BORBOLETA - Edmir Silveira


Dança borboleta com essa luz que sai de ti,
Dança a tua dança, a alegria de sorrir

Dança pra esse sol que ilumina tuas praias,
Dança na prainha, na macumba ou grumari

Dança pelos sonhos, vida louca por você,
Danças com tuas asas, você veio pra voar,

Dança a natureza na mulher que sabe que
A vida vale a pena quando a gente ama assim

Voa borboleta...

ALBERT CAMUS - Fragmentos 1


«Os tristes têm duas razões para o ser: ignoram ou esperam»

«O que é, com efeito, o homem absurdo? Aquele que, sem o negar, nada faz pelo eterno»

«A verdadeira generosidade em relação ao futuro consiste em dar tudo no presente»

»Eu amo a vida, eis a minha verdadeira fraqueza. Amo-a tanto, que não tenho nenhuma imaginação para o que não for vida»

»Não há amor generoso senão aquele que se sabe ao mesmo tempo passageiro e singular»

»Na luz, o mundo continua a ser nosso primeiro e último amor»

»Nasce então a estranha alegria que nos ajuda a viver e a morrer e que, de agora em diante, não recusamos a adiar para mais tarde. Na terra dolorosa, ela é o joio inesgotável, o amargo alimento, o vento forte que vem dos mares, a antiga e a nova aurora»

»A característica do homem absurdo é não acreditar no sentido profundo das coisas. Ele percorre, armazena e queima os rostos calorosos ou maravilhados. O tempo caminha com ele. O homem absurdo é aquele que não se separa do tempo»

»Um grande escritor sempre traz consigo seu mundo e sua prédica»

»A revolta nasce do espetáculo da desrazão diante de uma condição injusta e incompreensível»

»Chamo verdade a tudo o que continua...»

»Eu não creio em Deus, é verdade. Mas nem por isso sou ateu»

»Mas só há um mundo. A felicidade e o absurdo são dois filhos da mesma terra. São inseparáveis. O erro seria dizer que a felicidade nasce forçosamente da descoberta absurda. Acontece também que o sentimento do absurdo nasça da felicidade. “Acho que tudo está bem”, diz Édipo e essa frase é sagrada. Ressoa no universo altivo e limitado do homem. Ensina que nem tudo está perdido, que nem tudo foi esgotado. Expulsa deste mundo um deus que nele entrara com a insatisfação e o gosto das dores Inúteis. Faz do destino uma questão do homem, que deve ser tratado entre homens. Toda a alegria silenciosa de Sísifo aqui reside. O seu destino pertence-lhe»

»Não existe pátria para quem desespera e, quanto a mim, sei que o mar me precede e me segue, e minha loucura está sempre pronta. Aqueles que se amam e são separados podem viver sua dor, mas isso não é desespero: eles sabem que o amor existe. Eis porque sofro, de olhos secos, este exílio. Espero ainda. Um dia chega, enfim...»

»Caminhamos ao encontro do amor e do desejo. Não buscamos lições, nem a amarga filosofia que se exige da grandeza. Além do sol, dos beijos e dos perfumes selvagens, tudo o mais nos parece fútil. Quando a mim, não procuro estar sozinho nesse lugar. Muitas vezes estive aqui com aqueles que amava, e discernia em seus traços o claro sorriso que neles tomava a face do amor. Deixo a outros a ordem e a medida. Domina-me por completo a grande libertinagem da natureza e do mar»

»Igualmente enfermo, cúmplice e ruidoso, acaso não lancei meus gritos por entre as pedras? Também eu esforço-me por esquecer, caminho através de nossas cidades de ferro e fogo, sorrio corajosamente à tristeza, chamo ao longe as tempestades, serei fiel. Em verdade esqueci: sou ativo e surdo a partir desse momento. Mas um dia talvez, quando estivermos prestes a morrer de esgotarem e ignorância, eu possa renunciar aos nossos túmulos espalhafatosos para ir deitar-me no vale sob a mesma luz, e possa aprender pela última vez aquilo que sei.

VOCÊ SABE APERTAR O “OFF”? - Luciana Vicária

Ontem me deparei com uma amiga de infância super querida no elevador de um prédio comercial em São Paulo. Prestes a dizer um simpático: “Oi Adriana, há quanto tempo a gente não se vê…”, fui inibida. Adriana entrou ouvindo música em fones de ouvido que se prendiam a sua cabeça em uma espécie de tiara rosa, com grandes pompons pink nas orelhas. Adriana também manipulava o celular freneticamente, avançava as telas com o dedo e digitava no teclado virtual como se tivesse atrasada para uma reunião. Tinha o olhar fixo no iPhone.

Enquanto eu acompanhava os números crescerem no visor digital do elevador, ainda tinha esperanças que Adriana olhasse para mim. Não aconteceu. Ela estava praticamente adbuzida pela tecnologia. Não notou ninguém. A porta se abriu no 12º andar e Adriana continuou em passos firmes para seu destino, sem largar o fone ou o celular.

É cada vez mais comum a gente se deparar com pessoas conectadíssimas. Sim, a tecnologia nos deu mobilidade, rompeu barreiras, abriu nossos horizontes. Mas, de vez em quando, é preciso saber desconectar. Enquanto estamos presos na tecnologia, o mundo parece vazio ao nosso redor.

O vídeo da empresa tailandesa de telecomunicações DTAC mostra o quanto se pode perder da vida quando exageramos na tecnologia. As pessoas parecem invisíveis aos olhos de quem só presta atenção no e-mail, no celular, no iPod.

De vez em quando, a gente precisa saber apertar o “off” para reparar no arco-íris, apreciar o sorriso de quem se ama ou até, quem sabe, encontrar alguém especial. Hoje vou procurar Adriana no Facebook e contar pra ela o que aconteceu com a gente.

BACTÉRIAS PODEM CAUSAR SINTOMAS DA DEPRESSÃO



Habitantes da nossa própria flora intestinal 
podem cair na corrente sanguínea e influir no humor

Populações de bactérias vivem naturalmente em nosso intestino – elas formam o que conhecemos popularmente como flora intestinal. Ajudam a digerir alimentos e a controlar, por competição, a proliferação de outros micro-organismos que podem causar doenças. Elas ficam restritas ao intestino graças a uma parede impermeável de células que impede que escapem e caiam na corrente sanguínea.

Há situações, porém, em que essa camada celular sofre desgaste (veja quadro ao lado) e substâncias tóxicas e bactérias vazam para o sangue. Estudos recentes apontam relações entre esse desequilíbrio e alterações no humor. Em um deles, publicado no Acta Psychiatrica Scandinavica, pesquisadores analisaram amostras de sangue de pessoas com depressão e observaram que 35% delas apresentavam sinais de bactérias da flora fora do intestino, o que os cientistas chamam de leaky gut (intestino “mal vedado”).

Ainda não está clara a relação entre a fuga desses micróbios de órgãos do sistema digestivo e o surgimento de sintomas depressivos. Uma hipótese é que o organismo detecta essas bactérias fora do local onde deveriam estar e desencadeia respostas autoimunes e inflamações, que “são reconhecidamente fatores que afetam o humor e a disposição física e podem desencadear episódios de depressão, conforme já demonstrado por estudos anteriores”, diz o psiquiatra Michael Maes, autor do artigo.

Atualmente, o tratamento para regenerar a parede de células que reveste o intestino envolve, além de mudanças na dieta e busca por hábitosmais saudáveis, administração de glutamina, N-acetilcisteína e zinco – ao qual são atribuídas propriedades anti-inflamatórias.

Causas de intestino "mal vedado"
-Uso frequente de analgésicos
      -Hipersensibilidade ao glúten
-Antibióticos
     
-Alergias severas a determinados alimentos
-Infeccções, como HIV
      -Terapia de radiação

-Doenças autoimunes
      -Doenças inflamatórias em geral

-Abuso do álcool
      -Estresse

-Doenças inflamatórias do intestino
      -Exaustão
Alfred Pasieka | Science Source

O AMOR É UM SENTIMENTO DESTINADO À FELICIDADE - Arthur da Távola

O amor é um sentimento destinado à felicidade,
tanto quanto ao sofrimento e também à doação.
Se você ama (melhor seria dizer: se você é capaz de amar),
não espere só grandes recompensas, respostas otimistas.
Amar é apesar.

Amor é o sentimento que se instala a partir do primeiro tédio.
Amor não é o que nos atrai em alguém.
Isso é atração, paixão, ou qualquer coisa parecida.
Amor é o que nos mantém unidos.

Quando menos sentimentos exaltados,
mais amor, união e durabilidade.
O amor é um sentimento embaraçado nas raízes fundas do sentimento.
Quem ama nem tem consciência dessas raízes.
Teme-as. Prefere não vê-las.
Porque vê-las será revelar-se.
E revelar-se assusta.
O amor é também o sentimento misturado com rejeição,
raiva, irritação, convivência, desinteresse, tédio, o vazio a dois, o sumiço da paixão e as emoções mais intensas.
Ele é tão grande, tão pleno, tão poderoso e incrível
que resiste a tudo isso, inclusive as impossibilidades,
estranho veneno que o alimenta.
Mas isso é amor dodói.
Amor saudável é apenas bom.
Você não deixa de amar apenas porque já não gosta igual
ou não sente a mesma atração.
Talvez só agora você comece a ficar maduro o suficiente para poder começar a amar.
Pessoas que se atraem à perdição
talvez ainda nem começaram a se amar.
Enquanto apenas se atraírem, não alcançarão o amor.
Alcançar o amor tem tanto de renúncia quanto de alegria,
felicidade ou glória.
Sim, a felicidade pessoal é compatível com o amor.
Infelicidade, jamais.
Mas amor é sério demais para almejar apenas felicidade.
O amor visa a eternidade.
A felicidade é apenas um caminho para ela.
Assim como é preciso alguma crueldade para viver.
Assim como há sempre alguma agressão embrulhada em qualquer vitória, assim, também, a alegria precisa de alguma inconseqüência. Sem esta, restará apenas a lucidez, que é sempre repleta de ''trágicos deveres''.
Libertando-nos da plena consciência, a inconseqüência nos permite alguma alegria.
Já felicidade é outro assunto.
Está no campo do amor.
Felicidade ganha de alegria assim como amor ganha de paixão.
Mesmo quando venha nesta embrulhado.

O APITO - Luis Fernando Verissimo

Tudo o que o Mafra dizia, o Dubin duvidava. Eram inseparáveis, mas viviam brigando. Porque o Mafra contava histórias fantásticas e o Dubin sempre fazia aquela cara de conta outra.
— Uma vez...
— Lá vem história.
— Eu nem comecei e você já está duvidando?
— Duvidando, não. Não acredito mesmo.
— Mas eu nem contei ainda!
— Então conta.
— Uma vez eu fui a um baile só de pernetas e...
— Eu não disse? Eu não disse?
O Mafra às vezes fazia questão de provar as suas histórias para o Dubin.
— Dubin, eu sou ou não sou pai-de-santo honorário?
O Dubin relutava, mas confirmava.
— É.
Mas em seguida arrematava:
— Também, aquele terreiro está aceitando até turista argentino...
Então veio o caso do apito. Um dia, numa roda, assim no mais , o Mafra revelou:
— Tenho um apito de chamar mulher.
— O quê?
— Um apito de chamar mulher.
Ninguém acreditou. O Dubin chegou a bater com a cabeça na mesa, gemendo:
— Ai meu Deus! Ai meu Deus!
— Não quer acreditar, não acredita. Mas tenho.
— Então mostra.
— Não está aqui. E aqui não precisa apito. É só dizer "vem cá".
O Dubin gesticulava para o céu, apelando por justiça.
— Um apito de chamar mulher! Só faltava essa!
Mas aconteceu o seguinte: Mafra e Dubin foram juntos numa viagem (Mafra queria provar ao Dubin que tinha mesmo terras na Amazônia, uma ilha que mudava de lugar conforme as cheias) e o avião caiu em plena selva. Ninguém se pisou, todos sobreviveram e depois de uma semana a frutas e água foram salvos pela FAB. Na volta, cercados pelos amigos, Mafra e Dubin contaram sua aventura. E Mafra, triunfante, pediu para Dubin:
— Agora conta do meu apito.
— Conta você — disse Dubin, contrafeito.
— O apito existia ou não existia?
— Existia.
— Conta, conta — pediram os outros.
— Foi no quarto ou quinto dia. Já sabíamos que ninguém morreria. A FAB já tinha nos localizado. O salvamento era só uma questão de tempo. Então, naquela descontração geral, tirei o meu apito do bolso.
— O tal de chamar mulher?
— Exato. Estou mentindo, Dubinzinho?
— Não — murmurou Dubinzinho.
— Soprei o apito e pimba.
— Apareceram mulheres?
— Coisa de dez minutos. Três mulheres.
Todos se viraram para o Dubin incrédulos.
— É verdade?
— É — concedeu Dubin.
Fez-se um silêncio de puro espanto. No fim do qual Dubin falou outra vez:
— Mas também, era cada bucho!

A ESTANTE - Ferreira Gullar

Naquele novo apartamento da rua Visconde de Pirajá pela primeira vez teria um escritório para trabalhar. Não era um cômodo muito grande mas dava para armar ali a minha tenda de reflexões e leitura: uma escrivaninha, um sofá e os livros. Na parede da esquerda ficaria a grande e sonhada estante que caberia todos os meus livros. Tratei de encomendá-la a seu Joaquim, um marceneiro que tinha oficina na rua Garcia D'Avila com Barão da Torre.

O apartamento não ficava tão perto da oficina. Era quase em frente ao prédio onde morava Mário Pedrosa, entre a Farme de Amoedo e a antiga Montenegro, hoje Vinicius de Moraes. Estava ali há uma semana e nem decorara ainda o número do prédio. Tanto que, quando seu Joaquim, ao preencher a nota da encomenda, perguntou-me onde seria entregue a estante, tive um momento de hesitação. Mas foi só um momento. Pensei rápido: "Se o prédio do Mário é 228, o meu, que fica quase em frente, deve ser 227. "Mas lembrei-me de que, ao ir ali pela primeira vez, observara que, apesar de ficar em frente ao do Mário, havia uma diferença na numeração.

Visconde de Pirajá 127 — respondi, e seu Joaquim desenhou o endereço na nota.

Tudo bem, seu Ferreira. Dentro de um mês estará lá sua estante.

Um mês, seu Joaquim! Tudo isso? Veja se reduz esse prazo.

A estante é grande, dá muito trabalho... Digamos, três semanas.

Contei as semanas. Não via chegar o momento de ter no escritório a estante sonhada, onde enfim poderia arrumar os livros por assunto e autores. E,mais que isso, sentir-me um escritor de verdade, um profissional, cercado de livros por todos os lados. No dia da entrega, voltei do trabalho apressado para ver minha estante.

Como é, veio? — perguntei ao entrar.

Veio o quê?

Como o quê? A estante!

Não viera. Seu Joaquim não cumprira com a palavra empenhada, ah português filho de... Telefonei para ele sem dissimular, no tom da voz, minha irritação. E ele:

Como não cumpri? Andei com dois homens de cima para baixo da rua e não encontrei o tal número que o senhor me indicou. Não existe na rua Visconde de Pirajá o número 127, senhor Ferreira.

Fiquei sem ação. Dera a ele o número errado.

Diga-me o número certo e sua estante estará em sua casa amanhã mesmo.

Fiquei sem palavra. Se não era 127, qual número seria? Não era 227, disso
tinha certeza... E o Joaquim ao telefone:

Qual o número, seu Ferreira?

É 217, seu Joaquim... É isso, 217.

Muito bem, 217. Já anotei. Amanhã terá sua estante.

Não tive. Ao chegar em casa e verificar que a estante não estava lá, conclui que havia dado de novo o número errado ao marceneiro. E corri para o telefone a fim de me desculpar.

Seu Joaquim, é o senhor Ferreira... da estante.

O senhor está querendo brincar comigo?

Fui tomado por um frouxo de riso, enquanto seu Joaquim, indignado, dizia que não ia mais entregar estante nenhuma, que eu fosse buscá-la, pois já era a segunda vez que subira e descera a Visconde de Pirajá, carregando aquela estante enorme, etc. etc...

EDUARDO GALEANO - Fragmentos

Quando as palvras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar”.

"A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo."

Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca”.

Não importa de onde vim, mais sim aonde quero chegar".

"A utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."

A Igreja diz: o corpo é uma culpa. A Ciência diz: o corpo é uma máquina. A publicidade diz: o corpo é um negócio. E o corpo diz: eu sou uma festa”.

NOITES SEM VOCÊ - Daniela G. Rimde


Como o vazio da noite é tão cheio de você. 
A cada segundo a tua falta pulsa em mim. 
há o escuro, cego, teus olhos não estão mais aqui;

Como é vazia a noite sem as tuas mãos, sem a tua voz. 
Como sou vazia sem você em mim. 
E mais ainda sem mim em você;

Como a noite é tão cheia de saudade 
e tão vazia do teu corpo no meu corpo,
dos teus sonhos nos meus sonhos. 
Tão vazia de mim.

Como o vazio da noite é tão cheio de você, 
como o vazio da noite é tão cheio de lembranças. 
E quanto melhores as lembranças maior a dor.

Como são vazias e longas as noites sem você.

CAETANO VELOSO - Parafuso

 
No dia 5 de fevereiro próximo (2014), na sede da Anistia Internacional, no Rio, haverá uma reunião para abrir o debate sobre a possibilidade de o Brasil finalmente dar asilo a Edward Snowden. Nosso país é sua escolha preferencial

Edward Snowden é uma figura forte. Sua presença pública tem o sabor das entradas individuais que desencadeiam coisas grandes na cena do mundo. Jovem, ele parece um pouco o garoto que, em “E la nave va”, deflagra, com um único gesto, a Primeira Guerra Mundial. Falo do personagem do filme e não do homem real que matou o arquiduque da Áustria porque é a captação poética do tipo de agente histórico que me interessa evocar. Snowden é a mostra de que vivemos um tempo cheio de presságios, esperanças, ameaças. O presidente do seu país de origem, Barack Obama, um mulato que é o primeiro negro eleito para o posto e que representa, não apenas por isso, todo um mundo de ideias opostas às forças conservadoras, diz sobre ele o mesmo que diria um representante dessas forças: tendo optado por fazer do que descobriu uma denúncia pública, em vez de uma queixa interna, Snowden pôs a segurança dos Estado Unidos em xeque. Mas não há no mundo quem não pense que só a denúncia externa seria eficiente contra o que Snowden achou moralmente inaceitável. Por uma volta caprichosa do parafuso da História, ele foi encontrar guarida num país em que o respeito às individualidades é oficialmente (e desde sempre) muito menos respeitado do que nos EUA: a Rússia. Não deixa de ser significativo — e, em grande medida, honroso — para nós que, vendo o tempo de refúgio temporário se esvair e querendo encontrar-se em ambiente mais confortável, ele tenha pensado no Brasil, começando a namorar-nos num texto vago, aparentemente escrito para sondar a reação das nossas autoridades, que poderá se traduzir em pedido oficial de asilo político caso exibamos simpatia. (Antes de conseguir o asilo temporário que a Rússia lhe concedeu, Snowden expediu pedido para 21 países, o Brasil entre eles, tendo sido atendido apenas por Bolívia, Venezuela e Nicarágua.)

No dia 5 de fevereiro, na sede da Anistia Internacional, no Rio, haverá uma reunião para abrir o debate sobre a possibilidade de o Brasil finalmente dar asilo ao americano. Glenn Greenwald, o jornalista a quem primeiro Snowden falou sobre os supergrampos da NSA, já disse que nosso país é sua escolha preferencial. E David Miranda, o namorado de Greenwald, é o autor da petição na Avaaz para que o governo brasileiro conceda o asilo a Snowden. Emocionalmente, é-me quase irresistível aderir à campanha de Miranda (que ficou horas preso no antipático aeroporto londrino de Heathrow sob suspeita de “terrorismo”). Não estou no Rio e não estarei lá no dia 5. Se estivesse, iria à Anistia para ouvir o debate e me sentir mais seguro para assinar a petição na Avaaz.



Falta-me sobretudo pesar racionalmente a questão. No coração, desejo que Snowden venha morar no Rio e fique muito mais apaixonado pelo Brasil do que Ronald Biggs. Vivo num mundo de sonhos cor-de-rosa e ficaria feliz se um cara como o jovem americano se ligasse mais ao Jardim Botânico do que Brigitte Bardot se ligou a Búzios. Seja como for, sinto, sem piada, que seria um gesto bonito acolher Snowden. Claro que quero que as relações entre o Brasil e os Estados Unidos possam melhorar e não sou tão desinteressado assim do assento brasileiro no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Preferiria nada arriscar a perder oportunidades para o Brasil. Sou amalucadamente patriota. Mas é porque quero que se invente algo bom tendo o Brasil como pretexto. Claro que, num mundo ideal, eu teria meu Brasil acumulando poderes para redimensionar os valores por trás do Poder. Dessa perspectiva irrealista é que o asilo a Snowden me parece totalmente desejável. Mas não só. Há mil situações realistas entrelaçadas em diferentes instâncias dessa minha visão irreal. Faz uma semana, escrevi aqui uma série de maluquices sob a palavra “superstição”. Sou esse tipo de cara. Eu mesmo não estou certo de onde começa e onde acaba a ironia em minha ideias e em minhas frases. Deve ser o hábito da letra de música, coisa tão próxima à poesia. Basta-me que algumas palavras confusas cheguem a ser sugestivas. Aliás, nem é muito preciso dizer que isso me basta: não é que me baste, é que suponho que assim vou mais longe do que iria se me ativesse à prosa explicativa. Sonho que, se nós chegássemos a persuadir a presidente Dilma a conceder o asilo a Snowden, uma luz nova se insinuaria na Terra. Isso é vivido agora de modo um tanto supersticioso: se chegarmos a convencer o nosso governo, é porque as forças inexplicáveis estarão sinalizando que algo quase maravilhoso vai dar pé. Vejam aonde um convite para ir à sede da Anistia Internacional me trouxe. E um convite a que nem posso atender.

KAFKALIFÓRNIA - Tony Belloto

Cenas de uma viagem em família a São Francisco

1. Ao chegar em Los Angeles constatamos que nossas quatro malas sumiram. A empresa aérea americana, com o mau humor típico de seus funcionários, não nos fornece maiores explicações. Abrimos um protocolo. Seguimos no voo de conexão para São Francisco cientes de que só contamos com as roupas do corpo para a primeira fase de nossa viagem de férias. Pela janela do jato avistamos uma nuvem em forma de interrogação. Na minha mochila, atestando uma irônica sincronicidade, um livro de Franz Kafka*.

2. Kafka, o escritor tcheco de língua alemã, é célebre por sua prosa enigmática e perturbadora, sobre a qual o crítico alemão Günther Anders disserta: “A fisionomia do mundo kafkiano parece desloucada (trocadilho entre verrückt, particípio passado de verrücken, ‘deslocar’, e o adjetivo verrückten, que significa ‘louco’). Mas Kafka deslouca a aparência aparentemente normal do nosso mundo louco, para tornar visível sua loucura. Manipula, contudo, essa aparência louca como algo muito normal e, com isso, descreve até mesmo o fato louco de que o mundo louco seja considerado normal.”

3. A falta das malas em nada — ou quase nada — atrapalha os passeios da família pela mais bela e liberal das cidades americanas no primeiro dia da viagem. Lembramos que o santo que nomeia a cidade é o mais desapegado dos santos e que devemos tomar o extravio das malas como uma sugestão de aprimoramento espiritual. O fato de ainda vestirmos as mesmas roupas com que saímos do Rio nos ajuda a vivenciar com mais intensidade as horas passadas na livraria City Lights, onde nasceu o movimento beat e, de certa forma, o movimento hippie. Na imensa loja de discos Amoeba — um supermercado em que só se vende música —, talvez a última grande loja exclusiva de discos do mundo, podemos, com nossas roupas surradas, nos deliciar como monges freaks por corredores lotados de discos. Como uma recompensa à nossa resignação, duas das malas — as malas do casal — aportam no hotel durante a madrugada com a aparência de aves cansadas.

4. Ao acordar de sonhos intranquilos, volto a Kafka, que me espreita da mesa de cabeceira do quarto do hotel: no texto de introdução de “A metamorfose”, o escritor Modesto Carone, também tradutor do livro, cita uma tirada de Roberto Schwarcz sobre a novela perfeita, considerada a obra-prima do tcheco de afiada língua alemã: “É uma história que começa mal e termina pior ainda”.

5. No dia em que partimos de carro pela Highway One em direção a Los Angeles, a terceira mala já retornou à órbita familiar, apesar de inapelavelmente danificada, pois alguém se incumbiu de arrebentar-lhe a trava de segurança. Seu conteúdo, porém, permanece intacto. A quarta mala, entretanto, continua desaparecida em algum ponto do quadrilátero formado, em suas linhas horizontais, por México e Canadá, e pelos oceanos Atlântico e Pacífico nas verticais. As paisagens deslumbrantes da costa californiana são suficientes para afugentar momentaneamente a comparação de nossa família com a família Griswold, de “Férias frustradas”, a comédia de 1983 que mostra a odisseia dos Griswold em busca do Walley Park.

6. O rádio no carro desfila clássicos do rock de todos os tempos. Leões marinhos nos acenam das pedras à beira-mar. Em Big Sur, uma placa no acostamento da estrada nos lembra de que o escritor Henry Miller viveu ali por muitos anos. Esqueço Kafka por algumas horas e me deixo levar pela surf music de Dick Dale. O sol da Califórnia se parece com o sol dos incas.

7. Só em Los Angeles, uma semana após nossa chegada aos Estados Unidos, a quarta mala é devolvida. Estávamos a ponto de começar a preencher o relatório final, aquele que dava a mala como irremediavelmente perdida, quando a última mala adentrou o quarto do hotel com passo claudicante e aspecto de alienígena de Roswell. Comemoramos abraçados, dando pulos. Seria o extravio das malas apenas uma estratégia da companhia aérea para, ao devolvê-las, proporcionar um júbilo não programado aos seus clientes?



8. A viagem, ao contrário de “A metamorfose”, termina com um final feliz no Havaí. Outros membros da família juntam-se a nós num grande luau afetivo. Para alguém que na adolescência descia de skate as ladeiras da Avenida Ruy Barbosa em Assis, interior de São Paulo, fantasiando que dropava uma onda de Pipeline, conhecer as praias míticas do north shore de Oahu tem o sabor de uma revelação. Nas areias de Waimea, como num cinema transcendental de Caetano Veloso, volto a Kafka interrompendo a leitura de vez em quando para observar as manobras agudas dos surfistas poetas: “Na luta entre você e o mundo, apoie o mundo”, ensina o mestre tcheco. Aloha.

ENCONTRO – Manuela R. Spinoza


Você me faz voar, nos teus toques tão precisos
teus riscos no olhar, rindo todo meu sorriso

A gente ri à toa, nossos olhos decididos
Brincando de brilhar, meio loucos, explosivos

Tua voz e tuas mãos, loucas me invadindo inteira
Me desenhando em mim, sua de qualquer maneira

Meio anjo, meio safado,
E totalmente, completamente, fatalmente...
Homem.

UMA PALAVRA SOBRE A PALAVRA VIDA - Márcia Tiburi

Por uma teoria do estado de exceção na linguagem

No atual estágio histórico em que pensamento e moral compõem dois lados de uma única banda torna-se impossível ler, dizer ou ouvir a palavra vida sem cuidado filosófico – pelo menos para quem deseja ser justo com o conhecimento preservando, pela busca, a possibilidade de sua realização. Não é possível alegar ingenuidade sobre a questão quando o termo vida foi capturado por toda sorte de ideologias, o que exige que sobre ele se opere uma desmontagem crítica. A disputa sobre o termo vida corresponde na ordem do discurso ao que para além do discurso se dá com a própria vida que, sob a palavra, é ocultada. Não querendo reeditar apressadamente nenhum nominalismo como crítica do discurso, é necessário hoje prestar atenção se já não estamos vivendo uma nova era nominalista em que a posse do nome define a posse sobre a possível verdade das coisas. Quem sabe o que é a vida como uma verdade para além de todas as possíveis definições? Esta verdade talvez não exista, mas aquele que a controlar saberá do seu império no tempo. Por isso, muitas disputas conceituais hoje, na verdade são disputas políticas. Saber é poder mais uma vez. Hoje, porém, poder, mais que nunca, é dizer. Quem não souber das disputas ideológicas corre o risco de parar de pensar por conta própria ao simplesmente aderir a falas prontas facilmente encontráveis no mercado das crenças.

A vida, portanto, precisa hoje, ser analisada como uma questão de discurso. A captura da palavra vida - sabem os que manipulam o discurso ou dele se valem num contexto comunicativo – define a intenção da captura da própria vida. Da vida enquanto é capturada pela palavra como ordem simbólica que impera sobre o real. A relação entre as palavras e as coisas ainda está na ordem do dia. Em outras palavras, quem puder definir vida, saber-se-á seu dono e senhor, assim dos poderes a ela associados. A tarefa hoje é reler a palavra buscando entender em que medida ela se tornou lugar da verdade sobre a qual sempre se disputa no discurso.

O poder do discurso, entendido como fala pré-estabelecida em nome da verdade, advém de seu ocultamento como tal. Em outras palavras, fala-se da vida como se estivesse a falar da própria coisa, e não de uma palavra que, ela mesma, é já conceito e, como tal, sempre elaborado, re-elaborável e passível de discussão. A palavra, por mais que se agregue à coisa, que se diga em nome de algo, não é a própria coisa à qual alude ainda que as próprias coisas precisem dela para chegar à cultura. Por isso, nos dias atuais, enganamo-nos ao discutir a vida – este amplo e inespecífico conceito que vai da natureza à cultura, da mera vida às suas formas e que como idéia é aquilo dentro do que estamos. Disputamos quem vence no contexto da crença para saber quem deterá o poder dos que podem crer (seja no que for que creiam, na ciência ou na religião). A pergunta a ser feita neste momento histórico é – para além do sexo dos anjos, da alma das mulheres ou da “vida” dos embriões – se poderíamos discutir o conceito de vida sabendo que se trata apenas de um conceito e, assim, ultrapassar a retórica e o desejo de persuadir e libertar a verdade à qual apenas uma disputa honesta de conceitos poderia nos levar. A questão seria precisar em que sentido a palavra é usada a cada vez que, como uma bandeira, é erguida em nome de guerra ou de paz.

Por isso, é preciso falar com cuidado e pressupor o próprio ato de fala como algo que merece análise. Portanto, usar a palavra vida supondo a ingenuidade de quem não imagina o seu lugar entre outros tantos conceitos é má-fé. Não é possível participar de uma discussão sem demonstrar o pressuposto a partir do qual se fala. Ninguém pode pensar filosoficamente, ou seja, em sentido analítico e crítico, ou dialético e crítico, sem definir com máxima exatidão o uso do termo que, historicamente, se constrói como um conceito dos mais complexos e sobre o qual as disputas mais acirradas se travam. Supor esta ingenuidade ou falar a partir dela é sempre a primeira estratégia de quem, cinicamente, não quer se enfrentar com argumentos, de quem quer afirmar suas idéias pondo-se como inimputável numa disputa. Quando digo a outrem que sei o que é vida enquanto ele não sabe, se afirmo que detenho a verdade sobre um conceito enquanto ele não, estou falsificando o meu próprio lugar como sujeito de discurso, que se afirma a partir de pressupostos culturais e formais que organizam o discurso. Se afirmo que sei imediatamente o que é a verdade, já me coloco como seu possuidor e exijo uma postura de atenção. A mesma atenção que me esquivo de ter com a possível postura de outrem. A melhor arma numa disputa em que algum nível retórico está em jogo nem sempre é a autoridade, mas a ignorância. Esperto é quem sabe usar a postura do burro como plano de argumento.

A palavra “vida” encontra-se neste lugar especial na atualidade, lugar que, a qualquer momento, é ocupado por qualquer palavra com a qual se deseje entabular a verdade. A questão hoje apenas pode ser refletida por uma teoria do “Estado de exceção da linguagem” por meio da qual se investigue o modo como se pretende, na ordem do discurso, se capturar a verdade e decidir sobre ela por meio da captura de uma palavra. O poder do discurso situa-se na palavra tomada como arma de decisão. Ao sacralizar a palavra “vida”, afirmando que falar dela ou contra ela é uma blasfêmia ou heresia, espera-se sacralizar a própria vida à qual a palavra se refere como se, por meio da palavra, já se tivesse decidido sobre a coisa.

Apenas uma teoria organizada sob a tese de que a linguagem, como parte de toda estrutura política, está sitiada por uma ordem que oculta seu próprio funcionamento, que a linguagem, como o corpo está “capturada fora”, incluída e excluída como no mesmo mecanismo do estado de exceção, é que se compreenderá o que se diz e o que se quer com isso ao pronunciar a palavra vida.

Ela está na ordem que faz do discurso a verdade. Duas posturas são visíveis nos dias de hoje. A daqueles que ainda enfrentam o potencial conceitual da palavra, o que se pode dizer por meio dela, ou o que ela pode significar em relação ao real. Tratam da palavra vida como uma palavra junto de outras. Compreendem-na como inserida na ordem do discurso à qual é preciso sempre prestar atenção. Por outro lado, há aqueles que falam dela como uma exceção.

PAULO COELHO - QUANDO RENUNCIAMOS AOS NOSSOS SONHOS...


Quando renunciamos aos nossos sonhos e encontramos a paz - disse ele depois de um tempo - temos um pequeno período de tranquilidade. 

Mas os sonhos mortos começam a apodrecer dentro de nós, e infestar todo o ambiente em que vivemos. Começamos a nos tornar cruéis com aqueles que nos cercam, e finalmente passamos a dirigir esta crueldade contra nós mesmos. 


Surgem as doenças e psicoses. O que queríamos evitar no combate - a decepçao e a derrota - passa a ser o único legado de nossa covardia. E, um belo dia, os sonhos mortos e apodrecidos tornam o ar difícil de respirar e passamos a desejar a morte, a morte que nos livrasse de nossas certezas, de nossas ocupaçoes, e daquela terrível paz das tardes de domingo.
(em O diário de um Mago)

PAISAGENS - Heloísa Seixas

Se eu pudesse levar comigo uma paisagem, se pudesse congelá-la e guardá-la, se pudesse tê-la eternamente, e revê-la sempre que quisesse, quando fosse para uma ilha deserta ou para outro mundo, não levaria uma – mas duas. Copacabana de manhã e Ipanema à tarde.

Copacabana de manhã.
Não a qualquer hora da manhã, mas às oito em ponto. Não em qualquer lugar, e sim na Avenida Atlântica, no Posto Seis. Mas pode ser em qualquer época do ano, não importa.

As amendoeiras junto à areia, os barcos de pesca, as redes. No mar, de poucas ondas, uns barquinhos, balançando. Além da ponta do Marimbás, as flores de espuma que se abrem em alto mar, quando a água rodeia as pedras submersas. Mais além, horizonte afora, as cadeias de montanhas, intermináveis, imutáveis, com suas cores em degradê, contendo todos os verdes, todos os cinzas, todos os azuis.

Na areia, onde o sol acaba de chegar, a alvura dos grãos em combinação perfeita com a calçada de pedras portuguesas, retrato em preto e branco cujas ondas passeiam pelo mundo inteiro. E à esquerda, a curva majestosa bordejada de prédios – não faz mal – terminando na pedra do Leme, com o volume do Pão de Açúcar por trás. Uma curva feminina, sensual, preguiçosa. Copacabana é uma mulher madura.

Ipanema, não. Ipanema é uma menina. É a outra paisagem que eu levaria comigo.

Ipanema à tarde.
Às quatro da tarde, antes do pôr do sol. E sendo outono. Ou um inverno com jeito de outono, como agora. Com muita, muita luz.

Mas não num dia qualquer, e sim num daqueles em que o vento sudoeste está começando a entrar, fazendo erguerem-se as cristas das ondas, como borrifos de monstros marinhos. Banhando a paisagem, a luz da tarde, um pouco oblíqua, só que muito alva, de arder a vista. Luz que faz refletir a areia, à essa hora uma enorme massa fria, pontilhada de banhistas tardios. Solitários. Porque às quatro da tarde de um dia assim, quem está por ali, na areia ou no mar, caminhando ou contemplando, é necessariamente um ser sozinho.

Na calçada, não. Na calçada à essa hora a vida fervilha. Há em quase tudo cor – nos coqueiros, nos quiosques, nas latas de lixo – e as pessoas caminham em frenesi, parecendo ter apenas um destino, um ponto de referência: as montanhas ao fundo.

Outro dia, num único dia, pude admirar essas duas paisagens. Copacabana de manhã, Ipanema à tarde. Num dia só, apenas um, lá estavam – as duas. Paisagens para se guardar na retina e na memória, para se rever em pensamento sempre, nos momentos de contemplação interior.

É quase impossível ser triste numa cidade assim.

CANÇÃO DO DIA DE SEMPRE - Mário Quintana


Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

À FLOR DA PELE - Martha Medeiros

Quando tento buscar na memória a menina que fui, não consigo me ver chorando. No colégio? Nunca. Em casa? Só de forma muito reservada e profunda no silêncio do meu quarto, jamais por fricotes infantis. Mesmo adolescente, com os hormônios em curto-circuito, tampouco lembro de abrir as torneiras. Era durona, não chorava nem quando havia sério motivo para tal aliás, bastava que algum parente distante tivesse morrido para me dar uma vontade louca de rir. Tinha vergonha de me emocionar.

Depois veio a idade dos namoros, e aprendi a chorar por dor de cotovelo e também por autopiedade. Meu choro era tão sentido, vinha de zonas tão secretas em mim que, mesmo quando o motivo do choro já havia se dissipado, eu continuava chorando pela simples emoção de estar testemunhando a minha tristeza reprimida que finalmente desaguava — eu chorava pela comoção que eu mesma me causava.

Chorei por amor e ainda vou chorar, porque é da natureza do amor despertar nossas fragilidades. Chorei no momento em que minhas filhas nasceram, porque o esforço e a intensidade da emoção do parto faz tudo vazar sem barragem que represe. E chorei de raiva nas poucas vezes em que me senti injustiçada. E só. Tudo choro emocional, mas com razão conhecida.

Porém acabou o tempo de estio, quando eu chorava tão de vez em quando que podia lembrar a data. Nos tempos que correm, as lágrimas também correm — muito! E se antes chorava por alguma emoção irreprimível como o nascimento de um filho ou por um sofrimento doloroso como a partida de um grande amor, ando chorando agora durante a Dança dos Famosos. Quando o Gabiru fez o gol que deu ao Inter o Campeonato Mundial de Clubes, chorei. Quando uma criança canta na festinha da creche: “Quero ver você não chorar/Não olhar pra trás...”, me debulho. Choro em formatura.

Choro em discurso de família. Chorei quando os Stones entraram no palco no Hyde Park e quando Paul McCartney cantou My Love no Beira-Rio. Choro com os fogos de artifício do Réveillon. Choro no trânsito. Choro quando os caixões são fechados, mesmo que eu não conheça quem esteja dentro. Choro ao ver qualquer pessoa chorando. Choro em apresentação de dança da Dullius. Choro em aeroporto. Choro no banho. E quando ouço Chão de Giz, do Zé Ramalho, daí não são apenas olhos marejados: transbordo. Essa música toca em alguma coisa que me cala fundo e ainda não sei o que é.

Dizem que ficamos mais amolecidos com a idade, mas eu achava que estavam se referindo às dobrinhas nos joelhos. Pelo visto, os sentimentos, com o tempo, também afrouxam. Melhor assim: deixam de empedrar e de nos enrijecer por dentro. Deslizam pela face e nos purificam: ficamos banhados, limpos, batizados.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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