AS NOITES SEM DORMIR - Danuza Leão

Será um problema físico, 
ou sinal de uma mente atormentada? 
Não dá para ler, não dá para trabalhar.

Existem os que deitam na cama e dormem. Simplesmente dormem, dormem a noite inteira e acordam na manhã seguinte leves, descansados, de bom humor. E há os outros, os que não têm sono nunca.

Mesmo que estejam cansados, exaustos, eles simplesmente não conseguem dormir. A cabeça não para de pensar, seja no que for; esses não têm descanso, não têm paz, e volta e meia olham o relógio para ver quanto tempo se passou, há quanto tempo estão tentando, quanto falta para o dia clarear, e pensam em como vão poder trabalhar no dia seguinte, já que não dormiram.

Dizem que dormem bem os que têm a consciência leve, mas conheço muitos que a têm bem pesada, mas que põem a cabeça no travesseiro e dormem o sono dos justos.

Os insones tentam de tudo. Desde os chás mais inocentes à ioga, aos antialérgicos -dizem que são ótimos-, até chegarem aos quase pré-anestésicos. Com esses conseguem dormir por algumas horas, mas como o efeito dura pouco, acordam de madrugada, ligados, sem saberem o que fazer.

Como se conhecem bem, evitam pensar em problemas, em tristezas. Fazem planos para uma futura viagem, uma possível mudança de casa, de vida, não pensam nunca em coisas tristes e fazem os planos mais absurdos para o futuro, mas nem assim.

Conheço um que escolheu o número 650, sei lá por que, e vai contando ao contrário: 649, 648, e assim vai indo -e nada. Quando consegue dormir um pouquinho, é um sono tão leve que nem tem a certeza se dormiu ou não.

Será um problema físico, ou sinal de uma mente atormentada? Nas horas em que ficou estabelecido que devemos estar dormindo, não dá para ler, não dá para trabalhar, não dá para fazer nada, a não ser ficar agoniado e pedir a Deus para adormecer. Com o universo dormindo, os insones só pensam em uma coisa, que é também dormir. 

Conheço um a quem aconselharam chá de maconha; ele comprou um pacotinho -todo mundo tem um amigo para essas coisas-, disse para que era (o amigo não acreditou), fez o chá, e nada. Pensou então que seu sonho seria um anestesista todos os dias, às 11h30 da noite.

Esse mesmo amigo, depois de consultar vários médicos, soube que a partir dos 60 ninguém precisa das famosas oito horas de sono; cinco são mais do que suficientes, e deram o exemplo dos bebês, que quando nascem, dormem quase o tempo todo. Ok, cinco horas por noite; mas como conseguir dormir cinco, e como administrar o resto do tempo?

Ele tentou alugar filmes; vários filmes. Se eles eram bons, o sono não vinha, claro, e se eram ruins, não dava para assistir. Não, não foi por aí. Uma sexta-feira resolveu não tomar remédio algum e passar a noite em claro sem angústia, sem pensar em dormir; o tempo não passava, aconteceram alguns cochilos, e só.

Lembrou que nunca dorme em longas viagens de avião, mas tinha pelo menos no que pensar: como seria bom quando chegasse, as coisas que iria ver, as novidades de uma cidade nova. Mas dentro do quarto era bem diferente. Se ao menos o telefone tocasse; mas quem iria telefonar às 3h da manhã?

Teve a ideia de fundar um clube, o clube dos que não dormem, para ter com quem falar, nas madrugadas, mas o projeto não prosperou.

Vou confessar: tudo o que contei se refere a mim, que nunca tenho sono, e mesmo quando tomo uma bola, resisto a dormir, penso que com medo.

Porque dos pensamentos consigo me defender, mas não dos sonhos. 

O DILEMA DA REPOSIÇÃO HORMONAL - Mais Benefícios do que riscos

Há mais de uma década estudos questionam segurança do tratamento, hoje aprovado por especialistas.

De um lado, uma geração de mulheres com medo de se submeter à reposição hormonal, já que, há mais de um década, um estudo bombástico colocou a terapia na berlinda. De outro, homens que nunca ouviram falar do Déficit Androgênico do Envelhecimento Masculino (Daem) — ou, numa analogia à menopausa, da andropausa. Dúvidas e orientações sobre a queda, na meia-idade, da produção de hormônios, foram debatidas durante a sexta edição dos Encontros O GLOBO Saúde e Bem-Estar, na última quarta-feira, na Casa do Saber. Para a plateia lotada, principalmente de mulheres, um alento: os palestrantes garantiram que a reposição não é prejudicial, e sim oferece uma série de vantagens, desde que seja individualizada e acompanhada por especialistas. Para os homens, um alerta: eles não estão livres da baixa hormonal e precisam ficar atentos aos sintomas, que não são tão aparentes como no corpo feminino.
Escolhemos o tema da reposição hormonal masculina e feminina porque há muitos mitos e verdades sobre isso. Ela tem riscos, mas tem enormes benefícios — afirmou o cardiologista Cláudio Domênico, curador do evento, que teve mediação da editora de Ciência e Saúde do GLOBO, Ana Lucia Azevedo.

A Década passada foi o período negro da reposição hormonal.

No início da década de 2000, uma série de estudos passou a mostrar os malefícios da reposição hormonal e, no ano 2002, foi lançada a pesquisa Iniciativa da Saúde na Mulher (WHI, na sigla em inglês), que fez com que uma legião de mulheres jogasse fora seus remédios. Acompanhando por cinco anos mais de 160 mil mulheres após a menopausa, com idades entre 50 e 79 anos, foram apontados diversos prejuízos do seu uso: trombose, AVC, infarto agudo do miocárdio e até câncer de mama. Passada uma década, a endocrinologista Amanda Athayde, diretora do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), diz que o medo ainda paira entre as mulheres e até na classe médica, apesar de, segundo ela, ser injustificado.
Foi um período negro da terapia de reposição hormonal, muitas mulheres deixaram de se beneficiar dela — afirmou Marina, que criticou o estudo. — A Sbem se posicionou, afirmando que os hormônios utilizados eram errados (progestágeno e estrógeno equino conjugado, semelhantes, mas não iguais aos produzidos pela mulher) e que as mulheres foram selecionadas de maneira errada. Eram mais velhas e tinham começado a fazer a reposição muito tempo depois da menopausa.

A especialista pondera, entretanto, que a reposição não é indicada para mulheres com histórico de trombose ou câncer de mama.
O estrogênio não causa câncer de mama, mas ele faz com que uma célula maligna cresça, por isso não pode ser prescrito para mulheres que tiveram a doença — afirmou Amanda.

O cardiologista Cláudio Domênico também desaconselha a prescrição de hormônios às pacientes com problemas cardiovasculares:
A mulher que nunca teve problema cardíaco, como infarto, tem baixo risco. A mulher com problema prévio de coração, a princípio, deve evitá-la.

Saúde do homem é negligenciada”, diz endocrinologista:

Se na mulher os sintomas do climatério (período pré e pós a interrupção da menstruação comumente confundido com a menopausa) ocorrem geralmente por volta dos 50 anos e são bastante típicos —ondas de calor, diminuição da libido, pele seca, incômodo na relação sexual e dores de cabeça —, no homem, a baixa do hormônio masculino (testosterona) não acontece sempre na meia-idade e não acomete todos.
Nem todos os homens chegam a ter uma andropausa, ou seja, nem sempre os hormônios masculinos vão a níveis tão baixos que cheguem a criar problema, embora esses hormônios já venham caindo desde os 30 anos (em 1% ao ano) — explicou o diretor do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (Iede), Ricardo Meirelles.

A chamada andropausa faz referência à menopausa, utilizando-se o prefixo andro, que significa homem. Mas apesar de termos similares, os fenômenos têm aspectos diferentes. A deficiência, por exemplo, é diagnosticada por um exame de sangue, colhido pela manhã, que indica os níveis de testosterona.
O homem não tem queixas características que mostrem que ele está com pouca testosterona. Por isso se confunde com situações comuns do envelhecimento — explicou Meirelles, que deu exemplos de alguns sintomas típicos da queda hormonal masculina. — Quando falta testosterona, a primeira coisa que vem à mente é o comportamento sexual: diminui a libido e pode ocorrer disfunção erétil. Mas também existem outras coisas que são muito importantes, como aumento da gordura corporal, o que faz com que o homem possa ter problemas cardiovasculares. A massa muscular diminui ao longo do tempo, principalmente se ele não fizer atividade física. Dores musculares, articulares e perda de massa óssea também aparecem.

Além da diferença de sintomas, a andropausa se distancia da menopausa no peso que se dá ao tratamento, inclusive por cientistas e médicos.
Nós começamos a nos preocupar com a reposição hormonal feminina muito antes da masculina. Não se dava nenhuma atenção à andropausa. Somente há dez, 15 anos, que se começou a ver isto com uma preocupação maior — reconheceu Meirelles. — A situação está mudando, mas a saúde masculina é negligenciada, principalmente pelos próprios homens.

Dados da Sociedade Brasileira de Urologia mostram exatamente esta situação: uma pesquisa com cinco mil homens acima de 40 anos de nove capitais brasileiras constatou que 66% dos entrevistados não sabiam o que era andropausa. Além disso, 64% deles nunca tinham feito um exame para medir os níveis de testosterona e 38% não costumavam ir ao médico com frequência.

Além de ignorância, o medo — de ocorrência de câncer de próstata — é outro fator que afasta homens do tratamento de reposição hormonal.
Isto é curioso, porque não há razão científica que o justifique. Só houve um trabalho, há mais de 40 anos, que mostrou a ocorrência de câncer de próstata num homem que recebia hormônio, mas eram só três pacientes — lembrou Meirelles, ressaltando a importância do acompanhamento médico. — Tomar testosterona livremente tem vários riscos, como o de problemas cardiovasculares.

WILLIAM SHAKESPEARE - Frases e Pensamentos 3


“A alegria evita mil males e prolonga a vida”.

“Sábio é o pai que conhece o seu próprio filho”.

“Ser grande, é abraçar uma grande causa”.

“A beleza provoca o ladrão mais do que o ouro”.

“Guarda teu amigo sob a chave de tua própria vida”.

“O passado é um prólogo”.

“Algumas dores são passíveis de cura”.

“O orgulho devora a si mesmo”.

“Dê a todas pessoas seus ouvidos, mas a poucas a sua voz”.

“A política está acima da consciência”.

“Não julgueis; somos todos pecadores”.

“O amor não se vê com os olhos, mas com o coração”.

“Só há uma treva: a ignorância”.

“As feridas causadas pela amizade são as mais profundas e dolorosas."

“De todas as paixões baixas, o medo é a mais amaldiçoada.”

“O gelo da timidez desfaz-se ao fogo do amor.”

“O horror visível tem menos poder sobre a alma do que o horror imaginado.”

“É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada."

“A cólera é um cavalo fogoso; se lhe largamos o freio, o seu ardor exagerado em breve a deixa esgotada.”

“A vida é uma simples sombra que passa.”

“Aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam...”

“As paixões ensinaram a razão aos homens.”

“Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que o inimigo morra.”

“O destino embaralha as cartas, mas somos nós quem as jogamos.”

FERNANDA TORRES - Marginais

Não tinha nada a ver com reivindicação social,
era o mal-estar da sociedade em pessoa, pegando um ônibus.

Em 1996, passei uma curta temporada em Graz, na Áustria. Fui visitar Gerald Thomas, que dirigia uma ópera para o teatro municipal da cidade.

Uma manhã, ao embarcar em um impecável ônibus articulado lotado de senhorinhas europeias, dei de cara com três jovens, dois meninos e uma menina, refastelados no banco comprido para mais de três pessoas. Pareciam astros de rock não muito afeitos a banho, e destoavam por completo da placidez do restante do coletivo.

Um dos rapazes e a moça se beijavam em um duelo de línguas digno de "Alien, o Oitavo Passageiro". Ela abriu a braguilha dele e meteu a mão cueca adentro. Era o preâmbulo de um coito agressivo que prometia acontecer ali, diante de nós.

Uma velhinha se levantou, devia ser o ponto dela, e se viu obrigada a cruzar a bacanal. O moleque que não estava possuindo a ninfeta barrou a passagem. Com três palmos a mais do que a anciã austríaca, ele se curvou sobre ela como um general nazista e descarregou um rosário de impropérios naquele idioma que xinga como nenhum outro.

Os passageiros se fizeram de mortos, reféns da furiosa insatisfação juvenil. Eu fugi. Desci no ponto com a velha dama. Não arrisquei ficar para assistir a orgia.

A limpeza das ruas, a excelência do transporte público, a paisagem bucólica, todas as dádivas do império Austro-Húngaro iam de encontro ao desassossego espiritual dos guris. Não tinha nada a ver com reivindicação social ou posicionamento artístico, era o mal-estar da sociedade em pessoa, pegando um ônibus, em uma manhã de sol no Tirol.

Me lembrei do ocorrido ao ler a declaração do curador da Bienal de Berlim, Artur Zmijewski, depois de ser acertado por um balde de tinta amarela, atirado pelo pichador brasileiro Cripta Djan.

Durante um workshop, o grupo de Djan pichou as paredes da igreja centenária que servia de sede para o evento. Não era o combinado, os artistas deveriam se ater aos tapumes instalados pela curadoria.

Segundo, Zmijewski, "O objetivo final dos pichadores é autopropaganda de políticas da pobreza e da luta da classe baixa contra os ricos no Brasil. A igreja é propriedade de uma sociedade civil, cujo objetivo é coletar dinheiro para renovar prédios históricos e abri-los para distintas atividades culturais do público".
A bem-intencionada associação da qual faz parte a igreja estaria fora do suposto alvo de ataque dos brasileiros: o capital maligno gerado pela burguesia paulista.

Em uma entrevista dada à Folha, pouco antes de embarcar para a Alemanha, Djan foi bem claro a respeito das motivações que o norteiam.

"Esse movimento da pixação com 'x' começou mesmo com os punks, tá ligado? A galera tinha esse lance de protestar, esse cunho político [...] Não era aquele político da época da ditadura, mas o punk tinha uma linha de anarquia e tal, sempre protestando e questionando. A motivação dos caras é a disputa. É essa busca existencial, sabe? O cara não era porra nenhuma... Na pichação, ele encontra uma forma de ser reconhecido sem a questão do dinheiro, né?"

Zmijewski acertou ao falar em autopropaganda de políticas da pobreza, mas errou em achar que esses grupos fariam diferença entre os bons e os maus ricos. É anarquismo, Bakunim. São bandos, gangues, marginais no sentido heroico de Hélio Oiticica.

Esperar do Cripta outra atitude que não aquela, é querer domar o que os move.

Da mesma forma, achei oportuna a intervenção de Caroline Pivetta da Mota na Bienal de São Paulo, pichando o vazio da arte que a mostra pretendia discutir. Botaram a polícia em cima. Tinham mesmo que botar, caso contrário, a atitude de Caroline ficaria incompleta.

Manifestações artísticas desse tipo forçam a mais liberal, social e sacra das instituições para a posição do poder castrador. Se isso não acontecer, o ato é falho.

Não importa o tamanho do seguro-desemprego, o trio do "busum" austríaco tem parentesco com o pessoal de Barueri. "Todo mundo tem um vazio dentro de si", diz Caroline. O curador é que acha que a luta de classe é a única forma de insatisfação legítima do lado de baixo do Equador.

CAETANO VELOSO – Verdade

Como me ensinou meu pai: 
pior do que um comunista é um anticomunista.

Tinha tido a impressão de que este jornal quis tirar onda com a minha cara. No domingo passado, ao anunciar, na primeira página, o que o leitor encontraria aqui na coluna, os editores disseram que eu teria “adoração” por Marcelo Freixo. Achei estranho. Sempre essas chamadas vêm com ideias expressas no meu texto. Por que dessa vez houve um distanciamento? Ali se dizia, literalmente, que eu estava entre a lucidez de Fernanda Torres e a adoração pelo pré-candidato. Será que dei mesmo lugar a que se escrevesse isso? — me perguntei. E pensei: há algo errado. Nada em meu texto permitia que se usasse a palavra “adoração”. E esta palavra desqualificava quaisquer observações objetivas que porventura eu tentasse desenvolver.

Minha adesão à ideia de uma candidatura de Freixo à Prefeitura do Rio é explicitada, inclusive com a afirmação de que sou “100% Freixo”. Todas as vezes em que, ao se avizinharem eleições, senti que um candidato representaria um movimento forte no sentido do encaminhamento político que vislumbro para o Brasil, declarei meu voto sem margem para dúvidas. Ao contrário do que querem fazer crer meus maus imitadores, não vivo dizendo “ou não”. Tal definição de posições tão específicas não podia ser tachada de “adoração” por essa ou aquela personalidade pública. Ao apoiar uma possível candidatura tão desamparada pelo dinheiro, pelos esquemas existentes, pelos donos do poder, não pude deixar de achar suspeita uma tirada como essa do GLOBO. Cheguei mesmo a formular que nenhum jornalista poderia fingir para si mesmo que o uso da palavra “adoração” não teria, no contexto, o papel destrutivo que detectei. Mas me esqueci de outra verdade sobre a vida diária dos jornais: a correria, que pode levar a mal-entendidos. Não é preciso ser um paranoico clássico para atribuir intencionalidade a coisas que chegam às rotativas por acidente ou falta de tempo. Relendo o que já tinha escrito, me vi (depois de alertado por amigos e por jornalistas em quem não tenho por que não confiar) como um articulista algo mimado e temperamental. Na verdade, a frase inicial me veio junto com a lembrança de Paulo Francis escrevendo na “Folha” em resposta ao então ombudsman daquele jornal. (Não reli tal texto na publicação de uma nova antologia de Francis: como disse, ainda não li nenhuma dessas coletâneas de coisas dele, prometo fazê-lo uma hora dessas. A frase — que era, mais ou menos, “Tenho a impressão de que Caio Tulio passou a mão na minha cabeça” — reveio de memória.) E, embora aquele jornalista tenha me influenciado desde a adolescência — e eu não deixe de perceber sua presença aqui em meus escritos —, eu acabei por considerá-lo um autor mimado e dado a chiliques, aspecto que não desejo emular.

Eu teria declarado essa intenção de voto com a mesma firmeza de qualquer maneira, mas meu artigo nasceu da leitura do texto de Fernanda Torres na “Folha de S. Paulo”. Sem este, talvez eu apenas informasse o leitor sobre minha decisão. Mas Nanda questionava a viabilidade de um candidato que supostamente despreza empresários. Como explicou o próprio Freixo no “Roda Viva”, não se trata de desprezar os empresários, mas sim de rechaçar o modo viciado como vêm se dando as relações entre políticos e o poder econômico. Ele crê que isso pode e deve mudar, enquanto não chega o financiamento público das campanhas. Dizem que ele crê em muitas coisas incríveis. Mas achavam incrível a criação de uma CPI das milícias e no entanto ela foi instaurada e puniu gente. Pergunta: alguém acha oportuno uma candidatura de oposição, quando o alinhamento entre prefeitura, estado e União funciona e quando a polícia entra em favelas para ficar em vez de invadir e abandonar? Resposta: Freixo é uma espécie de oposição que ajuda o que há de bom no governante a se livrar das arapucas em que se meteu. Além de ele não anunciar o desarme do que foi conseguido, a cidade capta o valor de um gesto que indica aumento de saúde social.

XXX

Contei no domingo passado que leio o Ex-Blog de Cesar Maia com proveito. Pois bem, esta semana li lá uma nota intitulada “Uma sugestão para a Comissão da Verdade: ver o filme ‘Cidadão Boilesen’”. Quero ver esse filme. A descrição que Maia oferece causa forte impressão. Quando estive preso, ouvi, no quartel da PE da Vila Militar, gritos de dor de torturados. O fato de me terem dito ali que provalvelmente se tratava de presos comuns, bandidos da Zona Norte, fez-me pensar na brutalidade da sociedade brasileira. Sempre penso que a Comissão da Verdade deveria desnudar o mundo da tortura, que tomou ares quase oficiais durante o governo militar, mas que é prática comum nas prisões e delegacias do país. Esse filme que Maia destaca conta como empresários e banqueiros financiaram a Oban (Operação Bandeirante, o centro de informações da ditadura, que torturava), sendo que Boilesen foi o mais entusiasmado deles: gostava de assistir pessoalmente às sessões de maus-tratos. Era um anticomunista. Como me ensinou meu pai: pior do que um comunista é um anticomunista.

LYA LUFT - Machos e fêmeas

Histórias de amores frustrados, relações ruins ou trágicas, 
fracassos, decepções, dores e rancores se multiplicam.

Chega a parecer, algumas vezes, que um amor bom, ao menos razoável, alegre,cúmplice, terno e sensual, que faça crescer, seja um bem tão raro quanto viver lúcido e saudável até os cem anos.

Fico pensando nesse dilema, que pode parecer divertido a uma primeira leitura, mas na prática é demais complexo: se não combinamos, por que — homens e mulheres — nos queremos e nos procuramos?

Pensando bem, homens e mulheres pouco têm em comum exceto a preservação da espécie: as almas são diferentes, a biologia é outra, as vontades e os interesses também. Prioridades de um e outro, nada a ver. Como tribos vizinhas mas inimigas: guerrinhas,escaramuças, ou guerra total.

Muito é cultural, concordo. Mas cada vez mais acredito que somos imensamente determinados pelo que éramos nas cavernas.

Homem saía pra caçar, voltava, fazia filhote, saía pra caçar e pra matar inimigo,voltava... e assim por diante.
Mulher ficava na caverna pra ser fecundada, parir, alimentar a família e proteger as crias. Ah, e cuidar do troglodita para que ele estivesse bem nutrido e descansado ao sair em busca de comida para ela e para as crias, e a fecundar de novo... e assim por diante.

Mudou o mundo, os hábitos se transformaram, incrivelmente muita coisa aconteceu —mas o homem e a mulher das cavernas ainda nos habitam sob a casca de algum requinte. Foi Tomás de Aquino ou Agostinho quem disse que o ser humano é um anjo montado num porco? Na guerra e às vezes na relação amorosa o animal predomina; na paz e nos momentos ternos funciona o anjo. O bom mesmo é a mistura, no ponto: nem de menos, nem de mais.

Só a impenetrável natureza explica que seres tão diversos quanto machos e fêmeas se queiram tanto, se encantem, se façam felizes — ou se detestem, se traiam, se atormentem e, quando possível, até se destruam. Ou tudo isso ao mesmo tempo. O que os diferencia das peludas criaturas originais nem é, pois, a paixão, mas o amor: amizade com sensualidade.

O que precisa um casal para ser um bom casal, amoroso, alegre, criando pontes sobre as diferenças e resolvendo com bom humor as agruras do convívio cotidiano? Penso que o bom casal é o que SE GOSTA, com tudo o que isso significa: cumplicidade, interesse,sensualidade boa, e o difícil compromisso da lealdade.

Dedicação, às vezes até devoção. Para que a gente seja, além de machos e fêmeas,pessoas que se entendem, curtem, confortam, desejam e... tudo aquilo que nas cavernas acontecia. Só que com mais graça, consciência, talvez mais delicadeza.

É aí que (re)começam os problemas. Mas macho e fêmea não desistem — nem devem.

Pois apesar da trabalheira toda bem que a gente gosta!

DRAUZIO VARELLA - Exercícios autofágicos

Só existe uma explicação para a vida sedentária: 
praticar exercícios vai contra a natureza humana.

A lista dos benefícios da atividade física está cada vez mais longa.
Praticar exercícios confere força muscular, ativa a circulação do sangue, melhora a oxigenação do cérebro e dos demais tecidos, além de combater a obesidade, proteger contra complicações cardiovasculares, diabetes, Alzheimer, doença de Parkinson e diversos tipos de câncer, como demonstram os estudos populacionais.

Apesar dessas constatações, explicar os mecanismos por meio dos quais a atividade física é capaz de aprimorar tal variedade de funções orgânicas tem sido difícil.

Em dezembro passado, um grupo italiano deu a primeira contribuição para esclarecer esse mistério. Em publicação na revista "Autophagy", eles demonstraram que o exercício induz autofagia.

Autofagia é um mecanismo fisiológico que acontece no interior das células, por meio do qual restos de membranas, organelas e demais estruturas celulares envelhecidas ou deterioradas são englobadas e cortadas em pedaços para que seus componentes sejam reaproveitados, num processo silencioso de renovação contínua.

Essa reciclagem está presente em organismos que vão dos fungos aos mamíferos. Ela é fundamental para que as células possam obter a energia necessária para exercer suas funções. Quando algum estresse aumenta demanda de energia, a autofagia aumenta.

Os pesquisadores italianos mostraram que o estresse causado pelo exercício físico estimula e potencializa a autofagia na musculatura de ratos atletas.

Em janeiro deste ano, Beth Levine, da Universidade do Texas, publicou na revista "Nature" uma pesquisa que confirma e aprofunda essa relação de causa e efeito: de fato, a autofagia está por trás dos efeitos benéficos da atividade física.

Numa primeira fase, Levine comprovou que camundongos mantidos naquelas rodas, em que o animal anda sem sair do lugar, apresentavam níveis mais elevados de autofagia não apenas nos músculos, mas em diversos órgãos.

Na segunda fase, comparou um grupo de camundongos normais com outro formado por camundongos mutantes que tinham como característica a total incapacidade de acelerar a autofagia em resposta ao estresse.

Nos camundongos normais, os músculos submetidos a exercícios extenuantes consumiram cerca de 85% da glicose obtida na alimentação. Como consequência, os níveis de glicose e de insulina na circulação diminuíram.

Nos mutantes, incapazes de responder com aumento da autofagia, o estresse causado pela mesma atividade física não modificou os níveis sanguíneos de glicose e insulina. Conclusão: a resposta da autofagia ao estresse é responsável pelos benefícios metabólicos imediatos da atividade física.

Para analisar os efeitos tardios, Levine engordou os dois grupos de camundongos até desenvolverem diabetes, para depois obrigá-los a fazer exercícios diários numa esteira rolante.

Passados dois meses, os ratos normais tinham ficado livres do diabetes e reduzido os níveis de colesterol e triglicérides, enquanto os mutantes continuavam diabéticos. Conclusão: o aumento da autofagia em resposta ao estresse também é fundamental para os efeitos a longo prazo da atividade física.

O exercício físico regular provoca adaptações duradouras na musculatura. A principal delas ocorre nas mitocôndrias, organelas celulares que funcionam como centrais de produção de energia, e que se desgastam com o passar dos anos. Para melhorar seu rendimento a fim de cobrir a demanda de energia solicitada pelo aumento da atividade física, as mitocôndrias entram num processo de renovação que retarda o envelhecimento.

Essas descobertas ainda não esclarecem os detalhes do papel da atividade física na redução dos casos de câncer e doenças neurodegenerativas.

Não explicam também porque aqueles que resolvem andar míseros 40 minutos por dia depois de receber o diagnóstico e o tratamento convencional de câncer de intestino ou de mama aumentam de 30% a 50% suas chances de cura definitiva.

São tantos os benefícios da atividade física, leitor, que só existe uma explicação para a vida sedentária que a maioria leva: praticar exercícios vai contra a natureza humana. Nenhum animal adulto desperdiça energia. Você já viu uma onça no zoológico dando um pique para perder a barriga?

MANOEL CARLOS - De médico e de louco

Marcamos no Café Severino a comemoração pelo retorno do Gustavo ao nosso grupo. Nosso amigo de muito tempo, Tavinho andou arredio, devido a um turbulento divórcio que enfrentou por mais de um ano e que o deixou deprimido. Com isso, afastou-se de tudo e de todos, indo morar um largo tempo em Petrópolis. Agora, dissipadas as negras nuvens da turbulência e já vivendo novamente em paz, eis que ele retornava a nós e ao nosso reino. Não é a primeira vez que um divórcio penaliza algum membro do nosso grupo. Afinal, todos nós já cruzamos a faixa dos 60 anos e contabilizamos mais de um casamento, à exceção de alguns poucos, como Carla e Gabriel, ambos na casa dos 30. Eles fazem parte da nova geração de frequentadores da nossa roda de vinho e grana padano. Gosto dessa presença jovial, pois impede que as reuniões fiquem lacrimosas, cheias de recordações, e que os assuntos mais frequentes sejam os incômodos na lombar e na cervical, além do medo do diabetes e a comparação entre os níveis de colesterol e glicose. Com a mocidade, fala-se da vida, não de doença e morte.

Mas nessa tarde, mesmo com a presença deles, o assunto perigoso voltou a imperar, enquanto nós cinco esperávamos a chegada da turma toda, inclusive do festejado Gustavo.

Minha glicose está em 105 — anunciou o Raul.

É alta. Você já está diabético — sentenciou Alfredo, que é um assumido hipocondríaco.

Pré-diabético — corrigiu Raul, já um pouco irritado.

Acima de 99… — tentou argumentar o Alfredo, com um sorriso maldoso.

Raul cortou:

Ah, não vai atacar de médico, que você, até onde eu sei, é funcionário aposentado da Caixa Econômica.

E tentou encerrar a discussão:

O importante é a saúde como um todo. O fundamental é sentir-se saudável. E é como eu me sinto. Caramba! Você só sabe falar em doença!

Alfredo contra-atacou:

Só me diz uma coisa: o seu colesterol quanto está?

Olhei o Raul e percebi que ele estava a ponto de apelar. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, o Alfredo puxou da carteira os resultados do seu último hemograma, propondo um sinistro desafio:

Vamos comparar os nossos hemogramas! Você tem o seu aí?

Claro que não. Não sou louco como você!

Pelo menos sabe de cor os principais índices?

E enumerou alguns:

Eritrócitos, hemoglobina, leucócitos e plaquetas. Vai, me diz. Aposto que você está anêmico!

Raul saltou da cadeira. Houve uma inquietação no café, já se prevendo uma luta de moleques entre homens da terceira idade, o que seria, no mínimo, ridículo.

Chega — bradou ele, batendo com a palma da mão na mesa.

Calma — disse eu. — Estamos aqui para festejar. Daqui a pouco chega todo mundo e vocês…

Mas Raul emendou, virando-se para o Alfredo, o indicador quase encostando no rosto do amigo:

Que você seja hipocon­dría­co, não tenho nada com isso. Que veja em você todas as doenças, imaginárias ou não, o problema é seu. Mas colocar doenças nos outros, aí não está certo!

E voltou a sentar-se, bufando. Um tempo de silêncio. Olhei o casal jovem. Gabriel passava os olhos num jornal, indiferente à contenda, e Carla olhava a cena, sorrisinho maroto nos lábios. Percebendo que a reunião estava agonizando por sua culpa, Alfredo amenizou:

Me desculpem. Acho que exagerei. Vou embora. Vou ver um carro para comprar, que o meu já está num bagaço de dar pena. Rateando. Como um coração a ponto de enfartar. Quem é que tem uma sugestão para me dar? Pensei numa Pajero esporte…

Foi quando Carla, sempre tão tímida e até um pouco cerimoniosa, cortou em cima, numa voz suave e com os olhos brilhando:

Por que você não compra uma ambulância?

A gargalhada foi geral, contaminando o Raul e o próprio Alfredo. Nesse mesmo momento, começaram a chegar os velhos amigos, com Gustavo à frente, sorridente, feliz.

E fez-se a paz no reino do Café Severino.

RUY CASTRO - Presos e soltos

Mark Chapman, que matou John Lennon em NY, em 1980, preso e condenado à prisão perpétua, viu negado outro dia seu sétimo pedido de liberdade condicional. Os juízes reconheceram que, em 31 anos de prisão até agora, Chapman teve "bom comportamento" e revelou "remorso". Mas "sua libertação, neste momento, solaparia o respeito à lei e tornaria trivial a perda trágica de uma vida, causada por um crime atroz, não provocado, violento, frio e calculado".

Chapman tinha 25 anos quando disparou contra seu ídolo na porta do edifício Dakota. Hoje está com 57. Só poderá pedir de novo a condicional daqui a dois anos, e é certo que esta continuará a lhe ser negada. Talvez nunca mais saia. Mas o que ele queria, conseguiu: desde 8 de dezembro de 1980, nunca mais se escreveu John Lennon sem mencionar Mark Chapman.

Já a missionária americana Dorothy Stang teve a má sorte de ser assassinada no Brasil -em 2005, no Pará, em meio a uma disputa por terras. Regivaldo Pereira Galvão, vulgo "Taradão", condenado em 2010 a 30 anos de prisão em regime fechado como mandante do crime, recorreu e foi solto na semana passada, por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal). Considerou-se que "Taradão" só poderá ser preso quando não couber mais recurso. Outro condenado pela morte da missionária está foragido.

E, em Oslo, Noruega, o extremista Anders Behring Breivik, assassino confesso de 77 pessoas em 2011, foi condenado à pena máxima de 21 anos. Mas tanto pode ficar para sempre na cadeia quanto ser posto em liberdade se se provar "reabilitado". Ao ouvir a sentença, ele se desculpou por ter matado "apenas 77 pessoas".

No Brasil, Mark Chapman já estaria solto. Nos EUA, "Taradão" continuaria preso. E, nos dois países, terminada a chacina, Breivik teria sido passado na bala pela polícia.

MARINA COLASANTI - Uma cidade e duas histórias‏

Estou chegando do belo Festival de Poesia de Córdoba, Argentina. É uma cidade para gostar, mais antiga que Buenos Aires, fortemente marcada pelo passado religioso. Tem uma particularidade que nunca encontrei em outra no mundo, ruas de pedestres coroadas ao alto por uma treliça abobadada, onde se espraiam buganvílias. O ano inteiro protegem os passantes com sua sombra, mas penso na maravilha que há de ser, ao tempo da floração, caminhar debaixo daquele rendado de cores, roxo e rosa e laranja e branco. Haverá flores caídas no chão e espero que os garis tenham o bom senso de deixá-las viver pelo menos por algumas horas, embora já mortas.

Pois essa cidade me deu de presente duas histórias, que deixo aqui, resumidas.

A primeira acontece lá pelos idos de mil setecentos e tal. Uma casa grande, a bem dizer, uma mansão que ocupa metade de um quarteirão. Jardim em volta. Talvez já fosse rosa e branca como é hoje, e certamente, como hoje era de um belo barroco espanhol. Nessa mansão morava a família de um homem muito rico e muito importante, ou muito importante e muito rico, fatores indissolúveis não importando a ordem. A família era como a casa, muito grande. Mas, surpreendentemente, de poucos homens. Pouquíssimos. Aliás, só o velho pai e seu filho. No mais, mulheres.

Como era da ordem natural das coisas, um dia o patriarca fechou os olhos em caráter definitivo. Luto na família, silêncio e trajes negros. Na capela da casa, ora-se. Passa um tempo. E eis que, inesperadamente, o jovem segue o mesmo caminho do pai, olhos fechados e mão cruzadas sobre o peito.

O luto parece agora insuficiente, gasto que foi na primeira morte. Sob a voz da matriarca, que assumiu o comando da família, as mulheres se reúnem. Podemos imaginá-las, todas negrovestidas, ao redor da mesa de jantar, as mais importantes sentadas; as outras, de pé. Ali, juntas, decidem: se tornarão freiras, mas não de ordem ou convento já existente. A clausura da qual nunca mais sairão será a própria casa.

As ordens são dadas. Muram-se as janelas que olham para a rua, ergue-se o muro ao redor. E ali elas se trancam, viúvas, filhas, noras, tias, agregadas, mucamas, cozinheiras.

O que se passou atrás daquelas paredes nunca se soube. Um dia, porém, depois de longo tempo, o portão do muro se abriu, deixando sair uma das mulheres. Não saía para a vida. Atravessou a rua, atravessou a praça e, do outro lado, sem dar explicações de que se tenha registro, fundou outro convento, outra clausura, onde, com novas companheiras, manteve sua renúncia ao sol.

A segunda história se passou cerca da mesma época. A cúria, ou o bispo ou apenas um prelado –, nada entendo de escalões eclesiásticos –, desejou construir uma nova igreja. Não uma igreja qualquer, que já havia muitas na cidade, mas uma igreja de imponência e beleza superiores às demais. Para isso, uma cúpula era indispensável. Convocado, o construtor mais renomado da cidade aceitou a importantíssima encomenda, sem revelar um detalhe: não entendia nada de cúpulas. Mas entendia de barcos, havia construído vários. E quando afinal as paredes da igreja ficaram prontas, em vez de coroá-las com uma cúpula, depositou no alto um enorme casco de navio invertido, todo em madeira. A igreja é até hoje uma atração.

PARA REFLETIR - PENSAMENTOS DE GRANDES PENSADORES

O mundo está cansado de ódio.
Mahatma Gandhi

Não vejo bravura nem sacrifício em destruir vida ou propriedade alheia.
Mahatma Gandhi

Uma das coisas importantes da não violência é que não busca destruir a pessoa, mas transformá-la.
Martin Luther King

O ódio nunca cessa pelo ódio; O ódio cessa pelo amor.
Buda

Quando um único homem atinge a plenitude do amor, neutraliza o ódio de milhões.
Mahatma Gandhi

Um império fundado pelas armas tem de se manter pelas armas.
Montesquieu

Se mantida a política “do olho por olho, dente por dente”, acabaremos todos cegos e desdentados.
Mahatma Gandhi

A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora.
Jean-Paul Sartre

A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota.
Jean-Paul Sartre

Quando um homem deseja matar um tigre, chama a isso desporto; quando um tigre deseja matar um homem, este chama a isso ferocidade.
Bernard Shaw

CHICO BUARQUE – O Velho (1968)


O velho sem conselhos
De joelhos
De partida
Carrega com certeza
Todo o peso
Da sua vida
Então eu lhe pergunto pelo amor
A vida inteira, diz que se guardou
Do carnaval, da brincadeira
Que ele não brincou
Me diga agora
O que é que eu digo ao povo
O que é que tem de novo
Pra deixar
Nada
Só a caminhada
Longa, pra nenhum lugar
O velho de partida
Deixa a vida
Sem saudades
Sem dívidas, sem saldo
Sem rival
Ou amizade
Então eu lhe pergunto pelo amor
Ele me diz que sempre se escondeu
Não se comprometeu
Nem nunca se entregou
E diga agora
O que é que eu digo ao povo
O que é que tem de novo
Pra deixar
Nada
E eu vejo a triste estrada
Onde um dia eu vou parar
O velho vai-se agora
Vai-se embora
Sem bagagem
Não se sabe pra que veio
Foi passeio
Foi Passagem
Então eu lhe pergunto pelo amor
Ele me é franco
Mostra um verso manco
De um caderno em branco
Que já se fechou
Me diga agora
O que é que eu digo ao povo
O que é que tem de novo
Pra deixar
Não
Foi tudo escrito em vão
E eu lhe peço perdão
Mas não vou lastimar

MARCIA TIBURI - A nossa dor e a dor dos outros

Vivemos na atualidade o culto ao sofrimento. Tanto o que resulta de motivos concretos como o desamparo e a violência, quanto o que advém da experiência da angústia em relação à própria vida, uma espécie de convivência com o nada cada vez mais facilitada pela forma de vida em que nenhuma esfera nos dá garantia de sentido. Aprendemos, em nossa cultura, a viver com o sofrimento ao ponto de dar sentido a ele ou até mesmo gozar por meio dele. É um modo de se sobreviver ao nonsense. Muitos são felizes porque são infelizes. Eis um paradoxo nada difícil de compreender em nosso tempo.

A dor parece ser mais do que sintoma corpóreo, ela parece residir na alma, a instância abstrata que agrega sentimentos sempre de certo modo inacessíveis à nossa capacidade de compreender. No corpo ela aparece como incômodo e mal-estar. No nível do sentimento ela é o nome próprio do horror de ser quem se é, de não poder ser outra pessoa. Até parece ser a dor o que nos resgata do absurdo da vida e nos responde sobre quem somos.
Experimentada como algo íntimo, cada indivíduo em nossa cultura negligencia o que a dor possa significar para o outro. Imaginamos, pela força que a caracteriza como experiência pessoal, que ela é apenas nossa e não do outro. “Eu tenho a minha dor” diz a música enquanto o outro parece não ter nenhuma. É porque sentimos dor que cremos em nossa unidade. A dor, já foi o nome do “eu” no romantismo, corrente de pensamento e estilo de vida que desde o século XIX e pelo século XX afora criou seitas e adeptos nas artes, na literatura, mas também na vida. Novamente a dor retorna em amálgama com o eu à cultura definindo o eixo da depressão que, se para muitos é patologia e medicável, não podemos esquecer que é, acima de tudo, desajuste existencial. A este desacordo entre o “eu” e o mundo, a esta “dor de viver” marcadamente romântica, Schopenhauer, o filósofo que melhor entendeu o sofrimento como um aspecto inalienável da vida, erigiu sua visão de mundo. Um resumo de suas idéias define que “sofro porque desejo”, mas sofrer e desejar são dois reflexos da condição própria da vida.

Dor de viver

Entre nós a metáfora da dor de viver se faz corpo. Eu que sou um corpo que vive e experimenta a vida, já não sou mais “um eu” que pensa ou sente, mas alguém que sofre. Eis o que sobra do sujeito moderno e do pós-moderno, que se estilhaçou, se perdeu de vista e, a cada dia com mais veemência emite o conhecido juízo acerca de seu lugar no mundo: estou deprimido. Poderia traduzir sua frase pelo “não desejo nada”. Neste caso, não estaria a dizer que “desejo não desejar”, mas que cessou o desejo. O paradoxo que surge é que não desejar nada parece ser a solução para o sofrimento que vem do desejo, quem não desejasse estaria a salvo. Mas não desejar nada é que se mostra como sendo, na verdade, o sofrimento maior. Quem deprime sabe disso. Mas de onde tirar forças para reconstruir o desejo? A vontade sem sentido que nos liga à vida e nos faz dar sentido à vida? Muitas vezes a dor de viver apenas mascara a culpa que pomos no outro ao qual queremos responsabilizar por nosso próprio fracasso diante do mistério da vida. Por isso, a depressão é, muitas vezes, a máscara de um rosto chamado covardia.

O Espetáculo da dor

Há um verdadeiro contentamento com a dor em nossa cultura. Tal gosto pelo sofrimento é, todavia, escandalização da dor e, paradoxalmente, sua banalização. De tanto ser vivida se tornou banal. A dor é um elemento de uma democracia perversa, parece ser só o que realmente nos esmeramos por compartilhar. As imagens da morte de indivíduos ou grupos, das catástrofes históricas ou da violência em escala cotidiana alegram os olhos de quem aprendeu a viver no mundo do espetáculo, o grande território que na sociedade atual, mede a vida, os corpos, os desejos, com imagens prévias do que devemos ser. O que chamamos espetáculo é ele mesmo um olho que nos vê e forja o nosso próprio modo de olhar. Que futuro há para uma cultura que vive o voyerismo da catástrofe, que goza com o sofrimento alheio pensando estar a salvo dele?
Há solidariedade que possa nos salvar diante do apelo à morte do outro, ao ódio escancarado, a que nos convidam todos os dias as formas de vida – descaso e violência - que vivemos?

A compaixão

O que há de comum entre a nossa dor e a dor dos outros? O que poderia romper o ciclo perverso de gozo e satisfação com o espetáculo da dor pessoal – na depressão - e alheia – na catástrofe assistida? Schopenhauer falou no século XIX sobre a compaixão para basear a ética. Seus críticos logo acordaram dizendo que a justiça e não a compaixão seria um melhor fundamento da ética. A justiça entendida como medida, como regramento, como o que sustenta a lei é realmente algo que pode manter a sociedade em ordem, mas a idéia da compaixão guarda um aspecto que não deve ser esquecido. A compaixão é a capacidade de perceber o sofrimento alheio e saber que ele não é bom. O termo, do latim, compassio, significa mais do que sofrimento comum: é o sentir a dor do outro como se fosse a sua. Uma sociedade que aprendesse que todos estamos mergulhados no sofrimento teria chance de verificar que previamente já há um elo que nos une e que nossa tarefa é ultrapassar sua força de destruição.

VÍDEO PALESTRA - A UTOPIA DA MELHOR IDADE - LEANDRO KARNAL

O historiador Leandro Karnal fala sobre a utopia da idade perfeita. Karnal analisa os valores associados à juventude em diversos períodos da história e nos mostra os novos significados que juventude e velhice assumem no mundo de hoje. Essa recorrente insatisfação, em todas as idades pode ser sintoma de nossa incapacidade de viver o presente.



VÍDEO DEPOIMENTO: RUBEM ALVES - A Escola Ideal

MARTHA MEDEIROS - Tudo indo

Acompanhei as matérias sobre Londres feitas pelos jornalistas que Zero Hora enviou à capital britânica para cobrir a Olimpíada, e me chamou a atenção um relato feito pelo meu amigo Tulio Milman, que descreveu o fascínio de perder-se pelas ruas de uma cidade estrangeira. Não é a primeira vez que vejo uma pessoa inteligente sair em defesa da desorientação, o que me deixa inquieta, pois me considero uma viajante audaz, mas, pelo visto, sem muito tutano: nunca gostei de me perder.

Claro que possuo o hábito de flanar pelos bairros, que entro em praças e parques que não conheço, que viro à esquerda numa rua sem saber onde ela vai dar, mas tenho uma boa ideia sobre as possibilidades que a redondeza oferece e posso apostar que a caminhada vai resultar proveitosa, mesmo sem destino determinado. Se não resulta, me sinto uma songamonga.

Uma vez me perdi além do tolerável nas ruelas de Veneza e, sinceramente, a experiência não me trouxe nada além de cansaço e desassossego – fui parar onde os doges perderam as botas.

O fato é que todos nós estamos caminhando para algum lugar, mesmo sem saber para onde. Há os que têm um propósito, sabem aonde querem chegar: se não possuem um mapa, possuem ao menos um desejo, e desejos costumam ser guias confiáveis. Já fiz parte do primeiro grupo, mas, de repente, me percebo instalada no segundo: não tenho a menor noção de para onde estou indo, e admito que isso embaralha meu senso de direção – mas tampouco quero voltar para o ponto de partida.

Isso me faz lembrar pessoas que, quando você pergunta se está tudo bem, respondem: “Tudo indo”. Tudo indo pra onde? Ribanceira abaixo? De mal a pior? Seguidamente cruzo com uma moça com quem simpatizo, e, a cada vez que pergunto a ela se está tudo bem, ela me responde “tudo indo” com um jeito de quem vai cair em prantos.

Há um ano que está tudo indo pra ela. E eu fico torcendo para que esteja tudo indo às mil maravilhas, que esteja tudo indo de vento em popa, que esteja indo melhor do que o esperado. Mas não é nada disso que sugere seu olhar sorumbático.

Todos nós estamos indo, que é melhor do que estarmos parados. Estamos indo rumo a novas eleições, indo rumo à primavera, indo rumo a pessoas que ainda não conhecemos, indo rumo a dias melhores, a dias piores e, encaremos: indo rumo ao fim dos dias, se me permite ser uma desmancha-prazeres. É duro, mas a outra opção é estacionar, não ir a lugar algum. Prefiro ir, seja para onde for.

Se eu continuar sem inspiração como hoje, o único rumo que vou tomar é o do departamento de RH para acertar minhas contas. Como você pode comprovar, aqui, nesta coluna, tudo indo. No momento em que escrevo, sem ideia sobre as possibilidades que a redondeza oferece e sem saber se a caminhada vai resultar proveitosa, mas indo. Espero que chegue logo a parte divertida, Tulio.

ROSELY SAYÃO - Amor não é biscoito

Em época de vínculos frágeis, os pais tentam assegurar 
o afeto do filho dando a ele tudo o que ele quer.

Como tem sido difícil para muitas mães ensinar aos filhos a importância da boa alimentação. Há pouco tempo para preparar a comida em casa, para estar com os filhos nos horários das refeições, para fazer o lanche que levarão à escola etc.

No mundo da velocidade, ensinar a criança a comer e a conviver com a família em torno da mesa tem sido tarefa quase impossível.

Precisamos reconhecer: a oferta de porcarias deliciosas dirigidas às crianças está muito grande. E esses alimentos são muito, muito sedutores. Lanches dos mais variados tipos, biscoitos coloridos com ou sem recheio, salgadinhos crocantes de todos os formatos e cores, frituras mil, chocolates, refrigerantes e muitos, muitos doces.

Temos tentado resolver essa questão principalmente porque a saúde infantil tem reclamado. Sobrepeso e obesidade, hipertensão, taxas altas de colesterol, doenças do aparelho digestivo e distúrbios alimentares -problemas antes restritos ao mundo adulto- agora marcam presença na vida de muitas crianças.

Em função desse panorama, vários Estados brasileiros já elaboraram leis para obrigar cantinas escolares a vender exclusivamente alimentos saudáveis e proibir a comercialização de itens gordurosos e industrializados, por exemplo.

Muitas escolas também já começam a oferecer alguns recursos para colaborar com o enfrentamento do problema: contratam nutricionistas, oferecem lanches balanceados, orientam pais e professores, realizam atividades culinárias com as turmas e abordam o tema da alimentação com seus alunos.
A questão é difícil tanto para as famílias quanto para as escolas. Afinal, como ajudar a criança a aprender a comer bem? Vamos tentar localizar alguns focos dessa questão.

O relacionamento entre pais e filhos mudou muito nas últimas décadas. Uma dessas mudanças foi radical: os pais têm receio, hoje, de perder o amor de seus filhos. Antes era o oposto: os filhos obedeciam por medo de perder o amor dos pais.

Dá para entender essa virada: em um mundo de relacionamentos afetivos extremamente frágeis, precisamos ter a garantia da permanência de alguns vínculos. Numa época em que o prefixo "ex" se multiplica na frente de palavras como marido, sogra, cunhado etc., nada como tentar assegurar que o bom relacionamento com os filhos permanecerá.

O problema é que isso tem se concretizado de maneiras equivocadas. Uma delas é a atitude de muitos pais de tentar dar ao filho tudo o que ele quer.

E o que a criança quer comer? Aquilo que achamos gostoso e que oferecemos a ela justamente por esse motivo. Vamos falar a verdade: queremos que as crianças se alimentem bem por questões de saúde, não é verdade? Mas elas logo percebem que o que lhe oferecemos porque consideramos gostoso não coincide com o que queremos que comam porque faz bem.
A mãe de uma garota de menos de dois anos me disse que estava bem difícil fazer a filha almoçar, porque ela só queria biscoito.

Perguntei à essa mãe como a criança descobrira os tais biscoitos e ela me respondeu que ela mesma é que havia introduzido esse alimento em casa. "Por que eu deveria privar minha filha de comer coisas gostosas? Eu só não sabia que ela iria gostar tanto a ponto de passar a recusar as refeições."
E devo dizer: essa mãe permite que a sua filha substitua o almoço e o jantar por biscoitos. "Vou deixar que ela chore de fome?", perguntou ela.

A maior parte das dificuldades alimentares de uma criança tem, portanto, origem no tipo de relação que seus pais estabelecem com ela e também com as escolhas que nós, adultos, fazemos do que consideramos gostoso. 
É ou não é?

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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Livros de Edmir Saint-Clair

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