MARINA SILVA - Aprendizado essencial

Ninguém deveria estar surpreso, sabíamos que iria ocorrer. A internet ajuda a mudar tudo: a cultura, os negócios, as comunicações. Por que só a política não seria afetada?

Carlos Nepomuceno diz que três fatores ajudaram a transformar o mundo: a impressão em papel, a Revolução Francesa e a independência dos EUA. Eles compuseram a realidade de dois séculos e nos trouxeram até aqui, mas são insuficientes para configurar um mundo com 7 bilhões de pessoas e uma ferramenta que quebra as estruturas convencionais para intermediar a informação, a internet.

Tenho falado, aqui mesmo na Folha, daquilo a que chamo movimentos de borda. Eles se afastam do centro político estagnado, das instituições enrijecidas, das disputas por dinheiro e poder. Neles predomina um ativismo autoral, não mais dirigido por partidos ou lideres carismáticos. A presença destes é residual e produz incômoda sensação de oportunismo. Não há comando único, há relação horizontal e lideranças móveis: hoje lidero, amanhã sou liderado; hoje sou arco, amanhã sou flecha.

Esse ativismo não tem porto, carrega sua âncora e estaciona onde quer. Basta ver quantos sites temporários há na internet, usados numa mobilização ou num momento.

O essencial é perceber o que está latente. Não são os 20 centavos no Brasil, as árvores da praça na Turquia, ou qualquer demanda simbólica visível. O que está em pauta é a democratização da democracia. As pessoas não querem ser meros espectadores, lugar em que foram colocadas pelos partidos que detêm o monopólio da política. Querem ser protagonistas, reconectar-se com a potência transformadora do ato político.

Deve-se reconhecer esse desejo e respeitar o sujeito político que surge. Muitos se apressaram em desqualificar os novos movimentos, os abaixo-assinados, a campanha de defesa das florestas, a solidariedade aos índios, o "Fora Renan". Agora se esforçam para descobrir uma forma de interlocução, mas mantendo a ansiedade de liderar, usurpar, controlar.

Não basta dar 20 centavos para tirar o incômodo da sala. O que está havendo é significativo: no país do futebol, durante a Copa das Confederações, as pessoas protestam contra o custo dos estádios e dizem que queremos nosso dinheiro em saúde e educação.

O Brasil pode aprender a fazer diferente: nem transição eterna e lenta nem ruptura brusca, mas o diálogo produtivo e criativo da democracia ampliada. Temor de vandalismo? Ora, cultivemos uma cultura de paz. Prefiro sentir-me representada pelas pessoas que estão nas ruas, dizendo o que não querem, a exigir que tenham projetos definidos.

Não há salvadores da pátria, há homens e mulheres que trabalham juntos. Que seja este nosso aprendizado essencial, nossa maior mudança.

A VOZ DO BRASIL - Rita Siza

Como ignorar o que está a acontecer no Brasil? 
(Embora, realmente, a pergunta que se impõe seja: 
o que é que está a acontecer no Brasil?)

Tal como as autoridades brasileiras, fui apanhada de surpresa pelos protestos em São Paulo - e depois no Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, e por aí fora. Eu tenho desculpa: com dez dias de férias para gastar, pareceu-me boa ideia desligar do bulício da vida profissional e escapar às solicitações da cidade, e buscar refúgio no interior transmontano português, ver a sombra das nuvens nos montes, ler os meus livros ao som das andorinhas e do rego da aldeia, talvez pegar sinal no celular e talvez não... As autoridades brasileiras não têm desculpa nenhuma: desde o princípio, quase tudo o que disseram e fizeram merece crítica e censura.

Desprevenida, isolada, fui apanhando no noticiário nacional a descrição dos movimentos nas ruas, as manifestações, a repressão, os gritos, e cartazes, as declarações de dirigentes políticos e cartolas esportivos; fui procurando nas redes sociais as impressões, as anedotas, as denúncias, os manifestos, as opiniões, de quem está a viver in loco um momento que sem dúvida ficará registado como histórico na vida brasileira.

De longe, de fora, é difícil ter um retrato completo; é arriscado com informação tão limitada e desconecta consolidar uma posição, emitir uma opinião. Mas certas coisas parecem ser tão óbvias, tão do senso-comum, que é irresistível não as apontar: por exemplo, que o desenvolvimento da sociedade apela inevitavelmente a maior participação e mais democracia; que o exercício da cidadania, em defesa de uma causa justa, pode ser mais poderoso que a mera repetição do voto; que a crise da representação política é um perigoso salto no abismo; que quem se sente desapossado - do espaço público, do debate público, do orçamento público, do serviço público - acabará por fazer ouvir a sua voz e reclamar as suas queixas; que multidões desagregadas, descontroladas, facilmente podem ficar à mercê de interesses difusos...

Poderia continuar, mas não vem ao caso - estas são apenas generalidades; gente bastante mais habilitada do que eu poderá elaborar pensamento concreto que contextualize o fenómeno em curso no Brasil. Dos ecos que fui lendo, ouvindo, vendo, lá bem atrás dos montes, posso falar de uma sucessão de emoções em poucos dias: a surpresa inicial que deu lugar à incredulidade, a curiosidade, a admiração e o orgulho alheio que evoluíram para a dúvida, a desconfiança e a incompreensão. Resumindo, uma confusão.

Nesta altura, mesmo que as faixas digam que "um professor vale mais do que o Neymar" e que o pessoal faça as contas para comparar quantas escolas, quantos hospitais, quantos programas públicos poderiam ser financiados com o dinheiro aplicado nas grandes obras esportivas, quase já nem faz sentido associar o que se passa com o futebol - o da taça das Confederações ou o da Copa de 2014. Só o pessoal da Fifa parece não perceber nada do que está a acontecer: as declarações dos jogadores canarinhos só podem ser aplaudidas.

De resto, basta ver o arrepiante clip dos 60 mil na bancada da Arena Castelão a cantar o hino nacional (e já agora também o fenomenal drible de Neymar para o segundo golo do Brasil) para perceber que "uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa". Se alguma coisa foi clara e cristalina esta semana foi que os brasileiros nunca deixarão de torcer pela sua selecção e que nunca deixarão de amar e sofrer pelo seu país. Querem ganhar a Copa mas, principalmente, querem um país melhor.
 
Rita Siza é jornalista do diário português "Público", onde acompanha temas de política internacional, com ênfase na América Latina.

DENISE FRAGA - Notas essenciais

Como é bom poder tocar um instrumento! Já dizia mano Caetano.
 Não toco um instrumento. Adoraria.

Meus pais me ofereceram a oportunidade, bem me lembro. Fiz uma aula experimental de piano, meu pai dizia que eu tinha mãos de pianista. Era um professor careca e de óculos, que, por infelicidade do destino, estava gripado naquele dia.

De quando em quando, caía um pingo de seu nariz sobre as teclas. Ele pedia desculpas, pegava o lenço, mas foi o suficiente. Eu não quis mais voltar. A coriza do velho professor cegou de vez a menina de nove anos para toda a felicidade que poderia estar por trás daquelas teclas molhadas.

Muito tempo depois, tentei até destrinchar um violãozinho, mas não consegui ir adiante. Canto no chuveiro.

Na escola dos meus sonhos, aprender a tocar um instrumento deveria ser matéria obrigatória.

Quiséssemos ou não, com professores gripados ou não, todos nós deveríamos sair da escola sabendo reproduzir uma frase musical qualquer, no mínimo compreendendo a mecânica da música, ainda que não fizéssemos nada com ela. Produzir música é capacidade humana que enriquece, sensibiliza e alegra qualquer um. É como saber ler. Merece ser cultivada. E mais: é necessidade.

Acho que todos os povos da humanidade produziram algum tipo de música. Estive certa vez no maravilhoso museu de antropologia da Cidade do México e fiquei encantada com a quantidade de instrumentos esquisitos produzidos por cada tribo ancestral. O que me faz crer que comer, beber, reproduzir-se, cantar e dançar são coisas essenciais à nossa existência.

Mãe esforçada que sou, ofereci desde cedo aulas de música aos meus pequenos. Matriculamos os dois na iniciação musical e, assim que foi possível, eles começaram as aulas de piano.

Agora, nosso caçula toca guitarra. Quer dizer, tínhamos dúvidas, porque só ouvíamos atrás da porta. Se entrávamos no quarto, ele parava.

Mas, faz alguns dias, o rapazinho começou a andar com sua guitarra pela casa e nos brinda displicente com alguns acordes, desde que não demonstremos atenção.

No outro dia, eu passava pela sala apressada procurando meu celular dentro da bolsa, quando fui surpreendida por um legítimo Led Zeppelin saindo de suas cordas. Nossa sala foi invadida por uma atmosfera encantada. Continuei procurando o celular como se nada fosse, mas não queria encontrá-lo nunca mais. Eu, que não posso subir a Teodoro Sampaio sem brilhar os olhos por seus violões, não consegui conter as lágrimas. Meu filho produz música.

CONTARDO CALLIGARIS - Sonhos de calor humano

 
As manifestações que se espalharam (e seguem se espalhando) por São Paulo e por outras cidades do país me impressionaram pela rapidez com a qual o protesto, supostamente motivado pelo aumento das passagens de ônibus, tornou-se expressão de outras insatisfações, profundas e cruciais --contra a má qualidade e a má gestão do que é público, contra a insegurança de nossas ruas, contra a corrupção, contra o mistério nacional que resulta em produtos caros e salários baixos, contra os políticos com sua falta de competência e seu excesso de promessas, contra o desperdício da Copa que vem aí, contra a lentidão e a ineficácia da Justiça, que parece que late e nunca morde etc.

Domingo, num café de família, verifiquei, aliás, que as passeatas da semana passada não eram mais (se é que foram no começo) a manifestação de uma geração ou de uma classe social (e ainda menos de um partido).

Todos parecem cansados de uma cantilena ufanista que quase nos adormeceu: o discurso do Brasil que dá certo, que cresce (?), que está no caminho, que resistiu à crise enquanto os outros se deram pior, que acabou com a miséria (?) etc.

Levantando a cabeça atordoada pela propaganda, a gente pergunta: isso aqui é mesmo tudo o que conseguimos ser, como sociedade?

As manifestações da semana são frutos de um descontentamento bem justamente brasileiro. Ao mesmo tempo, elas pertencem a uma voz popular que se expressa, mundo afora, há tempo --e não só desde Seattle, em 1999.

Paradoxalmente, foi assistindo ao filme de Linklater que me pareceu entender por que somos (e não estamos) insatisfeitos com as sociedades nas quais vivemos.

Linklater filmou uma trilogia: no primeiro filme, "Antes do Amanhecer" (1995), Jesse e Céline descem do trem onde se encontraram para passear por Viena, até eles terem que voltar, no dia seguinte, cada um para seu lugar. No segundo, "Antes do Pôr do Sol" (2004), Jesse está promovendo, em Paris, o livro que ele escreveu sobre seu encontro em Viena com Céline; Céline vai ao lançamento, e eles se reencontram.

Em "Antes da Meia-Noite", agora em cartaz, Jesse e Céline se juntaram no fim do filme anterior, tiveram duas filhas e estão de férias na Grécia: o charme das conversas passadas se transformou num pesadelo, em que uma oposição estéril, abstrata e inexplicável parece ser o destino a longo prazo de qualquer conversa de casal.

Ou seja, o amor é o encanto de um encontro, um sonho: quando ele se realiza como convivência, ele pode durar, mas será facilmente cômico e sempre insuficiente.

Ora, essa verdade do amor talvez valha para qualquer projeto de convivência social. A sociedade que nos parece certa, que desejamos, existe na mágica do encontro e do sonho (o momento da manifestação, da militância). Como acontece com o amor, a realização dessa sociedade é sempre insatisfatória --claro, às vezes ela é um pesadelo absoluto e totalitário, outras vezes ela é parecida com aqueles casamentos que continuam porque ninguém acredita que a coisa possa melhorar e porque ninguém está a fim de ficar sozinho.

Ao longo de alguns séculos, o indivíduo se tornou para nós mais importante do que a comunidade. Esse período teve seu ápice no começo da modernidade. Paradoxalmente, logo quando o indivíduo passou a encabeçar nossos valores, a gente começou a idealizar o amor romântico como doação perfeita de cada um ao outro.

Da mesma forma, quando começamos a inventar as regras e as formas de uma sociedade de indivíduos separados e autônomos, logo naquele momento começamos a sonhar com o abraço de comunidades unidas e fraternas.

Ou seja, quanto mais prezamos o indivíduo, tanto mais sonhamos com o amor e o ideal comunitário.

Esse paradoxo nos define. Estamos em conflito permanente entre nossa aspiração individual e nossos sonhos amoroso e comunitário. Em matéria de amor, a consequência parece chata (nunca dá certo).

Mas em matéria de sociedade, sorte nossa: de vez em quando, podemos nos acomodar, mas nunca somos satisfeitos com a sociedade que conseguimos construir.

Melhor assim. 

 

MANIFESTAR É IMPORTANTE, MAS É FUNDAMENTAL COMPROMETER-SE COM A MUDANÇA - Ronaldo Prass

As manifestações que estão ocorrendo em dezenas de cidades pelo Brasil são legítimas e necessárias. No entanto, sou pragmático sobre sua eficiência se elas não promoverem uma mudança radical na forma com que os brasileiros lidam com a política. É necessário demonstrar a indignação pelas coisas que estão erradas, mas também é preciso acompanhar as atividades daqueles que nós elegemos. O argumento de que “não gosto de política e por isso não acompanho” não serve mais se queremos que os nossos representantes trabalhem por nós.

Mas, para que possamos realmente nos beneficiar de mudanças duradouras depois desses episódios, também é necessário abandonar de uma vez por todas o “jeitinho brasileiro”. De que adianta fechar as ruas pedindo ética na política se milhares de pessoas usam as redes sociais para compartilhar pontos de fiscalização da Lei Seca? Enquanto formos tolerantes com a malandragem, estaremos criando condições apropriadas para o “embrião da corrupção” se desenvolver.

Estamos vivenciando um fenômeno jamais visto em nossa história. Não são apenas os milhares de brasileiros que foram às ruas dizer “basta” ao descaso e à corrupção. Existe uma parcela ainda maior de pessoas que está exercendo a sua cidadania nas redes sociais. Enquanto houver discussão sobre política, novas ideias e lideranças vão surgir para transformar as reivindicações em ações práticas. Mas também é preciso ponderar sobre os lamentáveis incidentes em que foi promovida a quebradeira e repudiar os atos de vandalismo com a mesma intensidade com que a corrupção é criticada nas manifestações. Não existe justificativa para saques e destruição e, mesmo que seja uma minoria, sua presença não pode ser aceita como algo normal, se queremos um Brasil civilizado e justo para todos os brasileiros.

MOVIMENTO PASSE LIVRE ANUNCIA QUE NÃO VAI MAIS CONVOCAR PROTESTOS

SÃO PAULO — O Movimento Passe Livre (MPL), que iniciou a mobilização contra o aumento das tarifas de ônibus que culminou com as manifestações realizadas em todo o país, anunciou que não vai mais convocar protestos. Durante a passeata desta quinta-feira, o MPL abandonou o ato quando este se transformou em uma manifestação contra partidos políticos. Em entrevista à CBN, um dos representantes do grupo, Douglas Beloni, afirmou que pautas conservadoras estavam ganhando espaço, o que foi desaprovado pelo movimento.

— O movimento não vai convocar novas manifestações. Infelizmente, o PT convocou um protesto para o mesmo local, que acabou atrapalhando o andamento da comemoração de ontem (quinta-feira), mas também houve uma hostilidade a outros partidos que estavam desde o início compondo luta contra o aumento. Então, nós entendemos que foi uma avaliação errada feita pelos manifestantes e condenamos a prática — afirmou.

Douglas explicou que a decisão de deixar a mobilização dos atos foi tomada após “pautas conservadoras” serem levantadas por alguns manifestantes.

— O movimento não deve mais convocar manifestações, levando em conta algumas pautas conservadoras que foram levantadas. Por exemplo, algumas pessoas pediam a redução da maioridade penal — explicou.

O MPL defende a luta pelo transporte público e, segundo Beloni, algumas pautas levantadas pelos manifestantes vão contra os princípios do movimento. Agora, diz o representante, o grupo vai dar “andamento a um projeto de lei de iniciativa popular, colhendo assinaturas para apresentá-lo ao Poder Público”.

— A bandeira do movimento é por transporte público. E a gente entende que ele só vai ser público de fato quanto a tarifa for zero — disse.
Fonte: Portal G1

JÔ SOARES EXPLICA CENTAVO POR CENTAVO AS RAZÕES DOS PROTESTOS

 Jô Soares explicou aos ministros (que foram os únicos brasileiros que não entenderam) , no seu programa, as razões dos protestos pelo país:
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"Pra quem não entendeu ainda: os vinte centavos, um por um:

00,01 - a corrupção
00,02 - a impunidade
00,03 - a violência urbana
00,04 - a ameaça da volta da inflação
00,05 - a quantidade de impostos que pagamos sem ter nada em troca
00,06 - o baixo salário dos professores e médicos do estado
00,07 - o alto salário dos políticos
00,08 - a falta de uma oposição ao governo
00,09 - a falta de vergonha na cara dos governantes
00,10 - as nossas escolas e a falta de educação
00,11 - os nossos hospitais e a falta de um sistema de saúde digno
00,12 - as nossas estradas e a ineficiência do transporte público
00,13 - a prática da troca de votos por cargos públicos nos centros de poder que causa distorções
00,14 - a troca de votos da população menos esclarecida por pequenas melhorias públicas (pagas com dinheiro público) que coloca sempre os mesmos nomes no poder
00,15 - políticos condenados pela justiça ainda na ativa
00,16 - os mensaleiros terem sido julgados, condenados e ainda estarem livres
00,17 - partidos que parecem quadrilhas
00,18 - o preço dos estádios para a copa do mundo, o superfaturamento e a má qualidade das obras públicas
00,19 - a mídia tendenciosa e vendida
00,20 - a percepção que não somos representados pelos nossos governantes

Se precisarem tenho outros vinte centavos aqui, é só pedir".

O FUTURO DO BRASIL EM BOAS MÃOS - O Futebol não é mais o ópio do povo - Edmir Silveira

O país não parou por causa da seleção. 
Os "Passe Livre" mostraram que o futebol não é mais o ópio do povo.
 
Esses jovens, da geração “Passe Livre”, estão mostrando que o Brasil tem um belo futuro pela frente, ganhando ou não a Copa do Mundo. Somos mais importantes que qualquer competição, mesmo que seja a que mais amamos. Porque amamos ainda mais o Brasil, e os “Passe Livre” nos fizeram lembrar de sonhos sobre construir um país melhor. Eles foram para as ruas e “passaram livres” porque passaram em paz. A despeito de uma meia dúzia de marginais que tentaram manchar uma das mais lindas manifestações de civismo que o Brasil já viu. (Veja os vídeos emocionantes das manifestações no final do post)

Evoluímos como cidadãos, e a cara desse novo brasileiro é jovem, cheia de personalidade e com ideias inovadoras e criativas. Mostramos ao mundo, que sabemos marchar por uma causa político-social sem violência. E eram os jovens que marchavam na frente. Sem partido algum que os comandasse. Livres. Marchando, independentes, solidários e pacíficos. Ninguém estava ali para eleger ninguém, estavam porque achavam que deviam estar. Espontaneamente. Mostrando como é participar, reivindicar e se manisfestar com inteligência e sem violência mas, dispostos a resistir a qualquer repressão

É claro, que com o passar dos dias os ânimos tendem a ficar mais exaltados. Afinal, dificilmente se conquista algo sem alguma luta e sofrimento. E os Passe Livre não dão sinais de que serão facilmente intimidados. Eles não viveram a ditadura, não tem o medo visceral que as gerações passadas carregam. Seus propósitos são legitimamente brasileiros, claros e objetivos, gerados pela insatisfação e pela constatação dos absurdos da política nacional. E, principalmente, carregam o aval de toda a população. E, para completar o momento histórico, o Brasil inteiro foi mobilizado e respondeu a convocação sem deixar que NENHUM PARTIDO POLÍTICO VIESSE SE APROVEITAR DA SITUAÇÃO. Como é bem do feitio dos partidos brasileiros. Isso é perfeito!

E, com relação aos excessos e vandalismos cometidos por elementos  bem suspeitos... (esse comportamento muito utilizado pelas forças da ditadura infiltrando agentes para tumultuar os protestos e que, agora, poderiam estar sendo repetidos por forças reacionárias civis). Bem, não se muda um país sem luta e a resistência as vezes pode ser violenta. Mas, decididamente, quem acompanha o que está acontecendo nas ruas pessoalmente, pode constatar que a grande maioria prega, o tempo todo, o grito da não violência. 

Aliás, dentre as reivindicações está o clamor de quem está de saco cheio da violência tanto dos bandidos quanto das forças policiais, sempre fora de esquadro com o momento social.

Mas, espera aí! Em São Paulo os policiais acompanharam os manifestantes sem que houvesse nenhum tipo de confronto. E, muito mais que isso, vários policiais em diferentes pontos dos trajetos foram vistos aplaudindo os manifestantes. Foi emocionante. Enfim, parece que há uma luz no fim do túnel, até mesmo para o grande problema da violência policial que até aqui parecia insolúvel. Os policiais começam a entender que também são povo. Também pagam pela impunidade de quem rouba a nação. Esse efeito colateral só comprova o quanto legítimas e oportunas são essas manifestações.

Todos estamos saturados de tanta violência, corrupção, roubalheira, de tanta cara de pau desses políticos que se acham acima do bem e do mal.  O resto das mazelas nacionais advém dessa óbvia consciência nacional sobre os roubos e desmandos dos políticos

Os jovens estão dizendo com toda clareza em alto e bom som: "Não queremos mais isso! Roubou tem que ser preso. Seja quem for".


Ao reunir tanta gente num espaço geográfico bem maior que o Brasil, mostraram uma capacidade incrível de mobilização e coordenação com abrangência mundial (houveram manisfestações em Londres, Lisboa e outras cidades do mundo), graças ao domínio total das redes sociais e do conhecimento sobre internet e informática que possuem. Deixaram os velhos e ultrapassados caciques de Brasília a se perguntarem o que, como e porque estava acontecendo. Patético. Quando os decanos do Congresso se deram conta, o futuro estava, literalmente, batendo na porta da Camâra e do Senado, em Brasília, para cobrar-lhes pelos desmandos praticados.

E falam por todos os brasileiros, porque é isso que todos os brasileiros de todas as idades falam, pensam, mas não tomavam nenhuma atitude. Afinal, aprendemos com nossas mães e professoras que roubar é grave e dá cadeia. Mas, o que dizer para uma criança que cresce e desenvolve sua personalidade observando os políticos fazerem o que bem entendem e, mesmo quando pegos e denunciados com provas concretas e conclusivas, saem livres, ricos e rindo da cara de todos nós.

O Movimento Passe Livre também clama contra a absurda, ridícula e vergonhosa PEC 37.
Esse assunto é tão sério e determinante para o futuro do Brasil que o melhor é lermos atentamente a declaração pública do Ministro do Supremo, JOAQUIM BARBOSA:

"Somos o único caso de democracia no mundo em que condenados por corrupção legislam contra os juízes que os condenaram.
Somos o único caso de democracia no mundo em que as decisões do Supremo Tribunal podem ser mudadas por condenados.
Somos o único caso de democracia no mundo em que deputados após condenados assumem cargos e afrontam o Judiciário.
Somos o único caso de democracia no mundo em que é possível que condenados façam seus habeas corpus, ou legislem para mudar a lei e serem libertos".


(Declaração do Ministro do STF, Joaquim Barbosa, sobre o projeto de submete à aprovação do Congresso as decisões do STF)

Por tudo isso, o Brasil precisava que alguma coisa fosse feita, e os “Passe Livre” estão fazendo . E, não se preocupem com a imagem do Brasil lá fora porque isso só nos mostra como uma nação democrática, em evolução e que possui uma juventude que já não se contenta em conquistar Copas do Mundo.

O que temos que reconhecer é que a Copa da FIFA já fez o Brasil ganhar muito mais que partidas de futebol, foi um dos detonadores do que pode ser o nascimento de um novo Brasil, mais ético e justo. Além disso, Fez todos nós acreditarmos que o Brasil estará em excelentes mãos quando estiver nas mãos dessa geração “Passe Livre” que mostrou a cara e está marchando, com o apoio de todo o Brasil, para mudar a história do nosso país.
Repito o que está sendo dito nas ruas:


"O gigante acordou. Chegou a hora!
Verás que um filho teu não foge à luta!"

Uma coisa é certa: o país que tem uma juventude como os "Passe Livre” certamente terá um belo futuro pela frente.

PORQUE VOCÊ DEVE FINGIR SER OUTRA PESSOA NO TRABALHO

Já pensou poder falar e fazer o que quiser no trabalho? Chegar para o chefe e desabafar tudo aquilo que você apenas imagina em uma discussão? Bom, eu já pensei. Mas com certeza não é uma boa ideia.
E uma nova pesquisa mostra que, apesar da autenticidade ser importante para a felicidade, no trabalho a coisa não é bem assim.

O pesquisador Oliver Robinson e colegas da Universidade de Houston usaram um questionário online com 533 pessoas para saber onde e quando eles eram verdadeiros. No geral, a situação de mais autenticidade foi nos relacionamentos, e a de menor foi no trabalho.
Depois, os voluntários fizeram uma escala relacionando satisfação e bem estar com a autenticidade das situações. Apesar de em outros contextos a relação de honestidade acontecer para o melhor, no caso do trabalho não.

Realmente, nos relacionamentos é praticamente impossível não ser você mesmo, já que você está constantemente junto de alguém, dividindo situações emocionais e muito próximas. Mas ali, no local de trabalho, será que vale a pena ser inteiramente você? Ou tudo que é demais é prejudicial, inclusive sinceridade?
Por Bernardo Staut
 [LiveScience]

UMA IMPRESSIONANTE ILUSÃO DE ÓPTICA QUE SÓ NÃO ENGANA ESQUIZOFRÊNICOS

Aparentemente, esquizofrênicos não são enganados pela ilusão de ótica chamada de “ilusão da máscara vazia”, como o resto de nós. Quando a máscara é virada, seu “verso” parece se tornar uma outra máscara, com relevo.

Os esquizofrênicos não percebem isso porque, segundo cientistas, há alguns problemas com as conexões entre as áreas conceituais e sensoriais de seus cérebros.
P/ Eduardo Martins 


A MULHER QUE NASCEU COM 10 ANOS E UMA OUTRA QUE VIROU PONTE - Eliane Brum

O que a parteira Zenaide mais queria na vida era reconhecimento.

É Mara Régia Di Perna quem dá a notícia, em tom de urgência.

Quem é a Zenaide?, pergunto eu, agoniada de ignorância.

Mara Régia nem me conta, manda logo a voz de Zenaide contando de si.

Maria Zenaide de Souza Carvalho é o nome completo dela. E ela já nasceu com 10 anos. É assim mesmo, não é engano. Parteira nasce no primeiro parto. Ela nem sabe, às vezes é menina que ainda nem botou sangue de mulher e, de repente, se descobre diante do mistério. Atendendo a um chamado que sempre se anuncia num alvoroço, o coração feito um passarinho que fere as asas de tanto bater no peito, querendo escapar porque é demasiada responsabilidade. E ela só tem as mãos.

Só as mãos.

Com Zenaide foi assim: “Eu tinha 10 anos e foi por necessidade. Não tinha quem assistisse. Quando eu vi aquela cabeça preta saindo, Jesus. Mas quando eu vi o nenê nascendo meu Deus foi a coisa mais linda. Dei conta de tudo. Depois que nasceu eu chorei foi tempo. Porque a arte de partejar é um dom maravilhoso que sempre aconteceu e que sempre vai existir”.

É preciso compreender que o primeiro parto de uma parteira é sempre um duplo: marca o nascimento do bebê e também o nascimento da parteira. Quando ela corta o cordão umbilical com a tesoura ou com a flecha ou com a faca (ou com a unha ou com os dentes) é também da menina ou mulher que foi antes que se despede. É uma coisa meio misteriosa. E se olhar direito é bem um parto triplo, já que o bebê que nasce dá também à luz a uma mãe que antes não existia. Dali em diante parteira a menina será enquanto viver, porque esse ramo não é questão de gosto ou de escolha, pelo menos para as parteiras tradicionais que resistem no Brasil. De marido dá pra se separar, enviuvar, filho próprio vai-se embora quando chega a hora, mas o partejar é pra sempre. Já ouvi história de parteira amputada, aparando menino com uma mão sã e outra invisível. Já vi parteira de 96 anos pedindo a Deus seu aposentamento, mas Deus não dava.

Zenaide é daquelas que se orgulham do partejar, gosta desse ato de receber a criança que é um mundo novo e apresentá-la ao mundo velho onde daqui pra frente ela vai fazer história. Já fez 244 partos, segundo sua contabilidade. O que a instala com honras na categoria das “parteiras finas”. É ela quem explica: “Parteiras finas são aquelas com mais de 30 partos,pra quem nunca aconteceu de uma mulher morrer ou de perder uma criança. E a grossa é aquela que só fez um parto, dois ou três, e às vezes acontece alguma coisa nas mãos dela. Eu tô colocada como parteira fina porque fiz 244 partos e nunca perdi uma criança”. Zenaide diz ainda que a parteira é amiga da dor, porque “quando a mulher tá com dor, a parteira bota a mão em cima e a dor passa”.

Aqui o fio da vida é interrompido por violência de homem.

Interrompido num dia específico: 15 de novembro de 2004. Era a festa de aniversário de Marechal Thaumaturgo, cidade rasgada numa quina do Acre, lá onde o Brasil vai virando Peru. E onde vive Zenaide na Rua do Cemitério, um endereço ao contrário para quem só faz é nascer. O aniversário de Marechal Thaumaturgo estava sendo comemorado atrasado e Zenaide nem tinha ganas de ir, desgostosa de ajuntamento de gente.Mas o filho ia se apresentar, insistiu, e ela foi. Lá pelas tantas sentiu sede e foi perguntar na casa de uma avó com 103 anos se tinha água fria na geladeira. Tinha. Quando ela se preparava para despejar a água o homem veio lá de dentro e era bem conhecido. “Já foi tirando minha roupa. Era uma monte de gente que tinha lá e ninguém disse nada. Eu puxava a calça pra cima, ele puxava pra baixo com calcinha e tudo. Ia deixando eu nuazinha no meio do povo. Aí me deu uma ira, e eu o empurrei com essa mão aqui lá na parede. E aí pronto, não achei que ele fosse me bater. Mas aí um homem disse: ‘Dona Zenaide, lá vem um murro’. Ia acertar na minha nuca, se eu não tivesse desviado aquele murro tinha me matado. Aí pegou meu olho, saiu muito sangue, empapou a blusa, foi a maior dor que eu senti na minha vida inteira. Na hora não, na hora não senti coisíssima nenhuma. Mas 24 horas depois, quando deu o derrame, eu arranquei a roupa todinha, fiquei nua, fiquei doida. Deu hemorragia no rosto inteiro, fiquei com o rosto todo preto. O sangue coalhou no rosto, minha irmã. E não tinha (a lei) Maria da Penha ainda, depois é que formou a Maria da Penha. Meu Deus do Céu, se tivesse Maria da Penha! Dois meses e meio preso, pagou 15 mil reais e saiu. Quem quiser se afastar de homem agressivo, se afaste, porque depois que ele bate, neguinha, nem Maria da Penha não faz voltar a vista da gente ou qualquer outro órgão que a gente tenha. Porque os órgãos da gente têm um valor muito grande, principalmente a vista. A vista é uma vida, uma vida. Eu não ando mais só, não atravesso rua só. Não posso mais andar só pelos cantos. Tanta vontade que eu tenho, porque sou decidida, já andei esse Brasil todinho, e agora só posso viajar como especial.”

Zenaide seguiu partejando porque há nas parteiras uns olhos que ficam nas mãos. Ela agora dá um nó cego no fio partido pela violência do homem, amarrando as pontas da vida, e canta assim: “Vamos dar valor a essas parteiras.../São elas que estão espalhadas a trabalhar/Dentro dos municípios do Vale do Juruá/Quando chega aquele dia e a hora da precisão/ Ela logo se apressa e segue na direção./Anda quatro, cinco horas com seus pezinhos no chão/Muitas vezes até doente e sem alimentação/ Que o dinheiro que ela ganha não dá pra comprar o pão”.

Interrompe a cantoria pra comentar: “Como é que vai dá, né, se não ganha nada, né? Parteira trabalha voluntariamente, sem nada. Vai, passa a noite acordada... E ainda fica dois dias pra cuidar da mulher”.

É neste ponto que Zenaide pede reconhecimento. Ela não pede pão, não pede vestido, não pede nada de comprar ou vender, mas expressa esse desejo feito de uma matéria mais delicada. Zenaide deseja que o Brasil saiba dela, ela que hoje enxerga o Brasil com um olho só.Que o Brasil reconheça as mulheres que dão à luz a um naco grande do Brasil, atendendo ao chamado a pé, no lombo do jegue, remando a canoa, às vezes atravessando o rio a nado – muitas vezes com fome. Reconheça as mulheres anônimas, invisíveis, que ajudam a desembarcar no mundo entre 15 mil e 20 mil crianças a cada ano, com suas mãos sofridas e um conhecimento antigo, sem que isso se traduza em direitos. E reconheça a ela, Zenaide.

Queria mesmo que eu fosse reconhecida. Porque sei que eu não custo mais a morrer. Porque nossa vida (aqui) é 60 anos, e eu tô com 55.

Reconhecer é o que faz Mara Régia, a mulher-ponte.Ela é do tipo que o nome chega antes, muitas curvas de rios, igarapés, cachoeiras e corredeiras da Amazônia antes. Foi assim que eu a conheci, a lenda antes da mulher. Eu trilhava a Transamazônica em busca de histórias nos anos 90. E só sabia daquele mundo novo onde botava meu pé pela primeira vez o que tinha lido nos livros. Porque vinha do Rio Grande do Sul e não sabia de nada tive a ousadia não apenas de desconhecer Mara Régia, como de confessar tal heresia. Nos fundos de um travessão, a mulher morena, arretada que só, me perguntou:

Conhece Mara Régia?

E eu, a incauta:

Que Mara?

A mulherzinha botou as duas mãos na cintura e me reduziu a pó:

Mara Régia, existe outra?

Achei até que ia puxar a cadeira que tinha posto pra eu me sentar. Passei meus conhecimentos em revista, rodei todos os programas no meu cérebro e a única “Régia” que eu conhecia era a Vitória. Vi na cara dela que minha ignorância seria tomada como ofensa e poderia me custar a entrevista. Nessas horas, eu só tenho uma estratégia: assumir logo minha burrice e, com humildade, pedir esclarecimento. Foi o que fiz:

Peço mil desculpas, mas não sei quem é Mara Régia.

Disse pensando que se tratava da mulher do prefeito, da benzedeira, de alguma ilustríssima da comunidade. Com esse nome... Arrisquei:

Mara Régia mora aqui perto?

Aí a mulher ficou com pena. Abriu uma boca que até ouro tinha para rir não comigo, mas de mim.

Mas que repórti bem boa você deve ser, hein, mulé. Mara Régia vive lá onde você vive, não sabe? Mas é como se fosse de minha família!

Embasbaquei. Teria sido mais prudente eu dizer que não conhecia o Pelé. O marido, mais bonzinho, veio em meu socorro:
Mara Régia é da rádia. Nunca ouviu, não? A gente aqui ouve ela tudinho.

Comecei então meu aprendizado sobre Mara Régia e a Amazônia. Era dela uma das vozes que o povo mais ouvia na Rádio Nacional da Amazônia – especialmente a mulherada. Era também a sua voz que fazia uma ponte entre os vários Brasis contidos numa floresta em que a persistência da delicadeza em meio à brutalidade é ato de resistência. Brutalidade esta tantas vezes praticada – ou permitida – pelo próprio Estado, ontem como hoje. Quando compreendi que Mara Régia era uma mulher-ponte me emocionei. Entendi que a mulherzinha arretada de mãos na cintura, num quilômetro abandonado de (mais) um megaprojeto abandonado depois de promover morte e destruição, fazia um esforço para encontrar em mim alguém que ela pudesse reconhecer.

Quando finalmente conheci Mara Régia me admirei que uma voz que cobria a Amazônia, milhões e milhões de hectares de terra, água e (cada vez menos) floresta, coubesse naquela mulher baixinha, com uma risada que dava vontade de rir com ela só para não deixá-la desacompanhada. E quando ouvi a sua voz entendi o que o povo ouvia: era como chegar em casa.Tão íntima em forma de rádio que dona Maria do Boiadeiro contou lá no Pará: “Mara Régia, já te salvei tantas vezes das águas...” Como assim? “Quando eu tô lá na ponte ensaboando a roupa te boto lá falando. De repente tu escorrega no sabão e tenho de correr pra te salvar da correnteza.”

Mara Régia vai alinhavando a floresta e apalpando o povo com as orelhas no programa “Natureza Viva”, que completa 20 anos nesta quarta-feira, 29 de maio. A cada domingo, das 8h às 10h, ela vai tecendo um conceito de “sustentabilidade” socioambiental a partir das experiências concretas de ribeirinhos, extrativistas, pequenos agricultores e indígenas. Porque sustentabilidade é um conceito que vai tomando uma forma meio esquisita na boca de alguns políticos e empresários que gostam mesmo é de floresta defunta, é palavra que vai sendo torturada aqui e ali para significar às vezes o seu oposto, até o ponto que se esvazia de significado e sentido, de tão gasta que foi pra não dizer nada. Ao trazer as vozes de quem vive a floresta e, mais do que vive, é a floresta, Mara Régia faz um tipo de milagre de gente e devolve carne à palavra, que fica viva de novo.

Ao contar a história de Zenaide no “Natureza Viva”, a parteira atravessa o Vale do Juruá e navega pelas Amazônias todas. Ainda assim, Mara Régia fica aflita, não esquece, se preocupa. E a mulher-ponte me alcança porque Zenaide merece reconhecimento e é preciso contá-la a outros Brasis antes que seja tarde. Me despacha então a voz da parteira, para que eu possa dar aqui um ponto, um pontinho só, para cerzir esse rasgo na costura do mundo, que é a ignorância de um pedaço do Brasil sobre o Brasil que é Zenaide.

As pontes existem – e existem até as mulheres-pontes. Uma pena que ainda são poucos os que querem atravessá-las. Não apenas para reconhecer o outro lado, mas para se reconhecer no olho cego de Zenaide. 

UM SÉCULO ATRÁS, SURGIA A HORA OFICIAL NO BRASIL

Observatório Nacional lembra a origem dos fusos horários no país

Até 100 anos atrás, o Brasil não contava com fusos horários. O relógio era ditado segundo conveniências regionais. O país só pôs ordem no tempo em 1913, quando um decreto estabeleceu a Hora Legal Brasileira (HLB), partilhando o território em quatro fusos, do Acre aos arquipélagos de Trindade e Fernando de Noronha.

A história dos fusos começou a ser escrita em 1884, quando os EUA sediaram a Conferência Internacional do Meridiano. O encontro reconheceu uma linha que passaria por Greenwich, na Inglaterra, como a referência das longitudes do planeta. Era exatamente naquele ponto que se dividia os hemisférios ocidental e oriental.

A origem das longitudes, porém, só foi referendada em 1912, na Primeira Conferência Internacional da Hora. Como o planeta precisa de uma hora para girar 15 graus, este é o espaço, na esfera terrestre, ocupado por cada fuso. O Brasil adotou o sistema de fusos no ano seguinte.

Mas as linhas criadas a partir da conferência não são necessariamente retas. Podem haver alguns deslizes dentro de cada faixa. Do contrário, o Pará, por exemplo, seria dividido em dois fusos. Por praticidade, o governo brasileiro preferiu colocá-lo inteiramente com o mesmo horário.

Ainda assim, não foi possível inserir todo o país em apenas um fuso. O Brasil é grande demais — explica Ricardo José de Carvalho, chefe da Divisão Serviço da Hora do Observatório Nacional (ON).

Atualmente, o Brasil tem três fusos. O mais próximo a Greenwich corresponde apenas aos arquipélagos de Trindade e Fernando de Noronha. O intermediário e mais amplo abrange 20 estados, além do Distrito Federal. A terceira faixa e mais “atrasada” é ocupada por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima, Acre e Amazonas.

Só na última década o Brasil aboliu o quarto fuso, que valeu por quase um século e contava apenas com o Acre e o Oeste de Rondônia — lembra Carvalho. — Agora, eles estão anexados à terceira faixa.

A hora é gerada por um conjunto de relógios atômicos — um equipamento cuja referência é o átomo de césio. A oscilação deste átomo gera o segundo atômico; sua aglomeração compõe minutos, horas e dias.

Há, no país, 12 relógios atômicos, sendo nove no Observatório Nacional. Suas medições são comparadas e a média obtida é a HLB.

ADRIANA CALCANHOTTO - Conversa de interior

“Uma coluna quinzenal vai ser produzida por uma não escritora, 
até o pescoço de trabalho, em turnê mundial?”

“Mas como assim, Adriana Calcanhotto, você a partir de agora vai escrever para O GLOBO? Melhor dizendo, a que horas você poderia escrever para O GLOBO? E as pilhas de clássicos na bancada, por ler? E a correspondência atrasada? E as encomendas das cantoras, de canções novas para seus novos discos? E o prometido show para as meninas do Orfanato Santa Rita adiado para o dia de São Nunca?”

— Nunca aprendi a dizer não.

— E, por conta desse detalhe, uma coluna quinzenal vai ser produzida por uma não escritora, até o pescoço de trabalho, em plena turnê mundial de voz e violão?

— Posso chamar a coluna de “Eu ando pelo mundo” e fazer dela uma espécie de diário de bordo, revelando a falta de glamour total que é uma turnê nos seus bastidores.

— Você vai dar como nome da coluna uma frase, um verso que seja, que começa com “eu”?

— Na verdade, acho que não preciso de um nome. Minha editora disse que posso fazer o que eu quiser.

— Com a pontuação inclusive? Sua editora por acaso sabe que você não sabe pontuar, que escolheu escrever letra de música porque não sabe o que fazer com as vírgulas, querendo crer que letras de música estão isentas dessa norma?

— Ela disse que tem um pessoal que cuida disso, que faz o trabalho sujo. Devem ser tipo aqueles que mexiam nas vírgulas da Clarice Lispector e ela ficava fula da vida. Então, se mexiam nas dela, que começava livros com uma vírgula, por que motivo não mexeriam nas minhas? Para facilitar, posso já mandar os textos sem vírgula nenhuma, que algum aplicativo ou estagiário faz o resto. Minha editora me deixou muito à vontade para não pontuar se não quiser.

— Se não puder, você quer dizer. A propósito, a sua editora está a par da sua agenda?

— Não, ela só me convidou para escrever para o prestigioso periódico.
— Ah, só? No prestigioso periódico onde escrevem o Verissimo, a Cora Rónai, o Francisco Bosco?

— Exatamente.

— Minha nossa, e agora?

— Como eu ia dizendo, vou escrever no Segundo Caderno do GLOBO de domingo quinzenalmente.

— E sobre que assunto?

— Como assunto? Moro no Rio de Janeiro, o que não falta é assunto. O prefeito se engalfinha com um cidadão inconveniente, as pessoas acham que chegar atrasado e jogar lixo no chão é sinal de poder, os motoristas cariocas em dias nublados trocam de pista sem parar num zigue-zague de tontear. E tem o Brasil, onde Renan Calheiros é presidente do Senado, o governo brasileiro demonstra simpatia pelos ditadores africanos riquíssimos, que não cuidam de seu povo, ora, assunto.

— Bem, e quando começa?

— Já começou, na verdade. Daqui a 15 dias publico um texto me apresentando aos leitores e estará iniciada a jornada.

— Com tanto assunto, pretende iniciar com um texto falando de si mesma?

— Minha editora acha delicado que eu me apresente aos leitores.

— Se houver. A propósito, em que estado de consciência estava a sua editora quando ela propôs esta temeridade, sabe dizer se ela tinha tomado alguma coisinha, uma substância alucinógena qualquer, algum remedinho, ou um coquetel de fármacos para gripe ou algo do gênero?

— Não me pareceu. Ela bebeu um mate e tinha uma resposta na ponta da língua a todas as questões que levantei, como meu medo do compromisso, prazos, assuntos, vírgulas. De qualquer modo, nunca aprendi a dizer não.

— Então, mesmo não acreditando muito, só me resta dizer seja lá o que Deus quiser..

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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