CONTE COMIGO - Ivan Martins

Um poema de Mario Benedetti celebra 
o amor que não se esgota em festas

Outro dia, em circunstâncias suaves e domésticas, lembrei de um poema do Mario Benedetti que costumava me comover até os ossos. Chama-se Hagamos un trato - Façamos um trato, em português – e fala dos sentimentos de um homem por uma militante política, que ele chama de compañera.

Em linguagem simples e direta, o poema diz, essencialmente, que ela pode contar com ele “não até dois ou até dez”, mas contar com ele, em qualquer circunstância. É um poema de amor que expressa um compromisso político. Ou talvez seja um poema épico suavizado por um toque de amor. Não sei. Vocês leiam e me digam.

Mas é evidente, para mim, que qualquer que tenham sido as intenções do Benedetti, seu poema resume uma verdade essencial: afeto é compromisso. Os problemas do outro passam a ser parte dos meus problemas, minhas dores são em alguma medida as dores dele. Eu cuido dele e ele cuida de mim. Não deixei de ser eu, ele tampouco deixou de ser ele, mas há um sentimento que nos vincula e nos torna responsáveis um pelo outro. Voluntariamente. Talvez temporariamente. Mas, enquanto estivemos ligados, será assim.
Se isso parece consistir um fardo, não é. Dividir é bom. Cuidar também é bom. Andamos tão acostumados a pensar de forma egoísta que a ideia de ser responsável pelo outro nos apavora. Temos medo também de depender da atenção e dos cuidados alheios. Mas tem sido assim por alguns milênios e acho bom que continue. Somos indivíduos, inescapavelmente, mas algo em nós anseia por ligar-se e partilhar de uma forma que não seja superficial ou declaradamente provisória. Quando isso acontece, nos sentimos parte de algo maior que o mercado ou as redes sociais. E há um profundo conforto nisso.

Talvez essa seja o sentido atual do “conte comigo” de Benedetti. Ele expressa uma forma de amor que não está na moda. É algo que se manifesta não apenas como partilha de prazer e hedonismo, mas como potencial de sacrifício. O poema nos lembra que não estamos nessa apenas pelo riso e pela noite inesquecível. Às vezes será inevitável sofrer, fazer coisas chatas, deixar de lado vontades e interesses imediatos. Às vezes será necessário abrir mão. Seremos capazes? Espero que sim.

Quando li Hagamos un trato pela primeira vez, por volta de 1995, ele me pareceu uma promessa de amor em meio à guerra. Benedetti, afinal, era um homem de esquerda. Fora exilado pela ditadura militar em seu país, o Uruguai, e sempre voltara seu arsenal de palavras contra ela. Hoje, com outros olhos, o poema me sugere outros sentimentos, que vão além do contexto político.

A palavra compañera, que abre o primeiro verso, tem, para mim, um significado menos militante do que afetivo. Companheira é quem ama, quem fica, quem faz parte. Não se aplica a meteoros cintilantes.

O poema, que antes me parecia tão somente romântico, hoje me comove por sua austeridade. Evoca uma promessa de fidelidade que vai além da exclusividade sexual ou sentimental. “Conta comigo” sugere sentimentos e laços profundos, assim como pessoas capazes de sacrifícios e cuidados. Não é a leveza de sentimentos ou a combustão instantânea que estação recomenda, mas me parece aquilo que muitos querem e precisam. Senão hoje, certamente amanhã, quando seremos um pouco melhores e mais sábios.

PARA FICAR BEM NA FOTO - Cristiane Segatto

Aumenta a procura por cirurgia plástica para 
melhorar a aparência nas redes sociais. 
O que isso significa?

Num mundo em que as aparências contam mais que a essência, todos querem ficar bem na foto. Interessante essa expressão. Ficar bem na foto não significa apenas ser fotogênico. Significa se sair bem nas mais diversas situações. Manejar as adversidades com destreza e construir relações amistosas com quase todo mundo. Construir uma boa imagem pessoal em qualquer ambiente.  

Usamos essa expressão quando queremos nos referir ao comportamento ou à estratégia de alguém. Nem sempre é um comentário positivo. Muitas vezes a frase é um veneninho ensopado de inveja, desses comuns no mundo corporativo. “Putz, não é que o cara ficou bem na foto?”.

Mesmo quando o assunto é o comportamento, recorremos a palavras que denotam a extrema valorização da aparência física. Por mais cruel e escandaloso que seja, exibir uma boa estampa tornou-se mais ou menos tudo. Principalmente em redes sociais como o Facebook, uma ilha da fantasia onde prosperam os belos, os felizes, os legais e os bem-sucedidos.

Não pretendo aqui fazer um discurso moralista. Cada um é livre para criar o personagem que quiser. O que me parece perigoso é acreditar nele a ponto de se submeter a intervenções cirúrgicas. Profissionais da área relatam que, nos últimos meses, aumentou o número de pessoas interessadas em fazer cirurgia plástica para melhorar a imagem nas redes sociais.

A Academia Americana de Cirurgia Facial e Reconstrutiva fez uma pesquisa entre 752 cirurgiões associados a ela. Constatou um aumento de 31% nesse tipo de demanda. É uma tendência que se repete em vários países. Na Índia, por exemplo. No Brasil, campeão mundial em número de cirurgias plásticas realizadas, não poderia ser diferente. 

Nunca as pessoas olharam tanto para si mesmas. Ou melhor: nunca olharam tanto para o próprio umbigo e para a própria casca. Postam fotos feitas em todos os ângulos e nas mais diversas situações com mais frequência do que olham no espelho.

Características físicas que antes não incomodavam ou incomodavam pouco passaram a ser vistas como algo a ser consertado, aperfeiçoado, enquadrado nos padrões. Tudo com a esperança de agradar mais, receber mais “curtir”, mais pios, mais isso e mais aquilo. É uma necessidade emocional. Todos querem se sentir queridos e aceitos, mas a saída fácil parece ser entrar na faca.

Um reclama do queixo pequeno. Outra do colo envelhecido, das mãos manchadas, do abdome flácido. Não há limites para a severidade autoimposta. O alvo preferencial das reclamações é o nariz. Por estar no centro da face e ser estático, o nariz personaliza o rosto.

“Não existem pessoas feias com nariz bonito”, diz o cirurgião plástico Volney Pitombo. Se tem nariz bonito, é bonita”. Pitombo é um dos mais respeitados especialistas em rinoplastia no Brasil. Realizou mais de 5 mil cirurgias desse tipo, inclusive em celebridades como Débora Bloch, Murilo Benício e Angela Vieira.

Talvez Pitombo tenha razão, mas outro fenômeno (o das pessoas bonitas que quiseram ficar mais bonitas e acabaram deformadas), não pode ser menosprezado. “Nariz é a operação que exige mais concentração, experiência e técnica do cirurgião”, diz Pitombo. “Desastres ocorrem quando o profissional adota uma técnica excessivamente redutora. A cirurgia fica literalmente na cara”, diz.

O resultado é aquele nariz infantilizado, no estilo Barbie, tão em voga nos anos 60 e 70. O nariz não foi feito para ser tratado com agressividade. Dá errado. A rinoplastia atual é estruturada. Em vez de retirar osso e cartilagem, os cirurgiões chegam a adicioná-la para modelar o nariz.

Eles fazem pequenos ajustes para harmonizá-lo com o rosto. “Um nariz mestiço com a forma larga pode ser suavizado, se esse for o desejo do paciente, mas tentar arrebitá-lo ou deixá-lo fininho é algo inaceitável”, diz Pitombo. As fotos de Michael Jackson antes e depois das inúmeras plásticas não deixam dúvidas sobre isso.

Os mais jovens cismam que o nariz é grande ou largo demais. Querem consertá-lo e postar a novidade nas redes sociais antes mesmo de ver o resultado final. Não faz muito tempo, Pitombo operou uma jovem e, poucas horas depois, ainda no quarto, ela estava postando fotos “do novo nariz” no Facebook. Antes mesmo de retirar o curativo.

De tanto se olhar e espiar os outros nas redes sociais, os mais velhos passaram a se incomodar ainda mais com o envelhecimento. Reclamam de um fato da vida. Na faixa dos 30 ou 40 anos, a ponta do nariz realmente começa a mudar. Fica um pouco mais caída. É possível retocá-la e, com isso, ganhar um aspecto mais jovem.

Essa é uma decisão muito particular, mas antes de se submeter a uma cirurgia é preciso tomar vários cuidados. Os primeiros são de ordem prática:

• Escolher um profissional com título de especialista emitido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

• Avaliar a experiência dele. Nem todo cirurgião plástico é bem-sucedido em rinoplastias. Mexer no nariz exige um treinamento especial

• Ter certeza de que está consciente e bem informado sobre o tipo de anestesia, os riscos da cirurgia e as complicações que podem surgir no pós-operatório

• Só operar em locais seguros, com centro cirúrgico autorizado pela Vigilância Sanitária e equipamentos necessários para socorrê-lo em qualquer emergência.

Nenhum desses é o cuidado principal. O essencial é avaliar a real motivação por trás da operação. A motivação precisa ser genuína. Vir de dentro para fora. Não de fora para dentro. Não deixe que as pressões, os modismos e os padrões de beleza roubem sua identidade.

Ninguém terá a nobreza de Kate Middleton se encomendar um nariz como o dela – algo que virou moda nos consultórios. Não tente copiar a sensualidade de Scarlett Johansson. Ela não está no nariz, ainda que ele tenha sido retocado. Não está nos lábios, nem no umbigo, nem no dedo mindinho. Está em algum ponto insondável, mas escandalosamente perceptível. É dela e só dela. Certamente você tem a sua. De outro jeito, com outra intensidade, mas em você.

“O nariz perfeito é o da própria pessoa”, diz Pitombo. Quando opera, o objetivo dele é atingir a naturalidade máxima.“Todo o meu esforço é para que as pessoas que convivem com o paciente notem o benefício sem detectar a plástica. Quando isso acontece, o sentimento é de ter realizado uma obra-prima. Coisa de Michelangelo”, diz.


Obra-prima é você. De carne, osso, com imperfeições, com correções ou sem elas. Seja o que quiser, de forma consciente. Seja, sobretudo, você.

VOCÊ NÃO ME CURTIU! - Cláudia Penteado

As redes sociais criaram tantas 
questões que, de certa forma, 
complicaram nossa vida. 
Curtir ou não curtir, eis mais uma questão

Em um texto recentemente publicado neste espaço, o jornalista Marcelo Zorzanelli queixava-se da aparente indecisão da mulher amada, que por vezes lhe dava sinais de total desprezo, para em seguida reacender suas esperanças ao sinalizar algum afeto através de comentários num post ou um “curti” no Instagram.  Penalizada com sua história, não pude deixar de refletir a respeito dessa nova moeda de troca de afetos entre as pessoas que circula exclusivamente no mundo virtual, “lugar” onde muita gente passa boa parte do tempo nos tempos atuais. Só quem frequenta – com afinco – as redes sociais é capaz de entender. “Curtir um post” no Facebook tornou-se prova de atenção – aquela que as pessoas muitas vezes não obtém no mundo concreto, nessa era de tamanho distanciamento e desconexão física.

A tecla Curtir ganhou status  e pode funcionar – para o bem e para o mal – como um link  entre o virtual e o concreto. Pode gerar brigas conjugais, despertar paixões, aprofundar amizades, gerar inimizades.

Uma amiga provocou uma crise no casamento porque passou a analisar as mulheres que curtiam os posts do marido. E pior: os posts que o cônjuge curtia. Todas as ações do marido no Facebook passaram a ter um significado oculto. Quem é aquela loura que compartilhou seu post hoje? – perguntava ela durante o jantar, entre uma garfada e outra. Por que você curtiu aquela foto sem graça daquela sua estagiária? – indagava durante o café da manhã, provocando um mal-estar que se estendia durante vários dias. Um belo dia ele tomou a decisão de abandonar não a minha amiga, mas o Facebook – para manter saudável o casamento.

Uma amiga terapeuta me conta de uma cliente obcecada pela tecla curtir: tornou-se uma espécie de balizador para todas as suas relações pessoais. Os amigos próximos que não curtem um determinado post seu passam semanas “na geladeira”. Só sai quem curtir algo seu novamente. Caso contrário, ela mal consegue lhes dirigir a palavra ao vivo, especialmente no escritório. Faz insinuações irônicas para testar se os amigos viram seus posts – tudo para provar para si mesma que os tratantes deliberadamente tomaram a decisão de não curtir suas intervenções virtuais. Só abandona o olhar torto mediante alguma nova curtida.  Se a grande amiga não curtiu seu último post, inicia-se uma cadeia de pequenas vinganças online: nada de curtir algo que ela postar. Pronto. Compartilhar, então, nem pensar! Que vingança poderia ser pior?

O compartilhamento, aliás, é um assunto ainda mais delicado no mundo das redes sociais. Que prova de admiração maior pode haver no Facebook do que compartilhar um post? Outra cliente adolescente da minha amiga terapeuta passou a travar uma espécie de batalha velada com o namorado. Ai dele se não compartilhar seus melhores posts. Sofrerá retaliações seríssimas e crises de mal humor intermináveis.

Outra cliente interessou-se por um rapaz que compartilhou e curtiu, incansavelmente, todos os seus posts, diariamente, durante um mês inteiro. Ficou comovida com tanta atenção. Passou a curtir e compartilhar seus posts também, em retribuição, já que suas fotos e comentários sobre alimentação orgânica e retiros de ioga até que eram bacanas. As curtidas e os compartilhamentos mútuos intensificaram cada vez mais a relação, até o dia em que decidiram encontrar-se pessoalmente.  A coisa não fluiu. Decidiram manter a relação no plano virtual. E ela tornou-se vegetariana – mas apenas no Facebook.

Hoje, a tecla curtir não passa mais despercebida. É moeda valiosa entre pessoas e também para empresas e marcas no Facebook, nos blogs, no Instagram, no Pinterest. Não surpreende que o Facebook não tenha lançado, até hoje, a falada tecla “Não Curti”. Esta certamente geraria ainda mais conflitos, inimizades, retaliações – e manipulações por parte de pessoas ou empresas interessadas em prejudicar desafetos ou concorrentes, algo tão comum no mundo concreto. Porque no fundo, o que vivemos no ambiente virtual é apenas um simulacro do mundo físico. Com um agravante: não é preciso mostrar a cara.

CULT VÍDEO - EX-EXECUTIVA DO BANCO MUNDIAL AFIRMA: “ALIENÍGENAS CONTROLAM O MUNDO”

Segundo Karen Hudes, uma ex-executiva do Banco Mundial, alienígenas de cabeça alongada e inteligência excepcional controlam o Vaticano e a economia mundial. Muitos conhecem a típica teoria conspiratória em torno do domínio extraterrestre sobre nosso planeta, mas quando esta ideia parte de uma pessoa prestigiada, que já ocupou um cargo de importância mundial, é de se esperar uma considerável repercussão. E foi justamente isso o que aconteceu após uma recente entrevista de Hudes, que está disponível no YouTube.

“Criaturas não humanas, de cabeça alongada e com QI 150, controlam o Vaticano e os bancos do de todo o mundo”, respondeu Hudes, sem hesitar, diante da pergunta do seu interlocutor sobre quem estaria controlando o mundo.

De acordo com sua declaração, esses seres estão no poder há muito tempo.

“Não são da raça humana. Eles se chamam Homo Capensis. Estiveram na Terra, ao lado da humanidade, antes da Idade do Gelo”, disse a ex-executiva, calmamente. Para fundamentar sua ideia, ela citou o caso de alguns objetos encontrados com faraós egípcios, usados em suas cabeças, e os enigmáticos crânios peruanos.

O currículo de Hudes inclui um bacharelado em Direito pela Universidade de Yale e economia pela Universidade de Amsterdã. Ela trabalhou no Export-Import Bank dos Estados Unidos e, depois, no Departamento Jurídico do Banco Mundial, onde virou uma assessora de alto escalão.

Embora suas palavras soem absurdas para muitos, o fato é que elas fazem eco com o que defende o ex-ministro da Defesa do Canadá, Paul Hellyer, que afirmou, no ano passado, durante um congresso ufológico, que existem alienígenas trabalhando no governo norte-americano.

Assista abaixo aos vídeos:

Entrevista com Karen Hudes (parte 1/2)


Entrevista com Karen Hudes (parte 2/2)

A CIÊNCIA E O MEDO - Gonçalo Viana

Informações distorcidas pela mídia alimentam o pânico moral 
a respeito de temas polêmicos, como a maconha

A maior dádiva da ciência para a humanidade é a libertação do medo. Imagine por um instante nosso passado neolítico. Todos os dias era preciso conviver com medos terríveis: predadores letais, conflitos tribais, frio e calor, fome e sede, seca e enchente, sem falar do mítico medo da noite eterna, tão bem documentado entre o povo maia: o temor de que o sol um dia partisse e nunca mais regressasse. A ciência nasceu como técnica de controle da realidade e de seus inúmeros perigos, muitas vezes transformando a dificuldade em ferramenta. Pense no fogo, na fermentação dos alimentos e no uso medicinal de substâncias. Com a ciência veio a esperança de um futuro cada vez melhor, com mais conforto e segurança, menos sofrimento e medo.

Há cerca de 30 anos, surgiu um temor novo que ceifou milhões de vidas e instalou pânico moral na sociedade, conspurcando a beleza do sexo com a fobia de uma contaminação fatal. É o vírus HIV, capaz de deflagrar a pane imunológica que chamamos de aids. Estima-se que existam no planeta mais de 33 milhões de portadores de HIV, chegando a 25% dos cidadãos de certos países africanos. Na ausência de cura, grande esforço foi feito para informar a população mundial sobre os modos de prevenir a infecção. Também houve avanço no desenvolvimento de drogas antivirais capazes de estancar o curso da doença. Infelizmente tais drogas podem causar sérios efeitos colaterais, precisam ser tomadas ininterruptamente por toda a vida, e apresentam custo proibitivo para a maior parte dos pacientes.

Por essa razão, causa muita esperança e orgulho a descoberta de que anticorpos monoclonais podem ser usados para debelar o HIV. Realizado pelo grupo do brasileiro Michel Nussenzweig na Universidade Rockefeller (EUA), o estudo publicado na revista Nature aponta o caminho para uma terapia de aids mais segura, barata e duradoura. Permite também vislumbrar o dia histórico em que será anunciada uma vacina anti-HIV.

Medo e desesperança, por outro lado, emanam do artigo de capa da revista Veja de 26 de outubro. Alegando refletir as mais recentes descobertas científicas sobre a maconha, o artigo esforça-se por insuflar ao máximo o receio em relação à planta. Cita seletivamente a bibliografia especializada, simplifica e omite resultados, distorce e exagera sem constrangimentos para afinal concluir, nas palavras do psiquiatra Valentim Gentil, que “se fosse para escolher uma única droga a ser banida, seria a maconha”.

Em tempos de crack na esquina e cachaça a 3 reais o litro, não é preciso ser médico para perceber o equívoco da afirmação. O destaque dado à matéria contrasta com seu parco embasamento empírico, que ignora fartas evidências sobre o uso medicinal da maconha, a segurança de seu consumo não abusivo, a existência de alternativas não tabagistas e as consequências nefastas do proibicionismo. 

O bom nome da ciência não pode ser usado ideologicamente para propagar preconceitos e fomentar pânico moral.

 A ciência deve sempre ser usada em prol do gênero humano, para arrefecer seus medos e não suscitá-los.

A CIÊNCIA DO CERTO E DO ERRADO - Selma Corrêa

Cada vez mais pesquisas oferecem embasamento para tormarmos decisões que podem parecer apenas fruto de valores religiosos e morais

Muitas vezes parece haver um muro sólido separando a ciência com o que conhecemos hoje da religião e dos valores éticos. Falar sobre regras e princípios (ou revê-los) parece ser, em certos meios, uma atitude muito mal recebida no meio científico, como se a “busca do conhecimento e da verdade” justificasse qualquer coisa – especialmente quando se trata de estudos sobre o cérebro. Em A paisagem moral – Como a ciência pode determinar os valores humanos, o filósofo e neurocientista americano Sam Harris discute a proximidade entre ciência e religião.

No livro escrito com base em sua tese de doutorado, Harris parte da ideia de que práticas religiosas podem se tornar, em muitos casos, precursoras de atitudes marcadas pela intolerância. “À primeira vista é impossível imaginar que a maneira como experimentamos o mundo à nossa volta e percebemos a nós mesmos dependa de mudanças de voltagem e interações químicas que acontecem dentro de nossas cabeças. E, no entanto, após um século e meio, as ciências do cérebro declaram que este é precisamente o caso”, escreve.

Mas pode ser importante olhar com alguma desconfiança essa divisão. Talvez seja precipitado aceitar que a moral e os valores sociais se baseiem simplesmente na maneira como “as coisas são”. Afinal, como elas de fato são? Admitir que haja uma maneira única e correta de ser seria dar como certo que os sentidos estão postos e a subjetividade é estanque. Segundo essa lógica, em última instância, tudo o que tomamos para nortear nossas escolhas deveria se firmar naquilo que aceitamos, queremos e suportamos, sem deixar de lado os atravessamentos da cultura e o reconhecimento do fato que o sujeito está em constante processo de mudança.

Com base na ciência, origem evolucionária dos sentimentos a respeito do que é certo ou errado pode nos ajudar a entender melhor o processo inerente às decisões de ordem moral – embora esse olhar não seja suficiente. Como primatas sociáveis que somos, desenvolvemos um profundo senso do que é correto ou não. Quase que intuitivamente (entendendo aqui intuição como uma forma sutil de inteligência) enfatizamos e recompensamos a reciprocidade e a cooperação, atenuando e punindo o egoísmo excessivo e a falta de limites. Como lembra Harris, “valores se traduzem em fatos” – sobre emoções, relações sociais, impulsos de retribuição, neurofisiologia da felicidade e da dor.

Calcado na neuroética, Harris recorre ao princípio do bem-­estar, a partir do qual podemos erguer um sistema de valores morais ancorado na ciência por meio da mensuração daquilo que aumenta ou diminui a satisfação – e a saúde física e mental das pessoas. Ele pergunta, por exemplo, se é certo ou errado forçar as mulheres a vestir sacos de estopa e lançar ácido em seu rosto por cometerem adultério. Não é necessário religião ou ciência de ponta para concluir que essas práticas comprometem a qualidade de vida e as possibilidades de bem-­estar das mulheres e, portanto, são moralmente erradas.

Um fato curioso a ser destacado é que cada vez mais pesquisas psicológicas e neurocientíficas comprovam aquilo que aprendemos desde pequenos: é importante seguir algumas regrinhas básicas: dizer obrigado quando recebemos algo, nos colocar no lugar dos outros para tentar entender o que pensam, e dividir o brinquedo com irmãos e amigos. Isso vale na infância, mas não só. Na verdade, gratidão, compaixão e generosidade fazem bem não apenas para quem recebe, mas para aqueles que praticam essas virtudes – inúmeros estudos comprovam isso. E isso vale para as mais variadas culturas. Mesmo nas terras altas da Guiné “felicidade ainda é felicidade”, argumenta o autor. De novo, poderíamos pensar que, em muitos casos, a ciência apenas chancela aquilo que já parece óbvio.

Pode parecer fácil para religião declarar enfaticamente que atos como trair ou roubar são errados porque destroem a confiança nas relações humanas que dependem de sinceridade, fidelidade e respeito à propriedade. Quando os princípios são afetados por fardos políticos, econômicos ou ideológicos, então a situação pode mudar um pouco de figura.

A ideia apresentada por Harris, a respeito de uma moralidade embasada na ciência é interessante, mas como resolveremos conflitos relacionados a assuntos polêmicos como impostos, por exemplo? Ou ao fato de que pesquisas também revelam que comportamentos como fazer fofocas ou mentir podem ser benéficos para a preservação da espécie?

A paisagem moral descrita por Harris permite a existência de picos e vales – mais do que uma única resposta, que determine o certo ou o errado, para dilemas morais. O que acontece quando o direito de uns esbarra no direito dos outros? Será que mais dados científicos ajudariam a resolver esse conflito?

Viva e deixe viver, poderíamos pensar, sugere o próprio Harris. “Essa pode ser uma estratégia sábia para diminuir os conflitos, mas só se aplica quando os desafios não são muito grandes ou as consequências de nosso comportamento, incertas”, afirma. Segundo ele, dizer que “mais dados científicos não ajudariam a resolver o conflito” é simplesmente afirmar que nada ajudará, pois a única alternativa é argumentar sem utilizar fatos. 

“Concordo que nos encontramos nessa situação de tempos em tempos, muitas vezes a respeito de temas econômicos, mas isso não demonstra que existam as respostas certas.

PODEMOS SER MAIS DIGNOS? PODEMOS. - Lya Luft

Dificilmente encontramos alguém, a não ser criança ou adolescente naquela fase de autorreferência compulsiva e natural, que esteja contente com a situação em geral. Que pense ou diga: "Está tudo bem, estamos tranquilos, o país cresce, o povo é razoavelmente bem tratado, nada a reclamar...".

Manifestações se agitam no Brasil. Pelos mais singulares motivos, ora surreais, ora convincentes, saímos às ruas, querendo ordem, progresso e paz, mas admitindo entre nós a violência e o crime, tudo organizado e financiado por alguém. Um partido, uma instituição, um grupo... alguém. Pois nada disso acontece aleatoriamente. Há sincronicidade, combinação, uma teia básica que controla tudo. O que, quem, como, de onde, não sabemos, pelo menos nós, pessoas comuns. Sentimos que algo está no ar, e não é amável, mas perigoso e sombrio.

Temos de achar um equilíbrio entre a indignação justa e essencial e o desejo de destruição e violência. A mim me impressionam centenas de pessoas descendo de um trem quebrado e andando pelos trilhos em busca do seu destino ou de uma condução. Às vezes jogam pedras e quebram vidros ou portas do trem, mas a maioria, mesmo reclamando, não demonstra indignação. Muitos, num meio sorriso resignado, dizem: "É ruim, mas é assim, que fazer?". Ou, quando a enchente mais uma vez inundou a casa, matou a criança, destruiu os bens, e ninguém em alguns anos providenciou nada, comentam: "Com a ajuda de Deus, vou mais uma vez começar do zero".

Manadas de seres humanos apinhados nos ônibus e trens, sem o menor conforto, pendurados naquelas alças, esfregados, amassados por tantos corpos humanos suados e exaustos, dia após dia, ano após ano, consumindo diariamente duas, quatro horas de seu tempo, sua saúde, sua vida, vão para o trabalho e voltam, em condição subumana, e fazem suas reclamações, às vezes com palavras duras e justas, mas acrescentam: "O que fazer? Por aqui é assim?". Os indignados, e mesmo os mansos, todos quereriam mudar; iriam mudar, se pudessem. Ou melhor: se soubessem o que fazer. Não há autoridade a quem se queixar, pois o máximo que se recebe é a notícia de mais uma comissão, um projeto, empilhado sobre dezenas de outros que há muitos anos mofam em gavetas ou em pastas.

Podemos melhorar de vida? Podemos não ser caçados por bandidos como coelhos pelas ruas dia e noite, podemos viver em morros sem nos enfiarmos embaixo da cama nos frequentes tiroteios, podemos ter água para beber, cozinhar e tomar banho, e energia elétrica para o chuveiro, o ventilador, a luz da casa? Podemos uma porção de coisas melhores em nossa tumultuada vida? Podemos ser mais dignos e mais altivos? Podemos.

Não sabemos para que lado nos virar, onde procurar, a quem recorrer. Talvez a esperança seja não a destruição de ônibus, quebradeira de lojas, a insensatez desatada, mas o gesto mais simples, breve, pequeno, porém transformador, desde que a gente saiba o que está fazendo, o que dever fazer: o "voto". Porém uma imensa maioria de nós, embora adulta, nem sabe ler. Outra boa parte da população, se sabe ler, não tem energia, interesse, tempo, instrução suficiente para se dedicar a esses assuntos, se informar, debater e descobrir algum nome a quem confiar esse voto.

De modo que, levados pelas corredeiras eleitorais já deslanchadas, provavelmente muitos - que cedo se arrependerão, pois ignoravam a força de seu ato -, por desalento, votem em nomes que não conhecem, que não levam a sério, de que não ouviram falar ou que chegam montados em promessas impossíveis e falações vãs.

Então, por estarmos tão cansados, suados, desanimados ou zangados, mas sem lucidez, eles vão receber, na hora da eleição, o apoio de quem parou um instante no posto da ilusão e digitou um número, um nome, uma sigla, um destino seu, que não acabará significando nada.

CHOVE CHUVA - Fernanda Torres

Uma teoria recente associa a Revolução Francesa à fome que castigou a Europa durante a segunda metade do século XVIII, deflagrada pela erupção do vulcão islandês Laki, entre junho de 1783 e fevereiro de 1784. A nuvem de cinza e poeira cobriu o continente europeu, provocando uma sequência de invernos rigorosos, seguidos de minguadas colheitas. A escassez alimentou a insatisfação popular. Não à toa, Luís XVI perderia a cabeça na guilhotina dez anos depois do ocorrido.

No meu 4º ano primário, a professora dividiu a turma em dois grupos e promoveu um debate sobre o homem e o meio. Um lado da sala defendeu a supremacia da ciência sobre a mãe natureza, enquanto a outra metade evocou meteoros, tufões, furacões, maremotos e enchentes para dar cabo das conquistas do engenho humano.

Na época, eu não conhecia a obra de Jared Diamond e tomei partido do homem. Anos depois, o antropólogo me faria entender que o destino de um povo é indissociável da geografia à qual ele pertence. O homem é o meio.

O Rio de Janeiro é uma cidade insalubre. A proximidade entre a cadeia de montanhas e o mar impede a circulação do ar, os charcos e mangues que alimentam a Baía de Guanabara são criadouros naturais de larvas e mosquitos e o calor abafado propicia a propagação de vírus, amebas, germes e bactérias, além de provocar alergias.

Sempre invejei o ar seco e civilizado das zonas temperadas, que deixa os cabelos sedosos e mantém os poros fechados. Mas a idade me ensinou que a aridez causa sangramentos e envelhecimento precoce. O clima seco amofina, enrijece o caráter e agride a mucosa.

Hoje, venero o bafão carioca. O ar molhado e pesado do Rio de Janeiro. Mas, cadê? Faz três meses que só vejo azul anil. A gigantesca massa de ar quente continua estacionada sobre o Sul e o Sudeste, empurrando as nuvens para o oceano e o Acre. As águas de março não deram o ar da graça e as precipitações de outono nunca foram muito animadoras.

Ando prostrada, desinteressada, sem vontade ou determinação, não aguento mais sol. Outro dia me peguei desfrutando a chuva artificial da gravação do seriado Tapas e Beijos. O inferno abate. Como sobreviver a um dezembro que se perpetua de janeiro a janeiro? E se for definitivo? Será esse o quinhão que nos cabe no agourento aquecimento global?

Em um ano truncado, com Copa e eleição pelo caminho, o clima desértico aumenta as tensões, o risco de apagão, o desabastecimento, a agressividade das manifestações populares e o risco de uma reviravolta política. Se só chover em setembro, cabeças vão rolar até o fim de 2014, vítimas do verão escaldante.

Os maus ventos, que afastaram as intempéries do Centro-Sul do Brasil, à maneira do vulcão islandês, podem trazer consequências graves em um ano de tantas decisões.

Tenho pena dos que, neste momento, ocupam cargos de chefia e liderança. Não existe nada mais ingrato do que assar vacas magras, enquanto se administram as sete pragas do Egito.

RETRATO FALADO - Ferreira Gullar

Alguém acredita que Lula desconhecia o uso do dinheiro público para a compra de deputados?

Lula é uma vocação política incontestável, como demonstra sua carreira vitoriosa, que o fez sair da condição de operário e chegar à Presidência da República. É verdade que alguns fatores políticos contribuíram para isso, mas não tivesse ele o tino e a sagacidade que tem, jamais chegaria onde chegou.

Há, porém, um traço de sua personalidade que igualmente contribuiu para essa carreira vitoriosa: a facilidade com que ignora toda e qualquer norma, seja ética, política, jurídica ou administrativa. Para ele, tudo é permitido, desde que favoreça a seus propósitos. Não digo que ele seja o único, dentre nossos políticos, com essas características, mas, nesse particular, indiscutivelmente, ele supera qualquer um.

E tem mais, quando se trata de seu interesse político pessoal, não distingue entre companheiros e adversários. Os exemplos são muitos e o mais notável dentre eles foi o próprio mensalão. José Dirceu, Genoino, Delúbio, todos pagaram pelos delitos cometidos, menos ele, que era o chefe da trupe.

Lembro-me bem da expressão de pânico estampada em seu rosto, quando o escândalo eclodiu. Dava para perceber que se sentia sem saída. Não duvido que, em seguida, tenha mostrado àqueles três que se ele, Lula, fosse incriminado, todos eles e o próprio PT estariam perdidos. Foi então que Delúbio assumiu toda a culpa e o Lula se safou.

Alguém acredita que Lula desconhecia o uso do dinheiro público para a compra de deputados que apoiavam o seu governo? Quer dizer que o chefe da Casa Civil, que despachava com ele todos os dias, armou tudo sem nada lhe contar; o Genoino, presidente do PT, também nada, e Delúbio, que estava todos os domingos fazendo churrasco na Granja do Torto, também guardou segredo.

Isso, embora o mensalão tivesse como beneficiário o seu governo. Pois bem, na hora em que o escândalo estourou, o que disse Lula? "Fui traído!" Passado o susto, porém, afirmou que não houve o mensalão, era tudo uma invenção de seus inimigos e da imprensa. É muita cara de pau, não acha?

Sucede que o Supremo Tribunal Federal julgou o mensalão e condenou os dirigentes do PT por crime de peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, num julgamento que durou meses e que foi transmitido pela televisão. Tudo foi dito, exibido, discutido e votado às vistas de todo o país. Acusados foram condenados e estão cumprindo pena. Mesmo assim, recentemente, Lula afirmou numa emissora de rádio em Portugal que aquele julgamento foi 80% político e só 20% jurídico. Ele diz isso baseado em quê, se a maioria dos ministros do STF foi nomeada por ele e pela Dilma? Claro, sabia muito bem estar mentindo, que o que afirmava não tinha qualquer fundamento, mas afirmou.

Mas o que esperar de Lula, diante de uma pergunta como aquela: o que pensa da condenação de dirigentes do PT pelo STF? A resposta honesta seria, no mínimo, "é, pisamos na bola". Só que admitir que ele e sua trupe erraram, jamais admitirá. Por essa razão, sem o menor constrangimento, garantiu que o julgamento foi político e que o futuro revelará a verdade. Sim, o futuro há de revelar que ele, Lula, foi o verdadeiro chefe do golpe do mensalão.

Hoje Lula diz que o julgamento foi político, mas quem, de fato, tentou politizá-lo foi ele, que, como revelou o ministro Gilmar Mendes, do STF, armou um encontro para convencê-lo a votar contra a condenação dos mensaleiros. Como o ministro não topou, tentou dobrá-lo, ameaçando revelar um deslize que ele teria cometido, e que não houve. Isso é chantagem, não?

Convenhamos que não pega bem um ex-presidente da República fazer certas coisas como, por exemplo, tentar desmoralizar o Judiciário, um dos três poderes do Estado democrático brasileiro. Mas o que fazer? Outro dia, eu o vi, num vídeo antigo, afirmar para seus companheiros ter a vida lhe ensinado que o político não deve dizer o que pensa e, sim, o que o eleitor quer ouvir. Ou seja, o político deve enganar o eleitor. Creio não ser preciso dizer mais nada.

Esclareço que nada tenho, de pessoal, contra Lula. Preocupam-me as consequências de sua atuação no Brasil de hoje e no de amanhã.

OS MAUS MODOS DO GIGANTE - Heloísa Seixas

Qualquer grupo de insatisfeitos com a falta de um muro em sua rua bota fogo num sofá e fecha a avenida, infernizando a vida de centenas de milhares

Todo mundo que conheço achou uma coisa fantástica a greve dos garis no Rio. Eu não. A Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) tem sido, há muitos anos, considerada uma empresa modelo, boa de se trabalhar e bem avaliada pela população. A imprensa cansou de dar matérias sobre seus funcionários --um deles, Renato Sorriso, chegou a ser um símbolo da cidade. E até há pouco tempo era assim.

De repente, os garis do Rio se transformaram em pessoas exploradas, mal pagas e protagonistas de uma greve legítima para ter o direito de ganhar cerca de R$ 1.800. Tudo bem. Eles têm os seus direitos. O que achei estranho foi terem feito a greve contrariando uma decisão da Justiça e do próprio sindicato, o que deixou a prefeitura sem interlocutor. E pior: deflagraram o movimento em pleno Carnaval.

Ora, uma greve de lixo é sempre um trauma para qualquer cidade. Por ser uma greve tão visível, que causa transtornos imensos, um movimento como esse tem sempre enorme poder de barganha. Se os garis do Rio tivessem feito uma greve de advertência algumas semanas antes do Carnaval, certamente teriam tido um bom resultado em suas negociações. Mas não.

A greve deles foi feita de uma hora para outra, e o que vimos? A cidade cheia de turistas e inundada de lixo. A ponto de o prefeito Eduardo Paes (PMDB) ter atendido a quase todas as reivindicações deles para evitar o caos absoluto, porque havia previsão de chuva forte para o dia seguinte.

Na época, li o noticiário com a sensação de que aquilo era uma chantagem. Que o prefeito, sem opção, estava se rendendo a ela. E não pude deixar de pensar: e se os garis decidirem fazer o mesmo na Copa do Mundo? Sem sindicato, desrespeitando a Justiça e pedindo, digamos, salários de R$ 5.000? E se os aeronautas também decidirem entrar em greve? E os motoristas de ônibus? E os policiais? Será que existe um plano de contingência capaz de lidar com isso?

Até a greve dos garis no Rio, tínhamos pelo menos a garantia de que haveria a palavra da Justiça, a decisão sobre se uma paralisação é ou não legal. Quando eu trabalhava como jornalista, havia algumas máximas que circulavam nas redações, verdadeiras cláusulas pétreas. Uma delas era "Decisão da Justiça não se discute. Cumpre-se". Mas hoje, como sabemos, até um ex-presidente da República afronta as decisões judiciais legítimas, tomadas por ministros indicados por ele.

E, enquanto isso, nosso país vai caminhando, à catraca. Qualquer grupo de dez ou 12 pessoas insatisfeitas com a falta de um muro em sua rua bota fogo num sofá e fecha a avenida Brasil, infernizando a vida de centenas de milhares. O mesmo pode acontecer na avenida Copacabana ou na avenida Paulista, a qualquer momento, pelos mais diversos motivos, justos ou não. Incendiar ônibus e automóveis é coisa que agora acontece quase todos os dias nas nossas cidades --nem sempre isso é feito apenas por bandidos.

No Brasil, é assim: oito ou 80. Ou estamos inertes, aceitando de braços cruzados os governos e desgovernos mais absurdos, ou de repente despertamos e aí não paramos mais. É o dilema que vivemos hoje.
O gigante acordou. Mas ele precisa ter aulas de civilidade.

ANSIEDADE EM VÃO - Martha Medeiros

Não conhecia o Iago, o rapaz que entrou na contramão na ponte do Guaíba e percebeu tarde demais que o vão estava levantado. Ele não conseguiu frear a tempo, caiu e abreviou sua vida por causa de uma aflição.

Não sei detalhes da história, a não ser que ele estava atrasado e que não conhecia bem os meandros de entrada e saída de Porto Alegre. Tinha um carro na mão, um relógio fazendo tic-tac e uma entrevista marcada, e já passava da hora: quem tem o mínimo de responsabilidade sabe que compromissos existem para serem cumpridos.

Uma das razões de o Brasil ser essa bagunça colossal é que a palavra compromisso, para a maioria, não tem o menor valor.

Para Iago, tinha. Mas até onde devemos sucumbir ao desatino? Se o plano inicial começou errado, melhor não emendar com novos erros. Um atraso normalmente acarreta excesso de velocidade, estacionar em local proibido, estresse, e tudo isso para quê? No caso do garoto, o desespero resultou numa fatalidade.

Mais vale aceitar nossos vacilos sem buscar uma correção afobada. Falhou, está falhado. Respire fundo e vá tomar um café. Celular também existe para isso: “Não consegui chegar, desculpe”.

Claro que ele não cogitou morrer. Pensou no máximo na perda de emprego, de oportunidade, de promoção, de seja o que for que a entrevista significasse. Ele apenas quis correr atrás do prejuízo. E no caminho não viu as placas de sinalização, todas de costas para ele.

A aflição é como um sol traidor, aquele que bate de frente e te cega.

Para muitos, foi apenas um acidente com características incomuns. Para mim, foi um aviso: não vale a pena sacrificar a vida pelo bom-mocismo.

Já fiz o que ele fez. Já me perdi por ansiedade, já me senti devedora por não cumprir o combinado, já tentei consertar estragos numa tentativa presunçosa de extirpar o erro da minha biografia. Ora, um erro ou outro, o que é que tem? Aquele que não se permite uns desacertos se desumaniza pela insistência em ser perfeito.

Pressupondo que eu esteja certa a respeito da angústia do Iago, ela me fez sentir total empatia com a situação dele. Naqueles segundos finais antes de cair da ponte, ele deve ter pensado: “O que fui fazer!”. Está feito. Mas ficou o recado: sejamos todos mais atentos, porém menos ansiosos. A ansiedade não serve para nada, ela apenas faz com que tentemos superar a nós mesmos. “Superar a nós mesmos” é uma bonita frase de efeito, mas induz a uma competição besta: o vencedor e o perdedor são a mesma pessoa.

PUTIN CONTRA O SEXO DOS ANJOS - Luiz Felipe Pondé

Estamos quase lá: os europeus se preparam para discutir se as crianças têm sexo
A comunidade europeia, essa reunião de países cheios de gente mimada, anda querendo discutir se é certo tratar uma criança quando é pequena de menino ou menina. O debate, é evidente, é coisa de gente riquinha que acaba levando a sério delírios da chamada teoria de gênero, essa invenção de professores desocupados com problemas de identidade sexual.

De fato, desse jeito, parece que a Europa ocidental acabou mesmo. As escolas europeias, se essa ideia idiota passar, vão virar um antro de "autoritarismo de gênero".

Nesse sentido, Putin talvez esteja fazendo um favor aos europeus, lembrando a eles que existe um mundo de preocupações reais, e não os debates idiotas sobre se meninos são meninos e meninas são meninas ou se tudo isso é uma invenção humana como o "croissant".

Nesse cenário, cabe bem o Obama, que, sendo um presidente pop das redes sociais, deve ter mandando um WhatsApp para o Putin protestando contra a anexação da Crimeia pelos russos, coisa que o russos têm todo o direito de fazer e que a maioria esmagadora da população da Crimeia deseja.

Imagino que Obama, cuja única competência é ser o primeiro presidente negro dos EUA (uma grande coisa, sem dúvida), deve ter posto na sua página do "Face" grandes bravatas dizendo que ia fazer isso e aquilo e colocar o Putin no seu lugar. Na verdade, quem colocou quem aqui no "seu lugar"? O Putin é que colocou a série toda de líderes ocidentais nos seus lugares, porque estes, viciados em discutir como a vida é uma "agência de direitos chiques", enquanto comem queijos e vinhos, se esqueceram de que a vida é o que acontece quando você está ocupado delirando com seus sonhos de Branca de Neve.

Putin é um choque de realidade na sociedade fútil em que se transformou a Europa ocidental, banhada em "direitos" que custam muito caro.

Voltando à discussão sobre o sexo das crianças. Chocante é como muitos psicólogos, contaminados pela ideia de que construímos sujeitos socialmente, se deixam levar por essa bobagem do tamanho de um bonde cheio de bobos. O fato de que existam gays e lésbicas, e que estes tenham, sim, direito de viver como todo mundo, não implica o direito de teóricos autoritários começarem a legislar sobre a sexualidade de um monte de crianças "avant la lettre".

Imagino que, se essa lei pegar, o número de crianças com problemas de identidade no futuro da Europa será enorme; mas tudo bem, porque o Estado de bem-estar social (esse personagem de um conto de fadas) vai garantir terapia para todo mundo. Levar um debate desses a sério beira as raias da pura e simples irresponsabilidade moral.

Voltando à Rússia. Desde, no mínimo, o século 19 (vemos isso, por exemplo, nos debates na imprensa russa, debates esses do qual fez parte gente de peso como Dostoiévski, Turguêniev e Tolstói), a Rússia se vê como uma nação que deve cuidar de si mesma para não se transformar no fantasma de si mesma que virou a Europa, bêbada com o que alguns filósofos e similares inventaram para combater o tédio.

Um amigo meu, discutindo esse projeto de lei estúpido, fez uma bela analogia. Sabemos que Francis Bacon, entre outros (o louquinho do Giordano Bruno também fez essa crítica, mas a usou para seus delírios metafísicos inócuos), criticou duramente o que se convencionou chamar em história da filosofia de "baixa escolástica".

A escolástica foi um tipo de prática filosófica muito comum na Idade Média, que buscava racionalizar todo o conhecimento a partir de enunciados lógicos sistemáticos que supostamente esgotariam a totalidade da realidade, inclusive a metafísica. Grandes figuras desse período, como Tomás de Aquino, foram escolásticos.

A "baixa escolástica" é a marca da decadência da escolástica, que por sua vez representou a decadência da Europa medieval e metafísica pré-científica e burguesa.

Os escolásticos decadentes, para Bacon, discutiam coisas como "quando um homem puxa um burro, é ele quem puxa ou a corda?". Ou: "Teriam os anjos sexo?".

Estamos quase lá: os europeus se preparam para discutir se as crianças têm sexo. A Europa precisa muito de Putin.

FELIZ DIA DAS MÃES! - Texto indicado por MARTHA MEDEIROS

Para comemorar o nosso dia, deixei pra lá os textos água com açúcar e resolvi postar uma historinha divertida, mas atenção, atenção, atenção: NÃO É DE MINHA AUTORIA, e infelizmente não sei quem escreveu, recebi como "autor desconhecido". Como produz esse tal de Autor Desconhecido! Please, não passe adiante com o meu nome, ok? Eu apenas estou compartilhando porque acho que as mães, realmente, merecem uma folga. Viva nós!” 
 Martha Medeiros


MAMÃE.COM – autor desconhecido

1a. Convenção Familiar

Queridos Filhos,

Em primeiro lugar, Mamãe gostaria de agradecer a presença de todos nesta Primeira Convenção Familiar. Mamãe sabe como foi difícil abrir um espaço nas agendas de cada um de vocês: Papai tinha uma lavagem de carro praticamente inadiável, Júnior já tinha marcado de se trancar no quarto, Carol estava para receber pelo menos três telefonemas importantíssimos de uma hora e meia cada um. Mamãe está comovida. Muito obrigada.

Bem, conforme Mamãe já tinha mais ou menos antecipado, esta convenção é para comunicar ao público interno - Papai, Júnior e Carol - todas as modificações nos produtos e serviços da linha Mamãe. Como vocês sabem, a última vez que Mamãe passou por reformulações foi há 14 anos, com o nascimento do Júnior. De lá para cá, os hábitos e costumes, o panorama cultural, a economia e o mercado passaram por transformações radicais. Mamãe precisa acompanhar a evolução dos tempos, sob pena de ver sua marca desvalorizada. Para começar, Mamãe vai mudar a embalagem. Mamãe sabe que esta é uma decisão polêmica, mas, acreditem, é o que deve ser feito. Mamãe sai desta convenção direto para um spa, e de lá para uma clínica de cirurgia plástica. Nada assim tão radical. Haverá pouquíssimas alterações de rótulo, vocês vão ver. Mamãe vai continuar com praticamente o mesmo formato, só que com linhas mais retas em alguns lugares e linhas mais curvas em outros. Calma, Papai! Mamãe já captou recursos no mercado. Mamãe vai ser patrocinada por uma nova marca de comida congelada. Lei Rouanet, porque Mamãe também é cultura.

Junto com o lançamento da nova embalagem de Mamãe, no entanto, acontecerá o movimento mais arriscado deste plano de reposicionamento. Sinto informar, mas Mamãe vai tirar do mercado o produto Supermãe. Não, não, não adianta reclamar. Supermãe já deu o que tinha de dar. Trata-se de um produto anacrônico e superado, antieconômico e difícil de fabricar. Mamãe sabe que o fim da Supermãe vai aumentar a demanda pela linha Vovó, que disputa o mesmo segmento. Paciência. Você não pode atender todos os públicos o tempo todo. No lugar da Supermãe, Mamãe vai lançar (queriam que eu dissesse 'vai estar lançando', mas eu me recuso) novas linhas de produtos mais adequados à realidade de mercado. Vocês vão poder consumir Mamãe nas versões Active (executiva e profissional), Light (com baixos teores de pegação de pé), Classic (rígida e orientadora), Italian (superprotetora) e Do-It-Yourself (virem-se, fui passear no shopping). Mas uma de cada vez, sem misturar. Ah, sim, Mamãe detesta esses nomes em inglês, mas me disseram que, se não for assim, não vende.

Mamãe gostaria de aproveitar a oportunidade para lançar seus novos canais de comunicação. De hoje em diante, em vez de sair gritando pela casa, vocês vão poder ligar para o SAC-Mamãe, um 0300 que dá direto no meu celular (apenas 27 centavos por minuto, mais impostos). Mamãe também aceita sugestões e críticas no endereço mamae@mamae.net
Mais uma vez, Mamãe agradece a presença e a atenção de todos.

COMO DEUS REZARIA O PAI NOSSO – Autor desconhecido


“ Meu filho,
Que estás na terra,
Preocupado, solitário, desorientado.
Eu conheço perfeitamente o teu nome,
E o pronuncio santificando-o porque te amo.
Não. Não estás só, mas habitado por mim,
E, juntos, contruíremos este Reino,
Do qual tu vais ser o herdeiro.

Gosto que faças a minha vontade, não por hierarquia,
Mas porque minha vontade é que tu sejas feliz.
Conta sempre comigo e terás o pão para hoje,
Não te preocupes,
Só te peço que saibas compartilhá-lo
Com teus irmãos.

Sabes que perdoo tuas ofensas,
Antes mesmo que as cometas,
Por isso, te peço que faças o mesmo
Com os que a ti ofendem,
Para que nunca caias na tentação de fazer o mal,
Toma forte a minha mão e eu te ajudarei.
Te amo desde sempre,
Teu Pai.” 

O AMOR SE ESCONDE – Edmir Silveira

Te reconheço, antes de te conhecer

Pele feita de tudo,
carne, veludo
Alegria nua

Alimenta sonhos.
 Tudo faz sentido 
O Cheiro, o som da voz,
o toque na pele, o gosto do desejo.

Reconheço pelo olhar, pelos cabelos todos
Reconheço pelo cheiro do couro cabeludo
Reconheço cada parte inteira em cada novo corpo.
Te redescobrindo sempre. Me apaixonando sempre.

Mas, de repente some, desaparece sem avisar,
deixando no seu lugar,uma pessoa que não conheço.
A casca do amor.

Mas, sempre reapareces de novo, perfeita, e sempre diferente
Outro nome, Outro corpo, outros cabelos, outros olhos
E durante algum tempo permaneces 
É quando sou feliz. É quando amo. É quando vivo.

Amo seus nomes, seus corpos e suas vozes.

Mas,
Estou cansado de te perder.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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