIA VISTA DE 2050 (1) A PARÁBOLA BUDISTA (1) A PÍLULA DA INTELIGÊNCIA (1) A PRÁTICA DA BOA AMIZADE (1) A PREOCUPAÇÃO EXCESSIVA COM A APARÊNCIA FÍSICA (1) A QUALIDADE DO SEU FUTURO - Edmir Silveira (1) A SOMBRA DAS CHUTEIRAS IMORTAIS (1) A Tua Ponte (1) A vergonha pode ser o início da sabedoria (1) AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA (5) Amigos (4) amizade (2) ANA CAROLINA DECLAMA TEXTO DE ELISA LUCINDA (1) ANDRÉ COMTE-SPONVILLE (3) ANTONIO CÍCERO (2) ANTÓNIO DAMÁSIO (3) ANTÔNIO MARIA (2) ANTONIO PRATA (2) antropologia (3) APENAS UMA FOLHA EM BRANCO SOBRE A MESA (1) APOLOGIA DE PLATÃO SOBRE SÓCRATES (1) ARISTÓTELES (2) ARNALDO ANTUNES (2) ARNALDO BLOCH (1) Arnaldo Jabor (36) ARTHUR DA TÁVOLA (12) ARTHUR DAPIEVE (1) ARTHUR RIMBAUD (2) ARTHUR SCHOPENHAUER (5) ARTUR DA TÁVOLA (9) ARTUR XEXÉO (6) ASHLEY MONTAGU (1) AUGUSTO CURY (4) AUTOCONHECIMENTO (2) BARÃO DE ITARARÉ (3) BARUCH SPINOZA (3) BBC (9) BBC Future (4) BERNARD SHAW (2) BERTRAND RUSSELL (1) BISCOITO GLOBO (1) BRAINSPOTTING (1) BRUNA LOMBARDI (2) CACÁ DIEGUES (1) CAETANO VELOSO (10) caio fernando abreu (5) CARL JUNG (1) Carl Sagan (1) CARLOS CASTAÑEDA - EXPERIÊNCIAS DE ESTRANHAMENTO (1) CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (23) CARLOS EDUARDO NOVAES (1) CARLOS HEITOR CONY (3) CARTA DE GEORGE ORWELL EXPLICANDO O LIVRO 1984 (1) CECÍLIA MEIRELES (5) CELSO LAFER - Violência (1) CÉREBRO (17) CHARLES BAUDELAIRE (4) CHARLES BUKOWSKI (3) Charles Chaplin (4) Charles Darwin (2) CHÂTEAU DE VERSAILLES (1) CHICO ANYSIO (3) Christian Ingo Lenz Dunker (9) CIÊNCIA E RELIGIÕES (1) CIÊNCIAS (20) CIENTISTA RUSSO REVELA O QUE OCORRE CONOSCO APÓS A MORTE (1) cinema (6) CLARICE LISPECTOR (17) CLÁUDIA LAITANO (3) CLAUDIA PENTEADO (8) Coletâneas Cult Carioca (1) COMO A INTERNET ESTÁ MUDANDO AS AMIZADES (1) COMO A MÚSICA PODE ESTIMULAR A CRIATIVIDADE (1) COMO A PERCEPÇÃO DO TEMPO MUDA DE ACORDO COM A LÍNGUA (1) COMO A PERDA DE UM DOS PAIS PODE AFETAR A SUA SAÚDE MENTAL (1) COMO A SOLIDÃO ALIMENTA O AUTORITARISMO (1) COMO COMEÇAR DO ZERO EM QUALQUER IDADE (1) COMPORTAMENTO (528) Conexão Roberto D'Avila - STEVENS REHEN - IMPERDÍVEL - ALTISSIMO NIVEL DE CONHECIMENTO (1) CONHEÇA 10 PESSOAS QUE QUASE FICARAM FAMOSAS (1) conhecimento (6) CONTARDO CALLIGARIS (17) CONVERSAS NECESSÁRIAS (1) CORA CORALINA (3) CORA RÓNAI (6) CORTES DIRETO AO PONTO (32) Cristiane Segatto (8) CRÔNICAS (992) Crônicas. (172) CRUZ E SOUSA (1) CULT MOVIE (5) CULT MUSIC (10) CULT VÍDEO (21) DALAI LAMA (5) DALTON TREVISAN (1) Dante Alighieri (1) DANUZA LEÃO (30) DE ONDE VÊM OS NOMES DAS NOTAS MUSICAIS? (1) DEEPAK CHOPRA (3) DENTRO DE MIM (1) DRAUZIO VARELLA (11) E. E. CUMMINGS (3) EDGAR MORIN (2) Edmir Saint-Clair (78) EDUARDO GALEANO (3) ELIANE BRUM (25) ELISA LUCINDA (4) EM QUE MOMENTO NOS TORNAMOS NÓS MESMOS (1) Emerson (1) EMILY DICKINSON (1) Emmanuel Kant (1) Empatia (3) entrevista (11) EPICURO (3) Epiteto (1) Erasmo de Roterdam (1) ERÓTICA É A ALMA (1) Eu Cantarei de Amor Tão Docemente (1) Eu carrego você comigo (2) Fábio Porchat (8) FABRÍCIO CARPINEJAR (5) FEDERICO GARCIA LORCA (2) FERNANDA TORRES (23) FERNANDA YOUNG (6) Fernando Pessoa (13) FERNANDO SABINO (4) FERREIRA GULLAR (24) FILHOS (5) filosofia (217) filósofo (10) FILÓSOFOS (7) Flávio Gikovate (25) FLORBELA ESPANCA (8) FRANCISCO DAUDT (25) FRANZ KAFKA (4) FRASES (39) Frases e Pensamentos (8) FREUD (4) Friedrich Nietzsche (2) Friedrich Wilhelm Nietzsche (1) FRITJOF CAPRA (2) GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ (2) GEMÄLDEGALERIE - Berlin - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) GERALDO CARNEIRO (1) Gilles Deleuze (2) HANNAH ARENDT (1) HELEN KELLER (1) HELOISA SEIXAS (10) Heloísa Seixas (1) Henry David Thoreau (1) HERMANN HESSE (10) HILDA HILST (1) IMMANUEL KANT (1) INTELIGENCIA (2) intimidade (6) IRMÃ SELMA (1) Isaac Asimov. (1) ISABEL CLEMENTE (2) IVAN MARTINS (22) JEAN JACQUES ROUSSEAU (1) JEAN PAUL SARTRE (1) JEAN-JACQUES ROUSSEAU (3) Jean-Paul Sartre (2) JEAN-YVES LELOUP - SEMEANDO A CONSCIÊNCIA (1) Jô Soares (4) JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1) JOÃO UBALDO RIBEIRO (14) JOHN NAUGHTON (1) JORGE AMADO (1) JORGE FORBES (1) jornalista (3) JOSÉ PADILHA (2) JOSE ROBERTO DE TOLEDO (1) JOSÉ SARAMAGO (8) JULIO CORTÁZAR (2) KAHLIL GIBRAN (3) Kant (2) KETUT LIYER (1) Khalil Gibran (5) Klaus Manhart (2) KRISHNAMURTI (1) Lao-Tzu (1) LE-SHANA TOVÁ TIKATEVU VE-TECHATEMU - Nilton Bonder (1) LEANDRO KARNAL (3) LEDA NAGLE (2) LÊDO IVO (2) LETÍCIA THOMPSON (2) literatura (69) literatura brasileira (23) LUIGI PIRANDELLO (2) LUIS FERNANDO VERISSIMO (15) LUIS FERNANDO VERÍSSIMO (7) LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO (13) LUIS VAZ DE CAMÕES (2) LUIZ FERNANDO VERISSIMO (6) LYA LUFT (33) LYGIA FAGUNDES TELLES (1) MADHAI (4) Mahatma Gandhi (5) Maiakowski (1) MANOEL CARLOS (11) MANOEL DE BARROS (1) MANUEL BANDEIRA (4) MAPA INTERATIVO PERMITE VIAJAR NO TEMPO E VER 'SUA CIDADE' HÁ 600 MILHÕES DE ANOS (1) Marcel Camargo (12) MARCELO RUBENS PAIVA (7) MARCIA TIBURI (12) MARÍLIA GABRIELA entrevista RAFINHA BASTOS (1) MARINA COLASANTI (6) MÁRIO LAGO (1) Mário Prata (3) MÁRIO QUINTANA (15) MÁRIO SÉRGIO CORTELLA (4) MARIO VARGAS LLOSA (1) MARK GUNGOR (1) martha medeiros (92) MARTIN LUTHER KING JR (1) MARTINHO DA VILA (1) MELATONINA: O HORMÔNIO DO SONO E DA JUVENTUDE (1) MIA COUTO (14) MIA COUTO: “O PORTUGUÊS DO BRASIL VAI DOMINAR” (1) MICHEL FOUCAULT (1) MIGUEL ESTEVES CARDOSO (4) MIGUEL FALABELLA (14) Miguel Torga (2) MILAN KUNDERA (1) MILLÔR FERNANDES (3) MOACYR SCLIAR (12) MÔNICA EL BAYEH (4) Monja Cohen (1) MUSÉE D'ORSAY - PARIS - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) MUSEU NACIONAL REINA SOFIA - Madrid - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) MUSEU VAN GOGH - Amsterdam - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) NÃO DEVEMOS TER MEDO DA EVOLUÇÃO – Edmir Silveira (1) NARCISISMO COLETIVO (1) Natasha Romanzoti (3) NÉLIDA PIÑON (1) NELSON MANDELA (1) NELSON MOTTA (28) NELSON RODRIGUES (3) NEUROCIÊNCIA (143) NILTON BONDER (1) NOAM CHOMSKY (2) NOITE DE NATAL (1) O BRASIL AINDA NÃO DESCOBRIU O CABRAL TODO (1) O CLIQUE (1) O MITO DA CAVERNA DE PLATÃO: A DUALIDADE DA NOSSA REALIDADE (1) O MITO DO AMOR MATERNO – Maria Lucia Homem (1) O Monge Ocidental (2) O MUNDO DA GENTE MORRE ANTES DA GENTE (1) O MUNDO SECRETO DO INCONSCIENTE (1) O PENSAMENTO DE CARL SAGAN (1) O PODER DO "TERCEIRO MOMENTO" (1) O PODER TERAPÊUTICO DA ESTRADA - Martha Medeiros (1) O QUE A VIDA ENSINA DEPOIS DOS 40 (1) O QUE É A TÃO FALADA MEDITAÇÃO “MINDFULNESS” (1) O QUE É A TERAPIA EMDR? – Ignez Limeira (1) O QUE É BOM ESCLARECER AO COMEÇAR UM RELACIONAMENTO AMOROSO (1) O QUE É CIENTÍFICO? - Rubem Alves (1) O que é liberdade (1) O QUE É MAIS IMPORTANTE: SER OU TER? (1) O QUE É MENTE (1) O QUE É MODERNIDADE LÍQUIDA (1) O QUE É O AMOR PLATÔNICO? (1) O QUE É O PENSAMENTO ABSTRATO (1) O QUE É OBJETIVISMO (1) O QUE É SER “BOM DE CAMA”? (1) O QUE É SER INTELIGENTE (1) O QUE É SER LIVRE? (1) O QUE É SER PAPA? - Luiz Paulo Horta (1) O QUE É SERENIDADE? (1) O QUE É UM PSICOPATA (1) O QUE É UMA COMPULSÃO? - Solange Bittencourt Quintanilha (1) O QUE FAZ O AMOR ACABAR (1) O que se passa na cama (1) O ROUBO QUE NUNCA ACONTECEU (2) O Sentido Secreto da Vida (2) OBRIGADO POR INSISTIR - Martha Medeiros (1) OCTAVIO PAZ (2) OLAVO BILAC (1) ORGASMO AJUDA A PREVENIR DOENÇAS FÍSICAS E MENTAIS (1) ORIGEM DA CONSCIÊNCIA (1) Os canalhas nos ensinam mais (2) OS EFEITOS DE UM ÚNICO DIA DE SOL NA SUA PELE (1) OS HOMENS OCOS (1) OS HOMENS VÃO MATAR-SE UNS AOS OUTROS (1) OTTO LARA RESENDE (1) OUTROS FORMATOS DE FAMÍLIA (1) PABLO NERUDA (22) PABLO PICASSO (2) PALACIO DE VERSAILLES - França - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) Pandemia (2) PAULO COELHO (6) PAULO MENDES CAMPOS (2) PEDRO BIAL (4) PENSADORES FAMOSOS (1) pensamentos (59) PERFIL DE UM AGRESSOR PSICOLÓGICO: 21 CARACTERÍSTICAS COMUNS (1) PERMISSÃO PARA SER INFELIZ - Eliane Brum com a psicóloga Rita de Cássia de Araújo Almeida (1) poemas (8) poesia (281) POESIAS (59) poeta (76) poetas (18) POR QUE A CULPA AUMENTA O PRAZER? (1) POR QUE COMETEMOS ATOS FALHOS (1) POR QUE GOSTAMOS DE MÚSICAS TRISTES? (1) porto alegre (6) PÓS-PANDEMIA (1) PRECISA-SE (1) PREGUIÇA: AS DIFERENÇAS ENTRE A BOA E A RUIM (1) PROCRASTINAÇÃO (1) PROPORÇÕES (1) PSICANALISE (5) PSICOLOGIA (432) psiquiatria (8) QUAL O SENTIDO DA VIDA? (1) QUANDO A SUA MENTE TRABALHA CONTRA VOCÊ (1) QUANDO FALAR É AGREDIR (1) QUANDO MENTIMOS MAIS? (1) QUANDO O AMOR ACABA (1) QUEM FOI EPICURO ? (1) QUEM FOI GALILEU GALILEI? (1) Quem foi John Locke (1) QUEM FOI TALES DE MILETO? (1) QUEM FOI THOMAS HOBBES? (1) QUEM INVENTOU O ESPELHO (1) Raul Seixas (2) Raul Seixas é ATROPELADO por uma onda durante uma ressaca no Leblon (1) RECEITA DE DOMINGO (1) RECOMEÇAR (3) RECOMECE - Bráulio Bessa (1) Reflexão (3) REFLEXÃO DE BERT HELLINGER (1) REGINA NAVARRO LINS (1) REJUVENESCIMENTO - O DILEMA DE DORIAN GRAY (1) RELACIONAMENTO (5) RENÉ DESCARTES (1) REZAR E AMAR (1) Rick Ricardo (5) RIJKSMUSEUM - Amsterdam - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) RIO DE JANEIRO (10) RITA LEE (5) Robert Epstein (1) ROBERT KURZ (1) ROBERTO D'ÁVILA ENTREVISTA FLÁVIO GIKOVATE (1) ROBERTO DaMATTA (8) Roberto Freire (1) ROBERTO POMPEU DE TOLEDO (1) RUBEM ALVES (26) RUBEM BRAGA (1) RUTH DE AQUINO (16) RUTH DE AQUINO - O que você revela sobre você no Facebook (1) Ruy Castro (10) SAINDO DA DEPRESSÃO (1) SÁNDOR FERENCZI (1) SÁNDOR MÁRAI (3) SÃO DEMASIADO POBRES OS NOSSOS RICOS (1) SAÚDE MENTAL (2) Scott O. Lilienfeld (2) século 20 (3) SÊNECA (7) SENSAÇÃO DE DÉJÀ VU (1) SER FELIZ É UM DEVER (2) SER MUITO INTELIGENTE: O LADO RUIM DO QUAL NÃO SE FALA (1) SER OU ESTAR? - Suzana Herculano-Houzel (1) Ser Pai (1) SER PASSIVO PODE SER PREJUDICIAL À SAÚDE (1) SER REJEITADO TORNA VOCÊ MAIS CRIATIVO (1) SERÁ QUE SUA FOME É EMOCIONAL? (1) SEXO É COLA (1) SEXO TÂNTRICO (1) SEXUALIDADE (2) Shakespeare. O bardo (1) Sidarta Ribeiro (4) SIGMUND FREUD (4) SIMONE DE BEAUVOIR (1) Simone Weil (1) SINCERICÍDIO: OS RISCOS DE SE TORNAR UM KAMIKAZE DA VERDADE (1) SÓ DE SACANAGEM (2) SÓ ELAS ENTENDERÃO (1) SOCIOLOGIA (10) SÓCRATES (2) SOFRER POR ANTECIPAÇÃO (2) Solange Bittencourt Quintanilha (13) SOLITÁRIOS PRAZERES (1) STANISLAW PONTE PRETA (5) Stephen Kanitz (1) Steve Ayan (1) STEVE JOBS (5) SUAS IDEIAS SÃO SUAS? (1) SUPER TPM: UM TRANSTORNO DIFÍCIL DE SER DIAGNOSTICADO (1) Super YES (1) Suzana Herculano-Houzel (10) T.S. ELIOT (2) TALES DE MILETO (2) TATE BRITAIN MUSEUM (GALLERY) (1) TERAPIA (4) THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART (1) THE NATIONAL GALLERY OF LONDON - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) THIAGO DE MELLO (2) TODA CRIANÇA É UM MAGO - Augusto Branco (1) Tom Jobim (2) TOM JOBIM declamando Poema da Necessidade DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (1) TONY BELLOTTO (3) Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (2) TRUQUE DO PANO: PROTEJA O CACHORRO DO BARULHO FEITO PELOS FOGOS DE ARTIFÍCIO (1) UM CACHORRO PRETO CHAMADO DEPRESSÃO (1) UM ENCONTRO COM LACAN (1) UM VÍRUS CHAMADO MEDO (1) UMA REFLEXÃO FABULOSA (1) UNIÃO EUROPEIA INVESTE EM PROGRAMA PARA PREVER O FUTURO (1) ÚNICO SER HUMANO DA HISTÓRIA A SER ATINGIDO POR UM METEORITO (1) velhice (2) Viagem ao passado (2) VICTOR HUGO (4) VÍDEO - O NASCIMENTO DE UM GOLFINHO (1) VÍDEO - PALESTRA - MEDO X CRIATIVIDADE (1) VÍDEO ENTREVISTA (2) VÍDEO PALESTRA (14) Vinícius de Moraes (3) VIVIANE MOSÉ (4) VLADIMIR MAIAKOVSKI (2) W. B. YEATS (1) W. H. Auden (2) WALCYR CARRASCO (4) WALT WHITMAN (4) Walter Kaufmann (1) Way Herbert (1) Wilhelm Reich (2) WILLIAM FAULKNER (1) William Shakespeare (4) WILSON SIMONAL e SARAH VAUGHAN (1)

RACISMO AQUI NÃO!

RACISMO AQUI NÃO!