ANTONIO PRATA - Receita para escrever textos

Fazer um texto não é difícil. Como tudo na vida, basta que sigamos um método. Depois de muitos estudos sobre o assunto, tendo consultado desde os mais ancestrais pergaminhos ciganos da Checoslováquia até as últimas pesquisas científicas norte-americanas, juntei conhecimento suficiente para produzir um pequeno tratado sobre o tema. Se o publico aqui não é por vaidade ou capricho, mas porque acho que todo conhecimento deve ser compartido. Dessa forma, tenho esperança, chegará o dia em que todo o saber humano poderá ser reunido e centralizado em um único programa de computador, ou software — que é o termo correto — e vendido a preços módicos nas bancas de jornal, postos de gasolina ou virão grátis nas compras acima de 50 reais nos supermercados Mambo(*). Aí vai, portanto, a minha modesta contribuição.

Como escrever um texto

Assim como para fazer uma sopa é preciso, antes de mais nada, escolher os ingredientes, para escrever um texto é necessário, primeiramente, selecionar as palavras que vamos usar. Se para os ingredientes da sopa vamos ao mercado, para encontrarmos as palavras recorremos ao dicionário.

Algumas considerações desnecessárias (porém interessantes)

O dicionário é superior ao mercado em muitos aspectos. Em primeiro lugar, porque no dicionário o preço das palavras não cresce a cada dia — como ocorre com os legumes no mercado —, posto que todas são de graça. Ademais, os dicionários podem ser guardados na estante da sala, o que seria impossível de se fazer com um mercado — não por sua forma, muitas vezes retangular como os dicionários, mas devido ao tamanho (mais provável seria guardar a estante da sala no mercado, mas isso seria inútil tendo em vista que nosso objetivo não é dar cabo da estante e sim escrever um texto). Há uma diferença básica entre os mercados e os dicionários: se nos primeiros os produtos entram novos e saem assim que fiquem velhos, no segundo não se encontra um só artigo novo, pois ser velho é condição sine qua non para estarem ali. Apesar das considerações anteriores, é impossível provar logicamente a superioridade de um mercado sobre um dicionário ou vice-versa. Prova disso é que podemos tanto encontrar dicionário em um bom mercado, como mercado em um bom dicionário. Assim sendo, deixemos de lado essas comparações inúteis e voltemos ao tema em questão: como escrever um texto.

Agora sim, como escrever um texto, parte I: Ritmo

Tanto os pergaminhos ciganos da Checoslováquia como os cientistas norte-americanos estão de acordo em um ponto: um texto deve ter ritmo. Por isso, uma vez aberto o mercado, perdão, o dicionário, é importante ter em mente que um bom escrito leva um número equivalente de palavras pequenas, médias e grandes. Um método infalível na hora de separar as palavras é, sempre que escolhermos uma curta, como chá, lua ou oi, buscarmos imediatamente uma comprida, como halterofilismo, mononucleose ou antropomorficamente.

Assim que você sentir que já tem em mãos um bom número de palavras curtas e longas — isso depende do tamanho do texto que quiser escrever —, parta para a busca de um número igual de palavras médias, tais como sudorese, abobado ou alicate. Aconselha-se anotar essas palavras num papel, com lápis ou caneta, ou datilografá-las num computador ou máquina de escrever, de acordo com as condições infra-estruturais de cada um. (O texto final, no entanto, poderá ser escrito de muitas outras maneiras, como com sangue nas paredes, com canivete num tronco de árvore ou com um arco de violoncelo nas areias de Jericoacoara, dependendo não só das condições infra-estruturais como do efeito desejado. Isso fica a cargo do autor.)

Parte II: Etiqueta ou bom senso

Se para uma sopa de batatas precisamos de muitas batatas e para uma sopa de beterraba muitas beterrabas, para um texto triste precisamos de palavras tristes, para um texto audacioso de palavras audaciosas e para um texto semi-erótico de palavras semi-eróticas. Se o autor tem em vista um texto fúnebre, por exemplo, não cairão bem as palavras lantejoula ou meretrizes, assim como num convite de casamento dificilmente se poderá usar a palavra excremento (apesar de, todo o apelo que a rima possa ter). É sempre bom observar essa pequena, porém importante, formalidade da escrita.

Parte III: Pontuação

Nesta altura o futuro autor já tem consigo um bom número de palavras, harmoniosamente divididas entre curtas, médias e longas, anotadas em alguma superfície de celulose ou cristal líquido. Chegou a hora de condimentar essas palavras. Os pontos são no texto o que os temperos são para a sopa, e é importante saber usá-los. Para cada cinco palavras, em média, o autor deverá ter uma vírgula. Para cada dez, um ponto. Para cada 15, uma interrogação e/ou uma exclamação.

Algumas dicas: para um texto mais picante, acrescente muitas exclamações. Nunca use muitas interrogações se o texto se destina a um grande público. Por último, evite as crases, os tremas e o ponto-e-vírgula, pois são de sabor muito forte e devem ser usados com parcimônia, assim como o gengibre ou o curry na culinária.

Parte IV: Prosa e poesia

Tendo os ingredientes e os temperos todos à frente , é chegado um momento muito importante, a hora de se decidir que tipo de texto se quer escrever. Há somente dois, prosa e poesia. É muito fácil diferenciar um do outro: os de poesia são fininhos e as frases se colocam umas sob as outras, formando pequenos blocos. Ao final de cada um desses tijolinhos, pula-se uma linha e começa-se um novo. Os textos de prosa são mais consistentes, e as linhas ocupam toda a extensão da página, desde a margem esquerda até a direita. Se o autor é preguiçoso ou está terrivelmente atrasado para algum compromisso, convém fazer uma poesia. Nesse caso, vale a pena seguir alguns passos.

1 — Volte ao dicionário e busque algumas interjeições como Oh! e Ah!. Não economize também nas reticências, exclamações e interrogações. São pequenos detalhes, mas muito úteis. Mesmo a mais simples das frases, se antecipada por uma dessas palavrinhas e seguida por esses pontos, ganhará um novo alento, uma vaguidão que facilmente será confundida com profundidade, como você pode comprovar no exemplo a seguir:

Antes:
Havia casas azuis.
Depois:
Oh! Havia casas... Azuis?!

Caso o futuro autor disponha de mais tempo e motivação, e deseje escrever um texto em prosa, não encontrará grandes dificuldades. Basta pegar todas as palavras previamente selecionadas e dispô-las sobre a página. Não é preciso lavá-las nem deixá-las de molho. Tente sempre mesclar as pequenas, médias e grandes. Lembre-se de que os pontos, as exclamações e interrogações vão sempre ao final das frases, e os acentos em cima das palavras. A cada seis ou sete linhas, termine uma frase no meio da folha e comece outra embaixo, depois de um espaço. Isso se chama parágrafo.

Os antigos pergaminhos da Checoslováquia demonstram alguma preocupação quanto à importância do sentido e da clareza em um texto. As últimas pesquisas norte-americanas, no entanto, provam que essas questões são absolutamente irrelevantes. Uma rápida visita a uma biblioteca demonstrará que há textos dos mais absurdos impressos por aí, e que nem a clareza nem o sentido são as características que fazem deles clássicos ou novelinhas baratas, exemplares da Academia Brasileira de Letras ou calço para mesas.

Por último, cabe destacar que um texto, ao contrário de uma sopa, não alimenta, não esquenta, nem pode ser servido com conchas. Assim como até hoje não tive notícias de nenhuma ONG ou instituição beneficente que saia pelas madrugadas frias distribuindo textos e cobertores para mendigos (embora não seja uma má idéia). Não podemos deixar de mencionar que um texto resulta mais prático que uma sopa, pois pode ser guardado na estante da sala e não precisa ser resfriado nem muito menos congelado.

Apesar das considerações anteriores, é impossível provar a superioridade de um texto sobre uma sopa ou vice-versa. Mesmo porque, é possível encontrar tanto letras em boas sopas, quanto sopas nas boas letras. Assim sendo, vamos ficando por aqui. Afinal, os textos e as sopas, os mercados e os dicionários, as palavras grandes, os ingredientes, eu, você, os cientistas norte-americanos e os pergaminhos da Checoslováquia nos assemelhamos numa única coisa: todos, em algum momento, chegamos ao fim.

ANTÔNIO MARIA - O pior encontro casual

O pior encontro casual da noite ainda é o do homem autobiográfico. Chega, senta e começa a crônica de si mesmo: "Acordo às sete da manhã e a primeira coisa que faço é tomar o meu bom chuveiro". Como são desprezíveis as pessoas que falam no "bom chuveiro!" E segue o parceiro: "Depois peço os jornais, sento à mesa e tomo meu café reforçado". Ah, a pena de morte, para as pessoas que tomam "café reforçado!" E a explanação continua: "Nos jornais, vocês me desculpem mas, a mim, só interessa o artigo de Macedo Soares e as histórias em quadrinhos". 

Nessa altura o autobiográfico procura colocar-se em dois planos, que lhe ficam muito bem: o que ele julga de seriedade política (Macedo) e o outro, de folgazante espiritual (histórias em quadrinhos).

E vai daí para outra modesta homenagem a si mesmo: "Aí, então, é que vou me vestir. Quanto à roupa, nunca liguei muito, mas, camisa e cueca, tenha paciência, eu mudo todo dia". O "tenha paciência" é porque está absolutamente certo de que estamos com a camisa e a cueca de ontem. "Acordo minha senhora, pergunto se ela quer alguma coisa e vou para o escritório". Gente que chama a mulher de "minha senhora" está sempre pensando que: não acreditamos que eles sejam casados no civil e no religioso; no fundo, desconfiamos de que sua mulher lhe seja infiel. 

E vai adiante o mal-feliz: "Só aí vou para o escritório, mas nunca antes de passar no jornal, para ver se há alguma coisa". Esse "passar no jornal" é um pouco difícil de explicar. Mas todo homem banal tem muita vergonha de não ser jornalista e alude sempre a um jornal, do qual tem duas ações ou pertence a um primo, ou amigo íntimo.

Vai por aí contando sua vidinha, que termina, melancolicamente, com esta frase: "À noite, eu sou da família!". Bonito! "Visto meu pijama, janto, deito no sofá e vou ver a televisão, com as crianças em cima de mim". 

Está aí o retrato perfeito do cretino nacional. E, o que é triste, além de numeroso, está em toda parte. Que horror me causam as pessoas do "bom chuveiro", do "café reforçado", os de "Macedo Soares e das histórias em quadrinhos" (os que gostam só de Macedo Soares ou só de histórias em quadrinhos são ótimos), que precisam dizer que mudam camisa e cueca todos os dias, as que citam "sua senhora" e os que "passam no jornal, antes de ir para o escritório".

Nossa maior repulsa, ainda, por quem janta de pijama e deita no sofá, com as crianças em cima. Ah, essa gente me procura tanto!

LONGEVIDADE: CONHEÇA OS NOVOS MEIOS JÁ DESCOBERTOS PELA MEDICINA

Conheça os tratamentos já encontrados pela medicina e os 
métodos experimentais que prometem prolongar a juventude.

Neste momento, há dezenas de centros de estudos espalhados pelo mundo buscando entender por que envelhecemos e como retardar esse processo. O que se quer é encontrar formas de nos deixar jovens por mais tempo, adiando o tempo em que o corpo vai perdendo gradativamente o vigor e a saúde. Na última semana, dois importantes grupos de pesquisa anunciaram passos decisivos nessa direção. Cada um a seu modo, eles conseguiram promover uma espécie de rejuvenescimento celular, feito fascinante que contribuirá para ajudar a atenuar os desgastes promovidos no organismo pela passagem do tempo.

O primeiro trabalho foi realizado por cientistas da Clínica Mayo, dos Estados Unidos. O foco dos pesquisadores foram as chamadas células senescentes. Uma célula jovem apresenta grande capacidade de se multiplicar. Com o correr dos anos, porém, ela vai perdendo essa habilidade até entrar em uma fase na qual consegue fazer apenas um número limitado de divisões. É uma espécie de limbo, quando ela nem se replica normalmente nem morre. Quando entra nesse período, é batizada de senescente. A etapa antecede a última do ciclo de uma célula, quando ela perde completamente o poder de se dividir e morre.

Há anos a ciência já sabia que essas células estavam envolvidas no surgimento de doenças associadas ao envelhecimento, mesmo estando presentes em pequena quantidade no organismo – estima-se que somem entre 10% e 15% do total de células de um idoso. O que ninguém tinha conseguido até agora era neutralizar seus efeitos. E foi exatamente o que os cientistas americanos fizeram, em cobaias, realizando uma espécie de “limpeza”.

Primeiro, eles criaram camundongos nos quais as células senescentes possuíam uma molécula específica, a caspase 8. Em seguida, desenvolveram uma droga capaz de ativá-la. Quando acionada, a molécula iniciou um processo de destruição das células senescentes, formando orifícios nas membranas que as envolvem.

O resultado dessa operação foi impressionante. As cobaias tiveram reduzida a velocidade do envelhecimento. Por isso, demoraram mais a apresentar enfermidades típicas dessa fase da vida, como catarata, e outras características, como perda de músculos. Até a quantidade de camada de gordura sob a pele se manteve, ao contrário do que acontece quando se envelhece. “Nosso estudo demonstra que remover as células senescentes pode aumentar a longevidade”, disse à ISTOÉ o pesquisador James Kirkland, diretor do Centro de Envelhecimento Robert and Arlene Kogod, da Clínica Mayo, e um dos autores do trabalho. A próxima etapa é aprofundar as experiências, ainda em animais, antes de passar para os estudos em humanos.

A segunda pesquisa também utilizou células senescentes. Os autores foram os pesquisadores da Universidade de Montpellier, na França. Ao contrário dos colegas americanos, seu objetivo não era destruir essas células, mas rejuvenescê-las. Deixá-las tão jovens a ponto de apresentarem as mesmas características de uma célula-tronco embrionária, a mais versátil de todas, capaz de gerar qualquer tecido do corpo. A façanha, inédita, foi realizada.

A primeira tentativa usou células senescentes extraídas de um homem de 74 anos. À amostra foi adicionado uma espécie de coquetel com seis fatores genéticos (substâncias capazes de interferir na expressão do DNA). O que eles viram foi fascinante. Submetidas a esses compostos, as células senescentes regrediram até o estágio em que readquiriram as características de uma célula-tronco embrionária: recuperaram sua capacidade de renovação e de se diferenciar em diversos tecidos. Ou seja, não apresentaram qualquer vestígio de envelhecimento. A experiência prosseguiu usando como voluntários indivíduos ainda mais velhos – de 92, 94, 96 e de 101 anos. O sucesso do tratamento rejuvenescedor foi o mesmo. “Agora, esperamos que nossa descoberta ajude a retardar o surgimento de doenças associadas ao envelhecimento”, disse à ISTOÉ o pesquisador Jean-Marc Lemaitre, coordenador da experiência.

Todo o investimento feito até hoje para desvendar o processo do envelhecimento já deixou claro que ele é muito mais complexo do que se imaginava. Contempla uma plêiade de fatores que atuam sozinhos ou em combinação a outros. Por isso, a ciência é obrigada a olhar em várias direções em busca de respostas. Hoje, além das células senescentes, outro alvo de grande atenção são os telômeros. Eles consistem na parte final dos cromossomos (conjunto de genes). O problema é que, a cada divisão celular, eles vão perdendo um pedaço. Com o correr dos anos, esse encurtamento pode ser tão importante que prejudica o funcionamento dos genes – fato que contribui para o desencadeamento de várias doenças.

Diversos esforços estão sendo feitos para descobrir formas de impedir o encurtamento. O médico russo Vladimir Khavinson, da Academia Médica de São Petesburgo, na Rússia, apregoa ter encontrado uma maneira. Há pelo menos 15 anos ele coordena no país europeu um experimento no qual utiliza peptídeos (proteínas formadas por menos de dez aminoácidos) extraídos da glândula pineal (envolvida no controle de ciclos vitais do nosso corpo, como o sono). “Em um grupo de idosos, que receberam o remédio durante 12 anos, a mortalidade foi reduzida em 30%”, contou ele à ISTOÉ. Recentemente, o médico esteve no Brasil apresentando resultados como esse. Porém, suas conclusões passam longe do consenso científico. “Muitos pesquisadores são céticos em relação aos estudos dele”, disse à ISTOÉ Helen Skold, chefe do Departamento de Ecologia Marinha da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. Lá, ela estuda os telômeros de corais capazes de viver uma centena de anos.

Nos consultórios, uma estratégia chama atenção também pela polêmica que desperta – e pelo número de pessoas que a estão adotando para tentar atrasar o relógio do tempo. Trata-se da modulação hormonal. Aqui, ao contrário da reposição, que administra hormônios quando sua queda já provocou efeitos visíveis na forma de fadiga, mal-estar e outras disfunções, o intuito é estabelecer vigilância para que esses desconfortos nem cheguem a aparecer ou cheguem mais brandos. Por isso, a qualquer sinal de queda, os médicos adeptos desta terapia agem.

De fato, está claro para a medicina que ao longo dos anos há uma acentuada mudança nos padrões hormonais. Isso ocorre tanto com os hormônios sexuais (os femininos estrógeno e progesterona e o masculino testosterona) quanto com outros hormônios. O desequilíbrio nesse sistema fundamental para o bom funcionamento do corpo resulta no aparecimento de vários sintomas. Pode haver mais cansaço, perda de força muscular ou outros desconfortos mais característicos do avanço da idade, além de deixar o indivíduo mais vulnerável a doenças associadas ao envelhecimento.

Um exemplo são as consequências provocadas pelos desequilíbrios na produção da insulina, hormônio que permite a entrada da glicose nas células. Com a passagem do tempo, pode-se começar a apresentar resistência ao seu funcionamento. Ou seja, a insulina está no organismo, mas as células tornam-se menos vulneráveis à sua ação. Como resultado, o pâncreas, responsável por sua produção, aumenta sua fabricação, numa tentativa de superar esse obstáculo. Porém, o resultado pode ser desastroso: pâncreas sobrecarregado e insulina – sem eficiência – sobrando no sangue. “Essa concentração pode aumentar o processo inflamatório em nível intracelular”, afirma o endrocrinologista Fernando Almeida, do Recife, especializado em medicina antienvelhecimento. “As inflamações desgastam a parede de vasos sanguíneos e podem possibilitar o surgimento da maior parte das doenças crônico-degenerativas do envelhecimento como a doença de Parkinson e de Alzheimer” diz.

Baseados nessa premissa, muitos especialistas defendem a aplicação da modulação hormonal. São vários os hormônios utilizados. O do crescimento, para impedir a redução de massa muscular. A testosterona – tanto em homens quanto em mulheres – para aumentar força e vitalidade. O T3, produzido pela tireoide, cuja queda está associada ao aumento do risco de infarto. Usam ainda o dehidroepiandrosterona (DHEA) para o fortalecimento do sistema imunológico e reparo celular, e a pregnenolona, associada ao correto desempenho das funções cerebrais.

Outra integrante da lista é a melatonina, fabricada pela glândula pineal e envolvida na regulação do sono. Estudos mostraram que o hormônio também pode ser produzido em outros pontos do organismo, fortalecendo o sistema imunológico. Isso ficou demonstrado, por exemplo, em um trabalho feito pela Universidade de São Paulo e o Instituto Nacional de Câncer. Publicada no “Journal of Immunology”, a pesquisa mostrou o mecanismo bioquímico pelo qual o hormônio pode modular a morte de células T, glóbulos brancos que atacam células infectadas. Essa morte é importante para o equilíbrio autoimune. Outro artigo, publicado no “Journal of Pineal Research”, fez uma revisão de dez estudos clínicos sobre a melatonina. Con­­­­clui-se que o hormônio se mostrou capaz de reduzir em 34% o risco de morte no período de um ano em pacientes com vários tipos de tumores. “A ação da melatonina foi consistente em todos os estudos”, diz Dugald Seely, um dos autores do estudo. No Brasil, a comercialização da melatonina não é liberada. Mas é possível usá-la desde que seja importada.

A evidência da relação entre o desequilíbrio hormonal e o surgimento de doenças associadas ao envelhecimento não é suficiente para convencer toda a comunidade médica da necessidade de interferir nesse processo. Afinal, paira sobre estratégias como a reposição ou modulação hormonal uma série de suspeitas, entre elas a de estar por trás dos chamados tumores hormônio-dependentes, como o câncer de mama, alimentado pelo aumento de estrogênio e progesterona.

Para tentar escapar das controvérsias, os médicos defensores da modulação voltam-se para o uso dos chamados hormônios bioidênticos. Eles têm estrutura molecular idêntica aos hormônios humanos embora alguns deles sejam sintetizados em laboratório. “O uso desses hormônios reduz, em vez de aumentar, os riscos de câncer”, diz Italo Rachid, ginecologista especializado em medicina anti-aging. Nem todos, no entanto, concordam. “Eles visivelmente apresentam menos riscos e mais efeitos benéficos”, afirma o endocrinologista Wilmar Accursio, presidente da Sociedade Brasileira para Estudos do Envelhecimento. “Mas são hormônios como os outros. E, como se sabe, podem alimentar células tumorais”, completa.

O que se pode afirmar com segurança é que esses hormônios não podem ser usados sem que haja pleno controle de suas reações. Também sua metabolização precisa ser monitorada. “Qualquer hormônio pode sobrecarregar os rins e o fígado”, afirma o médico Félix Magalhães, do Ambulatório de Geriatria da Escola Paulista de Medicina, em São Paulo.

Nesse intricado campo, também ganha corpo uma vertente que se propõe a tratar os efeitos provocados pela presença, no organismo, de substâncias que atrapalham a recepção, a produção e a supressão dos hormônios. “Na prática, elas sobrecarregam nosso corpo, já que também são entendidas como hormônios”, explica o endocrinologista Fernando Almeida, do Recife.

Entre as toxinas, estão pesticidas, compostos presentes na poluição e substâncias como Bisfenol-A. De composição química instável, ele se desprende facilmente do plástico quando em contato com o calor. Por essa razão, por exemplo, vários países do mundo, inclusive o Brasil, proibiram a fabricação de mamadeiras de plástico.

Infelizmente, ainda não há mecanismos capazes de eliminar essas substâncias do corpo. O tratamento proposto tem apenas a função de minimizar o efeito dessas toxinas. Para isso, os médicos indicam o recurso da detoxificação. Consiste na ingestão de uma série de compostos. Entre eles, o ômega 3, encontrado na sardinha, no atum, no salmão e nos óleos vegetais, e medicamentos como dietilindolamina, indol-3-carbinol e silimarina.

Também há a indicação de vitaminas que interferem diretamente na produção de hormônios, contrabalançando o ataque feito pelas toxinas. Nesse sentido, a descoberta mais recente diz respeito à ação da vitamina D. “Ela tem uma estrutura molecular bastante parecida com alguns hormônios”, diz o médico Fernando Almeida.  
Cilene Pereira, Mônica Tarantino e Monique Oliveira

MÁRIO QUINTANA - Mãe

Mãe... São três letras apenas
As desse nome bendito:
Também o Céu tem três letras...
E nelas cabe o infinito.

Para louvar nossa mãe,
Todo o bem que se disse
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer...

Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do Céu
E apenas menor que Deus!

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Para Sempre (Mães)


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

UMA VACINA CONTRA O CÂNCER

Ela acaba de ser aprovada nos Estados Unidos 
e é a primeira do gênero capaz de combater células cancerosas. 
O alvo de estreia é o tumor de próstata.
A esperança é que ela também possa enfrentar outros tipos de câncer.

Mais um grande passo foi dado na guerra ao mal por trás de pelo menos 8 milhões de baixas na humanidade todo ano. A FDA, agência que regula os medicamentos nos Estados Unidos, deu sinal verde para a primeira vacina terapêutica contra o câncer. Produzido pelo laboratório americano Dendreon, o novo armamento se destina, por enquanto, a homens com tumor de próstata avançado. "É a validação do conceito de imunoterapia, uma estratégia de aperfeiçoar as defesas do corpo para atacar tumores", afirma o oncologista Philip Kantoff, do Instituto de Câncer Dana-Farber, líder do estudo com 512 pacientes que legitimou a vacina.

"Ela aumenta de quatro a cinco meses a sobrevida dos doentes, o que é significativo quando a doença está mais adiantada", comenta o urologista Gustavo Guimarães, do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. De acordo com ele, num estágio um pouco mais avançado, a quimioterapia garante um fôlego extra de três meses ao paciente. Uma das vantagens, aliás, é a carência de efeitos colaterais expressivos, que se limitam a fadiga e dores de cabeça nos primeiros dias após a aplicação. Nada de náuseas e queda de cabelo, como na químio. O intrigante é que, embora benéfica, a vacina não desarticula o tumor em si. "Ao que tudo indica, ela não estaciona o câncer nem reduz seu tamanho", diz Guimarães. "Os mecanismos de ação ainda não estão totalmente esclarecidos", admite Kantoff. Ou, cá entre nós, são um segredo de Estado.

Trabalhos estão em curso inclusive para apurar um possível elo entre o tratamento e o maior risco de derrames. Até agora, a indicação se restringe a pacientes com metástase — ou seja, quando a doença já está disseminada pelo corpo —, poucos sintomas e sem resposta à terapia hormonal, normalmente convocada nessa fase. "É provável que as vacinas sejam ainda mais eficazes em tumores menores", acredita o médico e doutor em biotecnologia Fernando Kreutz, diretor da FK Biotec, companhia gaúcha pioneira em pesquisas com imunoterapia no Brasil. Por uma questão de ética, porém, os testes sempre começam pelos doentes mais comprometidos.

A expectativa é que a liberação da primeira vacina terapêutica abra caminho ao advento de outras correntes de imunoterapia. No Brasil, o pesquisador Fernando Kreutz trabalha, desde 2001, em cima de uma vacina contra o câncer de próstata aplicada direto na pele. "Diferentemente do modelo americano, partimos das células do tumor do paciente, extraídas em uma biópsia", explica. Em laboratório, elas são modificadas a fi m de facilitar o reconhecimento do antígeno — substância que dedura o câncer — pelo sistema imune. "Já tratamos 216 homens e notamos uma resposta positiva em 38% deles. Alguns pacientes relatam melhora na qualidade de vida", conta Kreutz, que também é professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Além da próstata, tumores em outros cantos do corpo estão na pontaria das vacinas. Trabalhos recentes autenticaram a eficiência de versões contra o melanoma, o câncer de pele mais agressivo, e o linfoma, que mina o sistema linfático. "Com o reforço ao sistema imune, a velocidade de crescimento da doença diminui", avalia o imunologista José Alexandre Barbuto, da Universidade de São Paulo, que comanda estudos com imunoterapia contra melanoma e câncer de rim. "Nosso método é semelhante ao da vacina americana, mas usamos células de defesa extraídas de pessoas saudáveis e a injeção é feita na própria pele", diz.

Na batalha contra o melanoma, a cirurgiã oncológica Débora Castanheira, do Hospital A.C. Camargo, pesquisou durante sete anos um tratamento parecido, destinado a pacientes em fase avançada. "Em alguns doentes houve uma resposta completa, com a regressão do tumor e o aumento da sobrevida em cinco anos", conta. Embora o projeto, que acompanhou mais de 100 indivíduos, tenha se encerrado em 2005, ele deixa como herança a evidência de que há futuro para uma vacina contra esse câncer de pele, inclusive no papel de coadjuvante da cirurgia.

Outra safra de vacinas pretende evitar a reincidência do mal. Em Belo Horizonte, o oncologista André Murad, da Universidade Federal de Minas Gerais, investiga um tratamento que visa impedir recaídas em casos de câncer de pulmão após a químio ou a radioterapia. "A droga induz o sistema imune a procurar uma substância presente nas células tumorais e a destruílas", diz Murad. A tática será testada em 1,3 mil doentes mundo afora com a promessa de atirar nas células cancerosas, deixando as sadias em paz.

As vacinas terapêuticas ainda enfrentam dificuldades que esbarram na engenhosidade do câncer, doença que varia muito de pessoa para pessoa. "É possível controlar a produção da vacina, mas não conseguimos fazer o mesmo com a sua resposta dentro do corpo", analisa Débora. "As células cancerosas costumam ser diferentes entre si, o que dificulta seu reconhecimento pelas defesas." A esperança é vencer os desafios impostos por uma doença mutante por natureza. "Contra o câncer não dependemos de uma única arma, e as vacinas terão um papel a cumprir", prevê Murad. Nessa guerra, todo apoio será bem-vindo.
Por Diogo Sponchiato – Revista Saúde – Grupo Abril

MIGUEL FALABELLA - Alguns Tangos

 
 Passei a semana inteira com uma frase na cabeça. Uma coisa que Zezé Polessa me disse, uma madrugada dessas, no meio da zoeira de uma festa. Antes de arrumar sua cabeça, arrume sua casa. Acho que é da Dra. Nise da Silveira, se não me engano. Zezé me disse que gostava deste pensamento e eu acabei guardando as palavras, desejando escrever uma crônica a partir dela, mas o telefone não parou de tocar, tive que resolver detalhes de Capitanias Hereditárias, que está quase estreando, depois fui ensaiar as substituições em South American Way, de modo que quando finalmente me sentei e encarei a tela, já não havia mais sequer casa para arrumar, quanto mais cabeça. Havia somente uma imagem que se impôs, na calada da noite: a platéia vazia de um teatro em Buenos Aires há quase uma década atrás, na última apresentação de A Partilha, na montagem de lá.
Nós atravessamos a platéia do Tabaris, em silêncio, pois as despedidas gostam de repentinos mergulhos internos. Cruzamos a passadeira vermelha, o olhar perdido nas curvas dos camarotes, acompanhando as espirais das colunas e alguém comentou que as espirais do tempo eram bem mais poderosas do que aqueles adornos. Aí, voltou o silêncio e a respiração começou acelerou, porque dizer adeus é sentir medo, de alguma forma. O medo do não reencontro, o medo dos corpos afastados pela multidão, o medo enorme cada vez que você dorme e não possa despertar, como na canção. Despedidas me deixam sempre com a sensação do menino apavorado, perdido no pavilhão.
A temporada de A Partilha, em Buenos Aires – lá chamou-se Nosotras que nos queremos tanto – estava terminada, depois de quase três anos e muitas histórias. Doris del Valle, uma das estrelas do espetáculo, afastou-se da marquise iluminada do teatro e caminhou até um ambulante que fazia ponto, logo adiante. Voltou com uma bandeira argentina jogada sobre o corpo, o sol brilhando na altura do umbigo e guardo essa fotografia na lembrança: a marquise iluminada, a atriz loura me estendendo a bandeira, um carinho, uma peça no jogo da memória. Tenho o retângulo de pano azul e branco até hoje e, curiosamente, ele guardou o perfume daquela madrugada em suas fibras.
O Tabaris não existe mais. Era um teatro lindo, não deveriam ter permitido que desaparecesse. O eterno descaso pelo patrimônio cultural nas Américas saqueadas termina por destroçar aquela geografia que aprendemos a amar, no correr da vida. E vamos absorvendo os golpes, cada qual a sua maneira – convenhamos, não é coisa fácil de se administrar internamente, assistir ao espetáculo da destruição do mundo que conhecemos. Sempre obrigados a redesenhar o mapa, sempre em busca do caminho de casa, eu ia pensando, enquanto arrumava as malas, novamente rumo a Buenos Aires, desta vez com a história da pequena notável, que vamos cantar por lá. Ainda uma vez, a baiana vai mostrar o que tem e exibir, orgulhosa, a esperança que traz em seu tabuleiro. Esperança que, diga-se de passagem, dividimos com os irmãos argentinos, cuja história se mistura com a nossa, através dos tempos – uma saga de sangue e de dor, como no melhor dos melodramas. Vamos todos - mais de trinta, como um bando de pássaros migratórios em busca de algum verão e eu, particularmente, em busca de algumas saudades.
Terminei a mala e corri para a estréia de Adriana Calcanhoto, porque sou fã de sua música e da poesia de seu coração urbano, atento às mudanças do mapa. Sempre que a ouço cantar, entendo que ela generosamente divide conosco aquele momento de vida enquadrado na janela do carro que vibra uma corda dentro. Talvez por causa da luz nos cabelos da moça que passa, talvez porque o mar estivesse ao fundo, sabe Deus! Mas aquele fotograma faz toda a diferença naquele dia, talvez o dia em que fomos mais felizes e não nos demos conta, tanta coisa ainda por fazer!
Fui com Stella Miranda e, lá pelas tantas, quando Adriana nos passou a sua cantada e perguntou: depois de ter você, poetas para quê?, Stella me sussurrou ao ouvido que uma canção daquelas dava vontade da gente amar sem pudor e ter o peito outra vez abrasado pela paixão.
- Amor sempre decepciona. – eu disse, tentando não soar amargo e, entrar no coração da poeta, os olhos arregalados, retendo cada partícula da luz. – Amor tem prazo de validade.
- Não, o próximo. – Stella me disse, sorrindo, como quem beija as palavras. – Nunca, o próximo.
Achei que ela tinha toda razão e corri de volta para casa, antes que o dia raiasse e, com a chegada daquela dama grega de dedos róseos, eu finalmente ganhasse as alturas, em busca do próximo amor.

NELSON MOTTA - Boca livre cultural

“O Conselheiro come“ é o título de uma crônica antológica de João Ubaldo Ribeiro sobre um escritor que não consegue trabalhar para atender os pedidos de entrevistas, depoimentos, prefácios, teses de mestrado e avaliações de textos, que lhe consomem muito tempo e esforço sem lhe render um tostão ou qualquer benefício. O título é uma citação da esposa do Conselheiro Ruy Barbosa, tentando explicar aos solicitantes que o marido precisava ganhar algum dinheiro com seu trabalho para pagar suas contas.

Assim como o Conselheiro e João Ubaldo, no Brasil, muitos profissionais bem sucedidos de diversas categorias são assediados por amigos, conhecidos ou estranhos para trabalhar para eles, de graça por supuesto. Alguns são pressionados a ouvir discos e a ler livros, crônicas, peças de teatro, teses de mestrado, e pior que tudo, poemas, que não gostariam de ler nem muito bem pagos.

Os verdadeiros amigos entendem eventuais recusas, os profissionais compreendem os motivos, mas muitos não tem noção, esperam que você pare tudo que está fazendo para ajudá-los no trabalho de conclusão de curso. De tanto atender pedidos para depoimentos em vários documentários, de Paulo Francis à Bossa Nova, de Wilson Simonal aos Mutantes, de Raul Seixas a Cartola, dos Dzi Croquettes a Tim Maia, acabei merecendo uma gozação do critico de cinema André Miranda como “o ator de documentários em maior atividade no momento.” Achei muito engraçado e oportuno, porque passou a me servir de álibi infalível para recusar novos depoimentos sobre os mais diversos temas: “Não dá, já fiz tantos que estou ficando ridículo como “ator de documentários”, vou queimar o teu filme, tenta o João Ubaldo.” Valeu, André.

O pior é o tempo perdido, que poderia ser gasto descansando, trabalhando ou se divertindo com sua família e seus amigos, dado de graça para um estranho. E os jornalistas que pedem para escrever um depoimento sobre João Gilberto ? Ou uma lista dos 100 maiores discos da MPB, comentados. Querem que você faça o trabalho deles. E nem imaginam o tempo e o esforço que me custam para escrever uma pequena crônica como esta.

FERNANDA TORRES - Lei Áurea

-->Minha sogra, Irina Popov, é ucraniana. Os Popov se deixaram capturar pelos nazistas porque consideraram Hitler uma opção melhor do que Stalin. Bons tempos. Depois de amargar dez anos entre campos de trabalho e de refugiados, uma parte do grupo veio parar na Guanabara, a outra permaneceu na antiga União Soviética.
Evguéniy é um Popov de Kriviy Rig, na Ucrânia. Engenheiro aposentado, tem uma namorada, Lena, com quem divide uma datcha, um pedaço de terra, no quintal da casa dela. Lá, Génia planta as batatas que ambos comem no inverno. Em 1986, quando em visita aos parentes daqui, passeou pelos corredores dos supermercados exclamando ohs! e ahs! de fascinação.
Não entendia o porquê das diferentes marcas. Leite, para Génia, era leite. Carne era carne. Que mistério separava um Glória de um Nestlé, uma Becel de uma Doriana?
A sobrinha, Iratchka, enfrentou o tórrido verão do último dezembro carioca. Ginecologista em uma clínica de ultrassom em Lviv, no lado ocidental da Ucrânia, assistiu à queima de fogos em Copacabana e visitou Paraty.
Na despedida, refletindo sobre o que levaria dos trópicos, comentou saudosa: “Jamais pensei que um dia eu fosse experimentar o conforto de viver cercada de escravos!”.
Foi embora, deixando para trás a vergonha e a consciência da desigualdade social. A Revolução de 1917 socializou a pobreza, mas acabou com a servidão.
As relações entre patrões e empregados no Brasil seguem herdeiras de Casa Grande & Senzala, com senhor e servo dividindo o mesmo espaço comum. Nesse melê, as leis trabalhistas tendem a se tornar irrelevantes, as cargas horárias difíceis de ser mensuradas, bem como o direito de ir e vir. O que custa fazer um suco? Pegar uma roupa no chão? Como as mães faziam, antes das feministas e da competição do mercado.
A chegada dos filhos e o aumento da carga de trabalho transformaram a minha economia pessoal em uma microempresa privada. Hoje, sustento uma máquina que me permite representar e escrever sem que a retaguarda desmorone. Por entender que o pessoal de casa faz parte do meu processo produtivo, tentei aplicar nos contratos domésticos as regras salariais do setor empresarial. Sempre paguei FGTS, seguro-saúde, vale-transporte e hora extra.
Mas a pressão da vida adulta já me fez cometer abusos. Pode-se alegar que o Brasil só será um país desenvolvido no dia em que cada um lavar a sua louça, dobrar os lençóis e contar com uma ajuda bissexta na faxina.
Quando o transporte, a educação e a segurança pública, as creches e as lavanderias de esquina se tornarem uma realidade corriqueira. Por enquanto, o serviço doméstico ainda emprega um naco relevante da mão de obra sem formação superior do país.
O esforço de regular e definir os direitos desses prestadores de serviço é mais que bem-vindo. Sou abolicionista, pelo menos gosto de me ver assim, mas necessito da ajuda de terceiros para tocar o barco.
Uma legislação que profissionalize o legado maldito da escravidão já alivia a culpa da despedida da prima ucraniana. Mas não resolve a injustiça. Basta rever o discurso de Marlon Brando no clássico Queimada.

FAXINA GERAL - Martha Medeiros


Há muitas coisas boas em se mudar de casa ou apartamento. Em princípio, toda e qualquer mudança é um avanço, um passo à frente, uma ousadia que nos concedemos, nós que tememos tanto o desconhecido. Mudar de endereço, no entanto, trás um benefício extra. Você pode estar se mudando porque agora tem condições de morar melhor, ou, ao contrário, porque está sem condições de manter o que possui e necessita ir para um lugar menor. Em qualquer dos dois casos, de uma coisa ninguém escapa: é hora de jogar muita tralha fora. E, se avaliarmos a situação sem meter o coração no meio, chegaremos a um previsível diagnóstico: quase tudo que guardamos é tralha.

Começando pelo segundo caso, de você estar indo para um lugar menor. Salve! Considere isso uma simplificação da vida, e não um passo atrás. Não haverá espaço para guardar todos os seus móveis e badulaques. Se você for muito sentimental, vai doer um pouquinho. Mas não é crime ser racional: olhe que oportunidade de ouro para desfazer-se daquela estante enorme que ocupa todo o corredor, e também daquela sala de jantar de oito lugares que você só usa em meia dúzia de ocasiões especiais, já que faz as refeições do dia-a-dia na copa. Para que tantas poltronas gordas, tanta mobília herdada, tantos quadros que, pensando bem, nem bonitos são? Xô! Leve com você apenas o que combina e cabe na sua nova etapa de vida. O que sobrar, venda, ou melhor ainda: doe. Você vai se sentir como se tivesse feito o regime das nove luas, a dieta do leite azedo, ou seja lá o que estiver na moda hoje para emagrecer.

No caso de você estar indo para um lugar maior, vale o mesmo. Aproveite a chance espetacular que a vida está lhe dando para exercitar o desapego. Para que iniciar vida nova com coisa velha? Ok, você foi a fundo de caixa, e não sobrou nada para a decoração, compreende-se. Pois leve seu fogão, sua geladeira, sua cama, seu sofá e o imprescindível para não dormir no chão. Pra começar, isso basta. Coragem, é hora de passar adiante todas as roupas que você pensa que vai usar um dia, sabendo que não vai. Hora de botar no lixo todas as panelas sem cabo, os tapetes desfiados, as almofadas com rombos, os discos arranhados, as plantas semimortas, aquela lixeira medonha do banheiro, os copos trincados, os guias telefônicos de três anos atrás, todas as flores artificiais, as revistas empoeiradas que você coleciona, a máquina de escrever guardada no baú, o aquário vazio e o violão com duas cordas. Tudo isso e mais o que você esconde no armário da dependência de serviço. Vamos lá, seja homem.

Caso você não esteja de mudança marcada, invente outra desculpa qualquer, mas livre-se você também da sua tralha. Poucas experiências são mais transcendentais como deixar nossas tranqueiras pra trás.

HIPOTÁLAMO TEM A CHAVE DO ENVELHECIMENTO

Cientistas americanos identificam mecanismo no cérebro de 
camundongos que pode ser ajustado para encurtar ou alongar a vida.
Mecanismo pode aumentar a vida de roedores em 20%.

NOVA YORK - Cientistas americanos descobriram um centro de comando biológico para o processo de envelhecimento em um pedaço de cérebro do tamanho de uma noz: o hipotálamo. O mecanismo, nas profundezas do cérebro de camundongos, mostrou ainda que pode ser ajustado para encurtar ou alongar a vida dos roedores.

Em uma série de experimentos, os pesquisadores descobriram que poderiam aumentar a vida dor camundongos em 20%, sem que os animais sofressem de fraqueza muscular, perda óssea ou problemas de memória comuns na idade avançada.

O trabalho levanta a perspectiva tentadora de medicamentos que retardam o envelhecimento natural para prolongar a vida de seres humanos, mas mais crucial para evitar doenças relacionadas à idade, tais como diabetes, doenças cardíacas e mal de Alzheimer.

— Estamos animados com o trabalho, que apoia a ideia que o envelhecimento é mais que uma deterioração passiva de diferentes tecidos. Há um controle e pode ser manipulado — disse o pesquisador Dongsheng Cai ao jornal “Guardian”.

Na revista “Nature”, que publicou o estudo, os cientistas descrevem como chegaram ao que parece ser o centro de controle de envelhecimento no organismo. Eles descobriram que um composto químico chamado NF-kB se tornava mais ativo no cérebro de camundongos conforme eles envelheciam. Quando os pesquisadores bloquearam a substância, os camundongos viveram até 1100 dias, enquanto roedores saudáveis vivem entre 600 e mil dias. Quando eles aumentaram o nível de NF-kB, todos os camundongos morreram em 900 dias.

Testes feitos nos animais em seis meses de estudos constataram que aqueles sem NF-kB tinham mais músculos e ossos, eram mais saudáveis e melhores no aprendizado. Trabalhos posteriores mostraram que o NF-kB baixava os níveis de um hormônio chamado GnRH, mais conhecido pelo papel na fertilidade e no desenvolvimento de esperma e óvulos. Quando os cientistas deram aos camundongos velhos doses de GnRH, descobriram que o hormônio também estendeu a vida dos animais, e até gerou neurônios novos.

Segundo Cai, há muitas maneiras de conter o envelhecimento, “mas por enquanto vamos trabalhar para entender este mecanismo”, disse.

Em um artigo que acompanhava o estudo na “Nature”, Bruce Yankner, da Escola de Medicina de Harvard, e Dana Gabuzda, do Instituto de Câncer Dana-Farber, em Boston, escreveram que, se confirmados, os resultados podem ter “implicações importantes para o entendimento e tratamento de doenças relacionadas à idade”.


EXERCÍCIOS SÃO A CHAVE PARA DORMIR BEM

Se você sente muito sono durante o dia ou acha que levantar da cama pela manhã é uma verdadeira sessão de tortura, talvez seja hora de adotar uma boa rotina de exercícios – e, de acordo com o mais recente estudo da Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos, mesmo exercícios leves podem ajudar muito a ter uma boa noite de sono.

“Com toda a imagem ruim que remédios para dormir ganharam ultimamente, é bom saber que há uma mudança de estilo de vida que pode nos ajudar a dormir melhor”, destaca a médica Barbara Phillips, do Laboratório do Sono do Sistema de Saúde do Reino Unido. “Os novos dados indicam que não importa quanto nos exercitamos, contanto que façamos exercícios”.

Desde 1991, a Fundação realiza anualmente uma enquete sobre a qualidade do sono entrevistando mil pessoas com idade de 23 a 60 anos. Na edição de 2013, que teve os resultados divulgados recentemente, mais participantes que diziam praticar exercícios físicos intensos, moderados ou leves relataram ter noites de sono melhores (de 56% a 67%) em comparação com aqueles que não se exercitavam (39%).

“Se você é inativo, fazer 10 minutos de caminhada por dia pode aumentar suas chances de ter uma boa noite de sono”, aponta Max Hirshkowitz, um dos responsáveis pela enquete. “Os dados da nossa pesquisa certamente encontraram uma relação forte entre bom sono e exercícios”.
Sedentarismo e noites ruins

Um em cada dois participantes que não se exercita disse que acaba acordando no meio da noite, e um em cada quatro disse que tem dificuldade para cair no sono.

“Sono ruim pode prejudicar a saúde em parte porque deixa as pessoas menos inclinadas a se exercitar”, explica Shawn Youngstedt, que ajudou a conduzir o estudo. “Mais da metade (57%) de todos os participantes disse que seu nível de atividade é menor do que o usual depois de uma noite de sono ruim. Não se exercitar e não dormir se torna um círculo vicioso”.

Outro problema relacionado à falta de exercícios foi a apneia do sono (distúrbio que faz com que a pessoa pare de respirar repentinamente enquanto dorme): 44% dos participantes inativos apresentaram risco moderado de desenvolver o problema, contra 26% dos que praticam exercícios leves, 22% dos que praticam exercícios moderados e 19% dos que praticam exercícios intensos.

Além da ausência de exercícios, o excesso de tempo que a pessoa passa sentada também se mostrou problemático: entre aqueles que passavam mais de oito horas diárias sentados, em torno de 15% disseram dormir muito bem, menos do que aqueles que passavam menos tempo (cerca de 25%).
Mexa-se (de manhã, de tarde ou de noite)

Mesmo os participantes que se exercitavam perto da hora de dormir não relataram problemas de sono, em comparação com aqueles que se exercitavam mais cedo. Esse resultado contraria a antiga recomendação de não fazer exercícios à noite, e levou a Fundação a recomendar que as pessoas com sono “normal” se exercitem a qualquer hora do dia, contanto que não troquem horas de sono por horas de exercício. No caso de pessoas com insônia crônica, contudo, a recomendação de não fazer exercícios à noite continua.

Para encerrar, confira a seguir algumas dicas rápidas para dormir melhor:
  • Faça exercícios físicos regularmente (exercícios intensos seriam o ideal, mas moderados e leves também são bons);
  • Crie um ambiente apropriado para dormir – escuro, fresco e silencioso;
  • Tenha um “ritual de relaxamento” antes de dormir, como tomar um banho morno ou ouvir músicas relaxantes;
  • Evite se expor demais a luz à noite, e aproveite a luz natural durante o dia;
  • Procure usar seu quarto apenas para dormir, não para trabalhar;
  • Deixe para se preocupar durante o dia. Se algo estiver te pertubando na hora de dormir, anote e só se preocupe com isso pela manhã;
  • Se estiver com insônia não insista: levante da cama e vá fazer algo relaxante, como ler;
  • Se você se sentir constantemente cansado durante o dia, roncar demais ou acordar sem fôlego, fale com seu médico. 
    Por Guilherme de Souza[Medical Xpress, LiveScience]

UNIÃO EUROPEIA INVESTE EM PROGRAMA PARA PREVER O FUTURO

Forte candidato para receber um investimento bilionário o “FuturICT” é um ambicioso sistema de informação que pretende “prever” o futuro da sociedade de forma análoga ao preconizado pela trilogia de ficção científica “Fundação”.

Nesse clássico da Ficção Científica, o célebre escritor Isaac Asimov, na voz do personagem Henri Seldon (um brilhante matemático) concebe uma neociência denominada “psicohistória”.

É através das previsões dessa nova ciência que a humanidade torna-se capaz de evitar um desastroso colapso social, antecipando-se – com uma margem de alguns milhares de anos – na elaboração de um fantástico plano de contingências.

Ficção científica à parte, o FuturICT, de acordo com seus idealizadores, atuaria com base em simulações sociais computadorizadas, alimentadas por dados colhidos, em tempo real, oriundos das mais diversas atividades humanas.

Por meio de tratamentos estatísticos esperam poder traçar as principais tendências para a construção do futuro da humanidade, simulando os cenários prováveis do ponto de vista social, científico-tecnológico, econômico, político e ambiental e com isso antecipar as devidas respostas à eventuais crises e a consequente eleição de seus respectivos planos de contingências.

— Não estamos fabricando uma bola de cristal — garantiu Dirk Helbing, físico e matemático do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça em Zurique e um dos líderes do FuturICT, numa entrevista para o Globo na semana passada.

— O que pretendemos é elencar o ferramental necessário na elucidação das relações causais, e descobrir por que alguns sistemas são estáveis e outros não.

De acordo com o portal desse projeto, seu objetivo final é compreender e gerenciar os sistemas complexos globais, socialmente interativos, tendo como principais focos a sustentabilidade e a resiliência.

Para tal, pretendem conjugar esforços de instituições acadêmicas, centros de pesquisa e outras organizações científicas, centros de supercomputação, empresas e parceiros industriais, indivíduos notáveis, centros de artes, agências governamentais e outras organizações políticas.

Os idealizadores do projeto acreditam que a integração das ciências da cognição, das tecnologias de informação e comunicação (TIC), da ciência da complexidade e das Ciências Sociais criará uma mudança de paradigma, facilitando uma coevolução simbiótica das TIC e da sociedade como um todo.

É esperar pra ver.

[Imagem: Portal Futur ICT]
[Fontes: O Globo e www.futurict.eu]

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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