MÁRIO QUINTANA - Dois poemas sobre a Felicidade


"Faça o que for necessário para ser feliz.
Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, 
você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade".



***


"Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!"

SER ARTE - Edmir Silveira

 
livres, Notas soltas
Sentido, beleza, 
forma, conteúdo


Músicas, perfumes, areias movediças,
Rimas, cantos, ilusões
Feitiços, agonias, respiração

Poesia, verdade, 
Momento, eternidade
Voos, balés, revoluções

Paixão faminta, transformação
Soma, artes e labirintos,
Nem pergunta, nem resposta

A Vida, a alma e a imensidão.

O FIM DA METAFÍSICA - Hélio Schwartsman

A função do médico é preservar a vida do paciente, de modo que qualquer conduta que vá contra esse princípio é condenável. Essa é uma ideia simples, cativante e errada. O mundo é um lugar bem mais complexo e nuançado do que sugerem nossos esquemas mentais.

É mais do que bem-vinda a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que faculta a pacientes registrar em seus prontuários os procedimentos aos quais não querem ser submetidos. Em tese, isso lhes permitirá evitar intubações, choques elétricos e outras técnicas invasivas que podem prolongar a agonia do doente terminal. É uma medida necessária, mas que chega com décadas de atraso e apenas arranha o problema das decisões de fim de vida.

A dificuldade maior é que as fronteiras entre a ortotanásia (não aplicar tratamentos fúteis, atitude que o CFM aprova) e a eutanásia (quando o médico toma medidas que aceleram o óbito, legalmente considerada um homicídio) são tudo, menos claras. Frequentemente, a fim de evitar que o paciente sinta dor, faz-se necessário elevar o uso de sedativos. Só que uma sedação mais profunda favorece o surgimento de complicações fatais. Se as drogas utilizadas forem da classe dos opioides, elas podem provocar diretamente uma parada respiratória. Em que medida o médico precipitou a morte? E, se não o faz, é legítimo deixar o paciente sofrer?

Tentar responder a esse tipo de questão é um exercício metafísico que até pode ser intelectualmente estimulante, mas que não produzirá critérios inequívocos de decisão.

Minha sugestão é que abandonemos toda metafísica e estabeleçamos de uma vez por todas que cada qual é dono de sua própria vida, podendo dela dispor como preferir. Isso significa que, se quiser, o paciente deve ter o direito de receber doses letais de sedativos e analgésicos. O bonito dessa solução é que, ao não impor crenças externas a ninguém, maximiza a liberdade de todos.

A CIDADE DAS ARTES - Fernanda Torres

 
O carioca se acostumou a olhar a faraônica Cidade das Artes, no entroncamento das avenidas Ayrton Senna e das Américas, na Barra, como um monumento em homenagem à corrupção.

A rejeição é tamanha que, mesmo depois de pronta, o público resiste à visita, ignora, não se sente convidado.

Pois eu arrisquei duas semanas de temporada de A Casa dos Budas Ditosos na famigerada Cidade, no apagar das luzes de 2013. E até Budas, que é aquele tiro certeiro, sofreu na primeira semana. Não tivemos corrida, só na segunda semana, depois de vencida a resistência do bairro.

Não é difícil ceder aos encantos do lugar. Cheguei de carro e subi a poderosa rampa até o colosso de concreto. O clima lá dentro é agradável e veem-se o mar e Jacarepaguá, o maciço da Tijuca e os morros de Guaratiba por entre os pilotis.

A proporção faraônica faz a gente se sentir como um hebreu em visita a Luxor. Os vãos, que eu considerava obsoletos, o pé-direito incomensurável, que muda conforme o sol, nada disso me pareceu inútil, enquanto caminhava até a entrada do teatro.

O projeto Aquarius fez sua apresentação na mesma noite do meu espetáculo. Homens de terno e mulheres de salto alto lotavam os espaços vazios. À tarde, quando cheguei, Copélias meninas corriam de uma coluna a outra: era a formatura de uma escola de balé.

Emilio Kalil, com sua vasta experiência como curador, programador, produtor, não sei que título dar a ele, abraçou a causa e tem se empenhado para que a Cidade das Artes não se transforme em um mausoléu em louvor ao mau uso do dinheiro público.

Quem assistiu ao Back2Black lá garante que foi inesquecível; assim como o show do Arnaldo Antunes.

A mostra de obras de arte contemporânea já vale a visita, a biblioteca, as salas de ensaio que comportam pequenas apresentações, tudo presta. Mas a qualidade do teatro foi o que mais me impressionou.

A sala em que me apresentei, a menor, onde cabem até 550 pessoas, tem uma acústica tão apurada que eu fui obrigada a pedir que abafassem o som do microfone, piorassem um pouco a nitidez da fala, para parecer humana. É uma distribuição diferente, com o balcão maior do que a plateia inferior, e não há ângulos retos na sala, tudo termina em curvas, até o assento das cadeiras. É muito bonita, e a sensação para quem está no palco é de total domínio do espaço.

Não entrei na sala grande, o que me arrependo de não ter feito. Deve ser um espetáculo. Ainda não me conformo com o fato de que um espaço tão grande não conte com um teatro com mais de 1 300 lugares. Três mil seria o ideal, com possibilidade de transformá-los em 1 500 sem parecer que o lugar está vazio. Christian de Portzamparc é tão talentoso que não encontraria dificuldade para resolver o problema.

O terminal de ônibus que desemboca no local ainda não está pronto. Quando ficar, espero que o Rio usufrua um projeto pelo qual pagou caro, mais do que caro para ter.

Algo que ninguém pediu, mas que, uma vez concluído, é melhor que ganhe sentido de existir.

CECÍLIA MEIRELES - Noções


Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera…

NOTAS DE UM MARCIANO - Roberto DaMatta

Cheguei ontem à região tropical da Terra. Curiosamente, o planeta é recortado num conjunto do que eles chamam de países: agrupamentos com histórias ridiculamente parecidas, encapsulados por territórios vistos como autônomos, dotados de leis próprias e norteados por um dogma chamado de soberania. Diferentemente de nós que nos sabemos ligados a todos os seres vivos e a todo o universo, pois nele estamos e a ele retornamos depois dos nossos bem vividos 500 anos com vida sexual plena e ativa, eles têm uma aguda consciência do diferente. Embora vizinhos e separados por marcos arbitrários, eles vivem como se fossem estrangeiros. Estão convencidos que são compartimentos coletivos singulares, capazes de praticar e fazer o que quiserem, mas sabem que são parte de um conjunto maior, conforme é claro ao nosso olhar marcianamente distanciado.

O resultado desta concepção individualista é o constante confronto com o bem-estar geral e coletivo; e um conjunto de dualidades que tem sido a tônica de sua visão de mundo. Pois, para eles, tudo se reduz a oposições do tipo real/ideal, nós/eles, humanidade/animalidade, vida/morte, pobres/ricos... quando - na verdade - sabemos que, quanto mais um lado engloba e recalca o outro, mais esse outro lado retorna assombrosamente fortalecido. Engolfados nessas oposições, os terráqueos tudo pressentem, mas nada podem fazer porque não têm como desmontar o seu sistema e a si mesmos de um golpe. É possível que venham a liquidar-se. De fato, os países que chamam de "mais adiantados" e que consideram superiores são os que mais poluem e destroem e, não obstante, são os que mais exportam o seu modelo de exploração do planeta. Mesmo agora, quando uma consciência planetária os atingiu, eles continuam imitando esse modelo que tem como base uma suposta ilimitada riqueza do que enganadoramente chamam de "natureza". Ademais, começam igualmente a descobrir que tudo tem relação com tudo, pois deles é uma coisa única e milagrosa: o seu planeta é vivo. Nele, conforme observamos há milênios com a nossa marciana inveja, tudo tem um ciclo e esses ciclos vitais se entrelaçam em circuitos complexos, de modo que há sempre um jogo milagroso e comovente entre a vida e a morte.

Ao chegar num país em forma de presunto, chamado Brasil, observo que estão em tempos eleitorais. Curioso que nem o presidente desta república tenta agir como árbitro, muito pelo contrário, sua visão é primariamente partidária, apaixonada e totalmente centrada no desejo de vencer a eleição a qualquer preço. O que ele aceita na vida (perder e ganhar) ele não aceita na Presidência. Li sua furiosa entrevista no meu computador telepático e fiquei estarrecido porque ele fala do papel dos jornais no Brasil, mas todo mundo sabe que ele próprio não lê. Pior: diz que tem azia quando lê algum jornal. Dei um giro pelo país e constatei que, mesmo tendo proclamado uma república em 1889, os brasileiros ainda não têm noção do que seja uma sociedade democrática. Pois confundem individualismo com egoísmo, e egoísmo com altruísmo. Assim, fazem suas falcatruas em nome do que chamam de "povo"; e mesmo tendo uma visão partidária exclusiva e um tanto fascistoide, a faceta pessoal de suas vidas - seus laços com parentes e amigos - está sempre pronta a vir à tona nas situações nas quais bens coletivos estejam em jogo. Por isso, os brasileiros adoram "coisas públicas", espaços públicos e, acima de tudo, dinheiro público, que para eles pode ser apropriado como se não fosse de ninguém. Como tiveram escravos até um ano antes de proclamarem a república, tudo o que é público é da elite política. O processo eleitoral mostra isso claramente, pois os candidatos não apresentam programas, mas rezam ladainhas e repetem fórmulas mágicas denominadas "promessas eleitorais". Meros engodos para que o candidato seja eleito. Na realidade, hoje em dia eles não têm representantes, mas mediadores - ou padrinhos. Candidatos cuja distinção (como a dos santos) é o acesso que teriam ao presidente, tomado como um Deus nesta terra cheia de papagaios da espécie galvão.

Quando estava de partida, assisti a um evento notável. Uma reunião de sua Corte Suprema discutindo um projeto de lei que existe em toda e qualquer sociedade civilizada. Trata-se de uma regra que impediria ladrões e corruptos de serem candidatos a cargos públicos e usarem a legislação nacional que lhes permite escapar de tudo em nome de imunidade política definida com má-fé. Fiquei alarmado porque, mesmo diante da obviedade da causa, os magistrados se dividiram. Metade apoiava a lei; uma outra, arguia filigranas legais contra ela. Discutiram por mais de dez horas. Não conseguiram decidir. Repetiram, reiteraram e reafirmaram o que foi chamado de "dilema brasileiro" por um tal de DaMatta, dos mais medíocres estudiosos locais. Aquela indecisão estrutural constitutiva do Brasil que até hoje o faz oscilar entre seguir o caminho da igualdade ou o da aristocracia e da desigualdade. A via habitual que garante aos superiores não cumprir as leis. Devo ainda chamar atenção para...

A essa altura, leitor, eu perdi a comunicação mediúnica com o espírito desse marciano. Sinto muito, mas aqui fico com a depressão e a indignação de um velho brasileiro.

A POSSE DAS COISAS - Danuza Leão

 
E o que era o dinheiro, essa invenção diabólica, 
razão de brigas, deslealdades, traições, guerras, mortes?

Há MUITOS anos, vendi o apartamento onde morava para um americano, e como ele não tinha conta em banco, pediu para pagar em dinheiro; dinheiro vivo. Eu até gostei. No fundo, no fundo, muito melhor dinheiro do que cheque.

Depois que se deposita ainda são 48 horas para compensar, sabe-se lá se nesse tempo o comprador não morre e a mulher, com quem ele tem conta conjunta, vai lá e leva tudo. Em dinheiro é melhor.

Marcamos numa sala do meu banco, chegou o advogado, o homem do cartório, todos nos sentamos em volta de uma mesa -eu sorrindo, porque estava vendendo, ele sorrindo, porque estava comprando-, e começou a leitura da escritura. Não prestei muita atenção; já que estava vendendo, a única coisa que me interessava era receber o dinheiro e depositar.

Aí, chegou a hora do pagamento: o comprador abriu uma maleta tipo James Bond, botou os maços de dinheiro em cima da mesa e esperou que eu conferisse. Até tentei, mas como não estava (nem estou) acostumada a contar dinheiro, a coisa ficou lenta. Aí, a gerente do banco perguntou se eu não gostaria que um funcionário, com mais prática, fizesse isso por mim; eu, aliviada, disse que sim.

Por alguma razão -talvez pelo respeito que o dinheiro impõe- fez-se silêncio. Todos olhávamos para as mãos da pessoa que contava e para as notas, como se estivéssemos hipnotizados. E foi aí que viajei em meus pensamentos.
No quinto pacotinho, pensei que com eles podia comprar um carro. Mas aí vieram os outros, e me perdi. Me perdi e só via montes de folhas de papel pintado, cortados do mesmo tamanho; muito bonitinhos até, mas apenas um monte de papel. Perdi a noção de que aquilo era dinheiro e comecei a pensar.
Então estava trocando meu apartamento com vista para o mar, onde fui tão feliz, por aqueles montinhos de papel? E o tempo que levei escolhendo a cor das paredes, os sonhos que sonhei, os momentos de amizade, amor, felicidade, tristeza, desespero, ódio, esperança, tudo isso acabou, trocado por papel colorido?

E o que era o dinheiro, afinal, essa invenção diabólica, razão de brigas, deslealdades, traições, guerras, mortes?

O rapaz não acabava de contar, o silêncio continuava, e eu pensando. De tantas coisas tinha ouvido falar: de pessoas que abriram mão de suas convicções, trocaram de amigos, de marido ou de mulher, tudo por dinheiro, dos políticos que mudam de partido, que traem, que se vendem, que fazem qualquer coisa -qualquer coisa mes-mo- para serem eleitos e viverem em Brasília.

A contagem do dinheiro estava quase acabando, quando me lembrei de ter lido alguma coisa escrita sobre o Brasil na época do Descobrimento; há quem diga que os índios eram inocentes e felizes porque não conheciam nem o dinheiro, nem o casamento, nem a propriedade, isto é: a posse das coisas ou das pessoas.
E eu acrescento: eles também não conheciam o poder.

O dinheiro acabou de ser contado, assinei a escritura, suspirei, esperei pelo recibo do depósito e saí.

Já era noite, os ônibus passavam lotados; dei graças a Deus por ter dinheiro para tomar um táxi e fui para casa pensando que talvez fosse bem bom viver no meio do mato. Mas para isso seria preciso ter nascido há uns 500 anos.

CULT VÍDEO - A EMOÇÃO DE VER A CHUVA PELA PRIMEIRA VEZ

VOCÊ E LEMBRA QUANDO VIU A CHUVA PELA PRIMEIRA VEZ?


DE VOLTA PARA O PASSADO - Contardo Calligaris

Os remorsos são injustos: 
esquecemos as razões que nos fizeram 
decidir nas circunstâncias passadas

ADORARIA QUE fosse possível viajar no tempo e voltar para épocas anteriores de minha vida.

Ingenuamente, imagino que, em vários momentos do passado, eu teria me beneficiado de algo que sei só agora. Quem melhor do que eu aos 50 ou 60 anos para aconselhar uma versão mais jovem de mim, a de dez, 20, 30 anos atrás?

Hoje, enfim, meço as consequências de algumas escolhas antigas. Sei (ou imagino) que teria sido melhor me separar logo daquela pessoa e nunca me afastar de outra, que era insubstituível e que eu perdi; sei (ou imagino) que poderia ter evitado riscos inúteis e me exposto a outros dos quais fugi; sei (ou imagino) que deveria ter insistido quando desisti e desistido quando insisti. E, para quem pode viajar no tempo, nunca é tarde para salvar Inês.

Voltar ao passado para nos dar conselhos em momentos cruciais parece ser uma maneira racional de endireitar nossa vida, a única que leve em conta as consequências confirmadas de nossos atos.

Mas um ditado italiano ("del senno di poi son piene le fosse" -da sabedoria do depois as valas estão cheias) sugere que esse saber das consequências, além de chegar atrasado, talvez seja inútil.

Concordo: as escolhas da gente são quase sempre as melhores, se não as únicas possíveis na hora em que tivemos que decidir. E os remorsos são quase sempre fajutos: quando reavaliamos e censuramos nossas decisões passadas à luz de suas consequências presentes, estamos esquecendo as razões que nos fizeram decidir naquele momento e naquelas circunstâncias. Mesmo assim, a vontade é grande de voltar atrás e alterar o passado.

Quando era mais jovem, depois de qualquer crise (embate, briga, acidente), revivia mil vezes o que acabava de acontecer, corrigindo ou aperfeiçoando imaginariamente minha reação (o que eu "deveria ter feito").

Hoje, mais velho, quando volto a lugares do passado, sempre os encontro assombrados, como se minha história ainda estivesse por lá, suspensa, na espera de uma solução alternativa à que se realizou na época.

Me dei conta disso quando, pela primeira vez, morreu alguém que tinha sido minha companheira. O luto foi violento, igual ao que seria se minha história com ela nunca tivesse acabado.

Como podia ser? Se passaram tantos anos sem eu pensar nela... Por que esta dor agora? Era como se, com a morte dela, acabassem as chances de dar àquela história um desfecho outro, como se só com a morte dela o passado se tornasse realmente passado.

Seja como for, por ser um fã das viagens no tempo, não podia perder "Looper - Assassinos do Futuro", de Rian Johnson, que estreou na sexta passada. No filme, daqui a 30 anos, as viagens no tempo serão possíveis e proibidas. A máfia instalará seus assassinos, os "loopers", no passado (ou seja, numa época mais permissiva); e para esses assassinos ela despachará as pessoas que deseja eliminar, para que sejam mortas.

Um dia, um assassino descobre que o condenado, que ele recebe do futuro, é a versão mais velha dele mesmo. Será que o jovem "looper" vai querer poupar sua própria vida? Não é óbvio: afinal, matar a nós mesmos daqui a 30 anos é parecido com fumar e comer toucinho.

Esse cara, 30 anos mais velho do que eu, será que ainda sou eu? E será que alguém aos 20 ou aos 30 escutaria o que sua versão de 60 anos tentasse lhe dizer? Ou será que, para mim aos 20, eu seria hoje apenas mais um velho chato qualquer? Questão antiga: fora nossa identidade jurídica, que permanece igual, será que, ao longo da vida, somos a mesma pessoa?

Nesse fim de semana, no festival de cinema do Rio, assisti a "Camille Outra Vez", de Noémie Lvovsky, título original "Camille Redouble" (não sei quando o filme será distribuído no Brasil, mas conto com o cinema Reserva Cultural, que, em São Paulo, para quem aprecia cinema francês, é uma dádiva).

No filme, Eric e Camille ficaram juntos a vida toda. Mas Eric acaba de deixar Camille por uma mulher mais jovem (e talvez menos beberrona). No Réveillon, Camille desmaia e acorda aos 16 anos. Ela reencontra seus pais, as amigas da escola e, sobretudo, Eric, pois é bem naquela época que eles se encontraram.

Claro, Camille quer mudar o curso de sua vida (não namorar Eric) para evitar a dor futura da separação. Mas o fato é que muitos amores são como a vida: eles valem a dor que seu desfecho triste nos dará eventualmente um dia.

É O CALOR - Luis Fernando Verissimo

Alguém tem que assumir a culpa, minha filha! 
Sensação térmica de 51 graus, alguém tem que ser responsável’

Pode acontecer. A moça do tempo na TV entra no bar com um grupo de amigos. É recebida com óbvio desconforto pelos frequentadores do bar. Ouve-se um zum-zum-zum de desaprovação à sua presença. O grupo da moça ocupa uma mesa. Depois de algum tempo, um homem da mesa ao lado não se contém e pergunta:

— Você não é a moça do tempo, na TV?

A moça diz que é, sorrindo, mas o homem não sorri. Pergunta:

— Até quando vai esse calor?

— Pois é — diz a moça, ainda sorrindo. — Está difícil de prever. Tem uma zona de pressão na...

— Não — interrompe o homem. — Não me venha com zona de pressão. Chega de enrolação.

Uma mulher de outra mesa se manifesta:

— Há dias que você põe a culpa pelo calor nessa zona de pressão. E não toma providências.

— Minha senhora, eu...

Outros começam a gritar.

— Sensação térmica de 51 graus. Onde já se viu isso?

— Não dá mais para aguentar!

— Faça alguma coisa!

A moça do tempo na TV agora está em pânico.

— O que eu posso fazer? Eu só descrevo o tempo. Não tenho o poder de...

— Alguém tem que assumir a culpa, minha filha! Sensação térmica de 51 graus, alguém tem que ser responsável.

— A culpa é da Natureza!

— Rá. Natureza. Muito bonito. Muito conveniente. É como culpar a corrupção pela índole do brasileiro. Aqui ninguém tem culpa de ser corrupto, é a índole. A índole do tempo, num país tropical, é essa. E quem pode reclamar da índole? Ou da Natureza? De você nós podemos reclamar, querida.

— Mas a culpa não é minha!

— Estamos cansados do seu distanciamento enquanto mostra no mapa que o calor só vai aumentar. Seu ar superior, como se não tivesse nada a ver com aquilo. Chega!

A mesa da moça do tempo na TV está cercada. Caras raivosas. Ameaça de violência. A moça do tempo na TV se ergue e grita:

— Esta bem! Está bem! Amanhã eu faço chegar uma frente fria. Eu prometo!

As pessoas se acalmam. Todos voltam para as suas mesas. O garçom vem tirar o pedido do grupo da moça do tempo na TV e tenta explicar:

— É o calor... O pessoal fica meio louco.

POWER - Caetano Veloso

Há anos deixo de ir à minha cidade natal no dia de Iemanjá, 
o que não quer dizer que perco de todo a festa

No 2 de fevereiro vi as duas festas importantes do dia: o presente de Iemanjá no Rio Vermelho e o encerramento da festa da Purificação em Santo Amaro. A de Iemanjá vi em sua inteireza, mas de longe. Minha casa é no Rio Vermelho, e da varanda dá para ver os barcos que se arrumam em frente à Igreja de Santana e partem para o local em alto-mar onde o presente será jogado, não sem antes virem margeando a costa para virarem em ângulo reto em direção ao horizonte. Digo que eles vêm porque é justamente à frente da minha varanda que eles mudam de rumo. Antigamente eram sobretudo velas que coalhavam o mar. Hoje são lanchas e escunas. Quase todas brancas, a exceção sendo a grande embarcação cinzenta da Capitania dos Portos. Fazendo espuma e deixando rastro, todas seguem o saveirinho que leva o presente. O povo que vi de longe se distribuía pelas rochas que pontuam a passagem da praia da Paciência para a de Santana. O Zárabe, aquele rio veloz de testosterona, fez ouvir, primeiro na madrugada, depois na tarde do presente, suas darbukas, seus pandeirões e sua pandeiretas, Carlinhos Brown à frente. A decisão de ir a Santo Amaro no início da noite me obrigou a admitir não ir até a areia ou o asfalto: duas festas de rua no mesmo dia é demais para um velho como eu.
Há anos deixo de ir à minha cidade natal no dia da padroeira. O que não quer dizer que perco de todo a festa. A partir do dia 23 de janeiro a Praça da Purificação se ilumina e se enche de gente. As novenas. Sem falar no domingo anterior ao 2 de fevereiro, quando se dá a Lavagem e a cidade é tomada por charangas e trios elétricos. Em geral, vou a uma ou duas noites de novena e sinto o gosto da festa. Reservo o dia 2 para Iemanjá em Salvador. Este ano precisei estar no Rio até o dia 31 de janeiro. Tentei me resignar a nada ver dos festejos em Santo Amaro. Até que me dei conta de que poderia assistir a Iemanjá, que é festa diurna (embora a celebração nas barracas de bebidas siga pela noite adentro), e participar da Purificação, que é noturna (embora a procissão comece de tarde). Deu certo.

Cheguei a Santo Amaro e fui logo à igreja da Purificação (eu temia que ela se fechasse). Gostei de ter entrado ali. Os azulejos, o teto tipo barroco, as pessoas religiosas do Recôncavo. Mas fiquei intoxicado de beleza foi na praça. O parque de diversões cheio de crianças, o chafariz rodeado de grupos de samba de roda, de burrinha, de bumba-meu-boi. Sobretudo as pessoas conversando nos bancos, nos passeios, na alamedas. Minha gente.

Os grupos de adolescentes cheios de energia expressa em vaidade ingênua. Minha vida. A maioria das pessoas é escura. Os graus de mestiçagem em cada grupo particular e na multidão em geral fazem pensar. Em sete amigas, três são pretas; duas, mulatas; e as duas restantes são uma morena de cabelo liso e uma branca. Num de seis, as seis são pretas. Num outro, de cinco, três são brancas (isto é: uma morena, uma alourada de cabelo quase crespo e uma caucasiana) e duas são pretas (uma seria mulata e a outra, negra retinta).
Combinações semelhantes se dão entre grupos de rapazes, de senhoras idosas e de casais adultos. Essa observação estatística dos traços raciais se dá somente na minha cabeça escolada. Aparentemente, entre essas pessoas há apenas amizade, interesses comuns e erotismo. Digo aparentemente porque, embora eu tenha sido uma dessas pessoas que rodavam a praça com amigos de todas as cores sem contar quantos de cada cor compunham seu grupo ou o conjunto dos grupos que circulavam, eu me lembro de conhecer a consciência do quão rebaixado era, em tese, o negro. Os comentários de humor racista tampouco eram inexistentes. Mas a configuração que ainda posso ver na praça da Purificação — e a naturalidade não pensada em que ela é vivida — grita algo contra a simplificação que, desde os anos 1970, adotamos para pensar a questão racial no Brasil.

Além da emoção indescritível que me causava a visão de cenas tão conhecidas para mim, impunha-se a constatação de que é difícil enfrentar o assunto com franqueza e justiça. Difícil significa que temos de atentar para muitas feições surpreendentes que o tema toma. A mera adoção do modelo incentivado pelos cinco olhos é simplesmente inaceitável. Tanto quanto manter a hipocrisia que tão ardentemente desejei ver superada. Vendo os cabelos de Lourdinha, filha de Dona Morena, ao natural, saída ela do banho e sem passar o ferro que os esticava, sonhei, criança, com a figura de Angela Davis. Observando a paz de Gil em 1963, desejei vê-lo problematizando a questão do negro entre nós. Ter vivido para ver cabelo black power e ouvir Gil falar sobre racismo é o que me dá esperança.

KHALIL GIBRAN - CADA UM QUE PASSA EM NOSSA VIDA...




"Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. 

Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas quando parte, nunca vai só nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós e deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada".

O ÚLTIMO ENGARRAFAMENTO - Luis Fernando Verissimo

A boa notícia é que nunca se viram 
tantos carros nas ruas.
 A má notícia é que nunca se viram 
tantos carros nas ruas.

Carros sendo produzidos e comprados como nunca significam fábricas e fornecedores funcionando e empregando mais, mais gente com mais dinheiro ou crédito no mercado, uma classe média em expansão, uma economia em crescimento.

Carros sendo produzidos e comprados como nunca significam engarrafamentos inéditos e acidentes de trânsito em níveis de massacre, sem falar no aumento da poluição do ar que respiramos e no agravamento generalizado das neuroses.

É bom que muitas pessoas que não tinham condições de comprar seu carro agora tenham, é ruim que em todas as grandes cidades brasileiras hoje exista uma grande nostalgia pelas chamadas horas do "rush", ou os horários de pique no trânsito, de antigamente, pois agora toda hora é hora do "rush".

O que há é que, na surrada analogia de uma Bélgica dentro de uma Índia para descrever o Brasil, a Bélgica cresceu e os belgas e neobelgas têm mais carros, mas continuam obrigados a circular nas ruas e estradas da Índia.

Quanto mais cresce a Bélgica mais aparecem as precariedades da Índia. A publicidade dos carros sendo lançados prefere ignorar esta realidade e anunciar máquinas flamantes feitas para zunir por ruas e estradas de um país que não apenas não é a Índia como não é nenhuma Bélgica reconhecível, mas uma terra fantástica onde o trânsito sempre flui e os carros voam.

Uma ironia que se repete diariamente: o cara chega em casa depois de algumas horas preso num engarrafamento de qualquer grande cidade brasileira, liga a televisão e, entre notícias de terríveis acidentes com morte em estradas inadequadas por excesso de velocidade, só vê propagandas de carros vendendo a grande aventura da velocidade. E da potência sem impedimentos, muito menos de carros na frente e dos lados.

Como fica cada vez mais improvável que conheceremos essa terra de sonho, resta esperar que a indústria automobilística se prepare para o engarrafamento final que vem aí, quando o trânsito se tornará, literalmente, impossível.
Esqueçam velocidade e potência. Interiores com beliches, quitinetes e mesas para carteado, para passar o tempo. Rojões de sinalização, para pedir o resgate por helicóptero. Sei lá.

VOCÊ É O QUE NINGUÉM VÊ - Martha Medeiros

Você é os brinquedos que brincou, é os nervos a flor da pele, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra...

Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora...

Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o pêlo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é a palavra dita para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda...

Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você queima...

Você é aquilo que reivindica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você pleiteia...

Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê.

Você é o que ninguém vê...

PRONTA MESMO SÓ A BUNDA – Fernando Bogéa

Muita gente acha estranho que, no exterior, a bunda brasileira faça mais sucesso do que nossas artes, feitos científicos ou descobertas brilhantes. Mas, estranho é se não o fosse.

A explicação está na cara (de quem olha) e na bunda (de quem está na frente sendo olhada(o)).

Passe na orla do Rio, por exemplo, ou em qualquer parque ou academias das cidades que podem se dar ao luxo de tê-las. Milhões de pessoas estão se exercitando cada vez mais. Ainda bem, porque com essa rede pública de saúde, se cada um não achar seu jeito de se prevenir contra doenças e estresse...

É claro que desenvolver bíceps, pernas e barrigas perfeitas não é difícil para quem tem tempo suficiente para isso. Além de ser incomparavelmente mais barato do que implantar e desenvolver academias para o cérebro, para a mente, que se chamam escolas, universidades, cursos e etc.

E uma coisa não se contrapõe a outra. O saudável é exatamente uma bunda bonita num cérebro bem preparado, numa mente aberta e criativa capaz de pensar táticas para melhorar não uma Copa, mas o Mundo.

Precisamos de universitários preparados para bater um bolão e criar projetos jamais imaginados. Precisamos de talentos em todos os campos, em todas as áreas, para driblar as nossas dificuldades e construir um país mais justo.
É desse tipo gol que o Brasil precisa.

Mas, por enquanto, de tudo que os comerciais maravilhosos, veiculados aqui e lá fora, mostram, prontas mesmo só temos as bundas pra mostrar na Copa. 

O resto ainda não ficou pronto.

KANT: TEORIA DO CONHECIMENTO - José Renato Salatiel

A síntese entre racionalismo e empirismo

O filósofo alemão Immanuel Kant responde à questão de como é possível o conhecimento afirmando o papel constitutivo de mundo pelo sujeito transcendental, isto é, o sujeito que possui as condições de possibilidade da experiência. O que equivale a responder: "o conhecimento é possível porque o homem possui faculdades que o tornam possível". Com isso, o filósofo passa a investigar a razão e seus limites, ao invés de investigar como deve ser o mundo para que se possa conhecê-lo, como a filosofia havia feito até então.

Mas quais são exatamente, segundo Kant, estas faculdades ou formas a priori no homem que o permitem conhecer a realidade ou, em outros termos, o que são essas tais condições de possibilidade da experiência?

Em Kant, há duas principais fontes de conhecimento no sujeito:

A sensibilidade, por meio da qual os objetos são dados na intuição.
O entendimento, por meio do qual os objetos são pensados nos conceitos.

Vejamos o que ele quer dizer com isso, começando pela intuição. Na primeira divisão da Crítica da Razão Pura, a "Doutrina Transcendental dos Elementos", a primeira parte é intitulada "Estética Transcendental" (estética, aqui, não diz respeito a uma teoria do gosto ou do belo, mas a uma teoria da sensibilidade). Nela, Kant define sensibilidade como o modo receptivo - passivo - pelo qual somos afetados pelos objetos, e intuição, a maneira direta de nos referirmos aos objetos.

Funciona assim: tenho uma multiplicidade de sensações dos objetos do mundo, como cor, cheiro, calor, textura, etc. Estas sensações são o que podemos chamar de matéria do fenômeno, ou seja, o conteúdo da experiência. Mas para que todas estas impressões tenham algum sentido e entrem no campo do cognoscível (daquilo que se pode conhecer), elas precisam, em primeiro lugar, serem colocadas em formas a priori da intuição, que são o espaço e o tempo.

Estas formas puras da intuição surgem antes de qualquer representação mental do objeto; antes que se possa pensar a palavra "cadeira", a cadeira deve ser apresentada, recebida, na forma a priori do espaço e do tempo. Este é o primeiro passo para que se possa conhecer algo.

Assim, apreendemos daqui duas coisas: primeiro, o conhecimento só é possível se os objetos da experiência forem dados no espaço e no tempo; e, segundo, espaço e tempo são propriedades subjetivas, isto é, atributos do sujeito e não do mundo (da coisa-em-si).

Espaço e tempo Espaço é a forma do sentido externo; e tempo, do sentido interno. Isto é, os objetos externos se apresentam em uma forma espacial; e os internos, em uma forma temporal.

Como Kant prova isso? Pense em uma cadeira em um espaço qualquer, por exemplo, em uma sala de aula vazia. Agora, mentalmente, retire esta cadeira da sala de aula. O que sobra? O espaço vazio. Agora tente fazer contrário, retirar o espaço vazio e deixar só a cadeira. Não dá, a menos que sua cadeira fique flutuando em uma dimensão extraterrena.

E o tempo? Ele é minha percepção interna. Só posso conceber a existência de um "eu" estando em relação a um passado e a um futuro. Só concebemos as coisas no tempo, em um antes, um agora e um depois. Voltemos ao exercício mental anterior: podemos eliminar a cadeira do tempo - ela foi destruída, não existe mais. Porém, não posso eliminar o tempo da cadeira - eu sempre a penso em uma duração, antes ou depois.

A conclusão é de que é impossível conhecer os objetos externos sem ordená-los em uma forma espacial - e de que nossa percepção interna destes mesmos objetos fica impossível sem uma forma temporal.

Além disso, espaço e tempo preexistem como faculdades do sujeito - e, portanto, são a priori e universais - quando eliminamos os objetos da experiência. Por isso, segundo Kant, espaço e tempo são atributos do sujeito e condições de possibilidade de qualquer experiência.

As categorias Na segunda parte da "Doutrina Transcendental dos Elementos", a "Analítica Transcendental", Kant analisa os conceitos puros a priori do entendimento, pelos quais representamos o objeto.

Vamos rever o esquema do conhecimento, antes de avançar. Temos objetos no mundo, que só podemos conhecer como fenômenos, isto é, na medida em que aparecem para o sujeito. Fora do sujeito, como coisa-em-si, estão fora do alcance da razão.

Mas, para serem fenômenos, estas coisas precisam, antes de tudo, aparecer no espaço e tempo, que são faculdades do sujeito. Vejo uma árvore. Esta árvore eu vejo em suas cores e formas, que são as sensações deste objeto. Estas sensações são recebidas e organizadas pela intuição no espaço e no tempo. Esta é a primeira condição para o conhecimento.

O segundo momento, depois de o sujeito receber o objeto na intuição, na sensibilidade, pela faculdade do entendimento ele reunirá estas intuições em conceitos, como, por exemplo, "Árvore" ou "A árvore é verde". Esta é a segunda condição para o conhecimento.

Os conceitos básicos são chamados de categorias, que são representações que reúnem o múltiplo das intuições sensíveis. As categorias, em Kant, são 12:

1. Quantidade: Unidade, Pluralidade e Totalidade.
2. Qualidade: Realidade, Negação e Limitação.
3. Relação: Substância, Causalidade e Comunidade.
4. Modalidade: Possibilidade, Existência e Necessidade.

São formas vazias, a serem preenchidas pelos fenômenos. Os fenômenos, por outro lado, só podem ser pensados dentro das categorias.

Em Hume, a causalidade - relação de causa e efeito - era um hábito, uma ilusão. Já para Kant, Hume estava errado em procurar a causalidade na Natureza. Só podemos pensar as coisas em uma relação de causa e efeito porque a causalidade está no sujeito, não no mundo. Uma criança vê uma bola sendo arremessada (causa) e olha na direção de quem atirou a bola (efeito). Como a criança liga um fato com o outro? Porque ela possui, a priori, a categoria de causalidade, que a permite conhecer.

Chegamos, portanto, a uma síntese que Kant faz entre racionalismo e empirismo. Sem o conteúdo da experiência, dados na intuição, os pensamentos são vazios de mundo (racionalismo); por outro lado, sem os conceitos, eles não têm nenhum sentido para nós (empirismo). Ou, nas palavras de Kant: "Sem sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, e sem entendimento nenhum seria pensado. Pensamentos sem conteúdo são vazios, intuições sem conceitos são cegas."

Considerações finais
É um lugar-comum dizer que Kant é um divisor de águas na filosofia, mas é verdade. O sistema kantiano foi contestado pelos filósofos posteriores. No entanto, suas teorias estão na raiz das principais correntes da filosofia moderna, da fenomenologia e existencialismo à filosofia analítica e pragmatismo. Por esta razão, sua leitura é obrigatória para quem se interessa pela história do pensamento moderno.

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO - Carlos Drummond de Andrade


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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