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MOMENTO PERIGOSO - Francisco daudt

O investimento da paixão é tamanho que sua perda 
precisa ser negada a qualquer custo

"O inferno não contém fúria igual à de uma mulher rejeitada." A citação de William Congreve, erradamente atribuída a Shakespeare, fala de um dos momentos mais perigosos da convivência humana: a separação, o desprezo dos apaixonados pelo objeto de sua devoção.

É curioso que a história tenha guardado ícones femininos dessa fúria (quem viu "Atração fatal", 1987, Glenn Close e Michael Douglas, nunca mais se esqueceu, homens têm calafrios só de lembrar).

O mesmo vale para o homem rejeitado (as óperas "Carmen", de Bizet, e "Os Palhaços", de Leoncavallo, terminam com homens rejeitados assassinando suas mulheres, enquanto cantam seu amor por elas).

A vingança que se segue à rejeição é tamanha, que dá uma ideia do monumental terremoto psíquico que ela envolve. Homens costumam ser mais diretos, assassinam pessoalmente. Mulheres, mais elaboradas (veneno; contratação de um assassino de aluguel; sequestro de filhos dele; perseguição implacável --"Vou dedicar minha vida a tornar a sua um inferno").

Mas mulheres atiram, e homens perseguem também.

O "stalking" ("perseguição implacável") de outros tempos --telefonemas desligados no meio da noite; lixo revirado; aparições de surpresa; barraco armado na frente do prédio; cartas anônimas; difamação --vai sendo substituído pelo instrumento de perseguição mais diabólico já inventado: a internet.

Ela permite fuçar, não mais o lixo, mas todo o conteúdo de e-mails. Possibilita difamar, não com palavras, mas com filmagens e fotos íntimas postadas na rede. Nas mãos de um bom hacker, a devassa completa da vida do outro. O inferno tornou-se muito pior na era da informática.

Mas, afinal, o que move tamanho investimento maligno? Chico Buarque cantou: "Dei pra maldizer o nosso lar, pra xingar teu nome, te humilhar e me vingar a qualquer preço, te adorando pelo avesso, pra mostrar que ainda sou sua".

Aí mora a chave: o investimento da paixão é tamanho que sua perda precisa ser negada a qualquer custo. Eis porque o "amor" precisa ser afirmado mesmo com seu objeto morto: o cadáver é a posse definitiva.

"Se ela já estava separada dele havia tempos, por que ele foi matá-la quando ela arranjou um namorado novo?" São truques da paixão: imaginar a mulher com outro homem é capaz de reacendê-la, pois dá um enorme tesão (vide "swings", "ménages").

Há duas espécies de ciúme: o sexual (dos homens, que sempre correram o risco de criar o filho de outro) e o de prestígio (das mulheres, que detectam desinvestimento nelas, mesmo que seja em favor do futebol, do computador ou dos amigos do marido). Isso fala só do mais frequente. O de praxe é haver sempre uma mistura dos dois.

Mas como o momento perigoso é o do crime passional, precisamos entender que a paixão (do latim "passio", cuja única tradução é "sofrimento") é um programa de loucura transitória, um investimento de toda nossa vida, não numa pessoa, mas na idealização de alguém. Por isso, ela pode prosseguir depois da perda, mesmo depois da morte.

Quem ama, não mata. Quem está apaixonado, sim.

FRANCISCO DAUDT - Motivação, meio e oportunidade

Corrupção, obras faraônicas, 
tomada de três pinos, 
classe política em descrédito... 
Tudo isso deixa o povo irritado
Talvez estejamos acostumados a pensar nesses três requisitos como parte da investigação criminal, mas qualquer ação humana para acontecer requer motivação, meios e oportunidade.

Tomemos o próprio crime como exemplo. Minha motivação para odiar flanelinhas achacadores e chantagistas --"Vai deixando cinquenta real aí, dotô, pro seu carro não ser arranhado"-- é bastante grande. A oportunidade para matá-los existe em abundância, já que operam longe da polícia e à noite. Por estas razões jamais andarei armado: não quero ter os meios (só o que me falta) para me transformar em um assassino.

Por contraste, tomemos um exemplo do bem.

Motivação: a insatisfação com o desgoverno, com o mau investimento dos impostos escorchantes com que somos achacados pela única máquina de governo que funciona bem, a Receita. Aliás, não sou "contribuinte", contribuição é uma ação de vontade.

Sou um pagador de impostos contra a minha vontade; a corrupção impune; o superfaturamento de obras faraônicas (trem bala?) e inúteis; o abandono das úteis; a falta de investimento em infraestrutura, que faz disparar o custo Brasil; um "mensalão" (legal, mas imoral) disfarçado pelo loteamento de ministérios e cargos públicos em número que "nunca antes na história deste país"; o desmanche da estabilidade da moeda com volta da inflação maquiada (Argentina, nos aguarde que chegamos aí); o descrédito na classe política. Sem falar das tomadas de três pinos e sachês de sal nos restaurantes (jabuticabas, coisa que só existe no Brasil, como o falecido "kit primeiros socorros") criados com o propósito de enriquecer fornecedores apaniguados, nunca para atender os interesses da população.

Tudo isso deixa o povo irritado, indignado e furioso, mais ainda por sentir-se impotente nas mãos de políticos que não são representativos senão deles mesmos. E a raiva fermenta silenciosa.

Meios: com as entidades de classe, UNE, sindicatos e partidos no bolso do governo (com nosso dinheiro), os tradicionais mobilizadores de manifestos emasculados e apelegados, a população encontrou na internet e nas redes sociais a maneira de se comunicar, transmitir suas queixas e se organizar.

Oportunidade: para produzir mais uma maquiagem da inflação, os governos atenderam ao apelo de não aumentar o (péssimo) transporte público em janeiro, e o fizeram bem durante o mês de junho, durante as aulas. Foi o que bastou para começarem as passeatas de protesto, que rapidamente deixaram de ter o preço das passagens como único foco e se transformaram na vitrine da insatisfação geral.

Resultado: um deságue democrático, uma tradução real da insatisfação do povo, e o desmascaramento da "ilha de prosperidade", slogan dos tempos da ditadura que foi assimilado pelos governos atuais do "nunca antes estivemos tão bem".

Claro, como efeito colateral, tais movimentos ofereceram meios e oportunidades para quem tinha motivação criminosa, daí saques e depredações do patrimônio público e privado puderam acontecer.

Ao sabor de suas motivações, meios e oportunidades.

FRANCISCO DAUDT - Natureza Humana: Sexo e Erotismo

Está bem que nosso primeiro e mais basal motor para viver é o impulso sexual (o gene egoísta quer reprodução, por isto nos ilude com a isca dos prazeres), como qualquer outro vivente sexuado. Mas a nossa espécie, em sua complexidade, arrumou sofisticações para a coisa, e a maior delas é o amor.

Os campeões de pensar o amor continuam sendo os gregos clássicos, de 2400 anos. Eles reconheciam três formas distintas de amor: Eros, Filia e Ágape.

Eros fala do desejo se expressando nos sentidos, como excitação, e no cérebro, como embriaguez. No coração e nos genitais, ambos pulsantes, na pele que se arrepia, na visão que se turva, na face que enrubece, no equilíbrio que se perde, na voz que falta, na paixão que arrebata, no animal que irrompe, no ímpeto de tomar, na lassidão de se entregar. A um tempo telúrico e delicado, tectônico e sutil, a mais evidente força da natureza em nós. Ainda estão para inventar prazer maior que o da excitação romântica. Nada se compara à felicidade sexual que faz ver passarinhos verdes, e que só acontece quando a chave e a fechadura certas se encontram, coisa rara. Assim é Eros.

Filia é a amizade, o encontro das almas, o porto seguro, a confiança aliada ao respeito. A consideração (que é ter o outro dentro de si), o bem querer e querer o bem. O lugar da intimidade emprestada com gosto, da compreensão, da compaixão (que é o sofrimento partilhado), do acolhimento da alegria e da tristeza, da saúde e da doença, da riqueza e da pobreza pelos tempos afora. Qualquer semelhança com os votos do casamento é totalmente intencional, pois não há um que perdure sem que a filia tenha crescido entre os dois.

Ágape é a camaradagem, a ligação dos companheiros, seja da boa mesa, seja da torcida pelo esporte. É a liga entre correligionários, do partido ou da religião mesmo, que às vezes se confundem. São os contendores do frescobol, o esporte sem contenda, voltados que estão para construir beleza em suas jogadas, um escada do outro. Os colegas de turma, que almoçam nos aniversários redondos de formatura e se atiram bolinhas de pão. Sócios do mesmo clube, os seguidores do mesmo twitter, do facebook, parceiros do baralho na pracinha. Aqueles que se reúnem para tirar um carro do atoleiro, e depois não se encontram mais. Dão passagem no trânsito, lugar para os mais velhos. Colegas de excursão. Colegas.

Os vários tipos de amor se entrelaçam, ou, pelo menos, não são categorias estanques, e é bom que seja assim. Eros surgindo na Filia, Filia no Eros, Ágape passeando entre eles…

A pornografia é curiosa. Em sua origem significa “registro da prostituição”. É, como a outra, comercializável. E pode, como a outra, ser ou não plena de Eros. Carlos Zéfiro da minha adolescência continha Eros, sedução. Os filmes de hoje, que já começam na aeróbica, têm pouco Eros. Ou o fetiche voyeurista é seu próprio Eros?

Mas meu interesse é perceber como a espécie trouxe complexidade ao comando genético que leva à reprodução, e o leque de possibilidades que nosso desejo contempla.

FRANCISCO DAUDT - Natureza Humana: Romantismo

O amigo ficou horrorizado quando lhe contei alguns fatos da vida: que os partos se dão como rejeição imunológica ao corpo estranho transplantado para o organismo da mãe, que até se segura equilibrado na corda bamba por 40 semanas, mas ao fim delas o organismo expulsa aquele invasor.

Que a quantidade de abortos espontâneos é enorme e invisível, pelo mesmo processo. Que ninguém deve chorar pela perda de um feto antes dos seis meses (afora problemas uterinos corrigíveis), pois a natureza está apenas se livrando de um produto defeituoso. Que o homem deposita na fêmea de sua espécie três grupos diferentes de espermatozóides, apenas um deles é fecundador. Os outros dois só existem para atrapalhar os gametas de outros homens (que, como a mãe natureza presume, copularam com a fêmea no mesmo período).

São os matadores (capazes de detectar espermatozóides alheios, e de destruí-los com suas enzimas) e os obstrutores (que entopem a passagem de outros nos canalículos do colo do útero). Que, diferentemente do pensamento do senador republicano Todd Akin (“os casos de gravidez depois de um estupro são muito raros” e “se for um estupro de verdade, o corpo da mulher tenta, por todos os meios, bloquear a gravidez”), a mesma mãe natura considera o estupro apenas como uma das formas de reprodução, bem eficaz, a propósito, já que os índices de gravidez pós-estupro são bem maiores que os do sexo amoroso (na Bósnia-Herzegovina, mulheres de 9 a 50 anos engravidaram dos soldados estupradores). Para piorar a situação, o sexo violento é, em geral, mais fértil que o delicado, por isso as mulheres engravidam mais dos amantes “bicho-pega” que dos maridos acomodados. Que os animais comoventemente monógamos (cisnes, pombos) geram crias bastardas em torno de 20%. Quando começaram os testes de DNA em humanos, surpresa: nos casais mais pobres, o nível de frutos extraconjugais igualava o das aves, caindo à medida que a posição econômica do marido aumentava (mas nunca sumindo). 

Que uma pesquisa americana perguntou às mulheres o que elas prefeririam: ter como marido um fiel e pacato classe-média, ou ser a quinta concubina no harém de John Kennedy? Preciso dizer que resposta ganhou com ampla maioria?

“Mas, e o romantismo?”, perguntou ele. Vamos por partes. Primeiro, ele não foi uma criação cultural dos trovadores do tempo das cruzadas, maridos lutando, mulheres em torres. Nem começou na idealização dos amores impossíveis. Com traços mais toscos, ele é produto da seleção natural. Uma forma de reprodução que aposta mais na qualidade, pelo investimento do homem na mulher e suas crias (maior taxa de sobrevivência, melhor alimentação e proteção), que na quantidade, a estratégia do estuprador.

Logo, não podemos construir nossa ética com base na natureza. O que faz um leão, antes de se acasalar com uma fêmea sem macho, mas com filhotes? Mata-os a todos, o que produz instantânea ovulação na fêmea.

Não é incomum que um homem tenha o mesmo impulso, mas a civilização tem outros fatores a considerar.

FRANCISCO DAUDT - Natureza Humana: Sentimento de Culpa

Que nós nascemos com a capacidade de sentir culpa, é certo. Até cães vêm com este programa. É velha a expressão “cara de cachorro que quebrou a panela”. De fato, depois de um óbvio “malfeito”, lá vem ele com a cabeça baixa e as orelhas murchas a tentar nos lamber, a nos pedir perdão. O sentimento de culpa mistura vergonha com arrependimento, e supõe uma certa integridade moral de quem o tem. É sabido que os psicopatas passam-lhe ao largo, apesar de a ele não serem indiferentes. Ao contrário, desafiam-no. 

Lembro-me bem que as regras da Igreja católica para categorizar algo como pecado incluíam pleno conhecimento da transgressão, livre arbítrio para fazê-la e um momento de “dane-se, vou fazer”. Se nós fossemos bem atentos ao catecismo, (e soubéssemos nossa taxa de livre arbítrio) não seríamos tão assíduos ao confessionário. Mas à instituição, não interessava nem um pouco a discussão dos meios, pois ela lucrava e prosperava com a culpa: o bobalhão acreditava no seu livre arbítrio, desconsiderava sua explosão hormonal da adolescência e considerava-se criminoso por ter-se masturbado, ou mesmo por pensamentos contra a castidade. Confessava seu crime. O padre, pelo ato da absolvição e pela penitência imposta, endossava que havia crime de fato, e lá ia o jovem, livre para pecar outra vez.
 
Ouvi dizer que a Igreja não considera mais a masturbação como pecado mortal. Numa festa do colégio jesuíta em que me formei, apresentei esta questão ao nosso antigo padre prefeito: “E aqueles que morreram em pecado antes da mudança da lei? Queimam no inferno assim mesmo?” Ele, que não tinha cacife intelectual para uma resposta teológica, e pressionado pela gargalhada dos colegas, disse-me que eu já havia bebido vinho bastante.

Fato é que, como instrumento de dominação, a nossa espécie não inventou arma melhor. A Igreja usa e abusa dela, e se mantém por dois mil anos. Você pode fazer com que uma pessoa se ajoelhe, submissa, sob a mira de um revólver. Mas, se ela tiver oportunidade, revidará. Uma vez sentindo-se culpada, a pessoa implora para se ajoelhar diante de você! Imbatível!

A coisa ficou séria quando a esquerda descobriu que podia fazer os trabalhadores prósperos se sentirem culpados de sua riqueza. Em nome deste grave pecado (a prosperidade, que vem de “explorar humildes”), jogam, sobre quem ganha seu dinheiro honestamente, impostos escorchantes, camuflados ou não (os camuflados tiram dos humildes, que ironia). São penitências atuais. É secundário se os impostos forem para perpetuar seu esquema de poder, em vez de reverterem para segurança, saúde e educação. O importante é dominar. O mesmo vale para as compensações exigidas pelas minorias massacradas por nossos ancestrais, sejam elas quilombolas ou índios. Você vai ver, a grande defesa do mensalão será que ele não foi em proveito próprio, mas na busca de uma sociedade mais igualitária, para ressarcir os coitadinhos. E o pior: há multidões que acreditam nesta culpa, pois, coitadas, têm “certa integridade a defender”.

FRANCISCO DAUDT - Natureza Humana: Palavra e Pensamento

<Meio da madrugada. Minha filha, bebê, choraminga pela babá-eletrônica. Acordou com fome. Meu ritual de todas as noites, pego a mamadeira e vou com ela até a porta de seu quarto. No que giro a maçaneta, ela para de choramingar. Fiquei pasmo, pois ali havia se dado nossa primeira comunicação por símbolos. Seu choro era um chamado, o ruído da maçaneta, uma resposta. Ela não precisava continuar chamando, por isto parou. Símbolo é algo que serve de referência para outras coisas ou idéias. 

“Ora, isto é apenas reflexo condicionado, coisa de que qualquer cão é capaz, vide Pavlov”. Sim, mas o condicionamento de reflexos é apenas outra maneira de se descrever nossa capacidade de formar símbolos. Ainda que rudimentar, seja nos cães, seja na minha filha de meses, o programa mental que junta acontecimentos a sons ou imagens a partir de memórias, fazendo que um signifique muitos, está em nossos cérebros.

Está cada vez mais difícil completar a frase “o ser humano é o único animal que…” Pensamos hoje que é a quantidade, e não a qualidade, o fator determinante de nossa complexidade.

Mas a quantidade é assombrosa quando nos diz respeito. Volto à minha pequena, lembrando a primeira palavra que disse. Era um verbo no passado. Vendo que a água do copo parara de verter, anunciou: “Cabô”. Ali estavam representados conceitos amplos, como o de finitude, limites, volumes, desapontamento etc. De forma rudimentar, claro, mas as portas estavam abertas para que a complexidade de sua expressão, de seu pensamento, nunca mais parasse de aumentar, vida afora.

Disse que os ingleses tiveram uma sorte enorme com a invasão normanda, que lhes trouxe o latim para enriquecer o tosco anglo-saxão que falavam. Vendo a extraordinária série “Downton Abbey”, percebi que o roteirista quase só pôs derivados do latim na fala dos personagens, quer os do andar de cima, quer da criadagem. Para ilustrar o ganho de complexidade, pego o uso de “enter” no lugar de “come in”. Este tem uso restrito, prático. Aquele contém desde a permissão para abrir a porta e avançar, até nossas “entradas e bandeiras”, o partilhar da intimidade, o acolhimento, as conquistas territoriais.

Lembrei de um cartaz: “Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê”. E me lembrei da diferença entre o olho que sabe e o olho que vê. Um burro olhando para um palácio usa o olho que vê. Um arquiteto culto usa o olho que sabe, e assim percebe as cornijas, as ameias, os capitéis, as gárgulas, os frontões, a história, a época, a mitologia, as batalhas, as armas de defesa (a começar pelo próprio castelo, que não é uma moradia qualquer), a economia, as castas, a política, um mundo de informações contido naquelas pedras empilhadas.

O que só pôde ser percebido porque aquele “Cabô” da primeira infância veio conversando com o mundo, enriquecendo-se com os livros, os dicionários, as línguas estrangeiras, os meios de comunicação. Com a santa internet, aquela que nos dá o Google e as enciclopédias. Assim, a capacidade de simbolizar do “Cabô” não se acaba jamais.

FRANCISCO DAUDT - Instintos de vida

Freud falou que todos nós carregamos instintos opostos: um de vida (que ele chamou de Eros), e um de morte (que ele não chamou de Tanatos). Este último é dos mais mal compreendidos em psicanálise, geralmente ligado a um monstro que aqui e ali surgiria no ser humano fazendo ele se tornar genocida, causador de guerras, assassino serial, político predador e coisas do gênero.

Enquanto o instinto de vida é bem acolhido como parte da nossa "boa natureza estragada pela cultura" (vide o bom selvagem de Rousseau), o de morte é olhado como um inimigo oculto dentro de nós, esperando sua oportunidade para cravar suas garras.

Deste mal entendido vêm crendices como a de que pessoas são capazes de "fazer" um câncer, já que são tão amargas. O que é uma crueldade adicional para os cancerosos, pois além da doença eles carregam a culpa de tê-la. Sem mencionar otimistas incuráveis que também desenvolvem câncer.

Você pode perguntar o que um conceito psicanalítico está fazendo numa coluna que cuida de natureza humana. É que o velho professor teve sacações brilhantes sobre o funcionamento universal de nossa mente, a acima descrita entre elas. Um dia desses, eu dedico uma coluna a comentar a lista de comportamentos universais da espécie (ou seja, presentes em todas as culturas do mundo, através dos tempos) que Donald E. Brown fez, e que está publicada no livro "Tabula rasa" de Steven Pinker. É fascinante. Entre eles, Brown colocou o Complexo de Édipo, outro conceito do velho. Prometo para depois.

Mas afinal, como entender o funcionamento da dupla vida/morte no nosso dia a dia? Entenda como se fosse uma conversa interminável entre a destruição e a construção. "Eros" ficou como símbolo de construção porque o sexo (a procriação) é nosso principal motor para construir e para destruir. Explico: tive uma linda filha e criei-a com desvelo, custo e eventuais noites insones, de tal forma que ela é hoje inteligente, um amor, hábil e autônoma. Eros operando, certo? Pois logo virá um ser monstruoso para destruir nossa bela família, casando-se com ela, levando-a daqui para construir a família deles. Eros operando novamente... Não posso me queixar: fiz o mesmo com a família da mãe dela!

Destruo a vida de uma vaca (eu não, que os bifes vêm do supermercado), corto-a em pedacinhos, queimo-a parcialmente e ainda a trituro com gosto entre os dentes. Seus tijolinhos de aminoácidos vão se juntar na construção de meus músculos. Você não imagina quantas palavras eu destruí ("deletei", do latim "delendere", que significa "destruir") para escrever esta coluna. Você se encanta ao ver uma catedral em mármore. Vá dar uma olhada na pedreira de onde ela saiu. Na Austrália é necessário se matar uma série de animais que, por seu surto de "construção", destruíram plantações e outras espécies, ameaçando a humana. Um estímulo à reflexão dos que pensam que ecologia é ter peninha de bichos e plantas.

Portanto vida e morte, construção e destruição fazem parte de nossa natureza e são necessárias à nossa existência.

FRANCISCO DAUDT - Intimidade

O ex-presidente Janio Quadros foi abordado pela repórter:

" -E aí, Janio, o que há de novo?"

"-Esta nossa intimidade. Intimidade, minha jovem, só traz aborrecimentos e filhos, e eu não quero nenhum dos dois com a senhorita".

Ele zelava por um bem precioso que a moça tentava lhe tomar. A intimidade nos é algo tão caro que nem dada deve ser. No máximo emprestada, com direito a devolução. Tomada de nós, jamais!

Olhe-a, portanto, como sua poupança, sua casa. Valiosa, pode ser bem aplicada, mas corre riscos. Ela passou a existir com o surgimento do indivíduo. Não me fiz claro: não é a partir do nosso nascimento, mas da criação do indivíduo.

Sua existência é uma novidade na história humana. Na aldeia primitiva, na tribo que não passava de 200 pessoas, não havia indivíduos.

As pessoas eram empasteladas, todos se metiam na vida dos outros, não havia intimidade, não havia indivíduo, pois uma coisa se alimenta da outra (ou a falta de uma, vai matando a outra). A aldeia homogênea continua na tirania das cidades pequenas, das tribos de adolescentes, dos colégios (o bullying patrulha diferenças), das religiões fanáticas: todos patrulham todos, para que todos sejam iguais.

Formigueiros, colméias, o ideal comunista da "igualdade", não a democrática de oportunidade e de direitos, mas a dos cupins, em que todos são células de um só corpo, o Partido. "A morte foi vencida! As pessoas não são mais que células, o que importa é o corpo". Até tiranos são iguais.

O aparecimento do indivíduo só foi possível com os direitos humanos, a democracia e as grandes cidades, onde ser anônimo protege a intimidade.

O personagem da história de hoje é um indivíduo. Único o bastante para não participar de redes sociais nem ter celular. Um pária, portanto: empresta sua intimidade para poucos escolhidos; conversa assuntos; não interrompe ninguém para atender ao telefone, ou digitar mensagens. Estóico, resigna-se quando alguém menos íntimo o faz. É um homem de vida calma, apreciador das virtudes.

Adora carros desde criança. São, como diz, as esculturas contemporâneas que mais preza.

Resolveu vender seu atual, que não é espetacular, apenas é lindo. Sua irmã ofereceu-lhe a postagem da belezura em sua página do facebook, vai que algum "amigo" se interessasse? Ele, pária que é, aceitou. Para quê?

Choveram mensagens metidas a engraçadinhas, debochando dele e de seu carro. Uma em particular, chocou-o, pois vinha de alguém que ele tem em alta conta.

Deu trabalho explicar-lhe que a internet serve para o bem, mas igualmente pode despertar, na massa linchadora, um bullying nas melhores pessoas. Contaminadas pela moda, viram patrulhadoras das diferenças, num território livre para a inveja e o ódio.

Ódios sarcásticos e "espertos" ganham pontos como símbolo de status. As redes sociais podem dar vazão à tendência humana a se encarneirar e em transformar indivíduos em carneiros.

O pecado desse personagem foi ter sua intimidade exposta. Mas não era nada pessoal, just business, como diz outra comunidade homogênea, a máfia. 

FRANCISCO DAUDT - Intimidade

O ex-presidente Janio Quadros foi abordado pela repórter:

" -E aí, Janio, o que há de novo?"

"-Esta nossa intimidade. Intimidade, minha jovem, só traz aborrecimentos e filhos, e eu não quero nenhum dos dois com a senhorita".

Ele zelava por um bem precioso que a moça tentava lhe tomar. A intimidade nos é algo tão caro que nem dada deve ser. No máximo emprestada, com direito a devolução. Tomada de nós, jamais!

Olhe-a, portanto, como sua poupança, sua casa. Valiosa, pode ser bem aplicada, mas corre riscos. Ela passou a existir com o surgimento do indivíduo. Não me fiz claro: não é a partir do nosso nascimento, mas da criação do indivíduo.

Sua existência é uma novidade na história humana. Na aldeia primitiva, na tribo que não passava de 200 pessoas, não havia indivíduos.

As pessoas eram empasteladas, todos se metiam na vida dos outros, não havia intimidade, não havia indivíduo, pois uma coisa se alimenta da outra (ou a falta de uma, vai matando a outra). A aldeia homogênea continua na tirania das cidades pequenas, das tribos de adolescentes, dos colégios (o bullying patrulha diferenças), das religiões fanáticas: todos patrulham todos, para que todos sejam iguais.

Formigueiros, colméias, o ideal comunista da "igualdade", não a democrática de oportunidade e de direitos, mas a dos cupins, em que todos são células de um só corpo, o Partido. "A morte foi vencida! As pessoas não são mais que células, o que importa é o corpo". Até tiranos são iguais.

O aparecimento do indivíduo só foi possível com os direitos humanos, a democracia e as grandes cidades, onde ser anônimo protege a intimidade.

O personagem da história de hoje é um indivíduo. Único o bastante para não participar de redes sociais nem ter celular. Um pária, portanto: empresta sua intimidade para poucos escolhidos; conversa assuntos; não interrompe ninguém para atender ao telefone, ou digitar mensagens. Estóico, resigna-se quando alguém menos íntimo o faz. É um homem de vida calma, apreciador das virtudes.

Adora carros desde criança. São, como diz, as esculturas contemporâneas que mais preza.

Resolveu vender seu atual, que não é espetacular, apenas é lindo. Sua irmã ofereceu-lhe a postagem da belezura em sua página do facebook, vai que algum "amigo" se interessasse? Ele, pária que é, aceitou. Para quê?

Choveram mensagens metidas a engraçadinhas, debochando dele e de seu carro. Uma em particular, chocou-o, pois vinha de alguém que ele tem em alta conta.

Deu trabalho explicar-lhe que a internet serve para o bem, mas igualmente pode despertar, na massa linchadora, um bullying nas melhores pessoas. Contaminadas pela moda, viram patrulhadoras das diferenças, num território livre para a inveja e o ódio.

Ódios sarcásticos e "espertos" ganham pontos como símbolo de status. As redes sociais podem dar vazão à tendência humana a se encarneirar e em transformar indivíduos em carneiros.

O pecado desse personagem foi ter sua intimidade exposta. Mas não era nada pessoal, just business, como diz outra comunidade homogênea, a máfia. 

FRANCISCO DAUDT - Livre arbítrio

É duro admitir, mas não estamos com essa bola toda; 
O último milênio foi cruel com nossa vaidade.

Sabe aquele ouro que o Brasil perdeu para a Rússia no vôlei? Fui eu o culpado. Explico: nunca assisto a esportes, mas meu filho queria ver o jogo, e eu lhe fiz companhia. Logo comecei a torcer, e tudo saía ao contrário das minhas mandingas. Resultado foi o que se viu. Nunca mais. Não quero o peso do fracasso brasileiro.

Para eu sentir essa culpa, são necessárias algumas crenças: que eu tenha poderes mágicos de influenciar jogadores em Londres; que eu tenha a vontade para operá-los de forma a que eles deem bons frutos; que minha vontade não foi bastante para produzir os efeitos supostamente desejados.
Em suma: para ter culpa, eu preciso acreditar que tenho arbítrio (significa vontade), e que ele é livre ao meu dispor. O tal livre arbítrio.

Há milênios que nossa espécie se acha grande coisa. Nossos antepassados criam que o raio havia caído porque eles tinham tocado numa pedra. Quando criança, acreditei poder parar a chuva queimando a palha do domingo de ramos (e não é que a chuva parava... às vezes).

Havia uma relação poderosa de causa-efeito entre o que fazíamos e o que acontecia. Há uma criança dentro de nós até hoje (ou um antepassado troglodita, que ambos se parecem), caso contrário não haveria o menor sentido em torcer (pelo menos, não pela TV).

É duro admitir, mas não estamos com essa bola toda. O último milênio foi cruel com nossa vaidade. Copérnico mostrou que não éramos o centro do universo. Freud mostrou que não mandávamos nem em nosso próprio quintal, que forças ocultas nos manipulam (no que foi endossado pelos evolucionistas, com as forças genéticas). Cientistas em geral mostram que é cada vez mais difícil completar a frase "O ser humano é o único animal que..."

No artigo sobre sentimento de culpa, falei que a crença no livre arbítrio, na vontade perfeitamente comandada por um eu soberano, era essencial para que sentíssemos culpa. Neste, questiono, não a existência da vontade, mas o quanto ela é livre. "Mas se a ausência de livre arbítrio for demonstrada, não podemos pôr ninguém na cadeia, pois ninguém será culpado".

Sinto muito, não é por isto que a cadeia existe. Ela é necessária para afastar pessoas perigosas a nosso meio. E para criar mais um constrangimento à vontade, algo que a torne menos livre ainda: cuidado com seus atos, pois eles têm consequências.

Afinal, quais são os cordéis que tornam nossa vontade um bonifrate? Ela é um títere de que, ou de quem?

Começando com o mais básico, o nosso desejo é seu maior manipulador. Compreenda "desejo" como nossa força motora que carrega, desde os instintos mais primitivos, à modelagem que eles sofrem da genética e da criação, da cultura, da moda, do zeitgeist (o espírito do tempo). Ele é um gigantesco software inconsciente, que se mostra na tela da consciência com uma imagem a cada vez. Uma delas é a vontade. Minha vontade de assistir ao jogo foi completamente diferente da de meu filho. Livre arbítrio? rsrsrsrs. Odeio isto e o kkkk, mas, sabe, é o zeitgeist... Lamento muito, mas não peço desculpas.

FRANCISCO DAUDT - É natural


Desconfie do 'a vida é assim mesmo', 
discuta as regras para ver se você 
as cumpre por gosto ou por obrigação.

O pensamento do filósofo Baruch (abençoado, em hebraico = Benedito = Bento) Spinoza sobre a liberdade poderia ser definido assim: "ela consiste em conhecer os cordéis que nos manipulam". Repare que ele não reconhecia a liberdade como coisa de existência verdadeira, mas poderíamos ampliá-la um pouco se aliviássemos, ao conhecê-los, os puxões dos cordéis.
Outro grande, Schopenhauer (bem lembrado por um leitor), disse que podemos até ter vontades, mas não podemos escolher nossos desejos. Tenho escrito sobre a natureza humana para que saibamos como somos manipulados.

O que me lembrou a portuguesa avó Lucia, de uma amiga querida, que a tudo reagia com o mesmo bordão: "É natural", por mais estapafúrdia que a coisa fosse. "Vó, o padre fugiu com a vizinha!" "É natural, pois..."

Ela se defendia dos sustos da vida com o uso sistemático da naturalização. A naturalização não tem nada a ver com constatar as forças da natureza sobre nós. Ela é o processo da formação do senso comum, talvez o cordel mais forte que a cultura usa para mandar em nós.

Minha mãe quis ter oito filhos (teve sete). Por que tantos? "Porque em 1937 era bonito ter família grande, minhas amigas tinham". Era "natural". Tão natural quanto hoje ter dois. Se você quiser mais, o senso comum vai te patrulhar, "que absurdo, você tá louca?". O feminismo naturalizou a tripla jornada de trabalho para a mulher (ganhar dinheiro; gerenciar a casa, marido e filhos). Nascido em 1948, cresci tendo que cumprir uma linha de montagem: escolaridade, formatura (médico, engenheiro ou advogado), casar, ser provedor e ter filhos. Era natural. Eu me perguntei se queria isto? Claro que não. Tinha medo de ir "contra o natural". É a surda ditadura do senso comum. Hoje ela se estende ao "politicamente correto", um meio de formar rebanhos. A coisa está ficando afrodescendente...

Então este é um aviso: você é manipulado, sua inteligência é posta de lado em favor da obediência ao "que todo mundo faz". Ao mesmo tempo, é sedutora a ideia de que há manipuladores, superiores aos manipulados, e que é bom ser um deles. Mas você já é um manipulador/manipulado, todos o somos.
Um general manda na tropa, mas a mulher manda nele. Manipulação existe. Somos todos seus agentes e pacientes. Se eu for menos ativo e passivo dela, a manipulação diminuirá.

Desconfie do "é natural", que "a vida é assim mesmo". Discuta regras ocultas da ficância, do namoro, do casamento, para ver se você as cumpre por gosto ou por obrigação. Escancare-as!

Atenção com o implícito, com a alusão. As regras do senso comum nunca são faladas abertamente, ou saberíamos discuti-las. A patrulha se dá por punições sutis (suspiros, trombas e gelos). Também valem adjetivos reducionistas, "Isto é fascismo! Você é neoliberal!" (quem os usa já está dominado).

Claro, a patrulha também pode ser explícita, matar e espancar gays, porque eles são excessivamente não "naturais", entende? Mas vir dizer que "a diferença é linda" também é outra tentativa de naturalização que eu não aguento.

FRANCISCO DAUDT - Hipocrisia

O que dirá um marido diante da pergunta da mulher:
"Você acha que eu estou gorda?"

NAS FILMAGENS de "Marathon man", Sir Laurence Olivier observou que seu colega Dustin Hoffman se preparava para uma tomada. Todo suado, o semblante contraído, a cabeça baixa, Hoffman parecia presa de grande sofrimento. Sir Laurence perguntou, intrigado:
"- O que você está fazendo?"
"- Estou entrando no personagem (Dustin era adepto do "Método" do Actor's Studio)".
"- Why don't you try just acting?" (Por que você não tenta representar, apenas?), disse Olivier.

Lembrei-me disto ao dar boas risadas quando vi o significado original de hipocrisia: "resposta de um oráculo; desempenho teatral; encenação (em + cena + ação)".

Lembrei-me também do clichê de Fernando Pessoa ("O poeta é um fingidor/ finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente").

Por que sei que a hipocrisia é nosso lubrificante social de todos os dias? O que dirá um marido diante da pergunta "Você acha que eu estou gorda?" Ou uma mulher, solicitada a comentar sobre o bebê pavoroso da vizinha?

Soubemos da morte de Getúlio quando nos vieram dizer que as aulas estavam canceladas. Exultei pelo feriado extemporâneo. Mas tive minha primeira lição de hipocrisia, quando minha prima veio me exortar para uma prece pela alma do suicida. "Mas, por que, se a gente não gostava dele? (a família era lacerdista)". "Ah, mas quando a pessoa morre, devemos sentir pena dela", disse a prima. Foi a primeira, mas não a última.

Curiosa coisa é a mentira, que não se confunde com o verbo mentir. Pois pode-se dizer uma mentira sem mentir, se você acredita nela (era o que Dustin tentava fazer). E pode-se mentir dizendo a verdade.
Tancredo encontra Alckmin na estação de Juiz de Fora.
"- Para onde vais, Zé?"
"- Para Barbacena, Tancredo."
Nosso quase presidente pensa: "Mentiroso sem-vergonha, ele diz isso para que eu ache que ele vai para Belo Horizonte, mas o danado vai para Barbacena mesmo".
Coisas de mineiro, dizia meu pai.

Mas então, por que do barulho por um hipócrita desmascarado? Porque há a hipocrisia danosa, nada a ver com a do nosso dia a dia. Como a propaganda enganosa, dissemina o descrédito e o cinismo, "não se pode acreditar em ninguém". O comércio pela internet, por exemplo, depende de maneira crucial que se acredite nele.

O "conto do vigário" pode ter saído de moda no varejo, mas prospera no atacado. Foi até promovido! Hoje se chama "o conto do bispo". Era assim porque o vigário, ou o bispo, supunha-se confiável. O dano maior vem de concordar com o dito e se horrorizar com os feitos de quem disse. Ficamos com cara de patetas. Por isso Floriano Peixoto aconselhava: "Confiar, mas desconfiando".

A inteligência se desenvolveu na espécie através da desconfiança. Nossos ancestrais pensavam, "Ele está fazendo as mesmas coisas que eu faço quando minto, logo...", e este raciocínio lhes salvava a vida, muitas vezes. Alguém bate no peito a dizer "Sou honesto!" e o falso moralismo mostra o rabo.
Millôr disse de um prefeito probo que levou o Rio à falência: "Saturnino, o homem que desmoralizou a honradez".

FRANCISCO DAUDT - A Lucidez

Se apenas ser observado por uma mulher 
perturba o raciocínio de um homem, que dirá o estado da paixão...

QUEM VIU o ótimo filme argentino "O Filho da Noiva", com Ricardo Darín (ah, a inveja dos bons roteiristas hermanos), sabe que ele trata de uma senhora com demência, que já vive com seu marido há décadas, mas que ainda sonha com um casamento na igreja, desejo que seu filho se empenha em realizar.
No entanto, a família se depara com um obstáculo: o pároco consultado diz que não pode realizar aquele casamento, pois o sacramento do matrimônio só é dado às pessoas com completos discernimentos e lucidez de escolha, coisas que faltam à velha senhora.

O filho retruca, irritado: "Padre, eu me casei com 21 e me divorciei aos 25. O sr. acredita que fiz aquela escolha em estado de plenos discernimento e lucidez? Acredita realmente? Meus pais vêm reiterando a escolha de um ao outro, que fizeram há mais de quarenta anos, e porque minha mãe sofre de Alzheimer, o sr. vem dizer que ela não pode se casar?"

O diálogo -pleno de discernimento e lucidez que o diferem do senso comum- é um dos pontos altos do filme. Afinal, é aceitável, no senso comum, que um rapaz de 21 anos esteja em condições para fazer essa escolha (casar-se) em pleno uso de suas faculdades mentais.

Não à toa, um jesuíta, renomado conhecedor do direito canônico, concluiu que cerca de 90% dos casamentos católicos poderiam ser anulados, a se levar seriamente esta cláusula de impedimento, e registrou sua opinião em livro que não li, mas me foi assegurado por um amigo católico que o leu, e que, por ser advogado, se interessa muito por tais questões. O autor: Pe. Jesus Hortal, antigo reitor da PUC-RJ. Se algum leitor tiver conhecimento do contrário, por favor, me avise.

Pois bato os olhos na revista "Scientific American" deste mês, em que o holandês Sanne Nants escreve um artigo que vem dar base à nossa percepção intuitiva. Estamos cansados de saber que os homens, em interação com uma mulher que lhes desperta muito interesse, se comportam como bobos, sem saber o que dizer, como se seus cérebros estivessem rateando.

Ora, na pesquisa, ele relata o enfraquecimento cognitivo que nos acomete antes e depois de interagir com uma mulher atraente, e que acontece com a simples antecipação mental de um encontro desses.
O teste de Stroop foi aplicado. Ele exige rapidez cognitiva diante de um truque gráfico. Homens e mulheres o fizeram com a informação de que estariam sendo observados (através de uma câmera) por um homem ou por uma mulher, de quem eles só sabiam os nomes.

As mulheres não mostraram diferenças nas respostas, não importando o gênero do observador. Mas os homens... A despeito de não interagirem com a observadora, mostraram grande dificuldade com o teste, só de imaginar que uma mulher os observava!

Por essas e outras, tenho feito campanha para que os casais só tenham filhos (uma sociedade que não se desfaz) quando passar o estado de paixão. Veja: se o simples saber-se observado por uma mulher é capaz de perturbar o raciocínio de um homem, que dirá a paixão, que é um estado de insanidade transitória? 

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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